Um carro barato não precisa ser um carro feio. Partindo dessa premissa a Fiat resolveu blindar o público de seu modelo mais barato, o 147 C 86, com uma nova fachada. E o equipou com a frente da linha Spazio. O resultado não poderia ter sido melhor. Afinal, aquela cara quadrada do Fiat já estava mesmo necessitando de aposentadoria.
As prensas e os acessórios para dar ao 147 o novo visual já estavam prontos. Não exigiram nenhum investimento adicional. Em função disso, não houve também acréscimo no preço de tabela do carro, que na época era o segundo mais barato do Brasil, só precedido pelo Fusca.
Portanto, ainda que com fachada mais moderna, quem optar pela compra de um 147 terá que conviver com deficiências próprias de um carro em que, por razões de custo, tudo é reduzido e racionalizado, a ponto de causar surpresas.Por exemplo, o 147 C só tem uma buzina, quando normalmente os outros Fiat saem de fábrica com duas, uma grave e outra aguda, para que em conjunto produzam um som harmonioso. Resultado: seu som é estridente, quase desagradável. Só o motorista tem quebra-sol, o passageiro não. E também só a porta do motorista tem fechadura. A do lado só pode ser travada por dentro.
Com quatro marchas, o câmbio acaba levando uma vantagem sobre o de cinco, que é opcional: seus engates são mais precisos. Para quem pretende usar o carro quase que só na cidade, onde a economia proporcionada pela quinta marcha é mínima,

as quatro marchas não chegam portanto, a ser uma limitação. Sua disposição é a tradiciona, com a segunda e quarta para baixo e a ré ao lado dessa.
Coerente com o interesse de seu público, é também um carro econômico. Na estrada faz 11 Km/l de álcool. Em termos de espaço para bagagem ele bate de longe seus concorrentes mais diretos, Gol BX e Chevette. Pode levar até 352 litros, contra 321 do Chevette e 334 do Gol BX. Essa vantagem é ainda maior com o banco tyraseiro rebaixado. Aí é possível até se usar o Fiat para pequenas mudanças, transportando cadeiras etc.
Seu desempenho também é bom, superior ao do GOL BX e ligeiramente inferior ao do Chevette de cinco marchas. Chega aos 140 Km/h e faz de 0 100 em 17 segundos. A direção do 147 C é leve e precisa mesmo em manobras de estacionamento. Para aproveitar melhor o espaço interno, a fábrica suspendeu o volante e colocou-o numa posição quase plana, lembrando a do volante da Kombi. Deplorada por alguns, considerada excelente e esportiva por outros, na verdade não compromete. è questão de se habituar a ela.
A estabilidade continua sendo uma das maiores virtudes desse Fiat, mesmo em alta velocidade ou em pista molhada. Tende a sair de frente no limite da curva, mas basta tirar um pouco o pé do acelerador ( exatamente o que qualquer motorista faz instintivamente no momento

de perigo) que ele retorna automaticamente sua trajetória. Em compensação, sua suspensão é um pouco dura, característica que se nota mais claramente em pisos irregulares. É também mais sensível aos ventos laterais que os Fiat mais modernos, como o Uno e o Prêmio. Como toda a linha 86, o 147 C tem dispositivo automático de partida a frio, que elimina a necessidade de se acionar manualmente o botão da gasolina, como nos modelos anteriores. Basta, para isso, puxar o afogador e girar a chave de partida. Com relação ao conforto, pela própria característica do modelo, se restringe ao mínimo necessário. A posição de dirigir é reta, inflexível, o que provoca desconforto inicial, em quem está acostumado a assentos mais inclinados e aconchegantes. Em viagens mais longas, porém, isso acaba beneficiando o motorista, protegendo suas costas contra dores.
O ruído interno, por outro lado, é muito elevado, 74,8 dB a 80 Km/h, um dos maiores dos carros nacionais. Parte disso é proveniente das borrachas dos quebra-ventos, que não vedam totalmente a entrada de ar. Isso piorou depois que a fábrica deslocou a trava desses quebra-ventos para o bico inferior. Em marcha lenta, o nível de ruído também é alto, mas decorre do ajuste das peças do câmbio, que gera um incômodo tec, tec, tec. Quando se pisa na embreagem, esse barulho desaparece.
Apesar de tudo, como carro mais barato do brasil, atualmente, o 147 C tem suas vantagens: mais espaço de bagagem e mais economia. Destaca-se também pela estabilidade e por ser um carro fácil de dirigir no trânsito. Somando-se a isso o visual do 86, tem-se uma boa solução de transporte, de baixo custo operacional, para quem decididamente não está preucupado com status.

Ficha Técnica

Motor: Dianteiro, transversal, de quatro cilindros em linha, refrigerado a àgua. Comando de válvulas de admissão e escapamento no cabeçote. Alimentação por um carburador de corpo simples e fluxo descendente; a álcool. Cilindrada total de 1.297,4 centímetros cúbicos.Potência máxima de 59,7 cv a 5.200 rpm. Torque máximo de 10,0 mKgf a 2.600 rpm.
Cãmbio de quatro marchas para frente e ré, com alavanca de mudança no assoalho.
Carroceria: Sedã, três portas, cinco lugares; Freios a disco nas rodas dianteiras e tambor nas traseiras, com servo-freio. Freio de mão nas rodas traseiras.
Direção mecânica de pinhão e cremalheira. Diâmetro do volante: 38 cm.
Dimensões externas: Comprimento, 371,2 cm; largura,154,4 cm; altura, 135,0 cm; distância entre eixos, 222,5 cm; bitola dianteira, 127,6 cm; bitola traseira, 128,8 cm; altura mínima do solo, 14,0 cm. Capacidade do tanque de 53 litros. Capacidade de bagagem de 352 litros até o teto. Capacidade total de carga de 400 Kg. Peso do carro de 811 Kg.

Principal Mais carros 1

Hosted by www.Geocities.ws