A Refeição Noturna e a volta de Cristo
Pelo Irmão Brasileiro
A última quarta-feira (16/04/2003 - que correspondeu ao
dia 14 de Nisã do calendário hebraico, sendo o dia de comemoração da páscoa)
foi um dia muito importante para o cristianismo. A cerca de 2.000 anos, o nosso
Senhor Jesus comemorou a páscoa bíblica e instituiu a celebração de sua morte em
prol da humanidade. A idéia de comemorar a morte de uma pessoa parece bizarra
para muitos, mas o que Cristo instituiu na verdade foi a comemoração de sua
vitória na vida terrena, culminada em sua morte na carne. Assim, olhando
por este prisma, faz todo sentido comemorar o dia da vitória do nosso Senhor
Jesus Cristo, e acima de tudo, obedecer uma ordenança que Ele nos deixou.
Diferentemente dos cristãos, que comemoram mensalmente a ceia, as Testemunhas de
Jeová comemoram anualmente a morte de Jesus Cristo. O curioso é que eles
deveriam enfatizar mais o fato de que o seu corpo e seu sangue nos redime - além
de sua ressurreição que foi a vitória sobre a morte -, mas eles chamam atenção
justamente do momento de sua morte e a comemoram! Evidentemente que eu conheço
o sentido que eles dão a ocasião (que seria o de comemorar a morte em seu
sentido vicário), pois fui um deles. Lembro-me de todo ano comparecer a
"refeição noturna do Senhor" (a forma que as TJ's chamam a sua ceia anual) e
assistir a uma palestra proferida por um ancião da congregação. Nesta ocasião
tão especial, muitos daqueles que "estudam a bíblia" com as testemunhas
comparecem a esta reunião ao redor do mundo (a audiência no mundo chega a cerca
de 12 milhões de pessoas - das quais apenas metade delas são testemunhas de
Jeová). Sendo que, ao invés de tomar do cálice e comer do pão, eu me lembro de
apenas passar de mão em mão tais "emblemas". Nós só podíamos pegar nos
"emblemas" (o pão ou o vinho), contemplá-los e passá-los adiante, visto que na
ótica da maioria das testemunhas, elas não fazem parte do novo pacto.
Apenas algumas pessoas ao redor do globo realmente tomam o cálice e comem do pão
(cerca de 8.000 pessoas). Estes são o restante dos "144.000" privilegiados que
tem direito ao céu. Como eu fazia parte de uma sub-classe (a grande multidão) eu
não tinha direito de ingerir a refeição noturna (a ceia).
A bíblia nos mostra que devemos celebrar esta ocasião regularmente. Esta semana
eu estava meditando sobre esta data e o Senhor me deu uma palavra em minha
mente, e logo a fui checar na bíblia e atentei para algo que nunca havia me
passado pela cabeça: a relação entre aquela palavra e o ensino das testemunhas
concernente a volta de Cristo - ou como elas mesmas falam "a presença de
Cristo".
Vejamos 1 Coríntios 11:26. Assim diz: "Porque
todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a
morte do Senhor, até que ele venha.". Deus me falava nesta ocasião que
deveríamos comemorar esta data até que Cristo venha. Isto está muito claro para
qualquer cristão e talvez até você esteja me perguntando "O que esta passagem
tem demais ?". Para os Cristãos, esta passagem não representa ponto de discussão
ou dilema doutrinário. O mesmo eu não posso dizer das Testemunhas.
As Testemunhas de Jeová dividem um único evento em dois. Dizem que Cristo
está presente de forma invisível desde 1914. Eles explicam que a palavra grega "Parousia" encontrada em
Mateus 24:27, 1 Tessalonicenses 4:15-17 e 2 Tessalonicenses 2:8
significa "presença" e arrazoam que Cristo já "veio" numa presença "invisível",
e que ainda virá, mas não numa presença física. Esta "primeira vinda" se daria
apenas para os que pudessem ver com os "olhos do entendimento".
Mas a pergunta que fica agora é: Será que Cristo está mesmo em uma
presença invisível ? Será que o evento dos textos de Mateus e
Tessalonicenses são diferentes de outros que tratam do mesmo assunto, ou são são
iguais ?
É fácil explicarmos isto quando olhamos exclusivamente para a bíblia, e não para
um punhado de publicações que muitas vezes tentam substituir ou roubar o papel
do verdadeiro livro que Deus deixou ao homem, que é a sua própria palavra - as
escrituras sagradas.
A palavra grega "Parousia" encontrada nas passagens citadas acima
realmente podem denotar uma "presença invisível" como prega a Sociedade Torre de
Vigia ? A resposta é não. Primeiramente, o sentido da palavra original é estar
literalmente e visivelmente presente. O livro "O Vocabulário
do Testamento Grego - ilustrado do papiro e de outras fontes não literárias"
(The vocabulary of the Greek Testament, - illustrated from the Papyri and
Other Non-literary sources) nos clareia a visão acerca desta palavra na
página 497:
"O que, portanto, nos concerne mais especificamente em conexão com o uso do NT de 'parousia' é a força quase técnica da palavra dos tempos de Ptolomeu adiante para denotar a visita de um Rei, Imperador, ou outra pessoa de autoridade..."
O artigo continua a dar ilustrações de tais visitas na
literatura grega. Em tal papiro estava a descrição da visita real da rainha
Cleópatra e o rei Ptolomeu a Memphis no seu reinado do Egito. Esta ocasião foi
denominada "parousia" - uma visita presencial em carne e osso de pessoas
com autoridade real.
A própria bíblia contém outros exemplos claros da palavra "Parousia" .
Abra sua bíblia e veja os seguintes textos: 2 Corintios 10:10, 1 Corintios
16:17, 2 Corintios 7:6,7 e Filipenses 1:26; 2:12.
Em todas as ocasiões apresentadas, a palavra foi usada para apresentar uma
presença física das pessoas citadas, bem como a presença (também física) de
Paulo nas igrejas.
E como será que os eruditos e estudiosos do grego bíblico vêem a palavra "Parousia"
? Entre eles, o ato de ir a aula de forma presencial é chamado de "parousia".
Já imaginou um aluno indo a sua aula de Grego bíblico em "espírito" ou estando
em outro lugar e começar a pensar na aula ? Isto o faria literalmente presente ?
Certamente que não, e definitivamente não é isto que a palavra quer dizer.
Mas voltando ao evento da vinda de Cristo, outras palavras - fora "parousia"
- são usadas no N.T
para denotá-lo. Dentre elas, está a palavra "Erchomai", presente no
texto que foi a razão deste artigo (1 Corintios 11:26).
Entretanto, como já falamos aqui todas estas palavras se referem a um mesmo evento. Vejamos quais
são:
Apokalupto (revelação - 1 Tes 1:7; 1 Pe 1:7, Lu 17:29,30)
Epiphaneia
(manifestação - 1 Ti 6:14; 4:8; Tit 2:13)
Erchomai
(vinda - Ma 24:30; 26:64; Jô 14:3; 1 Co 11:26; Ap 1:7)
Optomai
("Aparece" ou "se torna visível - He 9:28)
Phanerro
(Se tornar manifesto - 1 Pe 5:4)
Hupostrepho
(Retorno - Lu 19:12)
Analuo
(Retornará - Lu 12:36)
Heko
(vinda - Ap. 2:25)
Vejamos agora Apocalipse 1:7:
"Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o
traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém".
A bíblia é clara, e diz que todo olho o verá. Sabemos que a bíblia e Deus não
pode mentir (Tito 1:2, 2 Timóteo 3:16). Se a bíblia afirma que "todo
olho o verá" ela está dizendo exatamente isto, e devemos ter certeza do
cumprimento desta profecia, que é bem diferente do que a Torre de Vigia
afirma, quando dizem que somente aqueles que tem os "olhos do entendimento" é
que o verão.
Assim, Jesus ainda não veio. A palavra grega "parousia" deve ser
corretamente traduzida por "vinda" e não "presença" . O ensino de que Jesus já
voltou numa presença invisível para depois voltar novamente numa presença mais
visível é mais uma distorção das escrituras baseado na falsa data de
1914 (clique neste link para
saber porque esta data é falsa). Além disto, a ordem de Paulo em
1 Coríntios 11:26 de continuarmos a nos
lembrar de Cristo na sua morte vicária tomando do pão e do vinho continua,
até que Ele (Cristo) venha, pois ele ainda não veio novamente.
Que este artigo possa nos dar uma reflexão sobre este importante acontecimento,
a fim de que possamos dar o imenso valor que esta data representa para todos
nós, Cristãos.
Que Deus lhe abençoe e lhe ilumine, mostrando e reluzindo a luz da verdade em
teu coração.
OBS: Quaisquer termos apresentados aqui que lhe sejam obscuros podem ser esclarecidos neste site no glossário das Testemunhas de Jeová.