Nosso Passat Vestido de Audi Quattro

Réplica de um dos melhores carros fabricados no mundo, nosso Audi Quattro não tem, evidentemente, a mesma sofisticação mecânica: nem motor de cinco cilindros, nem turbo, nem tração integral. Mas a transformação feita pela Sulam, na década de 80, o deixou com a mesma aparência e ótimo conforto.

Dá prazer dirigí-lo. Primeiro, pela extrema precisão e leveza de sua direção, que melhorou muito com pneus S-660. Segundo, pela confiabilidade da mecânica Passat, com mais de uma década de fabricação e aprimoramento no Brasil, que se esconde por baixo de sua aparência agressiva, robusta e esportiva. Só não se deve esperar de imediato que o identifiquem como cópia fiel, que é, do famoso Audi Quattro, que foi uma das maiores estrelas dos campeonatos de rali europeus.

Mesmo assim, faz sucesso por onde passa. E mais ainda se estiver equipado com o motor especial que a Sulam pôde, opcionalmente, oferecer para ele, com virabrequim de 90,5 mm de curso e novos pistôes (os do Monza 1.8) de 84,8 mm de diâmetro. Com 2.048 centímetros cúbicos de cilindrada, é um

motor, segundo a Sulam, que atinge a potência de 122 CV a 5.400 rpm e torque de 17,9 mkgf a 3.800 rpm. O ideal, de qualquer forma, seria um turbo. Assim, além do visual, ele lembraria o carro que lhe deu origem também no desempenho. Claro que, em função da segurança, algumas alterações nos freios e na suspensão teriam que ser feitas. Mas há oficinas especializadas capazes de fazer bem isso.

A versão brasileira do Audi Quatro foi feita a partir de um Passat de qualquer ano, mas desde que de duas portas (de três não servia). Aí a Sulam o desmontava totalmente, começando por serrar as colunas, que eram substituídas por outras, de chapa, iguais às do Audi Quattro. A traseira fica mais reta, trabalhada em fibra de vidro, e passa a acomodar as lanternas do Uno. Os pára-lamas dianteiros, e os pára-choques também são de fibra de vidro. Os vidros das portas são especiais, sem quebra ventos, e os laterais traseiros mudam de formato: ficam maiores que os do Passat. Os pára-brisas originais permanecem; só muda a inclinação do traseiro.

Segundo a Sulam, o processo de soldagem é especial, do tipo "mig", mais fria, para evitar oxidação. Além disso, na montagem final, esses pontos atingidos pela solda recebem um tratamento antiferrugem. Além da modificação básica, que custava Cr$ 18 milhões, a Sulam oferecia uma série de opcionais para o Passat Audi: pintura especial, com garantia de 12 meses; teto solar, o já citado motor mais potente; freios redimensionados e amortecedores a gás; interior reestilizado com bancos de couro ou de veludo; painel complementado com relógio de horas, vacuômetro e baterímetro; rodas e pneus especiais. Isso tudo dava Cr$ 18 milhões, elevando então o preço da transformação para Cr$ 36 milhões, o que devia ainda ser somado ao preço do carro original, para se chegar ao valor final.

O carro da foto é assim, com todos esses equipamentos e mecânica do Passat GTS 1984, a álcool. A primeira surpresa surge já na hora de pesá-lo: 1.046 Kg, ou seja, apenas 60 Kg a mais que o GTS Pointer normal. Normalmente, carros transformados indicam quase invariavelmente um sensível aumento de peso e, nesse caso, não ocorre, o que já comprova o bom trabalho feito pela Sulam.

O desempenho, de modo geral, foram semelhantes aos obtidos pelo GTS Pointer original. Houve pequena inferioridade na aceleração e no consumo, mas, além dos 60 Kg a mais, isso pode ser explicado pelo fato de que o motor, na época do teste do carro, ainda se encontrava em fase de amaciamento, com apenas 250 Km rodados. Assim, enquanto o GTS Pointer fez de 0-100 Km/h em 12,45 segundos, o Audi precisou de 13,75 segundos. E na estrada, vazios, a 80 Km/h, a diferença de consumo foi de 11,12 Km/l para 10,31, devendo-se ainda considerar aqui que o Audi testado não tinha quinta marcha. Na velocidade máxima, o equilíbrio foi maior: 162,896 Km/h do Pointer contra 160,000 Km/h do Audi, o que leva a crer que, com um motor mais amaciado, digamos, com uns 3.000 Km, o Audi pode ter tido uma máxima até superior. Outra conclusão disso é que a transformação, se não melhorou, pelo menos não piorou a aerodinâmica original do carro.

De resto, o Audi Sulam é um pouco mais barulhento. Registra 71,6 dB a 80 Km/h contra 69,2 do Pointer, o que, em parte, se deve ao teto solar e talvez também ao tamanho maior dos espelhos retrovisores externos. O porta-malas é bom, da mesma forma que a posição do motorista, beneficiada pelos bancos Recaro. Há restrição com relação ao console: é alto demais, fazendo com que o cotovelo do motorista encoste nele cada vez que se faz curva para a direita. Além disso, o freio de mão fica embutido dentro dele, dificultando a utilização.

Pequenos senões à parte, o Audi Sulam não deixa de ser mais uma boa opção para quem sonha com um carro diferente e que esteja disposto, naturalmente, a pagar por essa exclusividade. Com mecânica confiável, perfil já testado e aprovado na Europa, o que lhe falta, na verdade, é só um motor mais forte. Mas isso fica a critério do eventual comprador: resolver o problema, gastando ainda mais, ou se contentar com a boa diferencialização já conseguida no visual e no conforto. O difícil é encontrar um exemplar ainda "vivo". Alguém viu algum por aí?...

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