Apesar do pouco tempo de existência, o Aurora 122-C Turbo é considerado
um dos melhores fora-de-série construído no Brasil no que se refere à concepção. Fabricado na
década de 90, suas linhas ainda podem ser consideradas modernas. O requintado bom gosto do design
e as soluções mecânicas justificam o título. Mas dois problemas não conseguem se esconder
no meio do leque de virtudes. O primeiro deles é detectado logo que se dá uma volta com o carro:
ele não tem um motor à altura. Compreensivo, afinal, não existia no Brasil uma motorização suficiente para
que o Aurora pudesse exibir seus dotes. Merecia, ao menos, um motor com 4 válvulas por cilindro.
Na tentativa de compensar tal deficiência, foi obrigado a usar o turbo. A adaptação sempre
deixou dúvidas sobre a quilometragem que o motor rodaria sem o risco de quebra. O segundo problema
é ter ficado pronto numa época ingrata. Com a entrada dos modelos importados no país, sua
competitividade em termos de preço
foi baixa. O Aurora custava 50.000 dólares, um valor
elevado e que estava na mesma faixa de carros estrngeiros como BMW 316i, Honda Accord e
Mitsubishi Eclipse Turbo. Em outros tempos, poderia se consagrar no mercado. O desenvolvimento
deste fora-de-série demorou 3 anos e consumiu 3 milhôes de dólares. Bem antes da sua conclusão,
porém, destacou-se como atração brasileira no Salão do Automóvel, em outubro de 1990, quando
faltava a definição de alguns detalhes, principalmente de eletrônica.
Diante da carência de uma motorização mais adequada, o fabricante foi obrigado a construir
seu próprio motor. Optou, então, por uma mecânica semelhante à do Monza. Do modelo da GM,
saiu o bloco do motor, equipado com virabrequim de curso maior (94 mm contra 86 mm do Monza)
e bielas especiais, 4 mm mais curtas em comparação ao carro da GM. Com essas modificações,
a cilindrada do motor -- que era de 1998 centímetros cúbicos -- pulou para 2184 centímetros
cúbicos no Aurora. Segundo cálculos do fabricante, o aumento de cilindrada, a taxa de compressão
usada (10,4:1 no carro a álcool) e a pressão de 0,9
bar aplicada por um turbo Garret 357 T3 conseguem o prodígio de soltar 214 cavalos do motor. E alegrar o desempenho de um carro que pesa 1.140 Kg, embora seja feito todo em fibra de vidro. O carro também apresenta boas soluções internas. Como não existe porta-malas o projetista Oduvaldo Barranco criou um elegante jogo de malas especiais, que se acomodam no único espaço disponível: entre os bancos e o vidro traseiro. O sistema eletrônico é dotado de computador de bordo que comanda a climatização interna e fornece horário e temperatura ambiente. O equipamento controla também vidros e espelhos elétricos. Em caso de pane, ele pode ser desligado.
O Aurora 122-C supera todos os modelos nacionais, da época, em velocidade e aceleração. Atinge 203,9 Km/h e, de 0 a 100 Km/h, gasta só 8s98. Não decepciona também na frenagem, pois a 120 Km/h leva 68,1 m até parar completamente. O silêncio, porém, não é o seu forte: registra a elevada média de 76,55 decibéis. Mas não chega a ofuscar a estrela deste legítimo fora-de-série nacional.