1. PROBLEMAS
MAIS COMUNS NA UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE PLANTAS MEDICINAIS
Muito se tem comentado atualmente
sobre os efeitos colaterais ou indesejáveis provocados por medicamentos
sintéticos. As plantas medicinais e os produtos fitoterápicos têm sido, muitas
vezes, propagandeados e divulgados pelos meios de comunicação, como um recurso
terapêutico alternativo, isento de efeitos indesejáveis e até mesmo desprovidos
de qualquer toxicidade ou contra-indicações. No entanto, os conhecimentos
empírico (medicina popular) e científico negam estas informações. O mito de que
o que é natural não faz mal é
portanto uma inverdade insustentável. Para exemplificar, abaixo contém uma
listagem de algumas plantas medicinais muito utilizadas e que, dependendo das
circunstâncias e das quantidades empregadas, podem causar danos à
saúde:
a) PLANTAS
QUE PODEM CAUSAR DANOS AO FÍGADO:
ü
Confrei
(Symphytum officinale
L.)
ü
Camará
(Lantana camara
L.)
ü
Canela-sassafrás
(Ocotea pretiosa (Nees)
Mez.)
b) PLANTAS
QUE PODEM CAUSAR IRRITAÇÃO GASTROINTESTINAL:
ü
Jurubeba
(Solanum paniculatum
L.)
ü
Arnica
(Arnica montana
L.)
ü
Pecpaconha(Cephaelis ipecacuanha (Brot.) A.
Rich.)
ü
Tipi
(Phytolacca dioica
L.)
ü
Algodoeiro
(Gossypium hirsitumLinn).
ü
Eucalipto:
(Eucalyptus citriodora Hook),
gastroenterites.
c) PLANTAS
QUE PODEM AFETAR O SISTEMA NERVOSO CENTRAL:
ü
Cavalinha,
cola-de-cavalo ou rabo-de-rato (Equisetum spp.)
ü
Losna
(Artemisia absinthium
L.)
ü
Mastruço
(Chenopodium ambrosioides
L.)
ü
Trombeteira
(Datura suaveolens Humb. & Bonpl.
ex Willd.)
d) PLANTAS
QUE PODEM PROVOCAR DANOS NA PELE:
ü
Arnica
(Arnica montana L.) em doses altas
(uso externo) - vesicante
ü
Figueira
(Ficus carica L.) queimaduras
sérias
ü
Urtiga-cansanção:
(Cnidosculus urens L) – dermatites de
contato
ü
Faveleira:
(Cnidosculus phylacanthus Mart.)
dermatites de contato.
e) PLANTAS
QUE PODEM CAUSAR DIARRÉIAS GRAVES:
ü
Babosas
(Aloe spp.)
ü
Cabeça
de nego (Cayaponia
spp.)
ü
Sene
(Cassia acutifolia Del., C. angustifolia
Vahl.)
ü
Carrapateira
(Ricinus comunis
L.)
ü
Batata-de-purga:
Operculina
macrocarpa
f) PLANTAS
QUE PODEM CAUSAR MORTE:
ü
Mamona
(Ricinus communis
L.)
ü
Espirradeira
(Nerium oleander
L.)
ü
Mandioca(Manihot
utilissima Pohl)
ü
Comigo-niguém-pode:
Dieffenbachia
pictaSchot.
g) PLANTAS
QUE PODEM PROVOCAR ABORTO:
ü
Cabacinha
(Luffa
operculataCogn.)
ü
Espirradeira
(Nerium oleander
L.)
ü
Quina-quina
(Coutarea
hexandra (Jack).
Schum.)
ü
Arruda:
(Ruta
graveolens Linn.)
2. RECOMENDAÇÕES
ÚTEIS PARA A UTILIZAÇÃO
ü
Utilizar
plantas conhecidas e não de identidade duvidosa.
ü
Nunca
coletar plantas medicinais junto a locais que possam ter recebido agrotóxicos em
geral.
ü
Nunca
coletar plantas medicinais que crescem à beira de lagos, lagoas e rios
poluídos.
ü
Nunca
coletar plantas medicinais à beira de estradas, pois os gases que saem dos canos
de descarga dos veículos podem conter substâncias tóxicas que se depositam na
vegetação.
ü
As
plantas medicinais devem ser secadas à sombra, em ambiente arejado, por alguns
dias (até tornarem-se quebradiças), antes de serem
utilizadas.
ü
Após
a secagem, guardar em vidro fechado, ao abrigo da luz. Colocar o nome da planta
e a data de coleta em um rótulo, para evitar problemas. Plantas armazenadas por
longos períodos perdem seus efeitos terapêuticos.
ü
Verificar
o estado de conservação (umidade, mofo, insetos, etc.) da planta medicinal a ser
adquirida. Habituar-se a adquirir plantas medicinais de fornecedores
confiáveis.
ü
Evitar
o uso de misturas de plantas medicinais. Nem sempre o processo de preparação
mais indicado é o mesmo para plantas diferentes e a combinação pode resultar em
efeitos imprevisíveis.
ü
Não
utilizar plantas medicinais durante a gravidez, a não ser sob orientação médica.
Existem plantas que podem causar sérios problemas ao bebê e à mãe. Por exemplo,
as babosas quando ingeridas podem provocar aumento da irrigação sangüínea na
região do baixo ventre e estimular contrações da musculatura lisa uterina.
Outras plantas, como a arruda e a salsa, também podem comprometer a saúde da mãe
e do feto.
ü
Evitar
a utilização de chás laxantes e/ou diuréticos para
emagrecer.
Os
Dez Mandamentos para o Bom Uso das Plantas Medicinais
1o-SABER
ONDE COLETAR:
Não colete plantas nas beiras de rios, córregos poluídos, esgotos, nem das
margens das estradas, porque geralmente estão contaminadas por fumaça dos
carros, pesticidas, etc. Hoje em dia, o melhor é desenvolver horta comunitária
de plantas medicinais e aí cultivar as plantas básicas de cada área, segundo a
pesquisa de dados (etnobotânica) realizada previamente.
2o
- SABER COMO COLETAR:
Quando for coletar folhas de uma planta, não retire todas as folhas de um galho,
é através delas que a planta absorve os raios solares; despreze as folhas que
apresentem furadas por insetos, mofadas ou com outras contaminações. As cascas
devem ser retiradas em pequenos pedaços, apenas de um dos lados da planta, pois
ao se circundar o caule, pode causar a sua morte.
3o
- SABER QUANDO COLETAR:
As melhores horas para efetuar a coleta são as da manhã, logo após a total
secagem do orvalho, e as horas do fim da tarde em dias ensolarados. Para as
plantas aromáticas recomenda-se a colheita do final da tarde, especialmente nas
das muito quentes, para evitar a evaporação de substâncias facilmente voláteis
sob ação do sol. Há diferença na época de colheita de uma espécie para outra; o
ideal seria um calendário de coleta de plantas que indicasse a estação propícia,
como ocorre com as verduras. Para muitas plantas, o momento propício para coletar folhas, é quando começam a apontar os
órgãos reprodutores, como os que formarão brotos e flores.
4o
- SABER COMO SECAR E CONSERVAR
:
Flores e folhas, devem ser colocadas à sombra para secar em local
ventilado, limpo e em camadas finas, para evitar que somente as de cima fiquem
secas. Três a cinco dias são suficientes. Outro método é pendurar os galhos de
flores e folhas em um varal, até que sequem. As cascas, devem ser lavadas
com água corrente ligeiramente raspadas para retirar a superfície impregnada de
poeira, lodo ou insetos e depois devem ser colocadas ao sol para secar.
Raízes, devem ser lavadas e colocadas para secar. No caso de raízes muito
grossas, sugere-se cortá-las em rodelas em espessura de um dedo, após a lavagem
e colocá-las para secar. Sementes, devem ser colhidas de frutos maduros e
sadios, limpos por peneiração ou
lavagem e secas ao sol. São as partes
vegetais que apresentam maior durabilidade.
Quando
não se dispõe de condições naturais de calor e vento, a secagem pode ser feita
em estufa, em temperatura não superior à 40o C. Após secas, as partes
das plantas, deverão ser reduzidas a pequenos pedaços, com exceção das sementes,
e guardadas em vidro limpo, seco, com tampa e ao abrigo da luz do sol, colando
no frasco, uma etiqueta com o nome da planta e data da coleta. É aconselhável
observar sempre a existência de mofo, contaminação por insetos, entre outros, o
que as tornará impróprias para o consumo. Sugere-se que o estoque seja renovado
a cada três ou seis meses.
5o
- SABER A PARTE DA PLANTA A SER UTILIZADA/SPAN>:
É preciso conhecer a planta e saber
quais as partes que são utilizadas: raiz, entrecasca, folhas, planta inteira,
frutos e sementes. Ex.: Enquanto que o jerimum (Cucurbita pepo L.), usa-se as sementes,
o quebra-pedra (Phyllanthus niruri
L.) usa-se a planta inteira.
6o
- SABER COMO PREPARAR:
Existem
diferentes métodos de preparar as plantas como remédios. Por exemplo: Infusão,
decocção, etc. Evite o uso de vasilhas de ferro, alumínio, cobre ou plástico; dê
preferência a vasilha de vidro (que possa ser levada ao fogo), porcelana ou
barro. É importante também saber a quantidade da planta a usar no preparo.
7o
- SABER COMO USAR:
Esteja
atento da hora de usar as plantas, observando
se a indicação é para uso interno (ingestão), ou externo (uso local).
Muitas plantas como o confrei (Symphytum
officinale L .) não devem ser ingeridas, somente usadas em aplicações como
cicatrizante .
8o
- SABER QUANTO USAR:
É
importante saber quanto se deve tomar de um remédio a base de plantas. Não se
pode abusar da dosagem. O dito popular “que a pancada grande é que mata a
cobra,” não deve ser seguido, pois as plantas tem efeitos adversos se forem
usadas muito concentradas ou por muito tempo. Um exemplo: uma jovem senhora
escutou falar que o olho da goiabeira era “bom para diarréia” e colocou 10
olhinhos para criança tomar. A dose muito forte resultou no óbito da mesma. O
uso das plantas medicinais é restrito a atenção primária; doenças crônicas como
diabetes, urolitíases, onde se usa por muito tempo as preparações, é importante
o acompanhamento médico e laboratorial.
9o
- SABER DA TOXICIDADE
DA PLANTA: Uma
planta pode ser ora medicinal, ora tóxica dependendo de quem toma, de quanto
toma, e como toma:
-
as crianças e os idosos são mais susceptíveis à intoxicação, por isso, deve-se
ter muito mais cuidado com a dose;
-
deve-se evitar chás durante a gestação; muitas plantas têm efeito abortivo e
teratogênicos como o quebra pedra (Phyllanthus niruri L.) , capim santo (Cymbopogon citratus DC Stapf ).
-
deve-se evitar chás em crianças que estejam em aleitamento materno até os 6
meses de idade.
Lembre-se
também que existem plantas, que mesmo em pequenas quantidades, são
potencialmente venenosas como a espirradeira (Nerium oleander L. ) e
comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta
Schot ). É aconselhado tomar conhecimento de plantas tóxicas .
10o
- SABER IDENTIFICAR:
Muito
cuidado quando se indica uma planta ou se passa uma receita num livro onde não
há o desenho ou o nome em latim, isto porque, pode haver uma grande confusão
pois o nome popular varia de um lugar para outro; exemplo: erva-cidreira que no sul do país é conhecida
como capim santo , aqui no nordeste é o Cymbopogon citratus DC Stapf . Dê
preferência a plantas frescas escolhidas corretamente de locais de cultivo do
próprio usuário; plantas secas somente devem ser usadas quando for adquirida de
fonte responsável e segura.
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