ZOHAR, Danah. O Ser Quântico: Uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física. 4.ed. São Paulo : Best Seller, 1990. 305p.


Danah Zohar, nasceu nos Estados Unidos. Bacharelou-se em física e filosofia pelo Massachusetts Institute of Technology e completou três anos de estudo de pós-graduação em filosofia e religião na Harvard University, onde foi aluna de Erick Erikson. É casada com o dr. I. N. Marshall, psiquiatra e psicoterapeuta, de quem teve colaboração neste livro. Eles moram em Oxford, Inglaterra, com os dois filhos, e já publicaram três livros.

O cristianismo denegriu o corpo em favor da alma.

A visão de Newton arrancou-nos da própria substância do Universo.
A física clássica transmutou o cosmo vivo dos gregos a da Idade Média, um cosmo cheio de sentido e inteligência e movido pelo amor de Deus em benefício do homem, numa máquina morta e previsível.
A revolução de Copérnico havia deslocado a Terra, e portanto os seres humanos, do centro das coisas; porém as três leis do movimento de Newton e seu modelo mecânico do sistema solar forneceram a planta para um projeto completamente despido de vida. As coisas se moviam porque obedeciam a leis fixas e determinadas... Os seres humanos e suas lutas, toda a consciência e a própria vida tornaram-se irrelevantes ao funcionamento da vasta máquina universal.

Nada em particular pode ser declarado existente em um local determinado e tudo flutua num mar de possibilidades. (Niels Bohr, teoria quântica)

Quando o homem está no mundo, é do mundo, está na matéria, é da matéria, ele não é um estranho mas um amigo, um membro da família, um igual... Os gregos viviam num Universo conciliado. Onde a ciência das coisas e a ciência do homem coincidem.
(Michel Serres, in Order Out of Chao, pp. 304/305.)

A mais revolucionária e, para nossos fins, a mais importante afirmação que a física quântica faz acerca da natureza da matéria, e talvez do próprio ser, provém de sua descrição da dualidade onda-partícula - a afirmativa de que todo ser, no nível subatômico, pode ser igualmente bem descrito como partículas sólidas, como um certo número de minúsculas bolas de bilhar, ou como ondas, como as ondulações na superfície do oceano. Mais que isto, a física quântica prossegue dizendo que nenhuma das duas descrições tem real precisão quando isolada e que tanto o aspecto onda como o aspecto partícula do ser devem ser levadas em conta quando se procura compreender a natureza das coisas.

Assim como muitas vezes sentimos que nunca compreendemos inteiramente uma outra pessoa, nunca realmente conseguimos determinar sua natureza essencial, é uma verdade indubitável que nunca conhecemos plenamente uma partícula elementar. É como se estivéssemos eternamente condenados a enxergar apenas sombras em meio à neblina.

Alguns teóricos quânticos, e em primeiro lugar dentre eles Niels Bohr, bem como o próprio Heisenberg, argumentam que a realidade fundamental em si é essencialmente indeterminada, que não há um "algo" nítido e fixo subjacente a nossa existência diária que possa ser conhecido. Tudo da realidade é e continua sendo uma questão de probabilidade.

Max Planck provou que toda energia é irradiada em pacotes individuais chamados "quanta", em vez de em correntes fluindo sobre um espectro contínuo. Os "pulos" ou "saltos" surgiram alguns anos depois quando Niels Bhor demonstrou que os elétrons pulam de um estado energético a outro por meio de saltos quânticos descontínuos, cujo tamanho depende de quantos quanta de energia os elétrons absorveram ou liberaram... A teoria mostrava que todo movimento - mesmo o que percebemos como suave e contínuo - está estruturado da mesma forma que a sucessiva apresentação dos fotogramas. E assim como ocasionalmente um filme pode "saltar" dentro do projetor, também as partículas subatômicas podem saltar "vários fotogramas para frente" pulando os estágios intermediários que pareceriam o caminho mais natural. As analogias que se pode fazer com processos mentais e culturais são inumeráveis... Numa região onde a realidade parece constituir-se não de realidades fixas que podemos conhecer mas sim de probabilidades que talvez conheçamos, quanto mais se procura analisar os movimentos de qualquer partícula, mais enganosa ele se torna. Esta qualidade enganosa é o maior problema levantado pela teoria quântica. O outro grande problema é o destino de todas aquelas probabilidades não aproveitadas.

Há reversibilidade do tempo no nível quântico: as coisas podem acontecer em qualquer direção.


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