É verdade que este não é problema só da Belina,
mas de todos os carros grandes de duas portas que o brasileiro teima em usar.
E no caso da Belina, haja teimosia: carro derivado do Corcel, nunca recebeu uma versão quatro portas
nem mesmo na versão Ghia, supondo-se, que quem é proprietário deste carro, gosta dela assim mesmo.
Os mais altos, nem tanto, talvez: o volante pode esbarrar nos joelhos, obrigando-os a dirigir de
pernas abertas. Os menores farão bons exercícios de alongamento ao destravar a porta do lado direito --
prova de que há bom espaço na frente -- ou puxar o próprio cinto de segurança. E os caronas ficarão
algum tempo procurando as maçanetas internas para poder sair, se você não acender logo a luz de cortesia.
Claro que a Belina teve motivos para estar no mercado por tanto tempo: é um carro muito macio e confortável para se viajar -- macio a ponto
de inclinar bastante para os lados ao fazermos curvas rápidas demais para ela.
A direção hidráulica progressiva é outra maciez:
manobras fáceis e segurança ao volante na medida em que a velocidade aumenta. Mais segurança costuma vir dos
freios a disco ventilados: sempre muito precisos e eficientes -- embora este modelo tenha sido incluído,
na época, entre os que foram chamados pela montadora para a troca de uma peça nos freios.
Maciez, segurança, conforto e -- apesar do peso e do tamanho -- economia: na estrada a Belina faz 10,5 Km/litro de àlcool.
Na cidade o índice é mais expressivo: 7,2 Km/l no trânsito pesado. Desta econômica perua familiar
não se pode exigir muito desempenho. O velho motor CHT é pouco ágil, mas robusto: é o mesmo do
Escort, que pesa 120 quilos a menos. Com a virtude do alto torque em baixa rotação, ele carrega
bem a Belina para quem não exige um carro de competição: o carro vai de 0 a 100 Km/h em 14,86 segundos
e chega à máxima de 149,5 Km/h.
Sem extravagâncias de pilotagem que exijam trocas de marcha muito rápidas, o câmbio será macio, de engates fáceis, discreto e funcional como todo o carro. E assim é a Belina: prática e contida, como sugere seu ar de elegância clássica, reforçado pelo bom acabamento. Os bancos -- é preciso repetir? -- são macios e bem revestidos também. O painel é claro e suficiente e as luzes de leitutra com o relógio acrescentam charme a este modelo Série Especial. Com ele a Ford tentou engrossar as vendas de sua única perua na época. Discretamente.
Motor dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha. Comando de válvulas lateral, alimentação
por carburador de corpo duplo: a álcool. CIlindrada: 1.555 centímetros cúbicos. Potência máxima de 74,7 cv a 4.800 rpm.
Torque máximo de 12,5 mKgf a 2.400 rpm.
Câmbio mecânico, cinco marchas, tração dianteira.
Carroceria: Estrutura monobloco em aço estampado, 3 portas, 5 lugares. Freios a disco ventilado
na dianteira e tambor na traseira, com servo. Direção mecânica, de pinhão e cremalheira, volante
de 38 cm.
Rodas aro 13 x tala 5 pol.. Pneus 185/75 SR 13. Tanque de 63 litros. Espaço de bagagem com 569
litros. Carga total 408 Kg. Peso de 1.050 Kg.