Como contruir a disciplina e paz nas escolas1
Maurício da Silva 2

 

Índice.
Dedicatória.
Prefácio.
Referencial Bibliográfico.
Outras Obras do Autor.
Capítulo 01 - Educação de Qualidade X Indisciplina.
Capítul0 02 - A Disciplina na Escola & Compreensão.
Capítulo 03 - Indisciplina, Desordem e Caos nas Escolas.
Capítulo 04 - Educação Profunda na Família e na Escola.
Capítulo 05 - Moralidade & Disciplina.
Capítulo 06 - A Indisciplina no Cotidiano Escolar.
Capítulo 07 - Cultura da Indisciplina e da Violência.
Capítulo 08 - A (IN)Disciplina, Estados e Eventos.
Capítulo 09 - Agressividade, O Desafio da Paz
Capítulo 10 - As Modalidades de Violência.
Capítulo 11 - Tipos de Transgressões.
Capítulo 12 - Ego, Essência e Consciência.
Capítulo 13 - A Falência dos Sistemas Sociais.
Capítulo 14 - Impunidade, Liberdade para Delinqüir.
Capítulo 15 - O que é a Violência e a Paz.
Capítulo 16 - Resiliência, Capacidade de Transposição de Obstáculos.
Capítulo 17 - Os Construtores da Cultura da Paz.
Capítulo 18 - O que é, que de Fato, Faz a Diferença?
Capítulo 19 - Há Uma Nova Ordem Pedagógica.
Capítulo 20 - O Poder do Castigo.
Capítulo 21 - Como Trabalhar a Indisciplina e a Violência Escolar.
Capítulo 22 - Sala de Aula, Palco da Indisciplina.
Capítulo 23 - O pior Tipo de Violência Escolar.
Capítulo 24 - A Causa das Causas do Insucesso Escolar.
Capítulo 25 - A Raiz de Todos os Conflitos.
Capítulo 26 - Uma Senda para Paz.
Capítulo 27 - Os Fatores de Construção da Paz.

 

 

DEDICATÓRIA.

(Índice)
Este livro de Pedagogia da Cultura Paz e Não-Violência, anuncia uma Educação transformadora, através de uma Didática Revolucionária, que possui métodos científicos preconizados pela Psicologia Revolucionária do Dr. Samael e pela Psicanalítica Dr Sigmund Freud. É uma obra que propõe técnicas para erradicação das causas da indisciplina e da violência na família, nas escolas e na sociedade constitui num livro escrito sobre o Paradigma Gnoseolístico, que possui os meios cientificamente eficazes para ensinar o educando a pulverizar, dentro de si mesmo, os agentes causadores da violência.

É um pequeno tratado das causas e conseqüências da indisciplina e da violência generalizadas, que dedicado aos meus filhos Lucas e Marcela, às minhas irmãs Kátia e Ana, ao pai Paulino, à minha esposa Simone e à humanidade, que é extensão de mim mesmo; porque somos todos irmãos na essência cósmica; e, também é dedicado a todos os grandes mestres da humanidade: Mahatma Gandhi, Dr. Samael Aun Weor, VM. Rabolu, Jesus Cristo e seus discípulos, Einstein, Pitágoras, Sócrates, São Francisco de Assis e muitos outros, que combateram as causas da violência e estabeleceram os parâmetros éticos, morais e espirituais e os princípios da liberdade, da felicidade e do amor entre os povos da Terra, como pilares concretos de sustentação da Cultura de Paz e Não-Violência, sementes vivas de germinação da solidariedade, de alteridade, de confraternidade, da união e esperança de paz entre os entes sociais componentes da massa humana.

Aí é que residem as razões de minha luta, tentar restabelecer os parâmetros e os princípios, acima citados, com grande interesse, para tentar melhorar a mim mesmo e a sociedade; condição essencial para amenizar o sofrimento de meu pobre coração, que sofre o sofrimento de cada um destes entes sociais deserdados pelo sistema social antropocêntrico, filhos da injustiça social e da violência estrutural, que os tornam co-autores e vítimas indefesas de todo tipo de violência.

Santos, 17 de Julho de 1.988.
Maurício da Silva.
www.violencianaescola.hpg.com.br
[email protected]

 

PREFÁCIO.
(Índice)
Nas escolas, a indisciplina dos alunos sem limites, se constitui numa forma de violência entre outras tantas que ali são engendradas, para transformação dos templos sagrados do saber em palco da violência generalizada, num local de discórdia, ódio, embate, impasse, confronto, ato infracional, crimes, desobediência, resistência, desacato, desordem, entropia e caos.

A Escola se tornou depósito de gente sem parâmetros morais, éticos e espirituais, de delinqüentes que violam as normas escolares e institucionais e cometem atos infracionais e crimes de toda natureza.
Ali há gangues, malvados, bandidos, quadrilhas de crianças, jovens e adultos, usuários de drogas, pichadores, depredadores, agressores, agentes da violência generalizada. Qual é a raiz de tudo isto? É o que pretendemos demonstrar através deste livro, que aponta as causas da indisciplina e da violência escolar e os meios para erradicá-las.
O ser humano, enquanto perfila a trajetória homemoidal, é um ser dual, possuindo dentro de si mesmo, em sua bipolaridade psíquica, as causas do bem e do mal. A raiz do bem é essência da consciência e a do mal é o ego.

Assim, na história da trajetória da humanidade, a violência e a paz sempre coexistiram. Por isso o amor, a solidariedade, a paz e muitos outros valores se fazem presentes, mesmo em meio ao ódio e á violência, como em nossos dias atuais. Devido a hipertrofiação do ego há, em cada um de nós, os germes da violência, um potencial de animosidade, de agressividade, que eclode na forma de violência generalizada diante de adversidades.

Não podemos confundir tenacidade, impetuosidade, perspicácia, etc, com agressividade. A primeira é conseqüência da ação da consciência, enquanto que a agressividade é fruto da reação do ego.

Infelizmente, iniciamos o Terceiro Milênio com um alto índice de violência nas escolas, na ecologia, no futebol, na cidade, no campo e na sociedade em geral. O ódio, a ausência de solidariedade e de alteridade, a indiferença, a agressividade, a miséria, a prostituição, a corrupção em todos os níveis e a perda dos valores transcendentais, aumentam em proporções alarmantes, esfriando o coração do homem, impulsionando a humanidade para um beco-sem-saída.

O ego se robustece, aumenta o potencial de agressividade, de animosidade, reduz-se a sensibilidade para com o sofrimento de nosso semelhante. Já não sabemos mais exercitar a alteridade a empatia, se colocando no lugar do outro!

A humanidade involui sensivelmente, apesar do progresso material. Nossas crianças já usam drogas, ar amas, as granadas e aparatos da violência já chegaram ás escolas. Há uso de drogas, do fácil acesso às aramas bélicas e o aumentam os índices de mortalidade.

Enquanto vão crescendo a pobreza, a massa de excluídos, os sem-teto, o sem-nada e a violência generalizada - em conseqüência da política neoliberal - vão decrescendo os valores transcendentais da vida holística. O que certamente amplia a já extrema desigualdade na distribuição de rendas e o abismo entre ricos e miseráveis, que somados à intolerância diante das diferenças religiosas, étnicas, etc, vem aumentar a animosidade, acirrar os conflitos, desencadear mais hostilidade e guerras.

Para ajudarmos a humanidade sair do beco-sem-saída, elevando-se da Cultura da Violência à Cultura da Paz, temos que nos educarmos com os Três Fatores de Revolução da Consciência contidos na Psicologia Revolucionária do Dr. Samael Aun Weor. Assim iremos aprender como praticar o processo de transformação das impressões negativas em positivas, erradicar de dentro de nós mesmos as causas da impulsividade, da agressividade e da violência. Aí poderemos extirpar de dentro de casa um de nós os agentes que causam a raiva e nos tornarmos melhores com nossos familiares, baixar os índices de violência doméstica, violência nas escolas, na ecologia, nos esportes, etc.

A paz é um fator de construção, que depende de cada um de nós, começando dentro da gente mesmo, aqui e agora, com os fatores revolutivos da consciência, trabalhando intensivamente, de instante a instante, durante uma vida toda, com sacrifícios voluntários e esforços permanentes.

Convencionalmente, apontam-se diversos fatores como causas da violência: exposição acentuada das pessoas às cenas de violência da mídia, uso de drogas, acesso às armas, corrupção oficial, crime organizado, impunidade, má distribuição de renda, desemprego, etc. Entretanto, ao bem da verdade, convém dizer, à luz Psicologia Revolucionária, que os fatores enumerados acima, não são causas, mas sim, conseqüências da violência. A real causa está ocultada no ego, coisa que não ousam ensinar às crianças nas nossas escolas convencionais antropocêntricas.

A maneira mais eficaz de se combater a violência é através da construção da paz, com os fatores de revolução da consciência. Para isto, precisamos de uma educação para paz, que conduza a sociedade ao caminho da liberdade; que os países instituam programas de educação para paz, referenciando-se no Programa Cultura da Paz e Não-Violência, que foi instituído pela Unesco, em 1994, objetivando construir um mundo de paz e justiça, melhor para nós e para aqueles que virão depois, isto é, embasado nos parâmetros holísticos.

Qualquer programa de educação para paz passa pelo resgate dos valores humanos perdidos: de democracia plena, liberdade, solidariedade, justiça, respeito mútuo entre indivíduos, entre nações diferentes, entre crenças diversas, respeito às diferenças religiosas, culturais, ideológicas, doutrinárias, sociais, culturais, etc.

Ao analisarmos algumas definições acerca da violência, vamos encontrar, de modo geral, que violência é toda a ação física ou psicológica que prejudica o próximo, coisas e qualquer outro ser vivo. Deste modo, os nossos atos egoístas, a má distribuição de rendas, o uso injusto ou abusivo do poder, o uso da força que tortura, impõe sofrimento e morte, indisciplina na família, na escola e na sociedade, se constituem em forma de violência generalizada.

As formas de violência nas escolas, na ecologia, nos esportes, na família e na sociedade, a estas alturas dos acontecimentos, já tomaram uma proporção alarmante, que exigem soluções imediatas, reflexões, programas, projetos, mobilização da sociedade, etc, para se fazer frente a este movimento de destruição nefasto. Precisamos articular e mobilizar a sociedade para uma tomada de posição em conjunto com todos os seus seguimentos, para buscarmos a paz, por intermédio do combate às causas da violência, o que nos possibilita passar de uma cultura de violência para uma cultura de paz.

A realidade escolar, cotidianamente, apresenta muitos pontos de conflitos que ampliam a violência no interior das unidades escolares, onde há os impasses, os embates, agressões, depredação, pichação, tráfico de drogas, tiros de armas de fogo, punhais, granadas, pancadas e mortes. O hipertrofiamento dos agentes psicológicos do ego complica o relacionamento das pessoas em qualquer aglomeração social, principalmente nas escolas, piorando a qualidade de inteiração entre alunos, professores, pais de alunos, toda comunidade escolar.

A mobilização para educar as gerações, para se sair de uma cultura da violência, em direção a uma cultura de paz, com um conteúdo programático de valores holísticos transcendentais, com os fatores de revolução da consciência, as escolas ainda não ousaram fazer, salvo honrosas exceções.

A cultura da reprovação nas escolas há muito tempo é utilizada como um componente de controle da disciplina dos alunos. Agora que as escolas estão passando da cultura de reprovação para cultura de aprovação, a onda de indisciplina vem emergindo com muita força, a ponto de as autoridades escolares estarem perdendo o controle da sala de aula, onde passa reinar o caos.

Há direção de escola que colabora com a cultura depositária das escolas, na medida em matem os alunos no interior destas, mesmo quando estão com aulas vagas, sem professor, sem direcionamento, na mais completa ociosidade, prontas para o delito.

A escola se tornou um grande depósito de alunos problemáticos, sem comportamento, sem limites, que se constituem numa ameaça constante aos professores, aos funcionários e aos demais alunos de bem.

Por outro lado, se escola não deposita estes alunos em seu interior, eles ficam na rua fazendo coisas piores e aqueles que escola expulsa ou que se evadem, se constituem numa ameaça aos professores. Eles esperam os professores nas esquinas, fazem emboscadas, rondam suas ruas, suas casas, etc.

O presente escolar é negro, calcado numa cultura de violência generalizada, fruto de um passado antropocêntrico nefasto, que tira esperança de um devir de luz para a humanidade.

O presente nasce do passado, assim como o futuro nasce do presente. O presente é o mais importante, pois representa a síntese dialética do tempo, entre o passado que já se foi e o futuro que é incógnito. Assim, o presente traz em seu seio a árvore do passado, que contém o a semente do futuro, pois passado e futuro se interconectam através do presente. O passado sobrevive no presente, que o transmite para o futuro. No presente está inserida a marca do que se foi e a projeção do vamos ser. Então, o presente é o real. O passado e o futuro são desprovidos de realidade.

A escola convencional não se preocupa em preparar o aluno para vida atual, com um conteúdo de cultura da paz, com uma formação ética e holística; ela não o prepara para o dia de hoje, prepara-o para um futuro incógnito, recheando-lhe a cabeça com um conteúdo antropocêntrico, desprovido de significado holístico, sem preocupação com sua consciência, com sua inteligência, com sua postura ética e com seu comprometimento com a paz.

A indisciplina na família, nas escolas e na sociedade é hoje um dos maiores obstáculos à pedagogia, um atentado à moral, à ética, ao espiritual e ao educacional; ela é um agente do caos, que desafia a paz social.

A indisciplina é filha dos agentes psicológicos inumanos do ego, que se constitui numas das piores formas de violência nas escolas, na família e na sociedade. Porque indisciplina significa desconstrução, ato contrário à ordem, à normalidade.
O indisciplinado é alguém que apresenta estados inumanos de desobediência, de desordem interna, de desequilíbrio interior, de rebelião, de revolta, de subversão.
Indisciplina não combina com educação no sentido real da palavra. A escola convencional é conivente com a indisciplina do aluno, porque não possui para este uma mensagem educacional, de correção de seus estados internos caóticos, que seja capaz de orientar ao aluno para aquisição da autonomia psicológica, que lhe permita o domínio de si mesmo, base fundamental da libertação humana das garras da ignorância e do temor, guardiãs da fragilidade humana.

A indisciplina por ser uma forma de violência, um elemento complicador do ente social, se constitui num grande obstáculo à pedagogia, pois ela nega a educação, revela a ignorância, o desequilíbrio, o temor e muitos outros estados que se opõem à autonomia individual e coletiva do ser humano. Educar ao aluno significa ajudá-lo aprender o processo de construção de sua autonomia, da disciplina, da ordem, da liberdade, do amor e da paz.

Ser indisciplinado significa andar na contramão da educação. Significa ser vítima de si mesmo, ao seguir a trajetória da complicação pessoal, da escravidão de si mesmo, que o levará à desordem, ao desequilíbrio, a intolerância.
Pelos caminhos da indisciplina se chega à intolerância, ao desrespeito às normas estabelecidas e às pessoas em geral. O indisciplinado é um deseducado que perde o controle de si mesmo, é desrespeitador, é resistente a ordem natural das coisas, é um desobediente, que já perdeu o respeito pelo professores, pelos pais, pelos seus pares e por si mesmo. É um imbecil que, se não se corrigir, causará transtorno à ecologia, à família, à escola e à sociedade.

De nada adianta ensinar matemática, línguas, ciências, etc a um aluno, se não conseguirmos ensiná-lo o caminho do reto-pensar, do reto-sentir, do reto-agir, componentes de uma verdadeira educação holística, que trazem a autonomia e os princípios de construção de uma cultura de paz.
Meus queridos alunos, nenhum sucesso nos estudos dos componentes curriculares compensa um fracasso disciplinar! De que adianta a humanidade avançar em conteúdos centrífugos, antropocêntricos, que reforçam a cultura da violência e retroceder nos caminhos da cultura da paz que conduzem a humanidade a graus mais elevados dos valores holísticos?

Nas escolas, os professores são vítimas da indisciplinas dos alunos; por serem portadores de uma mensagem instrutiva, que a princípio necessitaria de que seus alunos viessem disciplinados de suas casas. Coisas impossíveis, pois a família está deteriorada e sociedade está doente.

Já há poucas famílias que educam seus filhos, colocando limites, ordem e disciplina em seus filhos. Assim, há tempo que a indisciplina escolar deixou de ser um evento esporádico, sem importância, para se constituir numa grande alavanca da violência generalizada, num obstáculo à tarefa educativa, num grande desafio à paz social.

A maioria dos pais, das autoridades e dos educadores, fica inerte ante a indisciplina dos nossos filhos, dos nossos alunos, etc. Isto ocorre porque desconhecemos as reais causas da indisciplina, seus efeitos e conseqüências. Todos nós precisamos saber que a raiz da indisciplina está fincada no substrato dos agentes psíquicos componentes do ego. O dia em que soubermos disto, poderemos elaborar as bases concretas da cultura da paz, através de uma pedagogia revolucionária de erradicação das causas da indisciplina geradora de violência.

A indisciplina e a violência nas escolas, na família, na ecologia, nos esportes e na sociedade, infelizmente, se tornou um assunto que está cada vez mais em moda, dominando os meios de comunicação. E violência nestes setores cresce dia após dia e vai roubando a esperança de paz da humanidade.

Precisamos lutar para reversão desta trajetória nefasta da cultura da violência, enquanto ainda há tempo e possibilidade de construirmos uma cultura da paz, se para isto nos unirmos para enfrentar o Golias (violência generalizada) que aí está nos atacando.

Temos que sair do senso comum e mergulhar na consciência filosófica, para podermos preparar adequadamente nossos filhos, nossos alunos, enquanto vamos preparando a nós mesmos, para sairmos desta cultura da violência que aí está e adentrarmos numa cultura da paz.

A sociedade humana adaptou-se a uma cultura de guerra e de diferenças religiosas, que reforçam a animosidade, o ódio e os conflitos religiosos, raciais, culturais, etc. Esta cultura da violência robusteceu o ego, fortalecendo o ódio, que se eclode nas mais variadas formas de violência.

Apesar de tudo não podemos perder a esperança de construir a paz para nós e para aqueles que vem depois. Não a paz estática, mas dinâmica, que irradia para os quatro cantos do mundo. Eis que é chegada a hora de gritarmos em coro universal: basta à violência nas escolas, na família, nos esportes, no campo, na cidade e na sociedade em geral! Chega de indisciplina, veiculo da violência! Chega de injustiças sociais, de miséria, de desemprego e de política neoliberalista nefasta! É a hora derradeira de cada um de nós apresentarmos nossa proposta para paz, para as escolas educarem seus alunos para paz, das nações se ajuntarem a Unesco, apresentarem seus programas e trabalharem concretamente para cultura da paz. (Maurício da Silva - [email protected]).

1. EDUCAÇÃO DE QUALIDADE & INDISCIPLINA.

(Índice)
Para combater a indisciplina, a escola terá que se transformar numa organização para Cultura da Paz que busque a educação de qualidade para promoção da equidade social e da cidadania plena.

A sociedade está demandando uma cultura de paz fundada nos parâmetros holísticos, de boa qualidade, e que promova a erradicação da violência nos quatro cantos do mundo. Coisas que só serão alcançadas com equidade social e com a transformação de cada indivíduo da cultura antropocêntrica que a compõe, embasada nos parâmetros holísticos.
Ao mesmo tempo em que a sociedade anseia por este tipo de escola que induza mudanças radicais, poucos educadores se encontram em condições de realizá-las, devido à sua formação antropocêntrica que possuem, precárias condições de trabalho, sobrecarga de tarefas, isolamento profissional, fragmentação de espaço, má remuneração, falta de compromisso do governo com a educação, etc.

Atualmente, na sociedade que demanda paz, não há escolas com políticas governamentais que ofereçam encorajamento para os professores atuarem juntos. As políticas educacionais e pedagógicas do governo são impostas à revelia dos educadores, como por exemplo, a implantação da aceleração, progressão continuada, etc, no estado de São Paulo, que respalda a manutenção do aluno analfabeto semi-analfabeto em suas fileiras, daquele que fica na escola sem o menor compromisso com aprendizagem e vai avançando mesmo sem nada saber ou com um saber insipiente, insignificante.

Não há oportunidades e nem motivação suficientes para os professores trabalharem em equipe, para aprenderem um com os outros, para melhorarem sua habilitação e qualificação profissional.

Uma escola que não envolve os seus professores nos processos decisórios que afetem os seus trabalhos, que acha que os mesmos não são qualificados para tal, que possui uma direção que os sufoca, não possui condição para trabalhar na construção da disciplina e da ordem. Por outro lado, a escola que valoriza seus professores, onde os professores se sentem respeitados, confiantes, envolvidos nos processos decisórios, podem ajudar a construir, de fato, a ordem e a disciplina.

Para construção da qualidade de ensino, da eficiência e da excelência, da ordem e da disciplina, é preciso levar em consideração como a escola é conduzida, como são as pessoas que participam de sua liderança, como os professores, enquanto profissionais devem ser tratados, como os professores se relacionam com os alunos e entre si, como se envolvem no dia a dia da escola, porque o impacto na qualidade de ensino, no ensino-aprendizagem, na ordem e na disciplina, nas salas de aula, dependem do envolvimento dos professores em cada escola, do apoio que recebem, da valorização, do estímulo para que trabalhem coletivamente, mais unidos aos colegas, etc.

Nas escolas onde se busca a gestão democrática, numa co-participação dos envolvidos nos processos decisórios, os professores e os alunos serão mais responsáveis pelas políticas e práticas que nelas são criadas.

Os teóricos da educação ao proporem projetos pedagógicos, precisam levar em consideração a indisciplina dos alunos, prestar mais atenção nos propósitos do professor, apoiar suas aspirações estabelecendo oportunidades para o confronto de crenças e pressupostos subjacentes à sua prática cotidiana, escutar, ouvir o que os professores têm a dizer, evitar o superestimo a pesquisa publicada e a subestima ao conhecimento do professor, evitar tratar qualquer estratégia acima de qualquer crítica, criar uma comunidade de professores que discuta as questões e crie um senso comum em sua escola.
A questão da indisciplina é extremamente importante, pois que, ensinar envolve todo um aspecto moral, ético, etc., de natureza complexa, que não dá para ser reduzida a questões técnicas e habilidades. O educador exerce um papel essencial na educação das futuras gerações. Sua missão se agiganta dia-após-dia, na tarefa de socialização primária e secundária; pois na medida em que a família se deteriora e as religiões se declinam, reduz-se o contato do educando com os pais e amplia-se a exposição às imoralidades sociais. O professor precisa se apoiar em métodos que respaldem-no lidar com equilíbrio com as circunstâncias de desequilíbrio em classe, traduzidos nas formas de indisciplina e violência.

O projeto de educação para cultura da paz não pode contar com escolas que fazem algo para o professor, ao invés de fazer com eles e por eles; escolas onde treinamentos no ambiente de trabalho são impostos de cima para baixo com uma visão passiva do professor, enxergando-o desprovido de habilidades, vazio, deficiente, subestimando sua forma de agir e seus conhecimentos.

Qualquer projeto pedagógico deve, além da indisciplina dos alunos, considerar também os professores em todas as dimensões, suas necessidades e sua experiência de anos de trabalho e estudos, tratá-lo como professor holístico, integral e não parcial como faz o sistema antropocêntrico.

Fracassam os projetos educacionais que não levam em conta a questão da indisciplina e da violência nas escolas, que não disponibilizam recursos suficientes para sua execução, que não consideram a intuição, treinamento e desenvolvimento do professor, que não motivam os professores, que os alienam. Qualquer projeto pedagógico para transformar a sociedade e elevá-la da cultura antropocêntrica à cultura holística, não pode deixar somente aos professores o pesado fardo da responsabilidade pela mudança na escola. Qualquer projeto que se crie nos gabinetes dos teóricos da educação depende da atuação do professor para o repasse final. E professor nenhum conseguirá repassar projetos, independentes de quais forem as suas propostas, sem levar em conta às circunstâncias de indisciplina e violência que permeiam a sala de aula.

Os teóricos da educação, ignorantes da prática escolar cotidiana, precisam saber que suas teorias pedagógicas de nada valem e estarão fadadas ao fracasso, se os professores não as adotarem em suas próprias salas de aula e não as traduzirem em uma prática profissional cotidiana e efetiva.

Devido à política de individualização, proposta pelo capitalismo, as boas idéias, que muitos professores possuem, costumam ser inacessíveis a seus pares. A responsabilidade do combate à indisciplina e à violência nas escolas é de todos os segmentos da educação, para aqueles sistemas de ensino que aspiram construir a disciplina, a ordem, a paz e a cidadania plena. Porque quando a responsabilidade repousa somente sobre os ombros dos lideres, ela os sobrecarregam e resultam em soluções parciais, fragmentadas e incorretas.

Uma escola de educação integral não age como se os professores não soubessem o que fazem, privilegia suas competências e não negligencia suas incompetências. A escola de educação integral possui um esquema de avaliação montada para avaliar as atitudes e não tão somente conceitos dados aos alunos. A sua avaliação se focaliza no desenvolvimento, no crescimento e na transformação do educando, concretamente demonstrada através de atos e atitudes práticas revestidas de valores éticos e morais.

Há um consenso generalizado da necessidade de mudanças fundamentais nas estruturas escolares, familiares e sociais para se alcançar uma educação de qualidade, para paz e cidadania plena; para isso há necessidade de mudanças fundamentais no paradigma de ensino, no currículo, nas lideranças, nos professores, em todos os níveis. É preciso educar as crianças e reeducar os adultos, nas perspectivas pessoal, social e ambiental.

Os pensamentos, as idéias e os projetos em grupo, que considere o trabalho individual, se constituem numa boa estratégia para conectar uma pessoa na outra, vencer o isolamento e tornar-se força potente de transformações.

O isolamento cultuado pela ideologia capitalista limita o acesso a novas idéias, projetos e melhores soluções, impede o reconhecimento do sucesso alcançado, permite o exercício da incompetência, protege atitudes defensivas ante a crítica.

Historicamente convivemos nas escolas com a arquitetura e móveis não ergonômicos, com os horários difusos, com os turnos e returnos, etc., que reforçam o isolamento e o trabalho individual, desfavorecendo o trabalho em equipe, a rede de solidariedade e cooperação.

Em razão da sobrecarga de trabalho dos professores, da função de socialização primária que são submetidos ao invés de secundária, que tornaram as obrigações do destes mais difusas, classes necessariamente numerosas, que demandam ação educativa diversificada e a falta de prioridades educativas por parte do governo se constituem em fatores que ampliam a indisciplina e a violência generalizada nas escolas.

A comunidade escolar é uma pequena amostra da massa social, o que é lá fora é aqui dentro com relação à sociedade. Na escola, a sala de aula é um palco onde se desenrolam os problemas sociais, tais como valores invertidos, a indisciplina, a violência, etc; são fatores que exigem do professor um esforço psicológico muito grande para contornar as situações, o que aumenta a complexidade da aula.

Os valores éticos, morais e intelectuais dos professores não possuem mais relevância para os alunos com tendências à indisciplina. A indisciplina e violência nas escolas vão se ampliando à medida que os professores não conseguem trabalhar e planejar juntos, compartilhando e desenvolvendo suas especializações e suas experiências. Nenhum professor conseguirá enfrentar as questões da indisciplina e da violência sozinho.

A concepção do trabalho coletivo para enfrentamento da indisciplina, da violência e outras questões pedagógicas, embora vem fortalecendo teoricamente, não encontra ressonância na prática, nas escolas convencionais antropocêntricas.

O trabalho da direção escolar em conjunto com os professores, o tratamento que aquela dispensa a estes, ajuda muito no enfrentamento da indisciplina, da violência, etc. Na realidade, o que ocorre é que a maioria dos diretores, supervisores e autoridades, em geral, tentam esconder, ainda nos dias de hoje, as questões da indisciplina e da violência em sua unidade de ensino, numa tentativa de abafar o assunto, tentando tapar o sol com a peneira. Desta forma, cada escola acaba tendo a indisciplina e a violência na medida EXATA de sua PRÓPRIA DESUNIÃO.

É preciso que cada professor aja de acordo com o contexto, impondo postura adequada a cada classe: em determinada classe se o professor abrir um sorriso, já não consegue dar mais aula naquele dia; em outras, se adotar uma postura enérgica, tipo militar enérgico terá dificuldade para relacionar. Para cenários diferentes, há necessidade de diferentes abordagens; contudo em ambos é necessário envolver o aluno em atividades significativas que entusiasmem os alunos.

A indisciplina e a violência se ampliam naquelas escolas onde os professores não trabalham juntos fora da sala de aula: planejando, observando a elaboração do currículo unindo-o ao ensino. As escolas que verdadeiramente queiram erradicar violência e indisciplina de seus interiores, certamente deverão combater a cultura do individualismo, que é sustentada pela ideologia capitalista, e trabalhar intensivamente na formação da cultura do coletivismo, da cooperação, da solidariedade e fraternidade.

A maioria de nossas escolas se apresenta como um terreno propício à manifestação da indisciplina e da violência, por representarem as últimas instâncias sociais, que legitimam o isolamento do profissional através do trabalhar sozinho, o que a torna vulnerável aos invasores externos sobre todos os aspectos.

Pela cultura do individualismo, a maioria de nós não conhece o vizinho do apartamento ao lado onde moramos, da mesma forma que nas escolas há falha no inter-relacionamento; onde professores, alunos, funcionários e dirigentes não costumam cumprimentarem-se, dialogar e conhecer-se mutuamente pessoal e profissionalmente e saber o que o outro está fazendo.

Já vivemos numa época em que o aluno estudioso é marginalizado e perseguido na classe pelos seus pares, da mesma forma que alguns professores desejam o insucesso de seus colegas e reagem adversamente ao desempenho bem sucedido de colegas. Nas escolas onde reina a cultura do individualismo, a oportunidade e a motivação originária de novas idéias, para o sucesso no combate a indisciplina, a violência e outras questões relevantes estão inacessíveis.

Para alcançarmos uma cultura da disciplina, da ordem e da paz, temos que quebrar, nas escolas, a barreira do individualismo imposta pela cultura antropocêntrica do capitalismo, se é que ocorram mudanças de fato.

Para conexão com idéias novas, teorias e práticas interessantes, que possam oferecer modos mais eficientes de combate à indisciplina, à violência e outras coisas interessantes, nas escolas, temos que erradicar o medo de solicitar ajuda para com a didática do TFRC, aprendermos a compartilhar idéias, e extirpar de dentro de cada um de nós, os elementos psíquicos que dão sustentação ao individualismo, limitando o nosso crescimento e aperfeiçoamento, etc.

Para combatermos a indisciplina e a violência nas escolas, nós professores, temos que aprender a usar o poder da colaboração, enquanto o ensinamos aos alunos. A incerteza do nosso trabalho diante do quadro caótico da indisciplina e violência dos alunos demanda colaboração para reduzir a força de resistência dos indisciplinados e aumentar a sensação de força para construir a disciplina, a ordem e a eficiência para ensinar.

Para combatermos as resistências dos alunos, a indisciplina, a desordem e a violência nas escolas, temos que usar a arma poderosa do trabalho em conjunto, para criar na sala de aula, em meio à desordem, condições para os alunos trabalharem também em conjunto, para que aprendam a fazer uso da forma mais poderosa de cooperação.

Nós os professores e os alunos, ao fortalecermos os laços da cooperação, estaremos construindo a ordem e a disciplina, fortalecendo os laços de interdependência, de responsabilidade compartilhada, de comprometimento, de aperfeiçoamento coletivo e uma maior disposição para trabalhar juntos.


2. DISCIPLINA NA ESCOLA & COMPREENSÃO.

(Índice)
Todo mundo que já passou pela escola e vivenciou a existência de regras, normas, leis, repressões, etc, que consiste no modo de contenção da violência no efeito, de forma repressiva. Quando, se empregam os meios repressivos, sem o emprego de meios preventivo, para coibir a indisciplina, a disciplina obtida se torna cultivo da resistência. Nas escolas onde só se interessam pela informação e não pela formação do estudante, os professores colidem frontalmente com a cultura da resistência.

"Se lutarmos contra o vício da bebida, este desaparecerá por um tempo, porém como não o compreendemos a fundo, em todos os níveis da mente, ele retornará mais tarde, quando nos descuidamos da guarda, beberemos de uma vez por todo ano". (Dr. Samael).

Desta forma, nos ensina o Dr. Samael, em sua Psicologia Profunda, que se repelirmos os vícios, sem compreensão, estaremos ampliando a resistência e a intensidade do vício na volta deste, na recorrência.

Se repelirmos o vício da fornicação, por um determinado período, mantendo-se uma aparente castidade, a luxúria retornará com mais intensidade, transformando-nos em indivíduos fornicários irredentos, compulsivos, como se verifica através da incidência dos sonhos eróticos, das poluções noturnas, dos desejos, paixões inconfessáveis e outras, que certamente ocorrerão, pelo fato de não havermos compreendido a fundo as raízes da fornicação.

Na tentativa de refutar, de repelir e de resistir à ambição, muitos indivíduos se tornam cobiçando a não serem cobiçosos, pelo fato de não compreenderem o processo de produção da cobiça pelos eus desta legião de agregados. Assim, se tornam a seguirem determinadas normas de comportamento ao disciplinarem contra a cobiça.

Ao disciplinarmos contra os nossos defeitos, aprendemos a rechaçá-los, a resisti-los, mas eles continuam potencialmente existindo no nosso subconsciente, se escondem até dando-nos a impressão de haverem desaparecido, para reaparecerem em dado momento, quando estivermos descuidados, esquecidos da gente mesmo, nos enganam e aí esbravejamos toda nossa ira, trovejamos a nossa raiva, colocamos em ação a nossa cobiça, a luxúria, a gula, etc.

O material de construção da verdadeira ordem, da real disciplina, da obediência, do respeito, etc., advém da compreensão dos mecanismos de ação do ego e não da disciplinarização por resistência, rechaçamento, etc., o que, na realidade, reforçam os defeitos, para recorrerem mais intensidade.

O Estado de compreensão, que surge na liberdade criadora, não se gesta no calabouço da armadura. A compreensão dos nossos defeitos criados pelo ego, para configuração da indisciplina e da violência, necessita do estado de liberdade para nascer.

Os ensinamentos gnoseolísticos de transformação, de elevação do nível de ser, são aqueles que se dirigem à consciência do estudante. Enquanto que as mensagens informativas antropocêntricas se dirigem à periferia psíquica, para robustecerem o ego. Assim, todos nós, pais e professores, devemos nos esforçar para dirigir ensinamentos gnoseolísticos à consciência do educando.

Como é dito que "educação é tudo aquilo que fica (na consciência)", após ter saído da escola e esquecido o que ali aprendeu (conteúdo antropocêntrico), é necessário que cada educando aprenda a ser livre com responsabilidade, adquira consciência, para filtrar, com o filtro da compreensão, os valores que lhe são inculcados, examinar por si mesmo as coisas que são positivas e as que são negativas, vivenciá-las para compreendê-las, sem antes aceitá-las ou rechaçá-las.

É preciso que cada aluno tenha a liberdade para criar, para indagar, para compreender, etc., saindo do calabouço das proibições, das restrições, das disciplinas de resistência. Por outro lado, é preciso que cada estudante saiba, que não há liberdade sem responsabilidade, que o ego aspira direitos e liberdade para desconstruir a ordem e a disciplina, para colocar fim ao ato pedagógico, por intermédio do ato indisciplinar, até quer ter direito, sem nenhuma conexão com os deveres.

Nós pais e professores se quisermos dar oportunidades ao educando para o desenvolvimento de sua inteligência, devemos permitir que ele compreenda e experimente, por si só, a realidade ou não, daquilo que ensinamos. Se autoritariamente estipularmos o que cada educando deva ou não fazer, vamos tirar-lhe o direito de livre arbítrio, induzindo-o à cultura da resistência, sem compreensão.

Há estudantes desinteressados que não querem descobrir e comprovar, por si mesmos, as verdades contidas nos ensinamentos, por possuírem mentes mecanizadas, corroídas pela entropia, fechadas, obtusas, que só imitam, como caturritas ou papagaios, tudo aquilo que aprende, sem fazer indagação.

Do que adianta compreender os conteúdos escolares, sem desenvolvimento da inteligência e da compreensão, e não transferi-los para o contexto das práticas cotidianas de cidadania holística plena.

A inteligência e a compreensão criadoras só chegam aos estudantes quando estes são livres para investigar por si mesmos, quando podem estudar, pesquisar e analisar de modo independente, sem medo de repressão, sem temor à censura, sem castigo, livres da disciplina impositiva pela cultura da resistência.

Nós pais e professores precisamos entender definitivamente que jamais chegará à autonomia, à compreensão, ao desenvolvimento da inteligência criadora, aquele aluno amedrontado, assustado, submetido a castigos e a disciplinas da cultura de resistência generalizada.

A escola, os pais e professores cometem violência contra as crianças, jovens e adolescentes, ao cercear-lhes a liberdade de livre iniciativa e o livre arbítrio. Já no regimento escolar da colônia, na época pombalina, existia um artigo que dizia que se houvesse, aqui no Brasil, algum moço com pensamento novo, este devia ser expulso da escola.

Até hoje, nas famílias e nas escolas, cometem-se o crime da liberdade cerceadora, da liberdade criadora, da cassação do direito do livre arbítrio, na medida em que veiculam uma informação antropocêntrica, voltada apenas às carreiras. Dai que estas estâncias socializadoras só se interessam que os filhos e educandos se tornem médicos, engenheiros, advogados, etc., de maneira automática, pela tradição familiar, regimes nacionais, etc.

De repente, se há algum moço que queira fazer algo novo, algo diferente dos demais autômatos, para sair dos aguilhões de preconceitos, das coisas antiquadas, etc., pais, professores e autoridades apertam-lhes o cerco, aconselhando-o para não fazer isto ou aquilo, dizendo que se desobedecer ficará sem apoio, porque isto é uma má idéia, é uma loucura, etc!

Com isso, o educando fica totalmente refém do sistema antiquado, retido no cárcere da disciplina imposta de configuração antropocêntrica, preso às tradições, aos costumes, aos procedimentos antiquados, às idéias decrépitas e aos ideais retrógrados, sem a possibilidade de efetuar ruptura de paradigma, o que ocorre somente com os extremamente rebeldes, revolucionários, gente de coragem de ferro para efetuar a grande rebelião.

Na educação profunda, os ensinamentos de perfil holístico ajudam o educando a conciliar ordem com liberdade adequadamente, consoante aos preceitos do Dr. Samael de que a liberdade sem ordem é anarquia e a ordem sem liberdade é tirania.

Para a educação profunda é interessante combinar adequadamente liberdade com ordem. Os educandos precisam construir sua autonomia psicológica para que possam investigar por si mesmos, para descobrir e decidir o que realmente deseja fazer na vida e julgar o que é certo ou errado.

A disciplina imposta, sem a devida compreensão, conduz as pessoas ao desequilíbrio, à perda da sensibilidade. Assim, as pessoas submetidas a rigorosa disciplina costumam se tornarem cruéis, impiedosas, agressivas, violentas, insensíveis ao sofrimento e à dor dos seus semelhantes, totalmente desprovidas de alteridade, de solidariedade, de empatia, etc. Isto ocorre com alguns policiais, alguns militares e também com animais, principalmente com os cachorros treinados para serem agressivos.

Muitas pessoas da época atual, que foram submetidas a processos rigorosos de disciplinarização, através de regulamentos e outros processos, sem a devida educação para compreensão, acabaram perdendo a sensibilidade, se tornando cruéis e impiedosas.

Para que sejamos livres, precisamos construir nossa autonomia psicológica, despertar a consciência dos nossos direitos e também dos nossos deveres, por intermédio das técnicas de revolução da consciência, e nos tornamos humanitários, solidários, holísticos, sensíveis, etc.

A liberdade está relacionada à autonomia, que, por sua vez, depende do percentual de consciência desperta do indivíduo e da sensibilidade da autoridade, etc.

A atuação da consciência sobrepõe à disciplina. Por atuação da consciência subtende a concentração contínua em si mesmo, na tarefa de auto-observação, sem se identificar com as coisas da vida diária. Pela atenção consciente economizamos energia e pela desatenção, pela distração, perdemos muita energia, que é consumida pelos eus no processo de dispersão, ao nos identificarmos com as coisas diárias da vida.

Quando identificamos com os eventos diários da vida, perdemos energia criadora, que é a energia responsável pela construção da consciência. Quando aprendemos a concentrar somente naquilo que estamos fazendo, uma só coisa por vez, economizamos a energia criadora, formamos um potencial vivo de construção da consciência.

Para isto, não podemos esquecer de nós mesmos ao tempo todo! E quando aprendemos a manejar a atenção consciente, podemos comandar os nossos pensamentos, os nossos sentimentos e as nossas ações inteligentemente, o que constitui em autonomia psicológica e liberdade criadora conquistada.

Cada estudante precisa aprender a manejar seu potencial de energia criadora para despertar a consciência. Porém, o professor não sabe fazer isto, porquê ninguém lhe ensinou. Porém, precisamos aprender para poder ensiná-los, pois quando o estudante aprende a usar a atenção consciente, fica sobrando.

Os estudantes que aprendem o manejo da atenção consciente estarão sempre atentos às aulas, com suas lições em dia, mantendo sempre a ordem, sem necessidade de qualquer processo de disciplinarização.
O estudante que aprende a usar a atenção consciente concilia inteligentemente a ordem e a liberdade, fica isento da identificação com as coisas, com as pessoas, e com as idéias, com todas as coisas que produzem a fascinação, que produzem o sonho da consciência.

Se o estudante aprende a prestar atenção nas aulas, sem se identificar com as circunstâncias que envolvem a sala de aula, vive-se em real estado de disciplina, sem precisar de disciplinarização compulsiva. Disciplinarização compulsória, sem conscientização, se constitui em repressão e conduz o estudante à insensibilidade humanitária.

Se o estudante aprende a prestar atenção consciente, sem identificação, fica sobrando a disciplina, mas quando se identifica com alguma coisa, quando se deixa de prestar atenção em si mesmo e começa a prestar atenção em algo ou em alguém, esquecendo-se de si mesmos, resulta a fascinação, o sonho da consciência, os defeitos se afloram e daí vem o ato indisciplinar, o ato infracional, a desordem e o caos na sala de aula.

Os estudantes devem aprender a prestar atenção às aulas, concentrar nas atividades educativas, sem se esquecerem de si mesmos, para não caírem na dispersão, no sonho da consciência e na produção da indisciplina e da violência generalizada.

O Dr. Samael deixou para o estudante gnóstico a prática SOL, para desenvolver a atenção consciente e economizar o potencial de energia criadora. Esta prática consiste numa técnica extraordinária de concentração da atenção, em três partes: sujeito, objeto e lugar.

Quando aprendemos a dividir a atenção em três partes: sujeito, objeto e lugar, é que teremos de fato atenção consciente. Como é feita a prática do sol? Em cada lugar que estivermos, de instante a instante, devemos perguntar: quem eu sou, onde estou, por que estou aqui?

Na realização da prática do sol, cada estudante deve visualizar a si mesmo, em ação, em relação àquilo que esteja fazendo, de instante a instante, sem esquecer de si mesmo, sem identificação com as circunstâncias eventuais.

Assim, cada estudante deverá ver a si mesmo como o ator principal da cena, quando estiver realizando atividades de pesquisa, experimentos, prestando atenção nas exposições dos professores, assistindo filmes, realizando atividade de prova, de exercícios, quando estiver estudando, praticando esportes, descansando, etc.

Quando o estudante aprende de fato a dividir a atenção em sujeito, objeto e lugar, não comete o equívoco de identificar com as pessoas, com as coisas ou com idéias. Assim economiza energia intelectiva para construção de seu universo cognitivo e mergulha no mundo do despertar da consciência.

A mesma disciplina que coloca limites e ordens nos estudantes, por outro lado, não lhes garante o prestar de atenção consciente. Pois em relação a inteligência criativa, a disciplina representa é um obstáculo, representa um aprisionamento do processo mental criativo.

É importante que o estudante aprenda a prestar atenção consciente, tanto na escola, como no lar, na sociedade, na vida cotidiana, para evitar o erro de esquecer de si próprio, mergulhar no mundo da fascinação, cometer indisciplina, a violência generalizada e colher os insucessos e os fracassos da vida.

O estudante que se esquece de si mesmo na classe comete delitos indisciplinares e infracionais, obstacularizando o ato pedagógico e trazendo complicações para si próprio, para os seus pares e para seus pais; da mesma forma, lá fora da escola, o indivíduo ao esquecer de si mesmo, diante de determinadas situações, acaba cometendo crimes e indo parar na prisão, no hospital ou no cemitério. Como, por exemplo, a pessoa que se esquece de si mesma e se identifica com uma ironia, com uma gozação, com um insulto ou qualquer tipo de agressão, acaba revidando o insulto ou qualquer tipo de agressão, reagindo à agressão, revidando a estas agressões com outras agressões mais fortes, com morte, etc., e acaba indo para detrás das grades das prisões, das prisões, etc.

Toda a indisciplina, toda violência, todo erro, etc., cometidos pelos estudantes no interior da classe ou por qualquer pessoa na vida cotidiana, são decorrentes do esquecimento de si mesmo, o que traz conseqüentemente a identificação, a fascinação e o sonho da consciência.

O estudante ou o cidadão que não se deixam hipnotizar pela fascinação, nem com o insulto, que não se identifica com as circunstâncias negativas do contexto onde está inserido, aquele que sabiamente usa a atenção consciente, será incapaz de valorizar as palavras, os gestos e as ações do assustador, do amedrontador, do agressor, do insultador. Daí, não seria capaz de feri-lo, de agredi-lo ou de matá-lo!

A educação profunda sabendo que a indisciplina, a violência e todos os erros que comete o ser humano são devido à identificação, à fascinação, ao sonho da consciência - atua no sentido de ensinar a cada estudante erradicar de dentro de si mesmo as causas destes erros, que acha radicada no substrato do inconsciente, no ego. Para tal é de mais profundidade transmitir ensinamentos dirigidos ao despertar da consciência dos estudantes do que escravizar a massa estudantil, por meio de disciplinarização imposta para resistência.



3. INDISCIPLINA, DESORDEM E CAOS NAS ESCOLAS.

(Índice)
A essência pedagógica que produz a qualidade e quantidade de conhecimento, do saber, precisa de norma e de um conjunto de parâmetros para produzir resultados.

A indisciplina é o "material bélico" utilizado por quem não quer aprender. Daí, é que os teóricos da educação precisam saber que o sábio, o professor, o mestre, só pode transmitir o seu saber a quem quer saber. Não se pode ensinar a quem não quer aprender, porque há que se respeitar o livre arbítrio do indisciplinado, que não que aprender. O que não se pode fazer, é deixar o indisciplinado prejudicar o ato de aprender dos que querem saber, através de sua indisciplina, como ocorre nas escolas convencionais antropocêntricas de hoje.

A disciplina e a ordem geradas pelos elementos da essência psicológica, na alma do educando, se constituem num pré-requisito essencial ao exercício pedagógico do ensinar-aprender. Como, infelizmente, as escolas estão recebendo alunos sem socialização primária, sem este pré-requisito, a produção da qualidade e quantidade de conhecimento está deteriorada. Daí que a escola que ousar produzir qualidade e quantidade de saber aos seus alunos, deve possuir normas fortes e professores energéticos, para coibir a indisciplina e guarnecer a ordem essencial ao clima pedagógico. Além disto, a necessidade de realização de uma prática educativa embasada no paradigma holístico.

No cotidiano escolar, contextualizado pela violência, os educadores, atônitos, buscam, uma maneira precisa, uma explicação, para a existência da indisciplina escolar. Por falta de embasamento holístico, clareza de consciência, por desconhecimento da verdadeira causa da violência, se equivocam aqueles educadores que acham que a indisciplina é um "sinal dos tempos modernos". Da mesma forma erram aqueles saudosistas que buscam a prática escolar do passado, sem levar em consideração que a disciplina, a obediência cega às regras e leis e não contestação de que a autoridade dos pais e dos professores, outrora, era conseguida por intermédio de práticas despóticas e corretivas do autoritarismo ignorante.

A sociedade está cansada de violência e demanda cidadãos construtores da paz. As escolas precisam de atualização no seu processo pedagógico, de acordo com a nova demanda social, mas que estão com muitas dificuldades, por não possuírem em mãos os meios eficazes de combate à indisciplina no efeito, através de leis e professores enérgicos, e, nem na causa, por uma pedagogia holística, para erradicação dos elementos egoísticos dos alunos.

Também se equivocam aqueles que vêem a indisciplina como reflexos da pobreza, pois pobreza não é causa da indisciplina e sim o ego. E o ego, tanto do pobre como o rico, o possui de forma hipertrofiada. Trabalho na Rede Pública e Privada, como professor de Física e noto que a indisciplina e violência nas escolas particulares são maiores ainda que nas públicas, muito embora sejam camufladas.

Da mesma forma, os meios de comunicação não se constituem em causa da violência e da indisciplina, como muitos pensam, mas o veículo de sua divulgação, sem o compromisso com a proposta de sua erradicação.

O sistema escolar é o filtro de purificação da sociedade, que possui a missão de formar cidadãos éticos, holísticos, íntegros, por meio de uma formação de paradigma holístico. Na medida em que a escola convencional antropocêntrica não tem conseguido atender esta demanda, por ausência de uma didática revolucionária de erradicação da causa da violência, ela se torna vítima das circunstâncias estabelecidas por uma sociedade de cultura da violência.

A indisciplina e a violência, gestadas no espaço inconsciente do ente humano, que são reforçadas pela falta de políticas sociais, condizentes com a dignidade humana, comprometem o espaço escolar, a tal ponto que os muros escolares se transformaram em ponto de intersecção entre a violência que entra na escola e a que sai dela, através de uma sociedade doente.

A indisciplina e a violência escolar se constituem em casos graves de violência generalizada, na medida em que se constituem em armas poderosas de turbulência e de destruição do espaço escolar, que é o local sagrado de formação de uma nova geração de construtores de uma cultura da paz.

O aluno não é um receptáculo vazio, como pensam; ele traz para a escola, embutido no seu universo psicológico, as causas da indisciplina e da violência, reforçadas pelas conseqüências das circunstâncias sociais antropocêntricas vivenciadas na família e na sociedade, onde reina a violência generalizada.

Com raras e bondosas exceções, as escolas vêm recebendo, já a esta altura da humanidade, uma clientela inadequada, modelada na cultura da violência de seus pais e no meio social onde vive; diante de tal circunstância a escola se vê impotente, pois não possui mecanismo pedagógico para tal.

O aluno indisciplinado e violento, na escola, traz na sua personalidade a má educação recebida no lar, fruto da dissolução do modelo nuclear familiar, ou da falta de interesse na educação de seu filho. O universo cultural do aluno, determinado por uma cultura de violência traz influência ao seu comportamento. Não é mais tempo de escola e família se eximirem da responsabilidade de modelar o comportamento do educando. Família e escola devem atuar juntas na educação dos filhos. Não se pode deixar que a responsabilidade do comportamento do aluno recaia exclusivamente na família e vice-versa.

O comportamento indisciplinado do aluno é conseqüência de causas internas ao aluno, bem definidas por fatores endógenos que determinam a personalidade e características individuais, conforme se estuda na Psicologia Revolucionária do Dr. Samael aun Weor.

A indisciplina não é causada por certos traços inerentes à infância e adolescência, como muitos pensam, mas por fatores endógenos. Muitos profissionais da educação cometem violência, em atribuir aos professores a responsabilidade pela causa da indisciplina dos alunos em classe.

Na realidade, devido à fragilidade das normas que regulamentam as relações na classe e à ausência de uma mensagem gnoseolística para transformação do aluno, levando-o de uma cultura da violência a uma cultura de paz, estes alunos já fizeram seus professores de reféns.

O sistema escolar não percebe que a raiz da indisciplina, numa cultura de violência, que vivemos, está inserida no universo psíquico do alunado, que está se ampliando cada vez mais, devido à falta de autoridade, que foi tirada, do professor e pela falta de controle e de aplicação de sanções convenientes.

Apesar do avanço da indisciplina e da violência na família, na escola e na sociedade, o tema ainda é tratado com uma óptica parcial e pouco profunda, cercada de opiniões divergentes.

Os educadores e autoridades devem compreender que os determinantes da indisciplina e da violência estão inseridos no interior do próprio homem; que a indisciplina e a violência são influenciadas por fatores intra, e também extra, escolares. Desta forma, a escola enquanto organismo isolado, como uma mensagem antropocêntrica destituída de poder transformativo, não possui solução para a indisciplina e a violência. Mas se a dotarem de uma mensagem gnoseolística, formadora de uma cultura de paz e de normas fortes, ela teria como erradicar a indisciplina e a violência na causa.

Os alunos precisam de aulas com qualidade, de conteúdos significativos, de professores equilibrados, sem os comportamentos extremos: de um lado a aspereza e autoritarismo de alguns; de outro lado, a permissividade, a bondade de outros, etc. Evitar-se-ia a indisciplina, nas escolas, se as aulas deixassem de serem estáticas, com os alunos tendo que ficar horas a fio sentados, sem nenhum tipo de atividade significativa; se suprissem a escassez de material e a ausência de regras e normas frouxas, com leis claras, firmes e objetivas e com proposta transformativas e desafiadoras.


4. EDUCAÇÃO PROFUNDA NA FAMÍLIA E NA ESCOLA.

(Índice)
O desenvolvimento do indivíduo depende das influências culturais e ambientais. Daí a importância de proporcionar condições para transformação de uma sociedade holística, de uma cultura de paz e não violência, pois as características de cada indivíduo são determinadas a partir das interações de cada indivíduo com o meio ambiente. Entretanto, a Psicologia Revolucionária nos ensina que cada indivíduo traz consigo, ao nascer, um percentual de essência, livre, que aos poucos vai se ofuscando através dos elementos inumanos do ego, que é a base de geração da indisciplina e da violência.

Para renovar a cultura, para criarmos uma Cultura de Paz e Não-Violência, é preciso ter uma ordem e uma disciplina, num processo de influência bidirecional, em que o indivíduo é influenciado pelo meio, modifica a cultura e é modificado por ela, num eterno processo de interação constante, à medida que vai constituindo as características de seu comportamento.

Temos a possibilidade de apropriar da cultura elaborada pelas gerações anteriores, com ordem e disciplina, ao mesmo tempo em que modificamos o meio ambiente e o meio social. Daí a importância de passarmos do paradigma antropocêntrico para o gnoseolístico. Precisamos construir uma cultura de paz, à medida que transformemos e vivenciamos a cultura da violência que aí está.

A paz é um fator de construção e não haverá paz se não efetuarmos uma mudança do paradigma antropocêntrico, base de sustentação da violência generalizada que aí está.

Como a relação entre o homem e o mundo é medida através da tecnologia e de um sistema de signos, constituídos historicamente pela massa social presente no ambiente, é necessário produzirmos ciência e tecnologia com consciência, para objetivos holísticos de preservação da vida e do meio ambiente, impregnados de significado cultural.

Precisamos de uma linguagem gnoseolística para mediar e amenizar as condições sociais generalizadas e elaboradas sobre a cultura da violência social generalizada que temos. As crianças e adolescentes não poderiam, ao modelarem os seus comportamentos, estarem recebendo a carga pesada da cultura antropocêntrica pregressa, da violência que campeia os quatro campos do mundo.

As crianças, membros imaturos da espécie humana, não poderiam estar apropriando ativamente a carga ancestral de conhecimento, no modo de funcionamento antropocêntrico, da sociedade de comportamento indisciplinado, de natureza e cultura violenta.

Nossas crianças e adolescentes precisam internalizar as experiências culturais positivas, para formação de seu comportamento, para organizar os seus próprios processos de compreender, controlar e dirigir suas ações para paz.

A educação familiar, escolar e social tem um papel preponderante na formação do comportamento dos sujeitos que vivem numa sociedade letrada como a nossa, em que somos desafiados a entender as bases de concepções científicas e a tomada de consciência do patrimônio social adquirido.

A indisciplina do aluno, na escola, é resultante de muitos fatores e influências que recaem sobre a criança, ao longo de seu desenvolvimento, na família e no meio social. Desse modo, a indisciplina dos alunos não é alheia à escola e à família, que são as instituições responsáveis pela educação em nosso meio social.

Há necessidade de reorganização da família, com base em valores gnoseolísticos, pois ela é o primeiro contexto de sociabilização que exerce enorme influência no comportamento das crianças e adolescentes.

A indisciplina do aluno na escola é resultante dos elementos psíquicos inseridos no ego; é caracterizada pela personalidade e alimentada pelas experiências na família, nas relações sociais e no contexto histórico de suas vidas.

Podemos inferir, com base nos estudos de vários autores, que os pais e professores precisam explicar as normas e regras aos seus filhos e alunos. Pois o que ocorre é que muitos pais e professores são autoritários, bastante rígidos, controladores, exigentes, primitivos, valorizam enormemente as regras e normas, mas não amorosos, afetuosos e não explicam claramente as regras e as normas às crianças e adolescentes.

Pessoas demasiadamente autoritárias são violentas e costumam fazer uso de severas ameaças e castigos às crianças e adolescentes, quando estas infringem as normas e regras. Conseqüentemente, eles conseguem impor uma obediência cega, fundamentada no medo, destituída de compreensão que leva o educando a manifestar comportamento disciplinado, mas robustecido de timidez e medo, que conduzem-na à baixa auto-estima e prejuízo para a autonomia.

As autoridades, pais e professores não devem atrelar a disciplinaridade do educando ao ato receberem gratificação e evitarem castigo, como se faz com os animais irracionais, mas sim com base na consciência.

Os estudantes orientados com conhecimentos de fundamentação gnoseolística desenvolvem a capacidade de respeito aos seus professores, aos seus pais e às autoridades em geral. Ao passe que aqueles orientados segundo os parâmetros antropocêntricos, desenvolvem aprendem a ter medo de seus professores, de seus pais, das autoridades, etc.


Precisamos revalorizar a obediência às regras e às normas, mas atrelada a uma didática elucidativa de suas causas e de seus objetivos e propósitos, para reconquistarmos os valores comportamentais perdidos pela humanidade.

Pais, professores e autoridades permissivos costumam valorizar o diálogo e o afeto, para isto, são tolerantes e indulgentes, por um lado; mas que, por outro lado, favoreçam a indisciplina dos educando, enquanto exige responsabilidade dos mesmos. Conseqüentemente propiciam aos educandos a gestação de um comportamento impulsivo, agressivo, indisciplinado, com dificuldade de assumir compromissos com responsabilidade.

Professores, pais e autoridades, em geral, precisam estimular nos educandos as capacidades de iniciativa, de autocontrole, de auto-estima, de solidariedade, de empatia, de alteridade e de interdependência holística, como meio de formação de uma cultura de paz e não violência.

Precisamos educar para autonomia, para que cada indivíduo compreenda o calor da ordem e assuma postura de cidadania plena e ética, diante das situações que se apresentam, obedecendo às regras, às normas e às autoridades, aos pais e aos professores por seus valores intrínsecos e não pelo medo.

Nós pais, professores e autoridades em geral, precisamos de maneira democrática respeitar as necessidades e capacidade de cada educando, controlar e dirigir suas ações imaturas, exigindo seu amadurecimento e independência holística. Devemos estimular os educandos a expressarem suas opiniões, respeitando seus pontos de vista, demonstrando flexibilidade, explicando com clareza os motivos das regras estabelecidas e seus limites.

Precisamos compreender que a disciplina, exigida de uma criança, possui seus limites; não se pode exigir além das capacidades de cumprir de cada educando e que a disciplina de forma rígida, sem compreensão gera comportamento de revolta, que demanda a indisciplina.

Precisamos educar dentro de princípios democráticos, pois que uma relação entre professor e aluno, pais e filhos, autoridades e subordinados, baseado no controle excessivo ou na tolerância permissiva gera condutas diferentes do que aquelas inspiradas nos princípios democráticos.

Portanto, a família, a escola e a sociedade devem andar juntas na educação do ser social. Não se pode negar a importância de cada uma destas instituições. Da mesma forma que não se pode negar a influência que cada um exerce para a deseducação, quando não cumpre a parte que lhes cabe no processo.

A verdadeira educação que precisamos ter para nossas crianças e adolescentes, para criar uma cultura da paz, não provém somente do seio familiar, mas de todos os meandros socializadores, principalmente da escola.

Se a escola se revestisse de uma didática transformadora, embasada nos parâmetros holísticos, poderia educar até mesmo as crianças provenientes de uma família destruída, com socialização primária comprometida; desde que estas crianças ou adolescente queiram aprender, apesar das adversidades e vivenciar um outro tipo de contexto, um modelo diferente de educação embutido na socialização secundária.

Então, a escola, agência de socialização secundária, possui um papel preponderante de oferecer oportunidades de ressocialização do educando provindo de uma cultura da violência, levando a uma cultura da paz, oferecendo-lhe informações e experiências desafiadoras, capazes de transformá-los, de desencadear-lhes novos processos de comportamento, de ordem, de disciplina e uma interdependência holística.

Cada professor deve, ao invés de ficar lamentando a falta de educação familiar, fazer uma análise aprofundada acerca das causas da indisciplina na sala de aula e elaborar propostas eficazes para sua erradicação, através de uma pedagogia de transformação, proporcionada e financiada pelos órgãos mantenedores públicos e privados.

O papel da escola transformadora não é o de transformar-se numa agência de depósito de gente, para compensar as carências culturais, efetivas, distribuidoras de merendas, de remédios, escovação de dentes, etc, mas sim, de oferecer acesso a informações, proporcionando experiências novas e desafiadoras, de transformação para maior grau de seidade holística e para novos processos de comportamento disciplinar.

As escolas no Brasil, por má interpretação do Estatuto da Criança e do Adolescente e por ausência de prioridade educacional, se eximindo de suas tarefas educativas, no que tange a disciplina, a ordem, aos valores éticos, morais, espirituais, contribuindo assim, significativamente para o aumento da indisciplina e da violência generalizada em seu interior.

As escolas precisam adequar suas exigências às capacidades de respostas dos alunos, levando em consideração as possibilidades e necessidades destes quanto aos seus interesses, aptidões, capacidade de concentração, possibilidades motoras, necessidades matérias de formação holísticas, etc.

As autoridades, pais e professores ao elaborarem suas regras e normas precisam ensinar aos educandos as intenções e propósitos destas e as suas conseqüências, se estas forem infringidas. É preciso que os educadores, que além de oferecerem as oportunidades aos alunos de conhecerem as regras e normas, com suas finalidades e propósitos, que reflitam e sejam coerentes quanto a sua conduta e quanto ao comportamento esperado dos alunos.
Os educadores precisam ser coerentes quanto ao seu comportamento e quanto àquele esperado do educando, pois é através dos exemplos, das ações e não das intenções, que a criança aprende. Então, o professor precisa ter uma postura ética e correta, pois a criança imita modelos externos na sua aprendizagem.

Já é grande a literatura acerca da indisciplina e violência nas escolas, que mostra os embates e a turbulência que ocorrem na classe, que retratam a deterioração da educação familiar, os equívocos da escola em face das necessidades, interesses e possibilidades dos alunos, mas este livro é o primeiro do gênero, escrito no paradigma gnoseolístico.

Na medida em que a escola convencional antropocêntrica não possui uma filosofia e nem uma didática gnoseollística com capacidade de educação transformativa, que a família não faz a socialização primária e que o governo não prioriza a educação, respaldam os motivos alegados pelos alunos sem limites, indisciplinados, que encontram ali, um terreno fértil para robustecimento da indisciplina e violência gestados pelos elementos psicológicos inumanos do ego.

Vygotsky, quanto ao papel da escola e dos educadores na formação do educando, sugere que a escola não pode se eximir de sua tarefa educativa acerca da disciplina; assim, muito mais do que nós educadores ficarmos lamentando a falta de educação familiar, esperando que a família faça isto para nós, é preciso que acolhamos estes antecedentes como ponto de partida para nossas ações pedagógicas.

Neste ponto de vista, é preciso que a escola discipline os alunos, primeiramente, colocando um mínimo de limite, através de matérias que os transformem, para depois inserí-los no universo das matérias instrutivas como as ciências exatas, humanas, sociais, médicas, etc.


5. Moralidade & Disciplina.

(Índice)
Na psicologia e epistemologia genética de Jean Piaget, encontramos a vinculação entre regras e moral, e, a importância que o respeito às regras exercem no desenvolvimento da moralidade. Ressaltando que respeito às leis e regras é diferente de obediência às leis e regras; pois o respeito é produto da educação, é fruto da consciência da compreensão, que emana da consciência e obediência cega e representa medo, temor de represália, de castigo, etc.

Os estudantes sem autonomia psíquica obedecem cegamente às leis e regras, não adquirem a cultura do respeito; daí que se não fossem pelo medo dos castigos, violariam estas regras e leis. Assim acontece com os filhos e com os alunos que se comportam bem diante de seus pais, de seus professores e autoridades, mas se comportam mal na ausência destes. Enquanto que os estudantes que possuem autonomia, tem uma cultura de respeito, sustentada da consciência; dai que ao respeitarem, não o fazem por medo, mas pela compreensão da importância que o respeito tem para a ordem, para a conivência em grupo, para o equilíbrio eco-psicosocial.

Piaget afirma em o "Juízo Moral na Criança", obra publicada em 1932, que "toda moral consiste numa estima de regras". Portanto, a base de toda moralidade deve ser procurada no respeito, que o indivíduo adquiri pelas regras.
Só pelo desenvolvimento da compreensão, através do ato educativo, é possível se chegar ao respeito às leis. Daí a importância do ato educativo, fundamentado em parâmetros gnoseolísticos, para construção de uma doutrina da paz e não violência.

Para Kant, filósofo iluminista, em sua obra "Fundamentação da Metafísica dos Costumes", (1785), a lei moral, precisa ser universal e possui duas partes de imperativos hipotéticos e categóricos e Piaget se baseia em Kant e os seus estudos sobre a moral da anomia, da heteronomia e da autonomia. A trajetória de formação do juízo moral, que vai da anomia à autonomia, chamado de caminho psicogenético(vectação). Tal caminho começa com a fase da anomia, isto é, com a ausência de regras, que consiste na fase vivida pelos recém-nascidos, que ainda não conceberam as regras estabelecidas, portanto, não sabem o que deve e o que não deve ser feito. Heteronomia: é a fase que a criança já possui percepção das regras, mas obedecem-nas por temor e não por compreensão; daí que sabem que sua fonte é variada, quem a determina são os outros; a criança sabe que há coisas que podem ou não ser feitas. Na fase de autonomia o indivíduo sabe que existem regras cujas fontes estão nele próprio.

A autonomia de cada um de nós está na relação direta do potencial de consciência desperta que temos, à luz da Psicologia Revolucionária do Dr. Samael Aun Weor. A anomia e heteronomia são caracterizados nas pessoas egóicas, por um estado de escravidão psicológica, ausência de discernimento, indisciplina e desordem psíquicas, que desencadeia na produção da violência e do caos nas escolas, na família e na sociedade.

Os professores devem educar os alunos para liberdade - sabendo que está só advém a ele através da autonomia - para a solidariedade, para cooperação, para o respeito recíproco, para relação de reciprocidade ética, onde o individuo egocêntrico, produtor de indisciplina e violência, cede lugar ao filantropismo ético e a interdependência holística, em que o respeito consciente às leis se sobreponha à obediência cega a estas.

Quem quiser construir a sua autonomia psíquica, e viver a interdependência dos fenômenos holísticos, deverá erradicar de dentro de si mesmo, os elementos psíquicos inumanos, causadores da indisciplina e da violência, que estão situados no substrato do ego, ofuscando a consciência.

Enquanto cada um de nos não erradicarmos os elementos psicológicos inumanos de dentro do nosso ego, então seremos candidatos em potencial ao exercício eterno da heteronomia e à eterna ausência da liberdade; seremos marionetes do destino, produtor de indisciplina, violência e caos, escravos de nós mesmos, desrespeitadores das leis universais da igualdade e justiça, estaremos em estado permanente de coação, almejando tão somente o aspecto unilateral, irredutíveis à moral do bem, incapazes de estabelecermos relação com base na cooperação, reciprocidade e respeito mútuo.

A verdadeira autonomia é vivenciada por aqueles que compreendem que a liberdade autêntica inicia quando a liberdade do outro começa também, pois a liberdade é a vivência da reciprocidade, da responsabilidade mútua, do respeito mútuo, da cooperação, etc.

Quando oprimimos, escravizamos ou tolhemos a liberdade de alguém é porque não a possuímos também. Quando atingimos o estágio de respeito às regras e leis, somos autônomos, possuímos liberdade. Então sabemos cumprir as normas tanto na ausência quanto na presença dos pais, dos professores ou das autoridades gerais. Um motorista com compreensão e autonomia não precisa do guarda para parar no sinal vermelho, para deixar as pessoas atravessarem na faixa, etc.

Uma criança autônoma, que respeita as normas por compreensão, se comporta bem tanto na ausência quanto na presença de seus pais e de seus professores, etc. Uma pessoa que possua autonomia psicológica respeita as leis na presença ou na ausência de autoridades, da mesma maneira respeita as leis ambientais; enquanto que os indisciplinados violam regras, normas e leis; eles sujam a sala de aula, a rua, poluem o meio ambiente, violam as leis de trânsito, cometem indisciplina e violência; agem assim, por não possuírem limites, nem autonomia; não conseguem se equilibrar na sua própria consciência.

Os pais, as autoridades e os professores, ao elaborarem as regras e as normas, devem tomar o cuidado de não estarem legislando em causa própria, como é comum na ideologia capitalista de perfil antropocêntrico, que se impõem regras em benéfico próprio, esperando que os outros as obedeçam docilmente, para garantia de seus interesses, o que demanda, pela lei da dialética do pêndulo, uma reação contrária em busca da autonomia, que geralmente é interpretado pelas pessoas de ideologia dominante, como sendo indisciplina.

Portanto, ao cumprirmos regras, devemos observar se são justas e universais, isto é, se visam a manutenção da disciplina e da ordem voltadas para o bem de todos.
Os pais, as autoridades, os professores, etc., que impõem regras de proteção aos seus interesses, em benefício próprio, podem ser consideradas pessoas imorais.

Há muitos alunos indisciplinados, nas escolas, que não respeitam as regras, ignoram as leis, não temem as autoridades, etc. Para estes não adianta o professor tentar combater a indisciplina, na classe, pelo método da repressão. Para o aluno indisciplinado, portador de uma cultura de violência, quanto mais o professor gritar e irritar na classe, melhor será; pois assim, eles atingem os seus objetivos que é de desafiar, desacatar, resistir, desobedecer, submeter, etc.

Muitos pais, autoridades e professores, na tentativa de romper com o autoritarismo, cometem o crime da permissividade, reforçam a anomia e a heteromia, ao permitir excesso de liberdade, ao deixarem os alunos livres para decidirem o que deve e o que não deve fazer.
Só se sabe, o que deve e o que não deve fazer, aquele alguém que possui autonomia psicológica, que possui compreensão e consciência, coisas que não estão ao alcance dos indisciplinados, por serem seres anônimos e heterônomos, escravos das circunstâncias.

A melhor maneira de combater a indisciplina não é por repressão, que consiste em ação no efeito, mas pela educação, através do combate às causas destas, com a pedagogia dos fatores de revolução da consciência da Psicologia Revolucionária, segundo o referencial holístico. Por outro lado, deve-se democratizar as escolas e as relações entre professor e aluno, a partir de relações de reciprocidade e respeito mútuo, com regras e normas que assegurem os interesses e benefícios de todos ou pelo menos, da maioria.

Na escola, no lar e na sociedade, em geral, não devemos ser bons nem ruins, mas sim, justos. O professor não deve ser muito duro e nem bonzinhos, e sim ativo, energético, sem ser autoritário. Para tal, é preciso ser perspicaz, para perceber a demanda dos alunos, obter o respeito dos alunos, ao mesmo tempo em que deve respeitá-los; possuir ações coerentes, uma prática conforme com o discurso, não buscar privilégio para si ou para alguns do grupo, em detrimento de outros, que suas cobranças estejam baseadas no princípio da reciprocidade e da cooperação.

A ordem e a disciplina se constituem em algo a ser construído ao longo do tempo partindo-se da anomia e da heteronomia, para se chegar na autonomia. É uma construção difícil e complexa, mas que deve ser buscada de instante a instante, dia após dia, lentamente, na sala de aula, com a participação de todos os componentes da classe.

Na tarefa de construção da ordem, do limite, da disciplina, é preciso que o professor se insira no grupo, não seja exterior a este, mas sim parte integrante; que possua autoridade de posição, inerente ao seu papel e não extrapole suas funções de coordenação e mediação do grupo de alunos; que não seja o "dono" da classe e das regras ali vigentes, que tudo determina, que tudo faz. É preciso buscar a co-responsabilidade na tarefa de elaboração, manutenção das regras, nas cobranças e garantias do cumprimento destas e na aplicação de sanção, no caso de descumprimento.

Aqueles professores, pais e líderes que se sentem o dono da "bola", da sala de aula, das regras e da verdade, que tudo determina, que tudo cobra, que a tudo suga, dando o veredicto de certo ou errado, que aplica sanções e dá recompensa, são pessoas autoritárias, nocivas na tarefa de construção da disciplina, da ordem e da autonomia dos alunos, pois exerce uma postura incoerente com os ideais de respeito, de cooperação, de reciprocidade.

Todo pai, todo professor ou líder que souber usar democraticamente o poder inerente ao seu papel, alcançará a ordem, a disciplina e o respeito de seus filhos, de seus alunos, de seus subordinados e construirá a disciplina e a ordem, sob os pilares da compreensão, levando os educandos ao sentimento e prática do respeito às regras e leis e não, tão somente, a mera obediência cega a estas.

6. A INDISCIPLINA NO COTIDIANO ESCOLAR.

(Índice)
A indisciplina caracterizada pela falta de ordem, pela ausência de regra, pela falta de conteúdo na classe, na escola e na família, se constitui numa violência caracterizada pelo atravessamento na forma de organização escolar segundo os parâmetros antropocêntricos.

Nenhum pai, nenhum professor, nenhum líder, pode negar a necessidade que existe da ordem e da disciplina na sua casa, no seu estabelecimento ou na sua escola; isto se realmente estiver comprometido com a tarefa de construção da liberdade e da autonomia do educando; não se deve aceitar a pseudoverdade de que a indisciplina e a violência podem assumir um significado positivo, ousado e criativo, de tal modo que possa ser colocada em primeiro plano no processo de ensino-aprendizagem.

É bem verdade que o ato pedagógico não precisa ser silenciado deliberadamente, mas ao contrário, deve se constituir no instante de imersão das falas dos professores e de todos os alunos, na ânsia de construção co-participativa do conhecimento, mas sempre em consonância com a Regra Fundamental da Comunicação.

Nos dias de hoje, em que a indisciplina e a violência crescem assustadoramente, a sociedade demanda instituições escolares, familiares e sociais que mantém a ordem, a disciplina e a paz, através de professores, pais e líderes energéticos e leis fortes. Devido ao ego hipertrofiado, os educandos necessitam de professores enérgicos e normas fortes para conduzí-los do estado interno de anomia à autonomia psicológica, passando pela heteronomia.

O educando e os professores, os pais e os líderes precisam compreender que não há como conseguir a autonomia psicológica de graça, mas sim através da construção, através de uma educação para liberdade, por meio da educação fundamentada nos parâmetros holísticos.

A disciplina imposta através de professores, pais e líderes autoritários, com regras e normas não explicitadas, sem o envolvimento de todos, gera a obediência cega às regras e normas, por parte do educando, acompanhado de temor, que os conduz, por sua vez, à privação da solidariedade e da criação.

Professores, pais e líderes autoritários, que buscam a disciplina unilateralmente, sem o envolvimento do educando na discussão, na elaboração e na vivência das regras e normas, acabam por criar, no educando, sementes da docilidade, do temor, da subserviência, etc; o que os impede de crescer em direção à autonomia psicológica, como sujeitos auto-suficientes e automotivados.

No combate à indisciplina, as escolas não devem usar a pedagogia convencional somente a serviço do sistema, como instrumento de transmissão de cultura antropocêntrica dominante, mas buscar pedagogia holusgnóstica que valoriza a tão menos desprezada cultura popular. Para isso deve tomar a indisciplina, a falta de limite e o cotidiano dos alunos pobres, como ponto de partida no caminho da construção da ordem e da disciplina, organizando conteúdo sobre eixos de aprendizagem que valoriza as experiências trazidas do cotidiano do aluno.

A conturbada sociedade antropocêntrica, corroída pela violência nas escolas, na família e nos esportes, na religião, nas guerras, na ecologia, etc., demanda uma escola transformadora, que conduz o alunado a um pensar crítico, a interdependência holística, o exercício da cidadania plena, calcada no respeito às leis e cooperação. Uma escola com um espaço que valorize as experiências e a cultura do educando, dos professores e da comunidade, alçada no propósito de concretizar uma educação para emancipação do educando.

O constante exercício da autoridade sobre os educandos deve se dar no sentido de conduzí-los, enquanto seres dependentes da autonomia, mostrando a eles que está se exercitando a autoridade no sentido de fazê-los saber que ainda não são autônomos, mas poderão vir a ser, se trabalharem sobre si mesmos na eliminação dos elementos psicológicos indesejáveis causadores da indisciplina e da violência.


7. CULTURA DA INDISCIPLINA E DA VIOLÊNCIA.

(Índice)
A indisciplina e a violência são sintomas de uma sociedade deteriorada, doente, corroída pela perda dos valores fundamentais, hipertrofiada de cidadãos desequilibrados ecopsicosocialmente, arrasada pelo fenômeno da entropia.


A prática pedagógica da escola antropocêntrica se estrutura a partir de referências ideológicas, no sentido de projetar cada educando para fora de si mesmo, desconectando-o da interdependência holística do universo.

Na instrução da disciplina do educando a escola precisa ter um cotidiano dinâmico, vivo ao invés de estático, apático, repetitivo; acabar com o mecanismo de dominação, de resistência, incentivar a contestação, juntamente a re-elaboraçao de conhecimento, embasados em atitudes, crenças e visões de um novo mundo de perfil holístico.

A indisciplina na escola reflete a estrutura de poder substantivada na ideologia neoliberal da sociedade, a estrutura de poder antropocêntrico da família, as pressões e expectativas dos pais, a concepção dos professores em relação à construção do conhecimento.

Não se pode mais avançar pedagogicamente, nas escolas de hoje, nos campos das artes, das línguas e das ciências, sem que avancemos no processo de disciplinarizaçao da massa de alunos sem limite, buscando sempre novas formas de transmissão de conhecimento, tornando a indisciplina como ponto de partida da teoria pedagógica e tratando-a didaticamente de forma criativa.

A disciplina é algo construído a partir da educação nos lares, nos meios sociais, nas escolas, etc. Ela é básica para o ato pedagógico. Ser disciplinado significa ter um certo domínio sobre si mesmo, no sentido de dominar a pulsão negativa, os impulsos transgressores das normas e da ordem vigente.

A indisciplina possui um largo impacto negativo sobre o processo de ensino e aprendizagem e nas práticas sociais em geral. O termo disciplina vem de "DISCO", do latim, com o significado de "APRENDO". Hoje, portanto, depreende-se que o seu oposto "indisciplina" quer dizer "NÃO APRENDO".

Em alguns dicionários vamos encontrar o termo "disciplina" como conjunto de prescrições ou regras destinadas a manter a "boa ordem". Muitos usam o termo como modo ordenado de vida, em que a ordem e a hierarquia significam "modo de vida". Também, pode-se entender disciplina como área de conhecimento e como procedimento, comportamento, etc.

O Professor dos professores, Mestre dos mestres, disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". A liberdade é a verdade, é a autonomia que se constrói com a erradicação dos elementos inumanos constituintes do subconsciente(ego), causadores da indisciplina. Enquanto persiste o ego em nós, não teremos liberdade, seremos escravos, não teremos paz.

A indisciplina tira, dos educandos heterônomos, a virtude da submissão às regras e normas, contidas nos códigos de convivência social, quando colocadas por seus pais e por seus mestres, para conduzí-los com segurança no caminho para aprendizagem e na aquisição de conhecimento, onde a disciplina, a ordem e o respeito representam uma ponte para paz.

Para educar as novas gerações, as escolas precisam atuar em duas frentes: repressiva e preventiva, que combatam a indisciplina e a violência, no efeito e na causa simultaneamente, o que demanda uma imensa tarefa consubstanciada em ações e condições concretas que capacite a cada comunidade a exercer conjuntamente suas competências e responsabilidades, para reverter esta trajetória nefasta de percurso e reconstruir a solidariedade, o respeito mútuo, a alteridade, a interdependência holística, para reintegração de todos os povos da Terra.


8. A (IN)DISCIPLINA, OS ESTADOS E EVENTOS.

(Índice)
A disciplina posta antes aos eventos externos resulta nas relações interpessoais conscientes, equilibradas; da disciplina posta ante aos estados psicológicos internos resulta na adequada relação intrapessoal (autodisciplina). Da mesma forma, a indisciplina internalizada por um educando indisciplinado, em qualquer evento de uma classe ou em qualquer relação interpessoal, é resultante de um estado psicológico equivocado, naquele instante, de estado de confusão mental, caótico.

O termo disciplina pode ser empregado para denominação de estado construído por preceitos úteis, que evitam o desperdício de energia e esforços, para que a trajetória seja ameaçada o mínimo possível, em relação às experiências negativas anteriores: pessoais ou interpessoais ou ainda coletivas. Desta forma o trabalho do professor, dos pais e dos líderes, na disciplinarizaçao do educando, é altamente positivo e insubstituível, diante a existência das regras e normas.

A energia da indisciplina é destinada à tarefa de construção da desordem, na medida em que as regras e as normas são essenciais à criação, à produção, à construção. Os professores e os educandos constroem o conhecimento, a ordem e a disciplina, enquanto se constroem a si próprios. Então, as regras, as normas e a disciplina não só regulam e guarnecem os atos criativos dos perigos exteriores, mas também são constitutivos, uma vez que possibilitam a criação.

O verdadeiro educador é aquele que garante a iniciação do discípulo, do aprendiz, às regras e às normas, aos procedimentos e modus operandi de uma determinada área do conhecimento, ao transmitir-lhe um método de trabalho, uma estratégia, uma disciplina e uma ordem, que garantam a construção da busca de soluções aos problemas.

As regras, as normas, as autoridades, os professores e a disciplina não se constituem em fatores de resistência, em coisas que impeçam os educandos de criar, mas sim, em fatores que garantem a ordem e a disciplina para possibilitar a criação.

Pais, líderes e professores precisam de sabedoria na identificação do eixo de interesse do educando a fim de promover orientação adequada de maneira tal que atraia os interesses destes, tirando-os da trajetória da indisciplina em direção ao caminho da disciplina e da ordem. Para isto vale lembrar que ninguém é plenamente disciplinado em tudo e tão pouco indisciplinado totalmente.

No contexto das escolas cada matéria demanda a sua dinâmica própria, cada uma possui uma estratégia de ensino-aprendizagem peculiar. Entretanto todas elas demandam ordem, nenhuma das práticas que exigem diversas dinâmicas, demanda caos, desordem e indisciplina. Mesmo nas mais agitadas atividades, nos mais calorosos debates, há necessidade da ordem para canalizar à imersão das eloqüências num só sentido, falando um de cada vez, para que não haja ruídos na comunicação, dissipando o ato da aprendizagem.

Os educandos, no processo educativo e na construção da disciplina, precisam saber que, qualquer que seja a matéria de estudo, há necessidade de silêncio, concentração, atenção, disciplina e ordem que garantam um clima pedagógico, na hora da exposição do conteúdo, nos termos da Regra Fundamental da Comunicação (RFC). Da mesma forma, os professores precisam compreender que na discussão de temas, debate e resolução das questões, de problemas, há necessidade de troca de idéia, de conversa, que devem ser conduzidas em consonância com a RFC, para que não se transformem em desordem e indisciplinas. Trocas de idéias, discussões calorosas, debates, não podem ser considerados como indisciplina, se processados de acordo com o postulado da RFC.

Em respeito ao livre arbítrio e às características peculiares de cada um, traduzidas pelo nível de moralidade que cada um possui, não se pode esperar o mesmo padrão de comportamento de todos. Deve-se ensinar aos indisciplinados, lições voltadas para a disciplinarização, ensinando-os a aprender a aprender, a princípio, para que possam, posteriormente, caminhar com as aulas normais, em direção à construção da autonomia.

Cada matéria exige uma maneira adequada de trabalhar; cada maneira será eficaz se o professor tiver clareza dos objetivos, dos conteúdos e das estratégias necessárias para garantir a construção e manutenção da disciplina, da ordem, essenciais ao exercício da aprendizagem da sua área de conhecimento.

A indisciplina é a arma que o aluno resistente usa, em defesa de si próprio, no que tange a defender o seu desinteresse pelos estudos, a sua preguiça, o seu descanso para com a aprendizagem por ter sido fagocitado pelo fenômeno da entropia.

Geralmente quem possui dificuldade de aprendizagem, em virtude de algum distúrbio, tenta superar seus próprios limites através da força de vontade e, para alcançar tal objetivo, necessita da ordem e disciplina da classe para alcançar êxito, que deve ser exigida e garantida pelo professor, nos termos do regimento interno da escola.

Na dinâmica holística do universo tudo é dinâmico, nada é estático e permanente, tudo se movimenta no espaço, dentro do seu devido tempo. Assim, neste movimento há forças de avanços, de conservação e de retrocesso. Deste modo, qualquer força de resistência de oposição a forças, regras, normas e ordem conservadoras, não podem ser consideradas como indisciplina, quando exercitadas a favor da movimentação progressiva da teia da vida holística na Terra, levando-se em conta que devemos ter em mente a possibilidade de ultrapassar os limites reais que o mundo nos apresenta, comportarmo-nos disciplinarmente com decoro, que implica em última análise, num contínuo e intenso trabalho sobre si mesmo.

A sociedade moderna se afastou dos princípios fundamentais da mecânica holística da natureza, da interdependência ecológica de toda rede sistêmica dos seres vivos, para mergulhar no mundo nefasto da independência antropocêntrica, onde prospera o culto ao individualismo, gerador da cultura da indisciplina e da violência generalizada.

A sociedade antropocêntrica transformou o que era de todos em algo que é nosso, particular. Assim , vai se exigindo proteção à propriedade particular onde o indivíduo capitalista se sente protegido do mundo, onde há interesses, conflitos e violência generalizada que o assusta. Assim, este homem enclausurado pelos muros de sua propriedade, protegida pelo estado, pensa haver atingido o estado de liberdade, vive a pseudoliberdade, ao estabelecer um diálogo consigo próprio, esquecendo-se que a liberdade é fator de construção na inter-relação social e na interação holística com a natureza calcada na interdependência holística.

A indisciplina pode representar, em última analise, um sintoma de desvio do comportamento individual de alguém que busca se isolar do todo e perde o elo da interconexão da dinâmica holística.

A escola convencional antropocêntrica reforça a indisciplina e a violência na medida em que se subordina aos interesses privados do mercado e passa a agir na formação do indivíduo para atender esta demanda. Com isto, não valoriza a transformação para formação de atitudes antropocêntricas e holísticas. Desse modo, confundem adestração do indivíduo, para o trabalho que o mercado demanda, como educação. Assim, pensa-se que educar é apenas oferecer algumas técnicas que propiciem a execução de funções através de certas competências.

Daí que a escola não se mostra mais com suas funções sociais marcantes de educar para o exercício da cidadania, que promova a exaltação, a liberdade e a autonomia de cada educando. A escola tem estado a serviço de uma educação que a sucumbe a um modelo que assegura ao estudante apenas profissionalização, despolitiza-se, torna-se uma mercadoria que almeja intensificar valores e interesses privados, conseqüentemente descartáveis.

A escola contribui com a indisciplina do aluno, na medida em que perdeu o seu potencial transformador, para conduzir o estudante de uma cultura de violência para uma cultura de paz, de transformar a cultura antropocêntrica em paradigma holístico, de propor uma cultura de valores éticos, de transformar a sala de aula num espaço permanente de exposição das obras humanas.

Para combater a indisciplina e a violência, a escola deverá transformar-se no vetor de re-conexão do homem com os fenômenos holísticos da natureza, de humanização do ser humano, paralelamente à transformação do mundo para o bem-estar de todos, para chegar-se à autonomia, ao encontro consigo mesmo.

As escolas que desejam combater eficazmente a indisciplina e a violência devem oferecer uma educação a exaltação do educando, levando-o ao pleno exercício da cidadania holística, baseada nos valores éticos. É preciso ensinar ao educando a se conscientizar de sua interdependência holística, para que percebam a simultaneidade e interconexão dos fenômenos holísticos no universo.

As escolas contribuem para o aumento da indisciplina e violência generalizada, na medida em que perdeu o seu potencial de imprimir durabilidade às coisas do mundo, isto é, de propor uma cultura aos educandos, mostrando-lhes as obras humanas.

Para uma formação de uma cultura de paz, as escolas devem começar por configurar uma sala de aula como um local de cristalização de toda a existência humana e não num lugar de apenas passagem. A sala de aula deverá ser o teatro da conexão do homem com o seu passado, presente e futuro, com o mundo. Isto significa imprimir uma educação que permita ao homem chegar-se a si mesmo, transformar-se a si mesmo, enquanto transforma o mundo exterior para todos. Só existirá a soberania individual do ente humano, se houver luta também pela soberania coletiva de toda criação, num eterno laço de interdependência holística.

A indisciplina e a violência se ampliaram, nas escolas, na medida em que o trabalho de intensificação das relações intrapessoais, isto é, consigo próprio e das relações interpessoais, isto é, com os outros, desapareceram da sala de aula; onde também se perdeu de vista as dimensões éticas e políticas que fundamentam o processo educacional.

Nas escolas, querem acabar com a violência e a indisciplina; esqueceram que o pensar nunca se realiza sem o outro, mesmo sendo um ato solitário. Com isso retiram dos currículos as disciplinas de dimensão social como a filosofia, a sociologia, a psicologia, etc, ao mesmo tempo em que encurtam a carga horária das artes, da geografia, da história e outras ciências sociais que contribuem para conscientização da massa estudantil.

Por que não se pode utilizar a sala de aula para produção de uma cultura de paz, em oposição à cultura da violência que paira ali através dos atos de indisciplina e violência? Por que não se pode usar a escola para educar o indivíduo com os três fatores de revolução da consciência, para a excelência holística, transformando a sala de aula num espaço onde, possa efetuar a crítica de si mesmo, da própria escola, da família, do governo e da sociedade? Para tal propósito é preciso que a escola retome a sua função social original e a sala de aula, retome seu papel de espaço público destinado à reprodução das ações coletivas e do exercício de si mesmo.

De repente, a escola poderá tornar-se o espaço onde o pensamento ganhe força, com o retorno das ciências sociais encadeadoras de uma cultura de paz, para fazer frente ao antropocentrismo centrifugo que ali reina, num mundo tão caracterizado pelas ideologias do individualismo. Porque da perda do espaço público, perde-se o contato com outro e com o senso ético, abrindo campo para a indisciplina e violência.


9. AGRESSIVIDADE, O DESAFIO DA PAZ.

(Índice)
A agressividade é um impulso destrutivo que, quando direcionado para fora, se configura na hetero-agressão e, para dentro de si mesmo, na própria auto-agressão. Ela é produto de reação dos elementos inumanos componentes do ego anti aos eventos externos, para provocar estados internos equivocados, indisciplina e violência generalizadas.
A agressão seja a física ou a psíquica, se constitui num tipo de violência escolar que desafia a paz. Nas escolas, reina agressividade, que é filha da ira, agente da violência, semente da destruição, inimiga da paz.

A hipertrofia dos defeitos inumanos, do ego, do ente humano, gerou o desequilíbrio social, que trouxe a violência generalizada, que desafia a paz de todos nós, em todos os setores da vida. Na escola, por exemplo, a indisciplina dos alunos nas classes, que é uma forma de violência e a falta de limites, vem transformando os templos do saber em palco das barbáries, local da discórdia, do embate, do impasse, da do confronto, dos atos indisciplinares e infracionais, do crime, da desobediência, da resistência, do desacato, da desordem e do caos.

Na escola, ao longo dos tempos, destituiu-se de sua real função educativa, de transformação do ente humano, e mergulhou no universo da instrução superficial, adestradora, num depósito de gente sem parâmetros éticos, morais e espirituais; gente sem limite, sem perspectiva, sem interesse nos estudos, delinqüentes, que cometem atos infracionais, crimes, futuros marginais da sociedade. Ali, por detrás dos muros escolares, há gangues, quadrilhas, crianças, jovens e adultos malvados, usuários de drogas, pichadores, depredadores, agressores, que comentem todo tipo de violência.

A escola falhou nos seus ideais formativos. Ela não conseguiu transformar a massa humana, elevando-a a maior nível de ser, a valores de seidade holística! Conseqüentemente, ampliou-se a violência generalizada na ecologia, nos esportes e na sociedade em geral.

A agressividade pode ser manifestada por meio da agressão física, em que o homem costuma violentar outros seres vivos ou brutos com uma força perniciosa, que causa deformações físicas, machucando-os no seu corpo físico, ou causando avarias nos corpos brutos. Também a agressividade pode se manifestar através de agressões psíquicas como a ironia, omissão de ajuda, humilhação, constrangimento, etc., o resulta numa agressão perniciosa que machuca a alma.

O controle da agressividade através da canalização dos impulsos agressivos, para a produção positiva, como a artística, a intelectual, a esportiva, etc., constitui-se num meio paliativo, que pode e deve ser usado juntamente com o outro meio eficaz que assegura a construção da paz, que consiste na erradicação das causas da agressividade que se encontra no substrato do ego.

Do ponto de vista da Psicologia Profunda, a agressividade não é algo constitutivo do ser humano, mas sim dos seres desumanos, que precisa ser erradicada para que configure o processo de humanização. Se isto não ocorrer, a agressividade se desencadeia em violência generalizada.

Para combater a violência nas escolas, preventivamente, temos que criar condições adequadas para canalização dos impulsos agressivos dos alunos, antes que ocorra a manifestação da violência, numa frente; enquanto que, em outra frente, combata-a com Educação Profunda, de configuração holusgnóstica, para erradicação das causas da agressividade.

A violência é uma força perniciosa aos seres vivos e a toda natureza holisticamente viva, desencadeada por indivíduos anti-holísticos, através da agressividade, com finalidade destrutiva.

A agressividade gerada pelos eus da ira, da raiva e do ódio resulta num constituinte da violência generalizada. A violência generalizada, fruto da agressividade, se desenvolve em função da organização social em que o individuo está inserido, que a estimula, legitima e a mantém em suas diferentes modalidades.

O estímulo à violência se apóia no incentivo a competitividade inculcada na escola, no trabalho e na sociedade decorrentes do capitalismo, principalmente na sua etapa neoliberal. A legitimação da violência se dá através do combate aos inimigos religiosos, políticos, na guerra, etc.
A manutenção da violência generalizada se dá por intermédio da violência estrutural, que reproduz a miséria e a pobreza através da má distribuição de renda, que mantém milhões de seres humanos em condições subumanas de vida, que desencadeia a política de delitos em função da sobrevivência, onde o indivíduo rouba, trafica, se prostitui para comer, etc.

A ausência da política de protagonismo juvenil estimula a violência, quando as condições de vida social são pouco propícias ao progresso pessoal, conduzindo o indivíduo à autodestruição através do uso de drogas, alcoolismo, suicídio, etc.

A violência estrutural promove com maestria as condições necessárias à submissão, à coerção e às condições que o impedem de crescimento, de desenvolvimento e manutenção de seu bem-estar enquanto cidadão. Portanto, a violência não se dá única e exclusivamente por meio da prática de delitos, de crimes, como mostram os meios de comunicação de massa, que introjetamos e reproduzimos. Existem outras formas sutis de violência que se diluem no cotidiano escolar, familiar e social, como a indisciplina, a violência simbólica, a psicológica, etc.


10. AS MODALIDADES DE VIOLÊNCIA.

(Índice)
Na atualidade, a violência está presente em todas as áreas da vida, presente nas relações dos seres humanos com o meio ambiente, com os outros seres vivos e entre si; na relação com o mundo das coisas, com as pessoas e consigo mesmo.

A ausência de desenvolvimento da consciência paralelo ao desenvolvimento da tecnologia, ao invés de propiciar bem-estar e paz aos indivíduos, concorre para produção de uma cultura de violência e da deterioração das condições da vida social.

A violência, causada pela atuação dos elementos inumanos do ente social, se transforma em causa da deterioração das condições de vida social, que como uma patologia acaba contaminando e provocando uma pandemia no tecido social, em os predadores, os construtores da violência vão fagocitando as presas, principalmente através da violência estrutural, como numa teia ecológica.

A violência, como uma patologia, acaba contaminando as pessoas e as instituições responsáveis pela segurança e pela paz dos cidadãos, como é o caso da polícia, da justiça, das religiões, etc., por intermédio de alguns de seus membros.

Devido ao potencial de agressividade, produzido pelo ego, não canalizado em produções socialmente construtivas e nem erradicado do interior do ente humano, a massa cultural antropocêntrica produz violência.

A cultura antropocêntrica acaba produzindo entes sociais potencialmente agressivos, que não consegue encontrar canais adequados para expressarem-se de forma positiva, dentro dos limites das formas legais e acabam canalizando-as na produção da cultura da violência.

A violência progressiva, descontrolada, coloca-nos num beco-sem-saída e aciona em cada ente humano o potencial de agressividade, cuja meta é a destruição do semelhante, do ser vivo, do ser bruto e de nós próprios, sob a perspectiva antropocêntrica que rouba-nos a visão real, que permite-nos enxergarmos enquanto elementos de constituição da rede da vida no planeta holístico.

A causa da violência não é fundamentalmente a pobreza, uma vez que esta é conseqüência. Se a causa da violência fosse a pobreza, a miséria, como muitos acham, como explicar o caso da Índia? Na Índia, um dos países mais pobre do mundo, quase não há praticamente a violência generalizada. Ali reina a "Cultura da Paz e Não-Violência", memoravelmente difundida por Gandhi.

A violência não está relacionada somente com a pobreza, pois esta é conseqüência da violência estrutural, que também existe na Índia. A violência está relacionada sim ao nível de ser individual e cultura de uma sociedade. E o nível de ser, de moralidade, está relacionado ao percentual do ego de cada indivíduo, de forma diretamente proporcional.

Violência generalizada - Por violência generalizada compreendemos todos os tipos de violências conhecidos: violência urbana, religiosas, no campo, na família, na escola, na ecologia, nos esportes, estrutural, sistêmica, brigas, tráfico e uso de drogas, seqüestros, assaltos, terrorismo, guerras, etc.

Violência estrutural - É tida como a rainha das violências por se tratar de um fator desencadeador da violência generalizada, em suas múltiplas formas. A miséria, a fome, a pobreza material, etc., se constituem em conseqüência da violência estrutural, que leva à ruptura do pacto social, onde as pessoas do poder acham normal o empregado perder o direito a seu emprego, o que se constitui numa violência, ficar sem trabalho, etc. E isto conduz o indivíduo a romper o pacto legal, insubordinando-se às normas, às leis, à ordem, à disciplina. Conseqüentemente as pessoas vitimizadas pela quebra do pacto social, acabam perdendo o controle sobre os impulsos destrutivos e se tornam agressivas, indisciplinadas, violentas, se transformando em construtor da violência generalizada.

A classe política dominante do sistema antropocêntrico não possui uma pratica legislativa em causa própria, que ao guarnecer os seus interesses ideologicamente, não possui a menor conexão, a menor coerência entre intenção e pratica.

Através da violência estrutural o violentador do sistema político antropocêntrico utiliza-se de ideologias dominantes para ofuscar a verdade; ele legisla em causa própria, ao fazer leis de proteção aos interesses de sua classe, como, por exemplos, a legislação que diz que o salário mínimo deverá garantir as necessidades básicas do trabalhador (moradia, alimentação, transporte, vestimenta, etc); e o mecanismo legal que sustenta que "a criança e o adolescente possuem direito à proteção, à vida e à saúde através da efetivação de políticas sociais publicas que permitam o nascimento e o crescimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência". Belas palavras, que ideologicamente apregoam direitos, mas não os garantem efetivamente, na prática. São palavras destituídas da verdade, recheadas de ideologia dominante para a ocultar a realidade dos fatos. Porque, na prática contextual, não há condições dignas de existência para os pobres, para os socialmente excluídos, expostos ao sofrimento, à miséria, em meio á violência estrutural que lhes é imposta pelo sistema dominante.

Não haverá paz social, enquanto houver violência estrutural, enquanto não se combater as causas da violência estrutural. As causas da violência estrutural estão radicadas nos agregados psicológicos da ambição, que proporciona a ganância, o egoísmo. Portanto, a causa da violência estrutural é intrínseca ao homem do sistema, político e econômico, dominante. Daí vem conseqüentemente que as condições de vida extremamente adversas, a miséria da imensa maioria da população, a fome, o desemprego, a violência generalizada, etc, constituem em efeitos da violência estrutural.

Violência sistêmica - É a violência que se caracteriza pela prática do autoritarismo por intermédia de autoridades que possuem posição de mando e a síndrome do poder, muito comum entre policiais, militares, agentes de seguranças, etc. A violência sistêmica manifesta-se de diversas maneiras, tais como nas condições indignas impostas aos presos, torturas ilegais, ação de exterminadores, brutalidade policial, crime organizado, impunidade generalizada, abusos de autoridade, esquadrão da morte, etc.

Violência domestica - É a formula de violência que se verifica nos lares, através de atos físicos tais como agressões generalizadas, chutes, socos, pontapés, empurrões, beliscões, abuso sexual, etc; e, por intermédio de atos psicológicos tais como insultos, humilhações, coação, agressão verbal, omissões, negligência e abandono.


Violência sexual - Hoje, os veículos de comunicação, a televisão, o rádio, a música, o cinema, a novela, o jornal, a revista, salvo honrosas exceções, vem cometendo violência sexual, ao fazerem apologia a sexualidade perniciosa, promovendo excitações por intermédio da erotização exacerbada, como nos famosos Realitiy Shows da vida. Entretanto, ao sabor da legislação considera-se como sendo violência sexual ao abuso sexual sob a forma de sedução, de estupro, de incesto, de prostituição de menores, de voyeurismo, exibicionismo de nudez, fotos, filmes e musicas pornôs, pedofilia, etc.

Os homemóides, entes desumanos que cometem este tipo de crime, pertence às diferentes classes sociais, utilizando-se para tal fim o poder que possui, o prestígio profissional, social, etc e o pacto do silencio. Há homemóides, que comandados pelos agregados da luxúria, abusam sexualmente de suas próprias filhas e de enteadas. Este tipo de ser desumano, comandado pelos eus da luxúria e da traição, inicia a violência sexual, de modo tão sutil, contra suas vitimas, que a criança vitimada não perceba a malícia existente em suas carícias e se envolve, muitas das vezes coagida, ameaçadas a guardar silêncio sobre o ato praticado.

Mais tarde, quando surgem os sentimentos de culpas, vem a solidão, a angustia, os pesadelos, os pânicos e todo tipo de complicação psicológica. Daí que as vitimas de abuso sexual ficam vulneráveis às drogas, à concepção, às dificuldades nas relações interpessoais, nos relacionamentos amorosos, etc. Há ainda os homemóides inumanos que estupram bebes e crianças pequenas, causando graves lesões corporais e mortes.

Violência nas Escolas - A escola é o lugar de continuidade da socialização iniciada na família, da cultura contextual. Portanto, a classe média se dá bem na escola particular, pois há uma correlação entre a cultura adquirida na socialização primária do lar e a secundária que recebe na escola.

Quando a escola possui um padrão cultural diferenciada da cultura de sua clientela, que é o caso das escolas elitistas e das universidades públicas, que apesar de, hipoteticamente, ser criado com o dinheiro do povo e para os pobres, na prática, transmitem um saber para as classes médias e ricas e não aos pobres, o que é um sinal revelador da violência estrutural.

Quando os valores, expectativas e práticas, existentes no processo pedagógico possuem conexão com o processo de socialização havido nos lares, a escola tem sucesso, pois ela apenas dá continuidade a tal processo de socialização.

A indisciplina e a violência, nascidas no interior psíquico de cada estudante, se manifestam, mais intensivamente, nas relações interpessoais entre professores e alunos; ocorridas nas escolas onde os conteúdos pragmáticos, ministrados pelos professores, não possuem significado nenhum para o estudante, por diferir do seu perfil cultural.

A indisciplina e a violência generalizada se intensificam nas relações interpessoais, relações entre alunos e professores, alunos e alunos, etc., no interior das escolas convencionais antropocêntricas, onde reinam as práticas autoritárias, a ausência de espaço e de oportunidades para discussão dos fatos, para sugestões e críticas, para o diálogo, etc.

Fala-se muito em tipos de violência cometida pelos alunos contra professores, contra funcionários e contra outros membros da comunidade escolar, contra o patrimônio escolar, etc. Entretanto, fala-se muito pouco, e de maneira velada, da violência escolar cometida pela escola contra o aluno, quando ela possui uma prática disciplinar tão somente para injunção dos alunos, para sua submissão, para docilidade, para obediência cega, para o conformismo, etc.

A escola convencional antropocêntrica comete muitos tipos de violência contra o aluno, ao usar o seu poder institucional para controlar a cabeça, o corpo, o espaço e o tempo do estudante, ceifando-lhe oportunidades de pensar, de sentir e de agir consoante o seu perfil cultural impedindo-o de desenvolver e manifestar suas potencialidades segundo o paradigma gnoseolístico de conhecimento.

A escola antropocêntrica comete a violência estrutural e a sistêmica contra o alunado ao tirar do estudante o direito de desenvolver-se plenamente a sua consciência, a ética, a solidariedade, a atividade e a cidadania holística. Ela, com sua força perniciosa, vitimiza a estudantada ao inculcar-lhe ideologias dominantes tornando-os reprodutores de conhecimento e das desigualdades sociais.

Outro tipo de violência que a escola comete contra os alunos é da seletividade. Esta forma de violência, a escola comete contra os estudantes das camadas populares, que não possuem o repertório de conhecimento esperado por ela, por serem, muitas das vezes, trabalhadores precoces responsáveis pelo sustento do seu lar ou meninos de rua sem teto, sem terra, sem família, sem nada, vítimas da violência estrutural. Assim, o conhecimento destes segmentos não é valorizado pela escola, que se sustenta sobre a cultura dominante.

Assim, as crianças pobres não possuem um desempenho escolar satisfatório, reprovam-se, são concebidos como incapazes, são transferidos para classes de aceleração, para "classes especiais", etc., ou acabam se evadindo da escola, internalizando o fracasso que lhe é atribuído, que passa a fazer parte da construção de sua identidade e o estudante passa a sentir-se incapaz e infeliz.

Outra forma de violência praticada pela escola contra o aluno é a violência da disseminação da ideologia dominante. Assim, ela veicula conteúdos pragmáticos recheados de preconceitos sobre o negro, sobre as raças, sobre a submissão da mulher, que fomentam a formação de preconceitos, conduzem à discriminação de pessoas e grupos e violência contra eles.

Violência nas Ruas, Logradouros e Espaços Públicos: A violência nas ruas, nos logradouros, nos locais de aglomeração humana e dos espaços públicos se constitui num grande problema dos centros urbanos. No passado, a rua se constituía num espaço de construção da amizade, espaço social lúdico, onde as pessoas se encontravam para as mais diversas finalidades e convivência pacífica; hoje, infelizmente, a realidade é outra, ela tornou-se o espaço do medo, o local da insegurança, da violência, do crime, do tráfico, da troca de tiros entre policiais e bandidos, do seqüestro, do roubo, da bala perdida, dos problemas de trânsito, das agressões que terminam em briga, em morte, violência! A rua já é o lugar do caos! Ali já não há mais cordialidade, ninguém confia mais em ninguém, as pessoas são adversárias sustentadas pelo medo, cada um concebe o outro como agressor em potencial, um agente da violência, o que leva a um clima de intranqüilidade e insegurança, perpassando toda a sociedade.

A população, no clima de insegurança, passa a demandar mais segurança, mais proteção policial, maior atenção por parte do estado, um aparelho de repressão mais eficiente, para colocar ordem no caos e restabelecer o clima de segurança. Esta demanda por segurança demonstra claramente que a própria sociedade tornou-se vítima de si mesma e da repressão policial, por ausência de uma educação profunda construtora de uma Cultura da Paz. Pois, onde há demanda por "policia" é por que falhou a pedagogia; o que está em consonância com as afirmativas de Platão: "se não educarmos os entes sociais, agora, iremos precisar de cadeias, que cada vez mais se superlotarão".

Se não se educar a massa estudantil com uma Educação Profunda, de transformação radical e formação de cidadania plena, voltada à construção do equilíbrio ecopsicosocial, num futuro próximo teremos o fenômeno da inversão presidiária. Talvez será preciso construir presídios para a proteção dos poucos bons, que vão se tornando mais raros, e deixar a imensa maioria, que se tornará cada vez mais violenta, devido ao fenômeno da entropia, do lado de fora, se decompondo através da violência generalizada.


Violência & Drogas - Numa sociedade transformada pelo filtro da Educação Profunda não haveria espaço para a cultura da violência, reinaria a plenitude da cidadania ético-holística, não haveria consumo de drogas. As drogas se constituem num instrumento anti-holístico de destruição da vida, de autodestruição do indivíduo. O uso da droga é comandado pela voz do ego, para preenchimento do vazio deixado pela ausência de espiritualidade, de moralidade, do respeito à vida, que a realidade social não preenche e a pessoa não se acha em si mesmo.

Violência Psicológica - Há homemóides que cometem a violência física, das mais variadas formas, e também há os que cometem a violência psicológica. O estado de ódio promovido pelos agregados psicológicos inumanos propicia, além da ira, o xingamento, o insulto, a depreciação, a humilhação, a agressão verbal e outros tipos de violência psicológica.

A violência psicológica é uma ação irracional perniciosa, que veiculada através do homemóide, conduz a vítima ao caminho da rejeição, da perda da estima, da síndrome do pânico e outros desequilíbrios psíquicos. As crianças e adolescentes vitimadas pela violência psicológica sentem desprotegidas, rejeitadas e passam a desvalorizar a si próprios quando chega à idade adulta e a serem reprodutor desta violência recebida ao longo dos tempos, como um revide.
Hoje em dia, há muitos pais que cometem violência psicológica contra seus filhos na forma de isolamento, confinando-os em seus lares, onde ficam privados de suas presenças, expostos á televisão, aos vídeos, ao computador, etc, na mais completa omissão de seus responsáveis acerca do acompanhamento da sua vida escolar e de seu desenvolvimento integral.

Outra forma de violência contra criança e adolescente é o fato de colocá-los como espectadores de atos de violência pela televisão e pela mídia em geral, na forma de dramas, tragédias, comedias, etc, recheadas de perversidade, de pornografia, etc.

Há também o caso de crianças que presenciam diretamente atos de violência na forma assaltos, homicídios, brutalidades, rachas, brigas de gangues, espancamentos de colegas, na rua e dos irmãos e da mãe pelo próprio pai, em casa.

Quando a criança e o adolescente ficam expostos a tais cenas de violência cotidiana, passam a ter a síndrome de estresse pós-traumático, onde revivem as cenas, os dramas, as tragédias chocantes e passam ter pesadelos, terror noturno, estado de tensão, frios nas mãos, taquicardia, distúrbios na capacidade cognitiva, dificuldades de relaxamento, de concentração e de assimilação.

Modernamente há alguns grupos de fanqueiros, gangues organizadas e torcidas uniformizadas de futebol, que se apresentam como pessoas desequilibradas ecopsicossocialmente; com hipertrofiação do ego do ódio e da ira, eles possuem a "síndrome do caos" e levam a desordem, a bagunça e a violência generalizada por onde passam, desacatam as autoridades, não respeitam normas, não possuem limites, são deseducados e sem vergonhas; sentem prazer em desrespeitar seus professores, implicar com outros alunos, com familiares, etc; exaltam os ânimos, causam tumulto e confusão; geralmente são pessoas predestinadas a canalizar a ira dos outros, desencadear raivas, arrumar treta e promover a i indisciplina e a violência generalizada.

Precisamos saber que a violência estrutural, sistêmica, domestica, física, psíquica, negligência, abandono, violência escolar urbana, do campo, social, esportiva, etc, são decorrentes de fatores que possuem uma só causa, que está intrínseca ao ser humano, inserida nos agregados psicológicos inumanos componentes do ego. Portanto, o ego é a causa causarium de todo tipo de violência e esta, por sua vez, se desdobra nas mais variadas conseqüências nefastas para a vida na Terra.

O ser humano não nasce violento, mas herda a cultura da violência construída pela geração adulta da sociedade. Assim, este ser nasce para violência, à medida que sua personalidade vai se formado, quando ego vai se robustecendo, com a assimilação dos defeitos da camada social adulta.

Apesar do ente humano trazer embutido no ego recorrente os germes da violência, estes só se desenvolverão plenamente se caírem em solo apropriado, cultivado pela família, escola, Instituições e sistemas antropocêntricos, que dão substrato à sociedade adulta contagiada pela cultura da violência generalizada.

A violência, antítese da paz, é causada pelo ego e se traduz em indisciplina e outros comportamento inumanos desenvolvidos pelas crianças, adolescentes e jovens, após se espelharem no comportamento da geração adulta.

Há necessidade de se educar a humanidade para construção de uma cultura de paz, através da erradicação das causas da violência generalizada, presentes no universo psicológico dos seres humanos, no substrato do ego.

A violência nos dias de hoje já é uma pandemia universal, pois sua incidência é mundial. Daí, que da mesma forma que se faz campanha para combate dos outros males como o fumo, o álcool, uso de camisinha, etc, há necessidade de se fazer campanhas também para combater as causas deste terrível mal chamado violência.

A violência generalizada, em suas múltipla formas de expressão, está aumentando assustadoramente em progressão geométrica, nos quatro cantos do mundo. A sua intensidade de manifestação tem sido tão alarmante que se pode, pela lógica dos acontecimentos, antever o caos total que estará presente no devir da humanidade; onde haverá dor, tristeza, ante o beco sem saída imposto pela violência, estará estabelecido o reino das trevas sobre a face da Terra, se nada fizermos para reversão da trajetória nefasta da violência.

Portanto, a violência tem-se constituído num problema de saúde publica mundial, a ser atacado de modo preventivo, combatendo as suas causas, para evitar suas conseqüências nefastas para Teia viva da Terra. A pandemia da violência revela que a humanidade está doente social, cultural e psicologicamente, pois a violência se constitui numa insanidade mental outorgada pelo ego.

Assim há necessidade de nossa participação articulada na mobilização da massa social, em prol da construção da paz, por intermédio dos diversos meios de comunicação, para combate da violência generalizada na causa, por meio de uma educação revolucionaria de perfil gnóstico holístico, com base nos três fatores de revolução da consciência. É preciso que as pessoas de bem se engajem nos projetos, com programas eficazes de construção da paz, ante que a violência ceife a espécie humana da face do planeta Terra de uma vez por toda.

 

11. TIPOS DE TRANSGRESSÕES.

(Índice)
Quanto à prática da violência, na escola, podemos classificá-las em: ato indisciplinar, ato infracional e ato de delinqüência, respectivamente correlacionado à indisciplina, a infração e à delinqüência. Qualquer um deles se verifica quando o transgressor viola as normas, as leis e regras. O transgressor viola uma norma, movido por uma causa, cujo efeito lhe traz conseqüências negativas.

Quando um grupo que se sujeita às leis, normas e regras, que as criou, quando há uma explicação elucidativa dos objetos destas, quando se conhece o seu real significado, é mais fácil de concordar com elas e de cumpri-las piamente.

Indisciplinado: é aquele que viola as normas regimentais locais, tipificadas em regimentos internos, em regulamentos, etc.
Infrator: é aquele que comete infração ao transgredir alguma norma tipificada no Código Penal ou no Conjunto de Leis, Carta Magna, Constituição de uma determinada sociedade. O infrator, ao cometer a infração, receberá conseqüentemente punição, determinada em lei, que será aplicada pelo juiz ou o seu representante legal, se não for beneficiado pela violência estrutural que imputa a impunibilidade.

Delinqüente: é aquele que comete qualquer um dos vários crimes estipulados em normas legais; é aquele que possui propulsão para prática de crimes, de delitos, etc.

Estudos demonstram que um criminoso, já é um delinqüente em potencial, bem antes de cometer delitos em conseqüências de impulsos sentimentais, de tendências substrativadas no ego, cujos agregados psicológicos inumanos indicam afinidades do elemento psicológico com o delito.

Na sociedade onde não há prioridade educacional, onde não se investe em educação em cujo retorno é imediato, tem que investir na construção de presídios, cada vez mais sofisticados, em que o investimento de alto custo social não tem retorno social nenhum.

Há uma falsa ideologia que apregoa que as instituições penais, nas quais os indivíduos são isolados do convívio social possuem a função de recuperação do delinqüente, de reeducá-lo para o exercício da cidadania. Na realidade isto é utópico e consagra a dupla falta do estado na tarefa de educação do cidadão: não o educou através da escola e agora não educa no presídio e gasta-se o dinheiro do povo à toa.

A instituição penal, que possui a missão constitucional de reeducar o cidadão, acaba cumprindo um papel ideológico conjuntamente com a escola, na tarefa de reprodução da cultura antropocêntrica da violência social, engendrada pela violência estrutural, uma vez que, uma não educa e a outra não educa também e nem reeduca.

A instituição que possui a função social de regeneração, de reeducacão, contraditoriamente acaba rotulando, colocando uma marca indelével no delinqüente, atribuindo-lhe uma identidade permanente.

A identidade do delinqüente é construída ao longo da reclusão no sistema carcerário. Entretanto, através da violência estrutural, ao produzir a pobreza e a miséria, por intermédio da injustiça na distribuição de renda, os sistemas sociais, antropocêntricos vigentes, iniciam a construção da identidade delinqüente de milhares seres infanto-juvenis, de crianças, de adolescentes e jovens, cuja condição de exclusão social pela pobreza, passam a ser vistos como delinqüentes ou criminosos em perspectiva.

Entretanto, a violência estrutural ainda não é a real causa das criminalidades e dos outros tipos de violência generalizada; pois tanto a criminalidade, como a violência possui origem no ego e são promovidas pelo modo de organização política e econômica, que se delineiam pela distribuição desigual da renda, marcada por uma pauperização contínua e progressiva da maioria da massa social, reproduzindo a miséria e mantendo os sem-teto, sem-terra, sem-nada, etc., no limiar da sobrevivência, em condições não condignas com aa o ser humano.

Os sistemas dominantes, ideologicamente, tentam camuflar os crimes que cometem contra a economia popular; da mesma forma que camuflam as corrupções e todos os crimes cometidos através da violência estrutural, por intermédio da falsa argumentação de que é a pobreza que gera a violência; assim age para esconder que tanto pobreza quanto criminalidade possuem origem na má distribuição de renda, oriunda do modo de organização econômica e política que privilegia a alguns e massacra os demais.

Violência ecológica: caracteriza-se pela agressão ambiental efetuada pelo homem antropocêntrico, que numa ação planejada danifica a natureza, poluindo os rios, devastando as grandes matas, poluindo o ar, etc.

O homem antropocêntrico, ao transformar a natureza ao seu favor, está engajado num franco processo de destruição, comprometendo a qualidade de vida das futuras gerações, devido à sua inconsciência ecológica, no mais absurdo descaso e irresponsabilidade para com a Terra Viva e com a Teia da Vida.

Para a construção de uma Cultura de Paz é necessário erradicar as causas da violência, implementar uma verdadeira Educação Profunda, investir maciçamente na educação transformativa, preventivamente, para que, mais tarde, não seja preciso investir na construção e manutenção de presídios, com um alto custo social para o povo.

Ou se investe na educação e na melhoria da qualidade de vida de milhões de crianças, adolescentes e jovens, que são vítimas da violência estrutural, que vivem em condições de não-cidadania, que não possuem direitos primários de saúde, lazer, educação, garantindo-lhes as condições básicas de sobrevivência física e psicológica saudável ou gasta-se o dinheiro do povo, levianamente na construção de presídios e manutenção de policias e serviços em geral com a pseudo-segurança do cidadão.

Se a sociedade adulta não tiver responsabilidade para com as crianças, para com os adolescentes e para com os jovens excluídos, dando-lhes uma formação de cidadão holístico, com uma cidadania plena, com uma profunda participação social, ela terá que investir maciçamente na criação de presídios, com elevados gastos com o sistema de segurança, na proporção direta do número de indivíduos que se corrompem, que certamente se transformarão em criminosos irredentos, que darão expansão à cultura da violência e rechearão os presídios.

A violência estrutural do aparelho de estado e o modo de organização econômica e política no sistema capitalista antropocêntrico constituem-se em verdadeiros construtores da cultura da violência generalizada; o que se dá através de mecanismos ideológicos e da ausência de responsabilidade social que introduzem no seio social, tendo com conseqüência milhares de crianças, de adolescentes e de jovens, que vivem na mais absoluta miséria pelas calçadas, nas ruas entre o seu próprio destino.

O não investimento na educação da criança, do adolescente e do jovem, que deveria ser tratado com uma pedagogia transformadora, vai ampliar muitos os prejuízos ecopsicossociais, que certamente se farão sentir em pouco tempo através da violência generalizada, trazendo um prejuízo enorme à sociedade.

A caracterização do estado de violência generalizada em que vivemos atualmente demonstra contundentemente a propensão que o ente social antropocêntrico possui para a sua autodestruição.

A violência se caracteriza pela veiculação das forças destrutivas, geradas pela atuação dos elementos psicológicos do ego, através do homem, ou ainda, pela omissão que conduz amplos setores da sociedade a se constituírem em expectadores passivos da desgraça alheia.

Para a reversão deste estado de coisa, se faz preciso uma Educação Profunda, que crie um novo cidadão ético e holístico, construtores de uma Cultura da Paz que prevaleça sobre a Cultura da Violência, onde os valores holísticos de vida sobrepujarão os valores antropocêntricos de morte. Já é hora de construirmos um projeto holístico em favor da vida, levando em consideração os dados históricos da cultura da morte do mundo social antropocêntrico.


12. EGO, ESSÊNCIA E CONSCIÊNCIA.

(Índice)
As condições de vida da sociedade, nos seus múltiplos aspectos culturais, econômicos e políticos, influenciam o aparecimento das teorias científicas, mudanças de paradigma, revolução cultural, que contribuem ou alteram radicalmente o destino da humanidade, através do desenvolvimento das ciências sociais, das ciências naturais, das artes, etc.

Assim, surgiu Sigmund Freud (1856-1939), médico vienense que alterou profundamente o paradigma do conhecimento psicológico, alterando o referencial sobre a visão psíquica da humanidade. Freud contribuiu decisivamente para elucidação dos agentes causadores da violência, dos agentes psicológicos inumanos, aos quais, no conjunto, os chamou de ego.

Assim como Karl Marx, que com sua dialética materialista, contribuiu enormemente para as ciências sociais, quanto à compreensão dos processos históricos e sociais e o Einstein contribuiu para a compreensão dos fenômenos físicos relativistas, o Freud contribuiu para a compreensão do comportamento humano engendrado pela atuação dos elementos psicológicos componentes do ego.

Os processos misteriosos do nosso psiquismo foram desvendados por Freud, que ousou estudar cientificamente as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, os temores, as causas da indisciplina, da desordem, da agressão e da violência generalizada, processados no ego. Para investigar sistematicamente, de maneira científica, a atuação do ego, Freud criou a Psicanálise pós-freudiana.

Psicanálise: método de investigação criado por Freud. Psicanálise pode se referir também à teoria da prática profissional. Psicanálise é o processo psicanalista criado por Freud para substituir o processo catártico.

Ao longo de sua vida, Freud elaborou a teoria psicanalista acerca do funcionamento da vida psíquica, publicando uma extensa obra relatando suas descobertas e formulando leis acerca do funcionamento da psique humana.

Freud denominou de Psicanálise ao método interpretativo que busca o significado oculto de tudo aquilo que se manifesta por intermédio de ações, dos pensamentos, dos sentimentos, das palavras, dos sonhos, dos delírios, dos pesadelos, etc. Cada eu, componente do ego animal, pensa, sente e age por si próprio, através da personalidade do ente humano, de maneira automática e grosseira.

A Psicanálise é usada no tratamento psicológico(análise), para busca da cura ou do auto-conhecimento do ente humano. Ela pode ser feita de duas formas: alo-análise e auto-análise. Na alo-análise faz-se necessário a figura do analista, do psicanalista para analisar o indivíduo, de fora para dentro. Na auto-análise o indivíduo é objeto e sujeito da análise, se converte no seu próprio psicanalista, se dividindo em observador de si mesmo através de auto-observação, onde a consciência observa o ego, que é o observado. Através alo-análise, das descobertas daquilo que está ao nosso redor, se chega ao alo-conhecimento; enquanto que na auto-análise se chega ao auto-conhecimento, ao conhecimento de si mesmo, ao despertar da consciência.

Freud deixou-nos várias obras, entre as quais, "A Interpretação dos Sonhos" e "A Psicologia do Cotidiano", deixando inserido nelas as suas experiências pessoais.

Através da psicanálise, seja pela alo-análise ou pela auto-análise, se descobre a atuação dos agregados psicológicos, componentes do ego, na construção dos defeitos psicológicos engendradores da indisciplina, da violência generalizada, das agressões, das síndromes do medo e do pânico, dos distúrbios nervosos, etc.

O ego possui a sua origem, meio e fim, conforme podemos estudar no "Tratado de Psicologia Revolucionária", do Dr. Samael Aun Weor, através dos fatores de revolução da consciência podemos erradicar o ego de nossa psique e todas as causas de todos os males, todos os pensamentos, afetos e desafetos, sentimentos e ações reprimidas.

Na psicanálise, o paciente não é capaz de se auto-analisar, o que é feito pelo seu analista, para descobrir a origem dos sintomas dos distúrbios psicossomáticos que produzem o sofrimento, as inibições, as agressões, as violências, por meio da atuação dos agregados psíquicos componentes do ego; tudo isto se processa através da ciência da hipnose. Ao passo que no trabalho sobre si mesmo, com os TFRC, por intermédio da auto-observação, cada um de nós pode, pela auto-análise ou auto-observação de si mesmo, descobrir tudo aquilo que seria descoberto pelo Psicanalista através do processo psicanalítico, pelo alo-análise.

No estado de vigília, mesmo sem a ajuda de um Psicanalista, se ficarmos atentos, em auto-observação, de instante a instante, iremos notar a atuação do ego, que se processa de modo automático, para nos dirigir como uma MARIONETE.

Os afetos são as emoções e os eventos traumáticos são os conteúdos assimilados pelo ego, após passarem pelo crivo da Repressão Psicológica. Por Repressão Psicológica entendemos os mecanismos dos afetos e das emoções relacionados pelos eventos traumáticos de nossas vidas, quando não puderem ser expressos, manifestos em tempo real, na ocasião da exata vivência desagradável ou dolorosa do evento externo correlacionado adequadamente ao estado interno, acabam sendo reprimidos e robustecendo o ego, levando o ente humano a regredir em consciência, avançar nos defeitos e na redução das virtudes.

Freud confessou, em sua autobiografia, que usava a hipnose não só objetivando a sugestão, mas também para obtenção do histórico dos sintomas dos distúrbios psicossomáticos.

Freud abandonou a hipnose, dizendo que fazia isto, porque nem todos os pacientes se prestavam a ser hipnotizados. A partir daí, então, ele desenvolveu a técnica de concentração, na qual a rememoração sistemática era feita através de conversação normal. Posteriormente, ele abandonou o questionamento, deixando a direção da sessão, do sugestionamento, para se confiar plenamente na fala desordenada do paciente.

Resistência Psicológica: denomina-se de resistência à força psíquica de oposição à revelação de pensamento, sentimentos e ações ocultadas no substrato do ego. Devido ao fenômeno da resistência, nos esquecemos da maioria dos fatos negativos de nossas vidas interna e externa, dos eventos e dos estados. Todos os eventos frustrantes, penosos, vergonhosos, de nossas vidas, são acumulados no inconsciente, por nós ali esquecidos, através da resistência, para conveniência própria do ego. Por isso, ficamos receosos e envergonhados diante de alguns eventos exteriores e diante de algumas imagens e representações negativas que surgem no nosso universo interior.

Repressão: Freud dá o nome de repressão ao processo psicológico que ofusca, que faz desaparecer da consciência, as idéias e representações dolorosas insuportáveis, responsáveis pela origem de sintomas psicossomáticos que passam a serem alojados no inconsciente ou ego. Pelo fenômeno da resistência, o ego reforça os eus já criados e pela repressão amplia a quantidade deles. Há os eus psicológicas que causam, que embasam as neuroses e os que causam defeitos psicológicos inumanos, a indisciplina e a violência generalizada.

No livro "A Interpretação dos Sonhos", em 1900, Freud apresenta as principais concepções sobre o funcionamento da personalidade, com informações precisas sobre as três instâncias psíquicas: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente. Mais tarde, o Dr. Samael Aun Weor, em 1950, com sua extraordinária sabedoria, restaura com maestria a Psicologia Revolucionária, que ressurge das cinzas como a Ave de Fênix, para nos trazer luz necessária de vislumbre de nossas trevas internas, permitindo-nos enunciar um novo paradigma do saber profundo, de configuração holusgnóstica. O Dr. Samael comprovou que inconsciente, subconsciente, infraconsciente, etc., são partes da mesma coisa, que é o ego; assim, também é a mesma coisa com o ego e o superego. Da mesma forma que os pontos, de partida e de chegada, da trajetória do movimento de um corpo, fazem parte de uma mesma reta.

O inconsciente: é constituído por eus que enfrascaram em si mesmos a energia da essência, ofuscando a consciência. O inconsciente é o substrato do conteúdo egóico não presente na consciência. Ele é constituído de eus psicológicos reprimidos, que não tem acesso aos sistemas pré-conscientes e conscientes do universo psicológico, pela ação da censura interna do próprio ego que ali se processa. O inconsciente é o produto da atuação do ego, o qual possui as suas próprias leis, e onde se manifestam os elementos psíquicos pertencentes à quinta dimensão inferior da natureza, onde não há noções de passado, presente e nem de futuro.

Pré-consciente: é uma região da estância psíquica, substrato de elemento do ego que ofusca a consciência, responsável pelo conteúdo que ocasionalmente é acessível à consciência. Os elementos desta região se manifestam em alguns momentos, engendrando uma semiconsciência; e, em outros momentos não, reinando a inconsciência.

Consciente: é onde atua a consciência. É a região do universo psíquico que recebe e registra informações internas e externas. Na Psicologia Profunda aprendemos que os seres humanos possuem em média 3% de consciência que atua. O restante 97% de inconsciência encontra-se enfrascado pelo ego, fazendo parte do inconsciente e do pré-consciente. A consciência é formada por uma energia sutil de alta freqüência vibratória da essência.

Portanto, o sistema psicológico é constituído de partes diferenciadas, que funcionam com energias específicas, em tempos e espaços diferentes, segundo a lei da impenetrabilidade. Isto significa que no instante que o sistema psicológico elabora as virtudes responsáveis pela disciplina, pela ordem, pela paz, pelo amor e outras qualidades. O ego é constituído pelos agentes que constroem os defeitos responsáveis pela indisciplina, pela desordem, pela violência e vice-versa.

No interior do universo psicológico está o palco de atuação do ego, constituído pela contradição dos agregados psicológicos, onde os eus se conflitam de instante a instante, lutando pela supremacia hegemônica.

Com os conceitos de inconsciente, de pré-consciente e de consciente, Freud lançou, em 1900, "A Primeira Teoria sobre a Estrutura do Aparelho Psíquico" e entre 1920 e 1923, ele remodela-a, introduzindo os conceitos de id, ego e superego, para fazer referência aos três sistemas constituintes da personalidade humana.

Posteriormente o Dr. Samael, restaurador da Psicologia Revolucionária, a partir de 1950, avançou nestes conceitos, estabelecendo que id, ego e superego se constituem em partes de uma mesma coisa, da mesma forma que a infradimensão, a mesodimensão e a supradimensão são partes constitutivas da dimensão e que os submúltiplos e os múltiplos do metro se constituem em partes integrantes do metro, etc.

O Dr. Samael denominou simplesmente de ego ao conjunto de eus, de agregados, de elementos psicológicos do id, do ego e do superego, tendo em vista que o próprio Freud dizia que o ego e o superego são oriundos do próprio id, o que demonstra que são partes de uma mesma coisa, muito embora guardem entre si o princípio da interdependência.

As características que Freud atribui ao inconsciente, na Primeira Teoria, são os mesmos atributos do id, atribuídos na Segunda Teoria. Assim, no inconsciente ou no id residem os agregados psicológicos engendradores de defeitos, impulsionados pelos prazeres, de onde surgem os desejos animalescos do ser humano. Movidos pelo desejo incontido de obtenção do prazer, os eus se acionam para tal; se conseguirem, trazem a satisfação pessoal, se não, vem a frustração. Tanto o ego quanto o superego são formas psíquicas que enfrascam a essência, material de construção da consciência, para daí construir a inconsciência.

Consciência: Instância psíquica onde se manifesta a essência, que é o material de construção da própria consciência. Na essência se encontra presente o conteúdo próprio responsável pelas virtudes, destacando-se pelo fenômeno da percepção dos mundos internos e externos. Nos sistemas inconscientes e pré-conscientes se manifesta o ego, responsável pela construção dos defeitos psicológicos, da indisciplina e da violência generalizada.

O aparelho psicológico para funcionar demanda energia como qualquer outro sistema da mecânica holística. Existe um quantum de energia para alimentação dos processos psicológicos. Os agregados psíquicos componentes do ego são constituídos e, funcionam de uma energia grosseira de freqüência vibratória inferior à da essência, que é altamente vibrante.

Através do trabalho com os TFRC podemos desintegrar os agentes psíquicos do id, do ego e do superego para promover a liberação do percentual de essência neles aprisionados, para a promoção do despertar da consciência e avançar no campo de construção do autoconhecimento.

Na psicanálise, por intermédio da psicoterapia, busca-se a origem dos sintomas ou do comportamento manifesto, isto é, daquilo que é verbalizado para integração dos conteúdos de inconsciência na consciência. Para tal fato, o psicanalista precisa vencer as resistências que o indivíduo possui, que impedem o acesso ao inconsciente.

Tanto a alo-análise, como a auto-análise, pode ser usada na interpretação dos sonhos e dos atos falhos, tais como esquecimento e outros detalhes do ego para acesso ao conteúdo do inconsciente, com o objetivo da cura, pelo psicanalista e, para obtenção do conhecimento de si mesmo usa-se a auto-observação de sim mesmo, para aplicação dos TFRC.

Através da auto-análise, da auto-avaliação, pela aplicação do TFRC na dissolução dos eus, podemos ampliar o raio de contribuição para compreensão dos fenômenos sociais da indisciplina, da violência e da delinqüência em geral e contribui para as práticas institucionais de construção de uma verdadeira Cultura da Paz e Não- Violência na Terra.


13. A FALÊNCIA DOS SISTEMAS SOCIAIS.

(Índice)
Numa sociedade antropocêntrica, doentia, que vivemos, em estado de decomposição dos valores, já não há muita saída do caos a que nos encontramos. Na instituição policial, salvo os muitos bons policiais, as muitas e honrosas exceções, há uma hipertrofia de policiais criminosos. Na instituição judiciária, há juizes corruptos e a justiça é demasiadamente injusta, as cadeias se constituem em escolas que formam e aperfeiçoam os criminosos, a política e os governos são tomados pela corrupção, as escolas se transformaram em depósitos de crianças e adolescentes, já não educam, não formam mais ninguém, as religiões possuem outros interesses que não os religiosos e as famílias já não impõem limites aos seus filhos. Há violência generalizada na família, na escola, no futebol, na ecologia e na sociedade.

O trabalho com os TFRC se constitui numa metodologia no plano pessoal que é de muita utilidade para resolver problemas que vivenciamos diariamente no nosso ginásio psicológico, nas nossas relações interpessoais com a família, com amigos, com o cônjuge, na escola, no trabalho e na sociedade.
A violência, em seus múltiplos aspectos, é registrada pelos nossos sentidos intrínsecos, em suas forma psicológica e física, que é trazida ao nível pessoal, na forma de pressões, de medos, de tensões, de angústias, insatisfações, frustrações, etc; o que quase sempre transportamos para o interpessoal, ou seja, para as relações com os outros seres humanos na forma de ironia, de sarcasmo, incomunicação, discriminação, pressão, domínio; e, por fim, no social, como injustiça, miséria, falta de oportunidades, opressão, etc. Constantemente nos deparamos com outras manifestações de violência mais conhecidas, como a violência física, racial, religiosa, praticadas por liberticidas, por fratricidas, etc.

O individualismo, causado pelos eus da legião da ambição, é o gerador de exclusões sociais, preconceitos e sofrimento, é uma praga disseminada na humanidade. Não estou "nem aí" é o que mais ouvimos por aí. Isto nos choca e nos decepciona, encurta a solidariedade, a fraternidade, a alteridade, a compaixão e as ações de doação, que são ações riscadas do nicho ecológico do homemóide antropocêntrico. Para por fim ao egoísmo que há dentro de cada uma de nós temos que erradicar, através do primeiro fator de revolução da consciência, os agregados psíquicos geradores da ambição descomedida.

O trabalho com a metodologia de reeducação pessoal, social e ambiental, com os Três Fatores Revolução da Consciência, começa com a aprendizagem de técnicas
simples e ferramentas aplicáveis, que servem para evitar que o stress, a agressão e a violência
caia sobre nós, enfermando-nos ou convertendo-nos em agentes transmissores
que vão descarregar essa violência em outros que geralmente são nossos
seres mais queridos de nossas relações.

Ao nos auto-observarmos, no plano pessoal, iremos reconhecer nossa violência interna e emendar recursos para erradicá-la e melhorar nossa relação com os demais e, finalmente, estarmos melhor com a gente mesmo; porque, com ego robustecido que temos, formamos um sistema antropocêntrico violento que destrói as relações humanas, a natureza viva e os seres vivos. Se quisermos um mundo melhor para nós e para nossos semelhantes, se verdadeiramente quisermos humanizar o mundo, devemos partir da perspectiva pessoal e transformar nossas atitudes antropocêntricas, nossa forma retrógrada de ver as coisas.

Acredito que para que possa haver uma transformação social devemos mudar o conceito de educação de nossas crianças e adolescentes, atacando os problemas nas raízes; todos nós somos responsáveis por essas mudanças. Precisamos divulgar intensivamente idéias de combate a violência, fazendo com que mais educadores possam se conscientizar da mudança de postura na sua ação de educar.


14. IMPUNIDADE, A LIBERDADE PARA DELINQÜIR.

(Índice)
Para bandido, para o pilantra e para o delinqüente juvenil, para o aluno indisciplinado, amante da desordem e do caos, nada é mais bizarro e inútil do que as campanhas e as marchas pela paz e pela não-violência pelas ruas e avenidas de das cidades brasileiras. Por isso é preciso aumentar as penalidades, torná-las, mais rígidas, mais eficazes e combater a impunidade.

Os amantes da cultura da violência, os bandidos irredentos, caçoam, zombam e soltam gargalhadas ao assistirem pela mídia os jovens, as mulheres e as crianças, pessoas vestidas de branco, com bandeirinhas e lencinhos brancos e fachas com dizeres emotivos, com frases de empolgação: sou da paz; construa a paz, saúde e paz, o resto..... a gente corre atrás, tudo pela paz, diga não á violência, a sociedade quer sossego, respeite o direito dos outros, a vida é paz, curta a paz, etc...

Os bandidos, os amantes da violência se comportam como os leões, os tigres e os terríveis predadores de uma cadeia ecológica, que ficassem olhando uma passeata de suas presas bem gordinhas e apetitosas, inertes; seria como ordenasse o leão para ir buscar sua comida em outro continente, que deixasse suas presas em paz, exercendo o sagrado direito de pastar com tranqüilidade em seu ecossistema natural.

Para acabar com a bandidagem precisamos de leis fortes, tipo "dente por dente, olho por olho". Disto os Estados Unidos sempre souberam e com rigor sempre agiram em defesa de suas famílias e da justiça como um todo. Onde reina a ordem, a disciplina, o limite, a democracia e a liberdade, a pena, à altura do crime praticado pelo delinqüente, se constitui na medida padrão de justiça, numa excelente resposta à demanda social pela paz.

Quando os bandidos desumanos, os pilantras animalescos construtores da cultura da violência, atacam os inocentes seres humanos construtores da paz, pela lei de ação-reação, o troco tem que vir pesado para cima deles, no rigor da lei, para que se afaste o sentimento de impunidade e impere justiça radical e permanente.

Com toda certeza, os homemóides, produtores de violência generalizada, possuem um imenso ódio da teia da vida e tudo que cheira holismo; daí que lutam contra tudo e contra todos, a serviço da desordem, da indisciplina, da violência e do caos; eles lutam contra pessoas, contra a sociedade, destroem a família, a pedagogia nas escolas e a beleza da terra;

Temos que tratar bandido como bandido, dar-lhes duro, responder-lhes a atura a toda ação criminosa, com penas rigorosas, ao sabor da lei. Esta é a regra do mundo, escancarada por uma democracia, quer queiramos ou não. Pois bandido não quer paz, nas dimensões exatas, da forma que queremos. Ele não entende a linguagem da cultura da paz, pois está tão deteriorado ecopsicosocialmente, cultural moral, ética e espiritualmente, que não possui mais emoções superiores, positivas; os sete centros de sua máquina orgânica e psíquica estão desequilibrados que já perdeu a sensibilidade e a capacidade de ver o lado bom da vida, pois que a sua própria vida está irremediavelmente perdida.

Para os bandidos construtores da cultura da violência familiar, escolar, estrutural, sistêmica, ambiental, social, etc., não existem frases, nem passeatas, campanhas, conselhos, comissões de direitos humanos, nem padres, pastores, professores, nem ordens religiosas, sistemas prisionais, sistemas sociais antropocêntricos, que possam reeducá-los ecopsicosocialmente, corrigirem, em nível aceitável, o imenso abismo que se formou entre tais criminosos e a sociedade.

Sabemos que as causas da violência estão inseridas no ego de cada criminoso e que a bandidagem, a criminalidade são suas conseqüências. Sabemos também que as elites políticas, econômicas e sociais possuem uma enorme culpa neste estado de coisas, pois ao praticarem a violência estrutural, contribuem decisivamente para a construção da pobreza, da miséria, que são as bases fundamentais da cultura da violência e para a formação deste estado criminoso paralelo que temos no Brasil.

A sociedade fundada nos moldes antropocêntricos que temos, em sua omissão secular, é própria causadora e vítima deste câncer social, que se desenvolveu em seu próprio corpo.

Mas o momento é de intensa mobilização social articulada em prol da construção da cultura de paz de fato, através do combate ferrenho à criminalidade que ai está e erradicação das causas da violência generalizada. Como dizem "não é hora de se salgar carne podre e nem de se escutar contos de fadas". O momento é de intensa guerra, guerra fratricida, entre irmãos brasileiros, guerra suja e fatal.

No Brasil, o crime organizado vem ditando os limites da liberdade no seio da sociedade. Indisciplinados e violentos vem frustrando os atos pedagógicos, nas escolas, controlando o exercício da aprendizagem através do ato indisciplinar e da violência generalizada, impondo medo aos professores e aos seus pares, entusiasmados com o sentimento de impunidade que o ECA lhes proporciona; eles já fizeram os professores de reféns e impõem suas ordens.

Agora, á a hora do embate final, ou nós ou eles! A guerra já começou! Milhares de brasileiros inocentes estão morrendo diariamente, numa carnificina abismal, numa sangueira dantesca, nos moldes da Divina Comédia. Para os delinqüentes, liberdade é poder matar, praticar violência à vontade, sem ser incomodado por ninguém, pois bandido não quer paz. Ele quer ver o drama, a tragédia humana, ter aventuras mil, muita grana nas suas algibeiras e vida fácil; passar por cima dos outros como um rolo compressor, violentar, massacrar, roubar, estuprar, seqüestrar, matar, esmagar e destruir. Contra eles, só um poder mais arrasador do que o deles. A hora é de irmos à guerra, toda a sociedade contra eles, onde quer que estejam, numa batalha fatal e sem misericórdia.


15. O QUE É A VIOLÊNCIA E A PAZ.

(Índice)
Para compreendermos o que é paz e o que é violência temos que recorrer à análise dialética da consciência objetiva, para buscar resposta na dualidade cósmica da mecânica holística do mundo dos contrários, onde vamos encontrar sempre o par dialético da relatividade einsteiana, operando as duas leis complementares: alto-baixo; gordo-magro; tristeza-alegria; dor-prazer; sofrimento-alegria; ódio-amor; violência-paz, etc. No universo relativo, no mundo tridimensional, não há nada que não apresente o seu oposto.

Nas escolas convencionais antropocêntricas recebemos orientação fragmentada acerca disto. Lá, eles filtram a verdade e apresentam-nos somente um lado do par de opostos, do par perfeito. Nos ensinam sobre a lei da evolução, mas esconde a sua complementar, a lei da involução, afastando o estudante do conhecimento da verdade, da realidade.

Neste tipo de escola, se exalta o otimismo exagerado e rechaça-se o pessimismo, sem o conhecimento de que dialeticamente, á luz da consciência, tanto pessimismo como otimismo são partes complementares entre si, que representam estados egóicos, portanto, ilusórios, porque a verdade está no realismo, que é a síntese dos fatores opostos: otimismo e pessimismo.

O ego não tem acesso ao mundo da verdade, conforme asseverou Einstein. Somente a essência, a consciência, é que pode nos conectar com a realidade, à verdade. A violência é o resultado da atuação dos agregados psicológicos do ego, é determinada pela reação destes elementos inumanos do ego. A violência é o efeito produzido por uma causa intrínseca à psique do ente humano, pelos agentes psicológicos inumanos, denominados por Freud de ego. A destruição, a desordem, a dor, a tristeza, a desolação e o sofrimento se constituem em efeitos e conseqüências da violência.

Dialeticamente podemos dizer que no nosso interior, os agregados psicológicos do ego geram os defeitos que engendram a violência generalizada, enquanto que a essência, gera as virtudes que produzem a paz.

Se pararmos para examinar as nossas vidas, fazendo uma reflexão retrospectiva, vamos constatar que os momentos felizes, que temos em nossas vidas, são aqueles produzidos pela paz advinda da atuação da essência da alma. Enquanto que os momentos de dor, de tristeza, de desolação, etc, são exatamente aqueles produzidos pela violência decorrente da atuação do ego.

Violência não se refere apenas àquelas dos crimes hediondos, absurdos, visíveis aos olhos físicos. Há também a violência sutil, perniciosa, escondida por detrás da ironia, do sarcasmo, da indiferença, dos olhares fulminantes, das palavras grosseiras, das ameaças amedrontadoras etc.

Há a violência evidente nas agressões físicas intencionais que machucam, como um chute deliberado de um determinado jogador no seu adversário, numa partida de futebol, assim como há a violência sutil nos gestos obscenos dos torcedores para com o juiz e jogadores e nos palavrões que xingam a todos; há a violência sutil no injusto do poder em favor da classe dominante, na injustiça social da má distribuição de renda, na indisciplina generalizada de alunos em sala de aula nas escolas, nos alunos que desrespeitam professores, etc; há violência evidente nas ações de torturas, nos ferimentos, nas agressões e nas mortes provocadas através dos agentes policiais.
Gandhi dizia que a pior forma de violência é a pobreza; e, no livro "Os Construtores da Paz", de Maria Tereza Maldonado, vamos encontrar os vários tipos de violência, classificados em: Estrutural, Sistêmica e Domestico. Segundo Minayo, a violência estrutural se caracteriza pela manutenção da situação de privilégio para as classes dominantes, grupos, povos e nações econômica e politicamente dominantes, garantidas pelas leis e instituições.

A violência é uma força perniciosa gerada pelos agregados psicológicos componentes do ego e se configura através do abuso do poder, da força, por meio de coação física, psicológica, opressão, ações ideológicas de reprodução de desigualdades sociais, etc.

O vocábulo violência vem da palavra violentia do latim e o violentador é aquele que utiliza esta força perniciosa para violentar, para alterar o regime de interdependência holística e a natureza harmoniosa dos seres vivos, dos seres brutos ou coisas inanimadas. Violento é todo ente desumano desequilibrado ecopsicossocialmente, um doente psicológico que utiliza a força perniciosa da violência para coagir pessoas, prender passarinhos e outros animais silvestres, para destruir o meio ambiente, para violar a ordem estabelecida, para arrombar, saquear, seqüestrar, aterrorizar, estuprar, adulterar, falsificar documentos e produtos, legislar contra os pobres para manutenção dos privilégios econômicos e político dos ricos, para praticar crimes contra a natureza, etc.

Por meio da violência estrutural, os violentadores de colarinho branco utilizam as prerrogativas, os meios institucionais, econômicos e políticos para garantir a sua posição, privilégios e manutenção da reprodução das desigualdades sociais, causando a fome, que é o pior tipo de violência, entre os seres humanos, sendo conseqüentemente os seus instituidores, os piores de todos os violentos.

Por meio da violência estrutural, o violentador estrutural engendra legislação própria e por intermédio delas mantém o seu status, propiciando as condições adequadas para o advento do fenômeno da má distribuição de rendas, que engendra fome e a pobreza.

A violência estrutural é responsável pelas más condições de vida, de saúde e de educação dos pobres e pela geração e multiplicação das outras formas de violência. É daí que vem a exploração dos trabalhadores e do abandono da população infanto-juvenil, das crianças que dormem e mendigam pelas ruas, que prostituem, que rouba, etc. Portanto, a violência estrutural é a causa de outros tipos de violência.

Em particular, a violência nas escolas vem sendo praticada por alunos violentadores que agridem as pessoas e o patrimônio escolar na forma de indisciplina, desordem, pichação, depredação, uso de drogas, desrespeitos aos seus pares, aos professores e às autoridades educativas em geral. Ali, a indisciplina e a desordem generalizada dos alunos se constituem numa das piores formas de violência, por quebrar as condições pedagógicas, dificultar as oportunidades de ensino-aprendizagem na classe, prejudicando aqueles alunos que querem aprender, ceifar a oportunidade de germinação, por meio do ato pedagógico, das sementes da cidadania, da ética, da civilidade, etc.

A cada ano letivo que se passa, devido à entropia, os alunos ficam piores, mais degenerados; eles vão se recheando de defeitos e de maldade, ficam ociosos, desinteressados, nocivos, provocadores, usuários de drogas, agressivos, construtores de impasse, de embates e confusões que se desfecham em pancadaria e violência generalizada.

Já houve época em que o olhar dos mais velhos, das autoridades, dos professores era significativo. Bastava um olhar dirigido à gente, que já sabíamos o que fazer. Com o passar do tempo acaba-se o reinado do olhar, mas ainda permanece o da palavra, da força do verbo, por algum tempo. A palavra era muito forte, possuía muito valor de autoridade e de credibilidade, colocava ordem e disciplina nos lares e nas escolas e quando convenientemente usada dispensava promissórias, recibos, certidões e outros documentos nas transações econômicas, evitando, assim, a burocracia (desconfiança). Desta forma, nasce o ditado: "para um bom entendedor basta meia palavra".

Entretanto, através dos tempos, a entropia psíquica e o robustecimento do ego acabaram com tudo isto e, hoje, nem o olhar e a palavra inteira bastam para o mal entendedor. As palavras e os olhares dos pais, dos professores e das autoridades em geral, não possuem mais significados para a multidão de crianças, adolescentes e jovens indisciplinados. Com os valores da consciência corroídos pela entropia psicológica, os filhos, em casa e os alunos, na escola, se perdem na violência, na indisciplina e na desordem, por já não possuírem mais limites, nem educação e seguem sem rumo, desorientados, etc.

A indisciplina, que é o próprio ego em ação, cresce assustadoramente no lar, nas escolas e nos esportes, para proporcionar a desordem e a ignorância. A indisciplina e a desobediência se constituem em graves tipos de violência, pois conduzem o ente desumano à desordem, à rebelião, ao desrespeito, ao desacato, promovendo o caos em sala de aula das escolas.

Está cientificamente comprovado que, no momento de articulação do ato de violência em nosso interior psíquico, quem atua é o ego e se manifesta a "burrice", a desinteligência. Pois há uma lei cósmica, a impenetrabilidade, que impede que dois corpos ocupem o mesmo lugar no espaço, ao mesmo tempo. Então, quando atuam, na nossa psique, os agregados do ego, para promoção do ato de indisciplina ou de violência, é porque, neste ínterim, não pode atuar a energia da essência, da inteligência e da consciência construtora da paz.

Assim, para um ser desumano, acostumado a delinqüir, não existe a paz; por causa da atuação do seu tipo de agregados psicológico do ego e pela lei da impenetrabilidade. A paz, para ele, consiste em possuir a liberdade de delinqüir, sem ser importunado pela policia ou pela legislação externa, uma vez que não possui a lei interna da consciência que venha obstacularizar a sua disposição para o crime, por se tratar de um agente da heteronomia, desprovido de autonomia psicológica.

A educação revolucionaria, de perfil holístico, para construção da cultura de paz e não-violência na Terra, consiste em disciplinar os adolescentes e os jovens, na família e na escola, exemplarmente, através da Psicologia Revolucionaria do Dr. Samael, para vivenciamento dos princípios holísticos, com um conjunto de prescrições ou normas que garantam a manutenção da boa ordem, para que os alunos possuam disciplina, obedeçam às autoridades e os preceitos das organizações e aprendam conviver pacificamente nas relações interpessoais.

Todos devem experimentar a paz interna, que há na ausência de atuação do ego, na ausência de conflitos internos, o que podemos sentir ao fazermos seqüencialmente as praticas de relaxamento, concentração e meditação, quando deixamos de pensar e agir, o que nos traz como conseqüência os estados de felicidade, de amor, de êxtase, de paz, etc.

Por outro lado, há a paz externa, caracterizada pela ausência de conflitos armados, por guerras, de qualquer tipo de violência, quando há cessação de hostilidades. A paz interior proporciona a tranqüilidade pessoal, individual, enquanto que a paz externa é responsável pela tranqüilidade coletiva, social.

Nos lares e nas escolas e na sociedade onde há paz, reina a disciplina, a ordem, o respeito mútuo entre os membros da família, entre alunos e professores entre as pessoas, entre os povos e entre as nações.

A verdadeira paz se consegue ao se reconciliar consigo mesmo, eliminar os defeitos psicológicos geradores da violência, construir as virtudes da alma e os valores holísticos e trabalhar intensivamente na tarefa de construção da cultura da paz social, se constituindo num servidor fiel da humanidade.

Nós vivemos dias terríveis, em situação de emergência, em que a violência generalizada se agiganta em todos os lugares, na família, escola, praças de esportes, aglomerações sociais, política, religiões, internet, judiciário, etc.
A pedagogia revolucionária, de perfil gnoseolístico, possui uma didática fundamental para combate às causas da violência, através de construção da paz, por meio de uma educação de transformação do estudante, elevando-o do senso comum a níveis de consciência mais elevados. Por meio da educação revolucionária aprendemos que a indisciplina, a desordem e a desobediência são tipos de violência, tão comum hoje nas escolas, fruto do próprio ego em ação.
O ego por não poder experimentar o real, a disciplina, a ordem, a obediência e o limite, promove o caos, com conseqüências nefastas para a humanidade. Para evitar a violência da indisciplina temos que descobrir, através da prática da auto-observação, os agentes de sua causa em atuação no universo psíquico do ente violentador e erradicá-los através da pratica dos três fatores de revolução da consciência.


16. RESILIÊNCIA, CAPACIDADE DE TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS.

(Índice)
Resiliência, fisicamente falando é a propriedade pela qual a energia armazenada num corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de uma deformação elástica. É, portanto uma resistência ao choque elástico. A educação revolucionária nos ensina ampliar a resiliência para vencer os obstáculos que apresentam. Psicologicamente falando ela é definida, por Edith Grotberg, como sendo a capacidade de minimização ou superação dos efeitos nocivos das adversidades ou das situações difíceis.

Assim, como eufemismo, que é uma figura de linguagem, que minimiza a intensidade dos efeitos das palavras, suavizando a intensidade de sua realidade descritiva, a resiliência se procede ante as situações obstacularizantes.

Pela Psicologia Revolucionária aprendemos que a melhor arma que possuímos para enfrentamento das adversidades, para lutar contra nossos inimigos, em circunstâncias delicadas, chama-se estado psicológico equilibrado.
O estado psicológico é de equilíbrio quando consegue correlacionar adequadamente eventos exteriores a estados internos, o que fortalece nossa capacidade de resiliência, nossa capacidade de transpor obstáculos e de enfretamento das dificuldades.

Através da Psicologia Revolucionária aprendemos técnicas de transformação das impressões advindas do meio exterior, para evitar o revide automaticamente com agressões, na forma de violência física ou psicológica, à humilhação, ao insulto, ao xingamento, à coação, às ameaças, etc.
A Psicologia Revolucionária nos ensina a crise engendrada pelas circunstâncias difíceis, como doenças graves na família, morte de entes queridos, corrupção, impunidade, desemprego, miséria, assaltos, seqüestros, guerras, desastres no trânsito, catástrofes, acidentes no trabalho, incêndios, terremotos, inundações, deslizamento, etc. Todas são situações traumáticas, delicadas que necessitam da nossa resiliência e devem passar pelo filtro da nossa compreensão, para transformação das impressões deixadas, para evitar as conseqüências nefastas, que certamente advirão na forma de psicopatias, se não as trabalharmos adequadamente.

As situações adversas, potencialmente traumáticas, demandam verdadeiros exercícios de resignação e se nos apresentam ótimas oportunidades de crescimento interior, de ampliação da capacidade de renúncia consciente, de abdicação, de sujeição adequada às contrariedades da vida, de coragem ante a adversidade, de paciência ante a turbulência e de cooperação e conformidade com o inevitável.

Através da vivência da Psicologia Revolucionária ampliamos a nossa capacidade de resiliência, nos capacita vencer obstáculos e momentos difíceis sem nos desestruturarmos psicologicamente. A vivência pratica da Psicologia Revolucionária nos capacita à reflexão objetiva para criar soluções alternativas para problemas que se apresentam, nos dá empolgação, determinação e força de vontade para enfretamento dos obstáculos que se apresentam.

Para colocar limites aos nossos filhos, aos nossos alunos, devemos dizer não, quando se quer dizer não mesmo, quando não se pode dizer sim; da mesma forma dizer sim, quando se quer dizer sim, quando se quer dizer não. Não devemos ser bons e nem maus, mas sim justos. E para agir com justiça, temos agir com imparcialidade, correlacionarmos adequadamente, em nosso universo interior, razões com emoções, coração e cérebro. Para tal precisamos de autonomia psicológica, para agir com consciência diante de seres humanos portadores de hetoronomia psicológica, que precisam ser dirigidos e orientados.

Ao dizer sim, por não saber dizer não, ao nosso filho de menor, que pede o carro emprestado, sem possuir habilitação, certamente, estaremos a caminho da complicação. Da mesma forma, se dissermos não ao pedido de ajuda dos desvalidos, dos realmente necessitados ou deixarmos de socorrer pessoas e animais aflitos, que demandam ajuda, por ausência de estado de prontidão para servir ao nosso próximo, por ausência de solidariedade, certamente estaremos a caminho da complicação.

Devemos exercitar constante e continuamente a resipiscência, isto é, o arrependimento de um pecado, de um erro cometido através da atuação do ego, com o propósito de correção. Resipiscência, vocábulo que vem do latim de resipiscentia, que significa e se compara como algo imbatível, como uma árvore flexível, como se diz significando sabedoria.

Ante aos obstáculos, há aqueles a quem se refere Maria Tereza Maldonado, comparando-os aos galhos de uma árvore, cujos galhos se dobram e desdobram, ante um vendaval, mas não se quebram. Por outro lado, entretanto, há aqueles que tremem como vara verde ante aos obstáculos e se sucumbem definitivamente.

A prendemos com R. Fhach, que em sua obra "Resiliência, a Arte de Ser Flexível", que a resiliência se constitui em forças psicológicas e biológicas exigidas nas situações obstáculos, ao longo de nossas vidas, no mundo das relações. Os pesquisadores dizem que a resiliência se constitui numa característica congênita. Daí se pode dizer que há indivíduos que geneticamente são mais resilientes que outros; pois elas enfrentam as situações obstáculos com mais facilidade. Por outro lado, há aqueles que parecem ter constantemente a síndrome do pânico ante as situações obstáculos da vida e fracassam indelevelmente.

A resiliência, na realidade, se constitui em algo que pode ser apreendida cognitivamente, por meios didáticos, ao longo da vida, com preponderância na infância e na adolescência. A Psicologia Profunda é a ciência que possuí a ferramenta adequada para tal fim, consubstanciados nos Três Fatores de Revolução da Consciência, que podem nos ajudar educar as crianças, sob a luz do paradigma holístico, com carinho, preparando-os adequadamente para o enfrentamento de situações difíceis.

 

17. OS CONSTRUTORES DA CULTURA DA PAZ.

(Índice)
Construtores da Cultura da Paz - São todos aqueles que trabalham de fato sobre si mesmo, com os Três Fatores de Revolução da Consciência, enquanto trabalha paralelamente na tarefa de eliminação da dor, da miséria e do sofrimento dos seres humanos, com atos concretos. O Movimento Vivavida Com Paz - MOVIPAZ- se constitui de pessoas que trabalham voluntária, gratuita e desinteressadamente, para erradicação dos fatores que causam o sofrimento humano, que levam a dor e a tristeza às pessoas na forma de violência familiar, escolar, ambiental, urbana e social.

Construtores da Cultura da Paz do Movipaz - São todas as pessoas que interessam pela harmonização e humanização da Terra, que colocam o ser humano como um valor central, interligado à Teia da Vida em perfeita conexão simultânea e interdependente, num regime de coexistência plena. Portanto, construir a paz significa reeducar o ser humano, numa perspectiva individual, social e ambiental, para uma nova visão de mundo, embasada no paradigma holístico, para que cada indivíduo, ao despojarmos dos resquícios antropocêntricos, vá concebendo toda a gente acima de todos os outros valores religiosos, monetários, ideológicos, filosóficos, doutrinários, etc. Assim, vamos caminhando na trajetória humanista, seguindo o principio humanista: "Nada por cima do ser humano e nenhum ser humano por cima de outro ser humano, de outro ser vivo ou da natureza, convivendo num regime de interdependência energética, material, ética e espiritual, numa perfeita simbiose fraternal de "um por todos e todos por um".

Para um ser humano construtor da paz o que importa é o despertar da consciência, ganhar autonomia psicologia, o que lhe permite inter-relacionar adequadamente com os demais elementos da Teia da Vida, com coerência entre o discurso e pratica de vida, o que os permite credibilidade e pragmatismo, um verdadeiro equilíbrio entre seus pensamentos, sentimentos e ações, com plena conexão entre o prega e o que fazem.

O construtor da paz possui a conduta reta na vida cotidiana, retidão no pensar, no sentir, no agir, respaldados na solidariedade, na alteridade, na empatia e na interdependência holística. Um construtor da cultura da paz é alguém revestido de resiliência, de alto nível de ser e de uma força interior muito grande, o que lhe permite suportar as provações e transpor os obstáculos que vida lhe impõem.

No nosso sistema solar de ORS, o planeta Terra, hora está iluminado de um lado, hora do outro; quando está recebendo luz de um lado, está escuro do outro; portanto, quando um lado recebe luz, o outro gera sombra. No nosso sistema psicológico também há esta ocorrência fenomenológica entre o ego (treva) e a essência (luz), pois também somos seres sistêmicos, de semelhança e interdependência holística e seguimos este exemplo, quando atua a consciência temos um lado luz produtor de virtudes, de valores, da paz, etc; e, quando atua o ego temos dentro de nós o lado sombra que gera defeitos, indisciplina, desordem, agressão e violência.

O lado escuro de nossa psique é o substrato ego que gera os nossos pensamentos e sentimentos e ações nefastas, como a ironia, a agressão, o ciúme, inveja, mentira, raiva e ódio, a violência, etc. Se não nos auto-observarmos atenta e continuamente, poderemos estar conectados com este lado escuro, robustecendo o ego e ativando as forças negativas que há em nosso interior, trazendo desequilíbrio ecobiopsicosocial, desequilíbrios energéticos, que nos trás todo tipo de doenças físicas, mentais, emocionais e espirituais; o que nos conduz ao desequilíbrio de nossos centros energéticos, desconectando-nos da Teia da Vida, afastando-nos de Deus, o que nos torna mau relacionado com o cosmo, com as outras pessoas e conosco mesmos, o que acaba atraindo para nossa vida acontecimentos negativos, como a tristeza, o desassossego, a infelicidade, o desemprego, problemas financeiros, o desamor, a frustração, etc.

Pela lei física da impenetrabilidade, sabemos que dois sistemas sejam eles energéticos ou materiais, não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, ao mesmo tempo. Assim também, no nosso espaço psicológico, não podem coabitar a essência produtora de virtudes e o ego gerador de defeitos, ao mesmo tempo. Assim, quanto mais exercitarmos a essência da consciência, mais virtudes produziremos, muito mais ativaremos o nosso lado iluminado; daí que menos condições de produzir defeitos, teremos e exporemos menos o nosso lado sombra.


Devemos fazer uma análise da nossa postura, no mundo das inter-relações, e detectar as influências negativas e os estados psicológicos absurdos, para engendrarmos estratégias de mudanças e de estancamento das interferências negativas do ego. Antes as situações adversas da vida, a chave que abre porta para o equilíbrio depende apenas de cada uma de nós e chama-se estado psicológico equilibrado. A receita para melhorar a nossa conduta e conseqüentemente a nossa vida requer trabalho intensivo com os TFRC, força e perseverança. Precisamos ficar atentos aos pensamentos, sentimentos e ações, para detectar os detalhes do ego e os eliminar pelo processo da desintegração em marcha dos eus.

Devemos estar vigilantes, atentos ao linguajar interno e externo, evitar as canções psicológicas, ao invés de ficarmos regulando a vida alheia, perdendo tempo falando dos outros, proferindo palavras negativas, palavrões, etc. Devemos usar sabiamente tempo para trabalharmos sobre nós mesmos, com os TFRC e melhorar nossa vida em todos os sentido. Devemos ser fraternais, exercer o milagre do perdão, o amor e a solidariedade ao próximo. Devemos utilizar sempre o estado de prontidão para servir ao próximo. Se sempre que puder colaborar com as outras pessoas, pensarmos e agirmos positivamente; enxergaremos o mundo com outros olhos, veremos tudo diferente, com mais clareza.


18. O QUE É, QUE DE FATO, FAZ A DIFERENÇA?

(Índice)
Todas pessoas querem progredir, ganhar muito dinheiro para ser feliz e ter paz. Muitos acham que a única forma efetiva de alcançar estes anseios de obtenção da felicidade é através da riqueza, ser rico, próspero é o caminho. Da mesma forma que há pessoas construtoras da paz, há aquela que constroem a violência, assim também e pessoas pobres e pessoas ricas, há países pobres e países ricos. O que diferencia a maneira de ser das pessoas violentas e as pacificas; as pobres e ricas e dos países pobres dos paises ricos?

Esta diferenciação estaria no tempo de existência dos paises o fator norteador da diferença entre eles? Índia e Egito, apesar de possuírem mais de 2000 anos, ambos são pobres. Canadá, Austrália e Nova Zelândia, por outro lado, com aproximadamente 150 anos de existência efetiva, são países desenvolvidos e ricos.

Estaria esta diferença, entre países pobres e ricos, nos recursos naturais de que dispõem? Sabemos que o Japão tem um território muito pequeno, sendo que 80% deste é montanhoso, muito ruim para a agricultura e para criação de gado, apesar de tudo isto, ele é a segunda potência econômica do mundo.Com o seu poderoso potencial de transformação e aperfeiçoamento cientifico tecnológico, ele recebe matéria-prima do o mundo inteiro e exporta os produtos transformados, aperfeiçoados, também para todo o mundo, de onde constrói e acumula suas riquezas.

Atente-se para o caso da Suíça, que não o mar, no entanto, possui uma das maiores frotas náuticas do mundo; ela também não tem cacau, mas, tem o melhor chocolate do mundo; ela aproveita o pouco espaço que possui para cria ovelhas e cultivar o solo durante apenas quatro meses por ano, uma vez que logo chega o inverno; desta forma, ela consegue fabricar os produtos lácteos de melhor qualidade de toda a Europa.

Assim, a Suíça e o Japão, apesar de desprovidos de recursos naturais, transformam e aperfeiçoam matérias e exportam serviços, com primor, eficácia e qualidades inigualáveis. Eles são país pequeno que passam para o mundo todo uma imagem real de disciplina, confiança, segurança, ordem, progresso e trabalho, aperfeiçoamento, etc.

Qual é o mistério que aciona estes paises na senda do sucesso, na caixa forte do mundo, no paradigma de desenvolvimento a ser referenciado pelo restante dos paises do mundo? Será que o mistério desta diferença está no QI, na inteligência das pessoas componentes dos diferentes paises? Será que a tal diferença está na intelectualidade, no potencial cognitivo ou em algo de natureza congênita, como raça, etnia, cor, filosofia, religião, etc? Qual é parâmetro oculto propulsor desta diferença?

Pois bem, o que faz a diferença é o nível de ser de cada pessoa que compõe a massa social destes paises. O nível ser moral, que faz a diferença, revela a moralidade, o modo de ser de um individuo, de um povo, de uma nação. O nível de ser moral, que faz a diferença, respalda as atitudes, os valores, os parâmetros éticos, holísticos, a conduta, a cultura de construção da disciplina, da ordem, do respeito, da higiene, da limpeza, do não desperdiço, da integridade, da responsabilidade, da solidariedade, do respeito aos códigos de leis, normas regulamentos, pela vivencia prática no mundo das inter- relações humanas, com alteridade, empatia, cooperação, respeito aos direitos do semelhante, dedicação ao trabalho e construção da equidade, com notória justiça social, econômica e política, respaldada em leis fortes, rígidas e desprovidas da impunidade, da violência estrutural e sistêmica.


Portanto para seguirmos no encalce destas pessoas e destes paises de sucesso, temos que elevar o nosso nível de ser moral. E para isto precisamos de uma educação revolucionária, de configuração gnoseolistica, embasada nos fatores de revolução da consciência, para nos equilibrar ecopsicosocilmente, a fim de que possamos construir uma cultura da ordem da disciplina, da cidadania holística e da paz.

Assim, gastar com educação e saúde par o ser humano, se constitui num mecanismo de equidade social, de retorno certo e imediato para um povo, para uma nação.

A razão de nossa pobreza material, moral, espiritual, etc., reside no nosso baixo nível de ser moral, na nossa preguiça mental e física, na nossa cultura do desperdiço, da violência, da indisciplina, da desordem, do desrespeito, da entropia, etc. Nós não somos pobres e miseráveis aleatoriamente, por obra do acaso, por culpa de Deus, ou porque a natureza tenha sido cruel conosco, etc, etc, etc. Somos pobres e miseráveis material, moral e eticamente, por causa do nosso baixo nível de ser, por nossas atitudes incoerentes que desvincula o discurso da prática, a intenção da realização, que nos desconectam dos valores de cidadania e de interdependência holística da Teia da Vida, premissas básicas de funcionamento das sociedades.

Não podemos acreditar em governos bons ou ruins que venha fazer a diferença, mas sim em povo de baixo ou alto nível ser, que mobilize articuladamente ou não prol da construção do progresso e bem - estar para todos. Se esperarmos que o governo solucione nossos
problemas, vamos ter que acostuma conviver com a lógica do absurdo, com a pobreza, com a miséria, com a cultura da violência na família, na escola, nas cidades, no meio ambiente e com o caos na Terra.

Ao passo que se empenharmos para erradicar as causas do fracasso, que estão intrinsecamente inseridas no nosso universo psicológico, nos eus componentes do ego, certamente mudaremos as causas de produção de nosso infortúnio e mudando estas causas, logicamente mudam-se os efeitos negativos de conseqüências nefastas sobre todos nós.

Assim é como podemos mudar a trajetória de nosso mecânico destino pessoal; e, com mais com determinação, certamente mudaremos nossos atos, as nossas atitudes; e isto poderá, nos levar a inserir o nosso país na senda do progresso e da melhor qualidade de vida para todos.


19. HÁ UMA NOVA ORDEM PEDAGÓGICA.

(Índice)
A escola historicamente possui a função epistemológica de transmitir o conhecimento, o que vem conseguindo com muita dificuldade devido ao fato da indisciplina, cujo ato indisciplinar possui a capacidade de obstacularizar o ato pedagógico, deixando os educadores com a síndrome da impotência pedagógica, de mãos atadas, sem condições de efetuar eficazmente a tarefa de ensinar.

Daí, eis que é necessário que surja uma nova ordem pedagógica, uma Pedagogia Profunda ou Profunda, de perfil holístico, que possua instrumentos eficazes de erradicação das causas que geram os fatores dificultadores do ato pedagógico, do exercício eficaz do processo de ensino-aprendizagem.

Há ainda estudantes sequiosos pelo saber, ávidos por aprender e torcem para haja ordem, disciplina e respeito entre todos na sala de aula. Estes são aqueles estudantes que possuem interesses pelos estudos, pela pesquisa, pela descoberta do novo, pela transposição do óbvio, pela superação dos obstáculos. Para estes alunos, funciona a proposta pedagógica da escola, o contrato pedagógico, a motivação e o empenho do professor em direção da construção do conhecimento.

Por outro lado, infelizmente há aqueles alunos, em número cada vez maior, que se negam aprender, por mais que os professores queiram lhes ensinar. Para estes pseudoestudantes, inimigos da aprendizagem e conhecimento, em geral, não há nada que o pedagógico possa fazer para motiva-los. Eles não se interessam por nada, detestam o ensino, não querem aprender e possuem raiva de quem queira lhes ensinar e reagem contra tudo e contra todos que possuem vinculo com o pedagógico, por intermédio da indisciplina, coisa que os teóricos da pedagogia antropocêntrica não ousam dizer, porque não conhecem, ignoram!

Estes teóricos da pedagogia antropocêntrica desconhecem o postulado holístico de Jesus Cristo: "Não atireis coisas sagradas aos cães e nem jogueis coisas sagradas aos porcos". Jesus, ao instruir aos seus apóstolos acerca da instrução que deveriam dar à humanidade, metaforicamente, chamou de coisas sagradas e pérolas o conteúdo holístico a ser ministrado. Da mesma forma, chamou de cães e porcos os incaustos fornicários que detestavam o ensinamento e tinham raiva de quem queria lhes ensinar.

Os educandos que possuem disciplina, infra-estrutura moral e ética, são responsáveis, receptíveis fundamentação, à motivação de todos os catalisadores pedagógicos, para colocarem em funcionamento o mecanismo do pensamento lógico. Neste contesto, o barulho, a algazarra, a bagunça, a desordem, a desobediência, a indisciplina, etc, não são catalisadores do ato pedagógico e sim fatores que dificultam a aprendizagem.

A disciplina interna de cada professor, a ordem na sala de aula, a tenacidade, força de vontade, o interesse em aprender, inquietude pelo saber, etc, se constituem nos vetores positivos da aprendizagem, nas qualidades fundamentais para o sucesso da aprendizagem. Mas, para tudo isto, é preciso traçar estratégias para erradicação das causas intrínsecas da violência e da indisciplina, o que se constitui na condição fundamental de garantia do ato pedagógico.

Nos professores temos o dever profissional de assumir os educandos concretos, como eles são contextualmente, concretos, dentro de suas realidades cotidianas, como elementos essências na construção dos parâmetros relacionais que envolvem os educadores e educandos. Entretanto, não podemos nos render à demanda pela indisciplina por parte dos alunos rebeldes sem causas, amantes do caos.

O contrato pedagógico é algo que exige fidelidade e compromisso entre todos os envolvidos, entre alunos, pais, professores, coordenadores e administradores em geral. È algo que exige clareza de ambas as partes, que explicitem e assegure o pleno exercício do ensino aprendizagem, do começo ao fim, assegurando a ordem, a disciplina e sobre tudo o esclarecimento de que a indisciplina, se não compartilhada, inviabiliza o comprimento do estabelecido acerca da aprendizagem.

Por ordem e disciplina na classe, entende-se, o diálogo, discussões, debates, etc, dentro dos parâmetros que estabelece a Regra Fundamental da Comunicação e não como sendo o local onde somente o professor fala e o aluno cala, em que o professor se evidencia e aluno se ofusca, tornado-se parte de uma platéia silenciosa, que assiste silenciosamente o monologo do professor.

 

20. O PODER DO CASTIGO.

(Índice)
Michel Foucault realizou uma discussão revolucionária sobre o poder, colocando-o como disciplina, ao dizer que o poder faz não é reprimir, pois que o próprio ato de reprimir também libera.
O poder é força que é posta em ação para regular relação social. O poder é a exercitação de forças nos meandros das relações. O poder é mutável, pode originar-se e movimentar-se, segundo a verticalidade, nos dois sentidos, para baixo, para cima e vice-versa, no mundo das relações do cotidiano ser humano.

Em seu livro "Vigiar e Punir" Foucault faz uma analise das modalidades de controle da infração e do infrator no sistema penal e sua mudança da época clássica para a modernidade.

Na época clássica a penalidade visava o corpo; na modernidade não se castiga mais direta e publicamente o corpo, mas sim o estado de liberdade. Por intermédio de sansões retira-se a liberdade de alguém como punição e restitui-na como recompensa. Dessa forma, também nas escolas retiraram a palmatória e os demais tipos de castigos inerentes ao corpo do aluno e substituíram-nos por um conjunto de práticas normalizadoras (Regimentos, Eca, etc) que restringem a livre movimentação e a comunicação do estudante com os demais do grupo.

Em ambos os modelos há os castigos que atingem o corpo, o físico, direta e indiretamente. Entretanto, no modelo moderno atingem-se também o universo psicológico, a alma do aluno, com o objetivo de reeducá-lo, discipliná-lo para a obediência às normas e para livrá-lo das tendências de cometimento dos atos infracionais.

As escolas convencionais antropocêntricas usam o sistema de penalidades para conter e reeducar os indisciplinados, de maneira tal que o aluno fique privado do domínio de seu próprio corpo, de seu fazer e de seu lazer, de seu tempo, de seu espaço, etc. Usando para isto seu poder disciplinador, na forma de vigilância, por intermédio do olhar hierárquico do superior e a sansão normalizadora através das leis. Na pratica avaliativa, nos exames usa-se a vigilância e sansão conjuntamente.

Desta forma, na escola convencional antropocêntrica, tenta-se combater a indisciplina no efeito e não na causa desta. Assim, não há transformação do educando. Portanto, não há educação profunda dirigida a consciência, que transforme radicalmente o estudante, levando-o á coerência entre o que conhece e o que pratica. Ali há tão somente educação superficial, dirigida à periferia do estudante, ao seu ego, o que redunda na total desconexão entre o que se aprende e o que se pratica, na incoerência entre aquilo que se prega e aquilo que se pratica.

A escola convencional antropocêntrica, através dos inúmeros recursos sutis possui para disciplinarização e adestramento do ego do estudante produz nestes comportamentos reducionistas, dor, temor, desajustes, etc. Pois o castigo pela dor e pelo temor é superficial, não costuma melhorar aqueles que já são ruins. Pois o castigo pela dor não produz compreensão na maioria e sim submissão.

Por intermédio de vigilância penalizam-se: transgressões de tempo, traduzidas por atrasos nas tarefas escolares, ausências às atividades, desatenção, negligencia, falta de zelo, etc; as transgressões de modos, categorizadas por desobediência, grosseria, etc; as transgressões de comunicação, caracterizadas por algazarra, tagarelice, etc; as transgressões de corpo, na forma de gestos, sujeiras, atitudes; as transgressões da sexualidade, traduzidas por violência sexual, pornografia, palavrões de baixo calão.

A penalização e o modo pelo qual se exercita o poder não só são inerentes às atividades criminosas, mas também a todo o contexto do cotidiano escolar, com normatização, punição às condutas que ameacem a disciplina e a boa ordem.

As escolas e os sistemas convencionais antropocêntricos, com seus modos de combate à indisciplina e à violência nos seus efeitos, se tornaram ineptos, ineficientes. Pois a indisciplina e a violência crescem espontaneamente, dia após dias, levando a humanidade ao caos.

As escolas, a família e os sistemas convencionais precisam combater a indisciplina e a violência não só no efeito, mas também, principalmente, na causa. Para isto há necessidade de uma pedagogia profunda, de perfil gnóstico holístico. É preciso de uma revolução cultural, uma revolução de paradigma, sair do antropocentrismo centrifugo para mergulhar definitivamente no holismo centrípeto.

O poder disciplinar, o poder de controle da indisciplina, só é legitimo, na medida em que respeite o livre arbítrio de todos e o direito daqueles que geram a indisciplina e a ordem e o bem-estar de todos universalmente.

Há uma relação intrínseca entre poder e disciplina. O poder constituído de ordem e disciplina é a força que se antepõem a e à violência para coibi-las. Há poderes éticos, imanentes da consciência e poder antiético, imanentes dos valores inumanos do ego, que são usados para o mal.

Nas escolas antropocêntricas, os professores, os diretores, os coordenadores e as autoridades em geral, são co-autores e vitimas da violência da mesma forma que os alunos, na medida em que são receptores da violência estrutura e portadores do ego causador da indisciplina e da violência.

Áurea Maria Guimarães - inspirada em Maffesoli, que leciona sociologia na Sobornne, Paris e que escreveu várias obras, entre as quais a "Violência Totalitária", "A Dinâmica da Violência", etc - nos traz noções acerca da violência, da ordem, da lógica, do dever ser versus querer viver, que muito nos ajuda na compreensão da ambigüidade dos conflitos nas escolas e na vida social, considerando a multiplicidade de situações.

As regras e as normas, quando emanadas da ética, não busca a uniformidade de comportamento das pessoas, mas o bem-estar de todos, a ordem, a disciplina e a paz.

Nas instituições escolares antropocêntricas prevalece a lógica de uso das regras, normas e leis, a serviço da violência estrutural, visando a uniformização de comportamento dos alunos, para construção do bem-estar de alguns, conforme apregoa os princípios coercitivos dos poderes constituídos para reprodução das desigualdades sócias, contribuindo decisivamente para a ampliação da indisciplina e da violência social.

Quando os poderes institucionais neutralizam forças emergentes, contidas nas diferenças, rechaçando-as, levando-as à submissão cometem violência estrutural e sistêmica, numa ação agressiva, que demanda uma reação revide, que traz, como conseqüências, violência generalizada na forma de depredação, pichação, arrombamento, violência banalizada e outros tipos de resistência passiva, para subversão do poder constituído, silenciosamente.

Assim, a indisciplina, emergente da energia do ego, surge e se amplia sob todas as formas de violência, como meio de incorporação das capacidades de resistência dos grupos menores, na forma de aparente submissão ou de violência descomedida, configurada na depredação, pichação da escola, zombaria na classe, ironias, algazarras, bagunça generalizada, agressões, fúrias, pancadaria, etc.

A escola se constitui num espaço social onde aparelho ideológico de estado se faz presente. Ela é percorrida por pela dinâmica da ambígua das relações que visam o comprimento das regras, leis e normas emanadas dos órgãos centrais, de um lado; e, do outro lado, o grupo interno composto pelos professores, pelos alunos e pais de alunos, que trocam idéias, que estabelecem fragmentações, que comungam sentimentos e aspirações, numa fusão conflituosa.

A escola reproduz a ideologia do sistema dominante através da violência sistêmica e estrutural e reproduz experiências de opressão, violência, etc, como mecanismos de produção social e cultural, reforçando a cultura da violência entre os povos.

A escola convencional antropocêntrica com quanto não possui uma pedagogia de transformação radical do estudante, para conduzi-lo dos parâmetros antropocêntricos ao paradigma holístico de conhecimento, por intermédio de uma didática que possua elementos para erradicação das causas da violência e da indisciplina, com amparo de regras e normas fortes contenção dos absurdos e que, paralelamente apresente alternativa de negociação dos conflitos internos.

A verdadeira ordem disciplinar não é aquela que objetiva planificar as relações para que as pessoas sejam iguais, homogêneas, mas aquela que garanta a ordem através de mecanismos disciplinares e pedagógicos para garantia direito das pessoas serem diferentes. Tendo em vista que a maior beleza do ser humano se constitui na sua singularidade, que é parecer consigo mesmo.

Os sistemas disciplinares, que visam a homogeneização do comportamento humano, constituem em mecanismos dantescos de violência contra o direito sagrado da singularidade, atributo importante da singularidade. Pois a disciplina imposta sem compreensão e sem consenso dos grupos acaba sofrendo reação na forma de indisciplina e violência banal generalizadas de modo insuportável.

Assim, a escola convencional antropocêntrica vem se configurando num local de ambigüidade, onde o professor desempenha o papel institucional, reproduzindo a violência estrutural e a violência sistêmica, exatamente no local que precisa lutar contra a desordem, a indisciplina e a violência generalizada. Ele anuncia a cultura da paz, enquanto pratica a cultura da violência, numa total incoerência entre o que apregoa e o que pratica.

Os sistemas disciplinares antropocêntricos impõem disciplina e a ordem, sem a devida informação e acaba, por reação, recebendo revide na forma de indisciplina incontrolável e violência generalizada. As escolas deveriam investir na sua função normalizadora, na medida em que fornecessem uma pedagogia transformadora das causas da indisciplina e da violência generalizada.

Regras e normas e leis não erradicam indisciplina, conflito e violência, pois atuam no efeito destas, de modo corretivo, muito embora exerça também uma ação proibitiva de característica preventiva. Elas são mais eficazes quando combinadas com uma educação transformativa de ação preventiva da indisciplina e da violência.

Assim, quanto maior for a repressão através das leis e das autoridades, maior será a reação dos grupos indisciplinados para tentar garantir as forças de sustento da vitalidade do seu grupo.

A indisciplina incontida na sala de aula é o vetor de expressão do ódio, da raiva, da preguiça, da incessante falação, do desinteresse do estudante, etc. Por outro prisma, ela surge como revide, numa tentativa de frear as intenções de controle homogeneizador, impostos pela instituição escolar.

Nem uma liberação geral das leis e nem um controle absoluto através delas terá eficácia garantida acerca da dinâmica de movimentação dos estudantes no interior das escolas. Para tal necessita-se da parceria entre leis firmes, que coíbam os resquícios antropocêntricos dos estudantes e educação transformadora, de natureza preventiva, que garanta uma formação holística dos estudantes, revestida de cidadania ecológica plena.

A verdadeira paz se traduz pela ausência de conflitos internos nas pessoas que mantém a serenidade, mesmos diante dos eventos caóticos gerados pela indisciplina e violência generalizada. Ela é construída intencionalmente. Ela não advém do nada casualmente, como ingenuamente muitos pensam.

Os conceitos acerca de indisciplina não são consensuais; pois a maioria dos estudiosos do assunto ignora as reais causas desta, as suas raízes, por total desconhecimento da atuação do ego, com o seu complexo mecanismo de ação e reação, nos termos dos postulados freudiano, nos moldes da Psicologia Profunda.

O que entendemos por indisciplina por indisciplina, quais são suas reais causas e seus efeitos e conseqüências? A resposta pode ser dada de dois ângulos: de um lado, sob o ponto de vista da psicologia superficial, a Psicologia Convencional e do outro lado, sob o ângulo da psicologia profunda, a Psicologia Revolucionária, Psicologia Profunda ou Holística.

Na psicologia convencional, a indisciplina e violência são tidas como algo normal, inerente ao ser humano. Na psicologia profunda, são consideradas coisas normais aos seres desumanos.

Nas escolas é comum é comum a indisciplina de alunos sem limites, traduzidas na forma de comportamento inadequado, falta de educação e de respeito às autoridades. Estes alunos possuem a incapacidade de ajustamento às normas de comportamento e ao equilíbrio holístico, devido a hipertrofiação de estados psicológicos inadequados.

A ordem emanada da disciplina não se caracteriza por uma obediência cega a um conjunto de prescrições, mas, por uma condição necessária ao exercício pleno, mas por uma condição necessária ao exercício pleno do ensino aprendizagem, baseada na lei fundamental da comunicação.

A disciplina não é um pré-requisito à aprendizagem em si, mas sim ao estabelecimento de um clima pedagógico, onde a aprendizagem acontece, com pleno aproveitamento do conteúdo oferecido, pois disciplina, representa ordenamento, concentração, etc. Enquanto que a indisciplina é o vetor de dispersão, da distração e todo tipo de entrave ao ato pedagógico.

Nesta perspectiva, as manifestações de inquietudes, o questionamento, a critica, a desobediência, não poderá ser considerado como indisciplina, desde que adequadamente veiculada em consonância com a regra fundamental da comunicação.

No interior da sala de aula devemos lembrar sempre que democracia sem ordem é anarquia e ordem sem democracia é autoritarismos, como nos ensinou o Dr. Samael.

Os adeptos da disciplina, do caos, da desordem, etc, possuem a tendência de confundir disciplina e ordem com tirania. Para estes qualquer tentativa de elaboração de regras, de parâmetros, de normas, é vista como pratica autoritária, deformadora, restritiva, que ameaça a democracia, cerceia a liberdade, a naturalidade e a espontaneidade dos estudantes.

Para estes nefastos desafiar os padrões vigentes se constitui numa virtude, pois que representa a "coragem de ousar", de desafiar os paradigmas vigentes. Por isso estas pessoas, destituídas de valores morais e de parâmetros éticos acham que a virtude reside em subverter as regras, normas e leis existentes, que as leis devem ser abolidas ou ignoradas e as condutas indisciplinadas, subversivas, terroristas, etc, devem ser entendidas como virtuosas.

A indisciplina se configura numa das piores formas de violência, por se constituir num meio usado pelos amantes do caos para frustrar o ato pedagógico, cercear o ato do ensino-aprendizagem, responsável pela ignorância e estimular as praticas nefastas.

Quem quiser ordem e disciplina primeiro tem que conseguí-lo dentro de si próprio, por intermédio da auto - análise ou auto-observação.


21. COMO TRABALHAR A INDISCIPLINA E AVIOLÊNCIA ESCOLAR.

(Índice)
Os alunos que recebem a socialização primária no lar possuem uma sólida infra-estrutura moral para o trabalho pedagógico, na escola; sejam eles advindos de lares ricos ou pobres. Dai que estes alunos sofrem com a indisciplina produzida por aqueles outros que não possuem socialização primária, não possuem o mínimo de infra-estrutura moral devido omissão da família nesta tarefa de suma importância para a constituição da identidade do educando.

Seria preciso uma reeducação do professor, embasada na Pedagogia Profunda, para que pudessem adquirir as ferramentas conceituais básicas, necessárias para o trato da indisciplina e da violência.

Numa sala de aula há semelhanças e diferença entre os componentes do grupo, regularidade e exceção. Na relação professor-aluno, na escola, pressupõe uma socialização primaria, trazida do lar por parte dos alunos. Pois o professor possui uma proposta de trabalho calcada inteiramente no universo da socialização secundária da escola convencional antropocêntrica. Para eficácia desta relação há necessidade urgente de parâmetros normativos de observância das regras, para manutenção da ordem e da disciplina.

O problema todo é que as leis, regras e normas, feitas, em princípios para os indisciplinados, possuem alcance somente entre os disciplinados, não exatamente entre aqueles que descumprem as leis, regras e normas, para construção dos atos indisciplinares e infracionais. Daí que a indisciplina, que frustra o ato pedagógico, se torna num pesadelo para a pedagogia, ao inviabilizar o exercício do ensino-aprendizagem.

Através de leis, regras e normas, em geral, melhoram-se os que já são virtualmente bons e pioram-se os potencialmente maus. Daí que indisciplina se configura como ponto de partida da trajetória da criminalidade.

Os grandes delinqüentes, criminosos, presidiários, etc, são pessoas que se iniciaram e gradativamente foram adentrando a trajetória do mal e se solidificaram na indisciplina, na inobservância à lei e das normas e regras, para construírem a cultura do caos.

A indisciplina é a ferramenta básica de construção da bagunça, da desordem, do caos. O indisciplinado não se interessa pelo respeito, pela obediência, pela ordem, pois seus agregados psíquicos se nutrem com a energia do desarranjo, da entropia, de vibrações energeticamente baixa, devido ao enfrascamento da sua consciência.

As escolas convencionais antropocêntricas possuem a ilusão de que as ciências, as línguas, as matemáticas e as artes, são transformativas, moralizadoras, que regulam as ações humanas, para a ordenação do que nos cerca. O que se constitui num absurdo, pois a realidade contextual do cotidiano vem nos mostrando uma legião de criminosos diplomados, que passaram pela trajetória escolar, percorrendo-a nos seus diversos graus, desde primário ao doutorado, para constituírem-se em cientistas inescrupulosos, que trabalham a favor do projeto da morte, juízes, políticos, médicos, advogados, bacharéis e outras pessoas que são mestres nas letras, doutores das leis e das ciências antropocêntricas, mas que, no entanto, se caracterizam como expoentes da corrupção, são imorais, delinqüentes, cometem violência generalizada contra a humanidade e contra a vida no Planeta.

As ciências, as letras, as artes, etc, desatreladas da consciência e de uma formação de perfil holístico, embasadas na Psicologia Profunda, não contribuem em nada para ordenação do mundo que nos cerca, para reversão da cultura da violência generalizada e, sim, contribui é para a aceleração da velocidade de sua destruição.

Daí que se queremos formar cidadãos éticos, ecológicos, precisa efetuar uma revolução cultural e dar-lhes uma formação holística, conforme tenho colocado nos meus livros de Ecologia Profunda.

Para o exercício eficaz da tarefa ensino-aprendizagem não há necessidade dos alunos ficarem passivos, quietos, estáticos, como uma múmia, o tempo todo. Pelo contrário, o ensino-aprendizagem, fundamentado no conhecimento cientifico requer indagação inquietação, mas conduzidos consoante a Regra Fundamental de Comunicação, na ordem, na disciplina. Para isso há necessidade de códigos de leis, regras e normas firmes, rígidas que garanta condições de normalidade pedagógica na sala de aula.


22. SALA DE AULA, PALCO DA INDISCIPLINA.

(Índice)
Nas famílias, nas escolas e na sociedade, há desordem nas relações entre pais e filhos, professores e alunos, subordinados e autoridades em geral. Em todos os lugares onde reina a indisciplina, se fortalecem as bases da violência generalizadas.

Devido à indisciplina e à violência generalizada, a escola vai aos poucos deixando de ser o templo do saber, de desenvolvimento das potencialidades humanas e vai se configurando num local de batalhas, turbulências, bagunça, desordem, tumulto, confrontos, etc.

Entre nós professores da ativa, já há unanimidade quanto ao fato de que a indisciplina escolar se constitui num verdadeiro obstáculo ao ato pedagógico, onde o indisciplinado não possui interesse pelos estudos, detesta ao professor que quer lhe ensinar e faz de tudo para frustra o ato pedagógico, para que seus colegas também não aprendam nada.

A indisciplina, causada no ente humano, pelos agregados psicológicos inumanos, cresce nos lares, perpassa os meandros escolares, as instituições publicas e privadas e para se configurar numa turbulência social.

Qual o verdadeiro significado da indisciplina escolar? Qual o projeto que a escola faz, com recursos e estratégias específicos, para enfrentamento da indisciplina e da violência generalizada, crescentes em seu interior?

Todos os programas de combate à indisciplina e à violência, existente até hoje, se tornaram ineficazes, por que se configuram em bases antropocêntricas, por tratá-las no efeito e não na causa.

Um projeto eficaz de combate à indisciplina e à violência escolar, ao meu ver, passa pela conscientização da comunidade escolar acerca destas. Onde, uma vez se constatadas as suas existências, devem ser analisadas com profundidade, para planejar adequadamente o combate às suas causas, por intermédio de uma Educação Holística ou Profunda do estudante.

A indisciplina e a violência nas escolas devem ser tratadas interdisciplinarmente, através de um olhar sócio holístico e com coerência psíquica e infra-estrutural, contidos na visão da Psicologia Profunda, levando-se em consideração a força de resistência contida nos atos indisciplinares, a desordem e a frustração que casam no ato pedagógico.

Nenhum programa de combate à indisciplina será eficaz se não objetivar a ruptura dos nossos laços com a cultura antropocêntrica, para religá-los à construção de uma cultura holística.

As escolas convencionais antropocêntricas estão tratando, há séculos, a questão da indisciplina e da violência escolar, através do controle do corpo e da fala do aluno, esquadrinhando o espaço e o tempo do alunado, disciplinando-o somente através dos castigos, ameaçando-o e impondo-lhe medo, submissão, coação, etc. Porque a organização da escola antropocêntrica, com o professor sendo superior aos alunos e subordinado ao diretor, sempre se espelhou na vida de caserna dos quartéis, onde existem as dimensões hierárquicas.

Hoje, já não há mais, na prática, aquele aluno de outrora, submisso, cheio de medo e de vergonha. Com a desmilitarização das relações sociais, com a democratização da maioria dos pais, formou-se um novo perfil de alunos, novos sujeitos históricos. Então, não há como tratar mais a questão da violência e da indisciplina somente no efeito, como se fez no passado a escola antropocêntrica, retrógrada, conservadora, reacionária.

A escola convencional do passado violentou a sociedade ao excluir de seus quadros as camadas populares, por meio de sua configuração antropocêntrica elitista e conservadora, que continua excludente até hoje, por outros meios de exclusão, mais sofisticados como o do fracasso contínuo, atrelado à pobreza e à miséria crônica dos estudantes, que se encarregam de brecarem o veiculo da aprendizagem daqueles aprendentes que se aventuram na trajetória da aprendizagem.

O estado violento a sociedade, ao deteriorar a qualidade do ensino, com a falsa alegação da democratização da escola, alegando-se que a qualidade do ensino caiu em razão da expansão da oferta às camadas sociais carentes. Na realidade, não havia, por parte do estado, prioridade acerca da educação para os pobres. Pois está comprovado, cientificamente, que o investimento na educação se constitui num capital social de retorno certo e imediato.

Desta forma, as escolas contribuem enormemente para a indisciplina dos alunos, por estar calcada no antropocentrismo histórico, num perfil arcaico, que é incapaz de oferecer uma educação de transformação social profunda, em direção à cultura da paz, capaz da conter as ondas de indisciplina e violência geradas em seu interior.

Precisamos ter uma educação holística para produção de novos significados e novas funções para as instituições escolares, introduzindo parâmetros éticos que tragam aos alunos e professores responsabilidade, solidariedade, paz, reconhecimento e reforço da alteridade, para criação e manutenção da ordem, da disciplina e do respeito generalizado.

A escola convencional antropocêntrica está dissociada da família e não consegue exercer o seu papel de instância socializadora, responsável pela socialização secundária. Na realidade, a escola vem tentando efetuar a socialização primária em lugar da família deteriorada. Deste ponto de vista, uma escola transformadora não pode ser pensada isoladamente da família, por ser uma instituição que complementa a educação dada na família.

Ao bem da verdade, a escola convencional antropocêntrica não possui responsabilidade acerca da educação integral, holística, do ente humano. O que ela veicula é tão somente instrução superficial, que gravita em torno do substrato do ego; e que não possui força para a transformação radical do ente humano, nem do indivíduo, nem da família e muito menos da sociedade.

Por outro lado, a escola convencional antropocêntrica vem cumprindo outras funções que perpassam o âmbito pedagógico, desviando as suas funções, para se constituir num deposito de gente. Ela já não é mais o templo do saber, não representa mais um espaço genuinamente intelectual.

Como a indisciplina e a violência escolar representam um entrave à formação intelectual, científica e cultural, há necessidade premente da família e da escola atuarem juntas como instituições disciplinadoras, no momento, para num futuro próximo, com firmeza e determinação, implantarem a ordem, a disciplina e as condições necessárias de respeitabilidade, para que haja a verdadeira prática de ensino-aprendizagem na comunidade escolar.

Se a escola não está conseguindo realizar a sua nobre tarefa de preparar o aprendiz para a cidadania holística, introduzindo-o ao universo do conhecimento de perfil holístico, propiciando-lhe elevação do nível de ser, de seu nível de moralidade, intelectual, cultural e ético, então ela não serve para construção de uma cultura de paz e não-violência na Terra, pois não presta à sociedade, não a transforma, para elevá-la a um grau maior de seidade.

A indisciplina e outras formas de violência, obstacularizam a tarefa pedagógica da escola, dificulta o exercício do ensino-aprendizagem, conduzindo ao desperdício uma força de trabalho qualificado dos educadores, anulando a capacidade o talento específico de cada agente de ensino.

A violência e indisciplina na sala de aula vem conduzindo os professores ao desvio de suas funções, na medida em que obrigam-nos a deixarem as suas tarefas didático-pedagógicas, para cuidar da indisciplina e do caos que reina ali.

Por causa da violência e indisciplina na classe, os professores terminam por quebrar o contrato pedagógico, o que traz como conseqüência, descomprometimento ético, ao perceberem que não há como cumprir convenientemente com a proposta pedagógica da escola diante destas forças perniciosas, nascidas no substrato do ego dos alunos; forças que bloqueiam o ato pedagógico através dos atos indisciplinar e infracional, que na maioria das vezes ficam impunes.

A escola convencional antropocêntrica está em crise pelo fato de não possuir uma pedagogia holística para substituir o cacarejado paradigma antropocêntrico e para extirpar a indisciplina e a violência existentes, tanto relações interpessoais quanto nas pedagógicas, o que nos deixa bastante estarrecidos ao contemplar a perda da visibilidade sobre os objetivos sociais da educação integral como um todo.

A escola que tradicionalmente foi o palco de confluências dos movimentos históricos - do ponto de vista sócio-históricos, no confronto do autoritarismo versus forças de resistência - hoje se encontra profundamente abatida pela violência e indisciplina dos alunos, inviabilizando-a, assim como estrutura básica do trabalho pedagógico.

No campo sócio-estrutural as forças de resistência, antepostas ao autoritarismo, não podem ser consideradas como indisciplina, quando efetuadas por ações da consciência, na luta contra as injustiças. Aí não se tem indisciplina e sim disciplina na luta contra uma força antagônica.
Entretanto, do ponto de vista da Psicologia Profunda, a indisciplina é uma força perniciosa, que surge em conseqüência de uma causa intrínseca ao ser humano, alojada em seu interior psíquico, no ego para perturbar as relações interpessoais na família, na escola, na sociedade, etc.

Os problemas escolares, familiares e sociais, a escola, a sala de aula, onde acontecem as relações interpessoais, não se constituem em causa da violência e da indisciplina, mas em cenário onde ela se desenvolve.

A indisciplina escolar que afeta a relação professor-aluno, é fruto de uma força perniciosa nascida na atuação dos elementos psicológicos inumanos componentes do ego. A indisciplina e a violência escolar se constituem em forças antipedagógicas, ao se inserir no eixo pedagógico da instituição escolar, na relação professor-aluno, que dá sentido à instituição escolar, por se tratar do eixo concreto das praticas educativas.

A indisciplina e a violência escolar que colocaram a instituição escolar, a família e a sociedade num caos, não podem ser erradicadas pela ação pedagógica antropocêntrica existente nas escolas convencionais de hoje.

A escola, que é o local do embate, o cenário da indisciplina e da violência, deverá ser também, por outro lado, o palco para saída destes males, se constituindo no local de resistência à deterioração do ser humano, de combate às causas da violência e da indisciplina, por intermédio de uma pedagogia holística de construção da paz.

Pois não dá para conceber que a saída para o estudo, compreensão e tratamento da questão da indisciplina e da violência escolar se faça fora de uma escola de perfil holístico.

Nesta luta, contra a indisciplina e a violência escolar, não se pode esquecer que aluno e professor são protagonistas de um mesmo jogo, cujo adversário é a ignorância, a inconsciência, a apatia e o conformismo omisso, diante de uma situação catastrófica comandada, no mundo, pela cultura da violência.

O ego hipertrofiado do aluno indisciplinado e violento rouba-lhe a sua estrutura moral e a energia necessária ao trabalho pedagógico. E, além do mais, os professores não estão instrumentalizados adequadamente para o tratamento da indisciplina e da violência na classe, por se tratarem de tipos de violência que desafiam as armas do ato pedagógico.


23 . PIOR TIPO DE VIOLÊNCIA ESCOLAR.

(Índice)
A indisciplina nas escolas é um fator que impede a aprendizagem do indisciplinado, retarda a aprendizagem dos colegas deste na classe, provoca situações adversas ao bom desempenho pedagógico e amplia a violência generalizada no interior da U.E.

A indisciplina nas escolas se constitui na pior forma de violência escolar, que precisa ser tratada de forma interdisciplinar, por psicólogos, psicanalistas, pedagogos, sociólogos, professores, alunos e pais de aluno. A indisciplina é oriunda das reações do ego hipertrofiado do ente humano e está cada vez mais presente no cotidiano escolar, nos noticiários, na mídia em geral.

Qual é a verdadeira causa da desobediência das crianças, dos adolescentes e jovens, que não respeitam aos seus pais, nem aos professores e as autoridades em geral? Porque havia obediência entre estes segmentos nos tempos idos e hoje não há mais? É Na Psicologia Revolucionária do Dr. Samael, Na Psicologia Profunda e na Psicanálise de Freud que iremos encontrar respostas para estas questões.

A indisciplina na família, na sala de aula, etc, é o vetor de disseminação da violência generalizada e da deterioração dos valores entre os seres humanos, a raiz da encrenca, etc. A indisciplina, filha do ego, causa de violência generalizada, é uma produtora da desordem, da desobediência, do caos, etc, que desafia a nossa pedagogia convencional, num grau de afrontamento crescente.

A humanidade sempre esteve diante de dois parâmetros do conhecimento: o antropocêntrico e o holístico. A imensa grande maioria da sociedade, de qualquer classe social, possui formação cultural, religiosa, doutrinária, intelectual, etc, calcada no paradigma antropocêntrico. Daí se que resulta em construtora da cultura da violência. Por outro lado, uma pequena minoria de seres humanos é que tem acesso à formação gnoseolística, o que a torna construtora da paz.

Quando alguém rompe com alguma coisa do paradigma antropocêntrico, para produzir algo novo, de configuração holística, não pode ser considerando indisciplinado, se o fizer para paz, para o bem, com atuação da essência, da consciência. Pois a indisciplina é uma força perniciosa, construtora do mal, resultante da atuação do ego.

Permanecer calado horas e horas, passivamente, ouvindo o professor, não representa disciplina da mesma forma que promover algazarra, conversas paralelas, etc, representa indisciplina. Disciplina significa estar dialeticamente em sintonia com a Regra Fundamental da Comunicação.

Regra Fundamental de Comunicação - É aquela que "na transmissão de uma mensagem só pode haver um emissor para os diversos receptores, senão há ruído na comunicação".

Os alunos precisam aprender a praticar, de instante a instante, a capacidade de ouvir e de falar sincronizadamente, isto é, de ouvir junto com os demais interlocutores a mensagem transmitida pelo emissor e transmitirem aos demais receptores, através do meio de comunicação apropriado, as mensagens claras, utilizando o seu direito de transmissor.

Disciplina não significa possuir comportamento rígido e passivo acerca das normas estabelecidas, mas sim, desenvolver ações, segundo a Regra Fundamental de Comunicação, no sentido de conhecê-las melhor, aperfeiçoá-las ou até mudá-las, adaptando-as ao progresso da humanidade, ao bem-estar social e à construção da cultura da paz.

Quando se faz algo através da compreensão, no sentido de ruptura de alguma coisa do paradigma antropocêntrico, por avidez de saber, por inquietudes da consciência, em prol do bem, não denota indisciplina, quando feito sem revolta e sem violência.

O desconhecimento das normas e regulamentos dá margem ao descumprimento destas por ignorância, o que acarreta indisciplina e outras formas de violência.

O bom comportamento apresentado em decorrência do medo não significa disciplina, mas traduz a apatia, a acomodação, o conformismo e o temor generalizado. E isto significa lapsos de covardia e temor por mudanças, comportamentos gerados pela ação do ego.

O enfraquecimento dos laços de moralidade e a perda dos valores não se constituem em causas da indisciplina e demais formas de violência, mas decorrência destas. Por outro lado, o sentimento de vergonha não representa disciplina, nem qualquer valor da consciência, mas sim defeito psíquico resultante da atuação do ego.

Por vergonha uma pessoa pode deixar de praticar determinados atos de indisciplina, que dependam de relacionamento pessoal público, mas praticá-los às escondidas, pelas costas.

Um homem não precisa de vergonha na cara, como se diz popularmente, mas sim de compreensão na consciência, empatia, alteridade e princípios éticos. Na pratica, o sentimento de vergonha sobrevive diante do outro, enquanto persistir o olhar público e morre na privacidade, na ausência de olhares exteriores.

Pela Educação Revolucionaria pode-se formar cidadãos autônomos, onde há o homem ético que vai além dos sentimentos de vergonhas, sejam eles positivos ou negativos. Os sentimentos de vergonha enfrascam a consciência, escravizam o ente humano, por serem elaborados pelos agregados psicológicos inumanos do ego, responsável por uma consideração em demasiada consideração de si mesmo, que é um defeito psicológico.

No holismo do futuro homem da Terra, cada indivíduo a auto-observar-se de instante e policiar-se, para perceber os sentimentos de vergonha, de medo, de orgulho, os sentimentos negativos da indisciplina e da violência generalizada, atuando em si mesmo, para promover sua erradicação e a construção da autonomia da consciência. As pessoas instruídas pela escola convencional, com um conteúdo antropocêntrico, dependem de um controle externo, o que os torna submissas, dependentes, sem autonomia da consciência.

Os estudantes precisam de formação holística, revolucionaria para, que lhes promova a autonomia através do autocontrole de si mesmos, da auto-observação e a desintegração dos agregados psicológicos, promotores da indisciplina e da violência, etc.

Quando o estudante aprende e pratica os princípios gnósticos holísticos da consciência, se torna independente do olhar dos pais, dos professores e das autoridades em geral, para manutenção do seu grau de obediência, da ordem, ad disciplina, etc.

O controle externo, o olhar alheio dos professores e das autoridades, deve existir sempre sobre as pessoas egóicas, indisciplinadas, sem limites, violentas, enquanto persistir tais comportamentos irracionais.

As pessoas antropocêntricas, infelizmente a maioria da humanidade, não se interessam pelas coisas de natureza holística, pelos valores éticos, pelas coisas transcendentais. São pessoas egoístas que só se interessam pelas coisas materiais como objeto de usufruto. Elas não se interessam pela sociedade como um todo. Seu interesse, disfarçado sob a forma de amor, se limita tão somente ao pequeno grupo de sua família ou de amigos, o que representa uma descaracterização holística.

O homem antropocêntrico, formado pela escola convencional, não ousa construir a paz, a liberdade e o amor, pois espera obtê-los gratuitamente como um dom natural outorgado ás pessoa pela bondade de Deus, como obra do acaso. Este homem, além dos prazeres bestiais, do seu exagero gastronômico, com sua capacidade de consumo desgasta a natureza. São seres descomedidos, inimigos da natureza, que buscam somente os valores que não colidam com sua busca de prazer, com a satisfação de seus desejos egoístas.

Pela entropia, os seres humanos se igualaram para baixo, atrofiando os valores éticos e morais componentes do nível de ser, colocando em primeiro lugar os valores econômicos, em detrimento dos valores da consciência.

Os valores gnseolísticos conduzem o homem ao reinado da ordem, do respeito, da disciplina, do amor, da paz, etc; enquanto os valores antropocêntricos conduzem à indisciplina, à desordem, ao desrespeito aos pais, professores, às autoridades e às instituições.

O estudante antropocêntrico das escolas convencionais já não consegue ver valor algum na dignidade, na fraternidade, na alteridade solidariedade humana. Por isso se revoltam contra tudo e contra todos e se desinteressa definitivamente pelo saber convencional, se nega a aprender qualquer coisa que expresse a cultura publica, se indisciplina e comete violência generalizada.

Para maioria dos alunos antropocêntricos das escolas convencionais de hoje, o olhar e a palavra de reprovação de seus pais, do professor e das autoridades já não tem mais valor algum, não surte mais efeito.

Nas escolas convencionais já se vão indo embora a autoridade e os valores pedagógicos, enquanto vai chegando a autoridade policial. Numa das escolas que trabalho, atualmente, há 70 professores que já não possuem a menor autoridade sobre os alunos, devido à degradação dos valores da consciência e do sentimento de impunidade outorgado através do ECA. Daí que os alunos assumiram o comando das aulas. Daí que a escola conseguiu um Segurança, que sozinho, com autoridade policial, em poucos dias enquadrou os alunos, colocando ordem naquela unidade escolar onde os professores já eram reféns dos alunos e reinava o caos.

Assim, perguntei a mim mesmo: como pode uma pessoa sozinha possuir mais autoridade que 70 professores juntos? Lembrei-me do ditado em espanhol que diz: "En las escuelas, donde entra por una puerta a la policia és porque saliu por la otra la pedagogia".

Na escola que trabalho é uma pequena amostra do universo escolar brasileiro. Portanto, o acontece nela, certamente ocorrerá nas demais, acerca da violência e da indisciplina generalizada. Então, devemos perguntar qual será o futuro desta pobre humanidade que desafia a pedagogia? Certamente, daqui para o futuro, neste tipo de sociedade, as escolas se esvaziarão de conhecimento, perderão a razão de ser, enquanto os presídios ficarão recheados de delinqüentes.

O desinteresse pelos estudos, a desmotivação, a acomodação, a apatia, etc, são as grandes armas usadas pelos alunos a serviço da indisciplina. As escolas estão recheadas de alunos desinteressados, ociosos, que já não fazem mais a lição, pois a preguiça e a entropia já as dominaram completamente.

Na sociedade antropocêntrica, nos tempos atuais, o que era certo passou a ser errado e vice-versa. Ai que surgiram pela massa social, como sendo uma elite econômica, que quase sempre é inculta, mas costuma levar vantagem em tudo, deixando de lado o saber e ridicularizando as pessoas detentoras do conhecimento acadêmico, tentando provar que dinheiro, poder e fama são o que conta e não estão mais atrelados ao conhecimento, a saber.

É a hora exata das escolas e as famílias romper com os paradigmas do conhecimento antropocêntrico, para mergulhar no universo do conhecimento gnoseolístico, onde deverá ser ensinado a cada pessoa, que o caminho da disciplina, da ordem, etc, não pode passar pela necessidade de sentir vergonha, humilhação, etc, como meio de obediência, mas sim pela trajetória da interatividade, da solidariedade, da apatia, da alteridade, etc.

Deve-se inculcar nos alunos, lições de resgate de sua dignidade humana, mostrando sua real posição na teia da vida holística, preparando-os para o exercício de cidadania holística plena, ensinando-lhes princípios éticos e o respeito aos pais, aos professores, às autoridades em geral e ao patrimônio público, com normas de convivência plena, embasada nas relações interpessoais de construção da paz.


24. A CAUSA DAS CAUSAS DO INSUCESSO ESCOLAR.

(Índice)
Atualmente convive-se com muitos problemas de ensino-aprendizagem. Há muita indagação acerca das causas que levam ao fracasso escolar, ao insucesso no exercício de ensino-aprendizagem, agora, coadjuvado pelo problema da indisciplina e da violência escolar. Fala-se muito que a causa está no estado imaturo da criança, na influência dos métodos de ensino utilizados, na indisciplina, na violência, etc. Ao bem da verdade, à luz da Psicologia Revolucionaria, tudo isto se constitui em conseqüência diretas da real causa do insucesso escolar, que se encontra radicada no substrato do ego, gerando o desinteresse, a preguiça, a apatia, a indisciplina e a violência.

Acerca da indisciplina escolar que desafia as normas, as autoridades escolares e a pedagogia em geral, o que fazer? Deve-se fazer encaminhamento para tratamento clínico, encaminhar a DECA, aplicar sansão ou o quê? Sabemos que a disciplina emerge do nível de ser, da educação dos valores produzidos pela essência do ente humano; e, que a indisciplina advém da deseducação, dos valores deteriorados e do baixo nível de ser, cultural e espiritual do ente indisciplinado e que uma vez desferida os professores não sabem muito bem o que fazer com ela; pois se soubessem teriam como equacionar um dos maiores problemas escolares da atualidade.

A indisciplina e a violência crescerão progressivamente enquanto persistir a formação antropocêntrica através das escolas convencionais. Para erradicação desses males há que se ir a sua raiz, onde ele nasce, para dar-lhe combate na causa, no seu nascedouro. Para tanto, há que se dar uma educação holística, de fundamentação na Psicologia Profunda.

Uma educação, formação genuinamente embasada na Psicologia Profunda, determina o fim da psicologização do cotidiano escolar, pois atua na erradicação das causas da indisciplina, pondo fim à pedagogia sádica dos castigos corporais, dos confinamentos e também à pedagogia da humilhação, que ensina ao aluno copiar varias vezes uma mesma frase ou a permanecer de castigo, de pé, horas a fio, na frente da classe.

No cotidiano escolar, os alunos, por ausência de uma educação profunda, constroem a indisciplina, violando as regras ou normas regimentais, por não possuírem um nível de ser desejado, uma qualidade moral adequada, uma força de vontade que lhes permita renunciarem a nível individual, alguma coisa que as normas proíbem, em beneficio de todos, como expressão legitima da vontade geral.

Deve-se educar o estudante para o cumprimento fiel das leis, regras e normas, para que sejam entes detentores da cidadania plena, solidários, éticos, holísticos, etc. Deve-se orientá-lo sobre o fato de que a ética emerge da consciência, enquanto que a moral está mais associada aos costumes. Portanto, se num determinado meio social, reina a cultura da violência, ali o que é certo passa a ser errado e vice-versa. Por isso, quase sempre, o que é moral para um determinado povo é imoral ou amoral para outro.

À verdadeira educação para transformação não interessa tanto pela moralização do educando para constituição de um ser afetivo-cognitivo ideal, mas sim pela construção de um ser ético de totalidade holística. Pois para a Educação Profunda, estudante disciplinado é aquele que além de respeitar e obedecer às autoridades, vivencia a totalidade das relações ecológicas na teia da vida, de modo holístico.

À luz da Psicologia Profunda não interessa, à escola de perfil holístico, a formação de seres antropocêntricos, que por certo serão inimigos da natureza e da cultura da paz e que, movido pela indisciplina, certamente ampliarão o universo da cultura da violência.

Pois o que adianta ao aluno aprender português, matemática, ciências, etc., triunfar na cultura intelectual e fracassar na vida, em razão de ser indisciplinado, desordeiro, violento, causar transtorno na escola, na família, na sociedade e ser inimigo do preservacionismo ambiental?

Do que adianta triunfar na cultura intelectual, mas ser um indivíduo desequilibrado ecopsicosocialmente, indisciplinado, sem limite, desobediente, produtor da violência, etc., porém fracassar eticamente no exercício da cidadania holística e na construção da consciência e da paz?

A sociedade moderna, cansada da cultura da corrupção que ai está, demanda a construção de uma cultura da paz e a existência de homens íntegros, produtores da paz, da disciplina e da ordem, para fazer frente à cultura da violência que está em evidência.


25. A RAIZ DE TODOO OS CONFLITOS.

(Índice)
O conflito entre duas ou mais pessoas, entre povos, entre nações, seja na forma agressões, de terrorismos, guerras ou de qualquer tipo de violência, se constitui em conflitos externos, construídos no coletivo da sociedade, que resultam dos conflitos internos individuais, gerados no interior de cada pessoa através dos agentes psicológicos inumanos constituintes do ego.

Os agregados psicológicos inumanos componentes do ego são os reais desencadeadores dos estados internos de temor, de agressividade, de intolerância, de indisciplina, de ódio, de ira, de insegurança, de intranqüilidade, de todos os estados que configuram a violência para promoção do caos. Os elementos psicológicos inumanos do ego geram os estados internos negativos, de natureza destrutiva, que demandam violência para desafiar a paz, trazendo a infelicidade, a desarmonia e a dor.

Ao aprendermos a praticar a empatia, a alteridade, a cooperação, a solidariedade, estaremos construindo a cultura da paz e uma nova maneira de resolver os conflitos surgirá. Se na escola, na família e na sociedade em geral educarmos as crianças e adolescente adequadamente, segundo os parâmetros holísticos de conhecimento, evitar-se-á, no futuro o revide violento e irracional à violência da agressão, da guerra, da represália, etc.

Na ausência de atuação do ego, as pessoas dotadas de bom senso, mesmo que adversárias, antagônicas, divergentes, não são inimigas e podem promover o consenso e chegar a um acordo nas situações conflituosas, sem utilização da macabra violência. O consenso resultante das posições negociadas representa a vitória de todos os envolvidos no grupo, num contexto democrático. Ele não significa a derrota para ninguém dos grupos divergentes, que estão em confronto, quando ambos almejam a disciplina, a ordem e a paz.

A empatia consiste na capacidade de saber se colocar no lugar do outro, para ouvi-lo, com serenidade e tolerância, o que significa compreendê-lo, respeitar a sua opinião, o seu ponto de vista, levando sempre em conta que os outros possuem conceitos e pontos de vistas diferentes dos nossos para a mesma coisa, o que é salutar para as relações interpessoais, nas convivências democráticas. Entretanto, o melhor caminho para se encontrar os meios de promoção do consenso passa pelo trabalho com os fatores de revolução de consciência.

A coação, a coerção, a intolerância, a intransigência, o preconceito se constituem em elementos nocivos á busca do consenso entre as partes divergentes ou conflituosas. Por outro lado, a persuasão, a compressão, a determinação, a ordem e disciplina, etc, são poderosas armas de promoção do consenso, para obtenção da paz.

A intermediação consiste em algo necessário para promoção do consenso entre partes conflitantes e só pode ser intermediador, quem possui consciência(juízo) o suficientemente bastante para arbitrar, para ser juiz. Para intermediação necessita-se da essência atuando na forma de consciência desperta. Pois ao ego, só interessa o conflito, a beligerância, o impasse, a indisciplina, a desordem, o embate e a violência generalizada. Ao ego, não interessa a paz, pois esta resulta da atuação da essência, na forma de consciência.

Assim, educar para paz significa promover meios para que os estudantes, estrategicamente, erradiquem, de dentro de si mesmos, os germes da violência, por intermédio da dissolução dos elementos psicológicos inumanos contidos no ego, constituintes das causas dos impasses, dos conflitos.

Devemos ensinar nossas crianças e adolescentes, em casa e nas escolas, a se capacitarem para o exercício de mediação nas situações conflitantes, ensinando-as a trabalharem sobre si mesmas, na identificação e dissolução dos agregados psicológicos inumanos, produtores dos defeitos.

Quando a essência de um interlocutor entra em ação, na forma de consciência, para promover o consenso entre os antagonistas, entra em ação também a compreensão, posta na forma de empatia, para ouvir e entender os demais, compreender seus pontos de vistas, seus conceitos, com ponderações e flexibilizações, no intuito de evitar as radicalizações e a violência.

A paz é o alvo perseguido por quem busca a felicidade através da atuação da essência, enquanto que a violência é a força destrutível, buscada por quem não sabe outra forma de encontrar a realização a não ser de forma inaceitável e absurda.

A violência que destrói os seres vivos ou brutos da natureza é conseqüência do armamento interior efetuado pelo ego, que configura o armamento externo, para eclosão da beligerância. Assim, desarmar-se interna e externamente se constitui em condição essencial para o processo de construção da cultura paz.

A violência é uma força perniciosa para todos nós. Ela mata a nossa esperança de paz, na medida em que rompe o equilíbrio harmônico existente na natureza, entre as pessoas, entre as nações, etc. Ela destrói o ato pedagógico na sala de aula, a beleza da natureza, dos espetáculos esportivos, dos shows, das festas, etc.

As escolas e famílias devem ensinar às crianças e aos jovens o caminho de construção da paz e do resgate dos valores perdidos, para que estes combatam a violência que aí está, nas escolas, na família, nas religiões, na sociedade, na natureza, etc, através de uma ética mundial de valores holísticos de solidariedade, de amor ao próximo, de cooperação fraternal, etc.

A família e a escola devem ensinar às crianças e aos jovens o caminho de prática da democracia, da justiça social através da justa distribuição de rendas e prioridades para com a saúde e educação dos pobres. Da mesma forma devem ensinar a prática do respeito pelos seus pares, pelo professor e pelas autoridades em geral; para que se tornem de fato construtores da paz através da tolerância, da participação no desenvolvimento econômico social.

Viver a vida construindo a paz significa estar nos educando constantemente para o exercício permanente da tolerância, da compreensão, da empatia, em prol da construção da alegria, da felicidade, do amor, de uma ética global de valores holísticos transcendentais, que nos tragam de volta a paz da alma tranqüila e do coração puro.

Nos projetos de educação para paz, as escolas devem adotar um programa de aprendizagem, de perfil holístico, que ensine às crianças a necessidade de desarmamento de seus estados agressivos, de renúncia à violência, e a capacidade de emprego de meios pacíficos, racionais e inteligentes, na resolução de impasses, remoção de obstáculos, apaziguamento de conflitos, etc.

Os pais e professores deverão ensinar sempre às crianças e aos adolescentes as técnicas de combate às causas do egoísmo, para estes possam praticar o exercício do altruísmo. Da solidariedade, da parceria, do companherismo, do respeito aos seus pares, aos professores e às autoridades em geral, às pessoas e à vida.

Os professores devem ensinar aos alunos que há um adversário da paz, chamado orgulho, que dificulta a prática dos valores éticos, morais e espirituais. Este orgulho e esta auto-consideração descomedida, que dão origem à intolerância possuem um pseudovalor, que na realidade, figura com valor atribuído pela psicologia convencional.

A auto-consideração demasiada reveste as pessoas de valores negativos, valores do ego, que levam estas pessoas a acreditarem que são superioras às demais, que seu modo de vida é superior, etc. Aí há muitas pessoas orgulhosas, sociopatas e outros maníacos que se sustentam no poder, formando as hierarquias de posição, que se tornam especialistas da violência sistêmica e não se consagram nuca através das relações interpessoais dialéticas.

A violência seja a física ou a psicológica, é o produto da atuação dos agregados psicológico, do ego, nos diferentes departamentos da mente humana, para promover deformações perniciosas nos seres vivos, na natureza, nas pessoas e nos bens patrimoniais, destruindo o equilíbrio, a harmonia e paz de todas as coisas.

A violência generalizada, ao crescer de maneira assustadora, decompõe a massa social, se constituindo numa verdadeira pandemia mundial de conseqüências imprevisíveis, que para sua erradicação e reversão de sua trajetória nefasta se torna imprescindível à mobilização da humanidade, articulada em favor da paz.

Os pais e os professores devem ensinar as crianças que a paz se sustenta no alicerce da confiança, na tolerância, na empatia, no respeito à singularidade pessoal, na capacidade de interagir construtivamente com as semelhanças e as diferenças das pessoas, etc.

As ciências ergonômicas que sempre ajudaram o homem a viver bem, com o uso da tecnologia, agora possuem uma outra missão também, que é a de ajudar o homem a se manter em equilíbrio, sem stress em meio ao caos em que vivemos.

Devemos compreender que a humanidade progrediu em ciência, mas regrediu em consciência. Hoje, a humanidade mergulha no universo da ignorância, com apenas 3% de consciência em atividade. Daí é que devemos ensinar às crianças que construir a paz significa dissolver o ego, agente da inconsciência, geratriz da violência e fabricar a consciência, agente da paz.

O mundo moderno já conquistou a tecnologia através das ciências, mas herdou também a violência no revés da moeda. Agora precisa conquistar a paz, construir uma cultura de paz por intermédio da revolução da consciência, embasada nos conhecimentos de paradigma holístico, que engendra a empatia, a alteridade, a solidariedade, a tolerância e todos os elementos de construção da paz social.

É de paz que a humanidade precisa, de uma nova cultura de parâmetros holísticos e de uma ética global constituída de valores que permitam um convívio equilibrado entre as pessoas, povos e nações, com desenvolvimento das ciências correlacionadas à consciência.

A violência crescente de nossos dias ameaça a nossa paz. Daí a necessidade de se intensificar mundialmente a educação para paz, como meio de erradicação da violência entre os povos e as nações do mundo, promover o congraçamento, a compreensão, a cooperação e o bem-estar entre os povos da humanidade.

A educação para paz poderá expandir no globo, para criar uma cidadania planetária embasada na holística ecológica, independente da vontade dos sistemas políticos, religiosos, doutrinários e filosóficos de configurações antropocêntricas. A educação para paz é de cunho transformativo, conduz o estudante à elevação do nível de ser, do mundo antropocêntrico ao universo holístico, da cultura da violência á cultura da paz.

A educação para paz provoca transformações profundas na postura do educando, conduzindo-o de um comportamento violento, enraizado no antropocentrismo, a um comportamento de serenidade, de paz, de raízes holísticas.

A educação para paz ensina o estudante morrer para os defeitos da violência e nascer para as virtudes da paz; criar comportamentos éticos, tolerar as diferenças, buscar o convívio pacífico na família, no trabalho, na escola, nas aglomerações, nos shows, nos espetáculos artísticos e esportivos e em qualquer meio social. Na tarefa de transmissão de educação para paz, a família, a escola, a empresa, os sindicatos, as associações, as instituições de qualquer natureza, são extremamente importantes.

A trajetória de construção da paz passa pelo combate às causas da violência generalizada e pela reeducação de todos nós, para restabelecimento dos valores morais, éticos, espirituais, essenciais à construção do bem estar e da felicidade entre os povos da Terra.

A verdadeira educação para paz, dada no lar, na escola ou em qualquer lugar, é aquela que ensina cada estudante erradicar, de dentro de si mesmo os elementos psíquicos do ego geradores da violência generalizada, os agregados psicológicos da preguiça, da gula, da ira, da inveja, da luxúria, da cobiça e do orgulho. Para obtenção desta educação revolucionária há necessidade de mudança de paradigma, do antropocêntrico para o holístico.

A genuína educação para paz, infelizmente, não está presente nos sistemas escolares antropocêntricos convencionais; que informam, mas não formam, que apresentam suas intenções, mas não as realizações, que deitam "remendos velhos em panos novos", que colocam "bebidas velhas em recipientes novos", que não mudam o comportamento e nem a postura de cultura de violência de seus alunos, que ali ingressam sem limites, indisciplinados, desordeiros e dela saem sem transformação alguma, para prejudicar a natureza ambiental e a humanidade com corrupções, seqüestros, terrorismos, violência estrutural, violência sistêmica, violência ecológica, etc.


26. UMA SENDA PARA PAZ.

(Índice)
Ao longo da história a violência nasceu, cresceu e desafiou a paz, de forma progressiva, na razão direta do crescimento do ego, vetor de todos os defeitos psicológicos, precursores da violência generalizada. De forma tal que, hoje, no terceiro milênio ele se robusteceu muito, está atingindo a sua potência máxima, recheando a humanidade de defeitos que desencadeiam em violência generalizada, para conduzir o mundo ao caos total.

Do ponto de vista psíquico, já no terceiro milênio, a humanidade está praticamente liquidada; em conseqüência do hipertrofiamento do ego, a consciência atrofiou e os defeitos se ampliaram, resultando na violência generalizada que ai está. Daí que as pessoas andam estressadas, apáticas, egoístas, etc; a amorosidade, a solidariedade, a filantropia e o altruísmo se encolheram. Já há pouca sensibilidade, quase ninguém liga para o sofrimento dos outros, as pessoas estão muito insensíveis.

Já há pouca sensibilidade com a natureza ecológica, pouca sensibilidade musical, as músicas se deterioraram, rechearam de pornografia e de baixas representações para envenenar a cabeça da juventude. Pois como o ego é muito forte, precisa de ritmos estridentes para se saciar, de coisas bruscas para se estimular.

A agressividade assumiu a potência máxima, configurando na violência generalizada no trânsito, na escola, na família, na ecologia, nos nas praças de esportes, nos shows e nas aglomerações sociais em geral.

Os seres humanos destes tempos estão armados interna e externamente, enquanto se decompõem física, psicológica e socialmente pelo uso das drogas, do álcool e pelas aramas de fogo; Milhões de pessoas morrendo pelas suas próprias armas, pelas drogas, pelo trânsito violento, pelas guerras, pelo terrorismo, pelos seqüestros, pela aids.

O capitalismo global violenta a massa humana, à medida que aumenta o número de excluídos socialmente, de marginalizado, de desempregados, de sem-tetos, de sem-terras, de sem-nada, ao diminuir-lhe a importância da existência do homem, através da banalização da vida, etc.

A injustiça social na distribuição das rendas se amplia, dia a dia, fazendo os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, ampliando cada vez mais o abismo existente entre ricos e pobres e os miseráveis.

Apesar dos grandes profetas como Jesus Cristo, Buda e outros nunca tivessem desejado fundar nenhuma religião, há sobre a face da Terra cerca de cinqüenta mil ordens religiosas, para pregar somente uma verdade cósmica, para tentar religar o a criatura humana ao seu Criador. E isto tem causado muita confusão entre as pessoas que possuem religião ao invés de religiosidade; e isto trouxe a dissensão, a contenda, o embate, a indiferença, a intolerância entre as pessoas, que juntamente com a questão do racismo e da etnia, acirram-se os ânimos, conflitos, o terrorismo, que vieram desencadear em absurdas guerras e hostilidades entre os seres humanos.

Diante de tanta evidência, em meio ao caos, somente nos resta um caminho de construção da paz, que passa pelos Três fatores de Revolução da Consciência, apregoados pelo Dr. Samael, para chegarmos à tão propalada verdade buscada pelas cinqüenta mil religiões. Pois só com a dissolução do ego se chega a paz interna, ao transformarmos os sentimentos vis e a impulsividade para violência em valores e virtudes da alma.

É elevadíssimo o número de crianças que sofrem abusos sexuais, de estupros, aumenta a pedofilia via internet, etc; aumenta a violência doméstica, a negligência na educação da juventude, tanto na família, quanto na escola. A humilhação imposta às crianças, a rejeição, o aterrorizamento, o abandono, a imposição de várias formas de castigos, de intimidação e medo configuram formas de violência psicológica absurda.

Se ao contrário do amor, na família, predominar o ódio, a indisciplina, a agressão, ali está presente a violência, desacordo, a intolerância, ofensas, humilhação, temor e desarmonia nas relações interpessoais.

Educar para paz significa ensinar ao estudante os meios de busca do consenso, da concórdia, etc, através do dialogo sustentado na atuação da consciência, sem a interferência do ego, na resolução dos problemas onde haja impasses, conflitos, etc.

Maria Tereza Maldonado, no seu livro "Os Construtores da Paz", que "para brigar menos precisamos combinar mais, fazer acordos que levem em consideração as necessidades de ambas as partes, encontrar soluções razoavelmente satisfatórias para todos".

O combate à causa da violência promove melhor integração entre as pessoas, entre pais e filhos, entre lideres e liderados, entre povos e entre nações, propiciando, conseqüentemente um mundo melhor e mais justo para todos os seres humanos. Para isto temos que eliminar os agregados psicológicos do ego, causadores do desequilíbrio ecopsicossocial, geradores da violência entre os grupos étnicos, religiosos, sociais e culturais. Assim, a violência é a antítese da paz, seja na forma de autoritarismo, da injustiça, da incompreensão, da intolerância, etc.

Eis que é chegada a hora derradeira de trabalharmos pela construção da paz na Terra. É fundamental que cada um de nós, ao trabalhar pela tão sonhada paz, busque dentro de si mesmo as reais causas da violência e se transforme em verdadeiro construtor da paz, influenciando seus amigos, colegas, vizinhos, comunidade e toda sociedade na tarefa de construção da paz.

Em meio à violência generalizada que vivenciamos, dentro do caos, há ainda a possibilidade de construção de uma senda para paz. Ao construirmos esta senda, estaremos criando as condições de caminharmos em direção da tão sonhada paz. Para isto precisamos erradicar de dentro do nosso universo psicológico, os agentes causadores da violência, os agregados psíquicos inumanos componentes do ego.

Construir a senda da paz significa produzir a harmonia, a tolerância, mansidão e o equilíbrio dentro de cada um de nós, mesmo em meio à violência urbana descomunal, que vivemos nos dias atuais. Agindo assim, poderemos ajudar ao nosso semelhante a viver melhor, crescer em consciência, obter melhoria na qualidade de vida e encontrar felicidade.

Esta senda para paz poderá ser construída com a adesão de muitas e muitas pessoas, numa verdadeira mobilização mundial, articulada, na tarefa de combate às causas da violência. Esta é uma tarefa essencial para reversibilidade das conseqüências nefastas deixadas pela violência generalizada e para reconquista dos valores humanos essenciais à convivência altruística recheada de liberdade, solidariedade, fraternidade e paz social.


27. OS FATORES DE CONSTRUÇÃO DA PAZ.

(Índice)
A pedagogia revolucionária, de perfil gnóstico holístico, possui uma didática fundamental para combate às causas da violência, através de construção da paz, por meio de uma educação de transformação do estudante, elevando-o do senso comum a níveis de consciência mais elevados.

Por meio da educação revolucionária aprendemos que a indisciplina, a desordem, a desobediência são tipos de violência tão comum hoje dia, nas escolas, fruto do próprio ego em ação. O ego, por não poder experimentar o real, a disciplina, a ordem, a obediência, promove o caos, com conseqüências nefastas para a humanidade.

Para evitar a violência da indisciplina temos que descobrir, através da prática da auto-observação, os agentes de sua causa em atuação no universo psíquico do ente violentador e erradicá-los através da prática dos três fatores de revolução da consciência.
.
Pesquisas da Unesco apontam que a maioria das pessoas já sofreu algum tipo de violência. No Brasil, muito jovens estão morrendo assinados. Os especialistas apontam como causa as brigas de gangues, drogas e a falta de perspectiva dos adolescentes brasileiros, etc.

Entretanto, a verdadeira causa está intrínseca ao homem, no interior de seu universo psíquico, na forma de agregados psicológicos. Nas escolas, os alunos sem esperança, envolvidos com drogas, com briga de gangues, etc, promovem depredação, pichação, desrespeito, indisciplina e todo tipo de violência.

Há necessidade urgente de dar aos estudantes uma verdadeira educação revolucionária de base formativa, para erradicação das reais causas da violência. É preciso que o governo dê condição para que os alunos e professores possam freqüentar as escolas com segurança e que elabore políticas eficazes de inserção dos estudantes no mundo do protagonismo juvenil, para que haja reversão da sua falta de perspectivas econômicas. Pois muito mais que nas drogas e nas brigas de gangues, está na falta de esperança da juventude a raiz da indisciplina nas escolas e violência generalizada na sociedade.

Assim a educação da massa social deverá possuir uma base formativa, calcada no paradigma holístico de conhecimento, para formar as pessoas de mando, de modo que esta, quando investidas de poder, criem políticas que coíba a violência estrutural e pratique a justiça de distribuição de renda e maior equidade entre os povos. Pois eis que é um dever de todos nós buscar a paz, lutar pela paz, como diz nas escrituras: "busque a paz e empenhe-se por ela"(1o Pedro 3:11).

Os Três Fatores de Revolução da Consciência da Psicologia Revolucionária do Dr Samael se constituem em ferramentas básicas na tarefa de construção da senda para paz. Com o primeiro fator de construção da paz, poderemos ir edificando a senda com serenidade, à medida que se vai dissolvendo os agregados psicológicos causadores dos estados da raiva, do desespero, da indignação, da agressividade, da intolerância, da impaciência, da indignação, da tristeza, do desânimo, da ansiedade, da violência em geral.

Não devemos esperar sermos mestres para começarmos a construção da senda para paz. A paz interna e a externa são decorrentes de um processo interno de construção, com os fatores de revolução da consciência. Então, podemos nos construir, enquanto se constrói a senda para paz. Devemos ter em mente que a senda para a paz se constrói com ações concretas e não só com as boas intenções, desprovidas da prática.

A senda é construída com C O N H E C I M E N T O: onde o C representa o carbono; O, o oxigênio; H, o hidrogênio; E, a energia interna de cada ser humano + o cimento de ligação alquímica (segundo fator de construção da paz).

Os fatores de construção da paz se constituem, na realidade, nos Três Fatores de revolução da consciência:
1º- Morrer para os defeitos psicológicos, que possuímos em nosso universo psíquico, que estão personificados na causa da indisciplina, da desordem, da violência generalizada através da gula, da ira, da cobiça, da preguiça, da luxúria, etc.
2º- Nascer para as virtudes da paz, do amor, da felicidade, para as dimensões superiores da consciência.
3º- Se constituir num verdadeiro servidor da humanidade. Trabalhar gratuitamente na construção da paz social, para ampliação do nível de ser de cada ser humano, para elevação dos valores morais, espirituais e éticos da sociedade, por meio de ensinamentos holísticos, revolucionários.

Em meio à violência generalizada, que vivemos nos dias atuais, dentro do caos instaurado, há ainda uma ponte para paz, que consiste nos Três Fatores de Revolução da Consciência.Ao trabalharmos sobre nós, com os Três Fatores de Revolução da Consciência, estaremos construindo a paz dentro de cada um de nós mesmos, ao erradicarmos de dentro de nossa psique os agentes psicológicos componentes do ego, que são agentes causadores da violência generalizada.

Construir uma ponte para a paz significa buscar a harmonia, a tolerância e o equilíbrio dentro de cada um nós, mesmo nas situações emergenciais, em meio à violência, em meio ao caos. Pois assim. Estaremos nos qualificando para trabalharmos a favor de nossos semelhantes, se constituindo em verdadeiro servidor da humanidade.

A ponte para paz se constitui em algo que pode receber adesão de mais e mais pessoas, numa verdadeira mobilização social, no mundo inteiro, articulada no combate às causas da violência. Isto se constitui numa condição essencial para reversão dos efeitos nefastos da violência, que nos deixaram num beco sem saída. Isto é algo fundamental para reconquistarmos os valores humanos perdidos; essencial a uma convivência humana embasada no altruísmo, ladeada pela liberdade, fraternidade e cooperação universal.

Os Três Fatores de Revolução da Consciência se constituem na ferramenta básica para a tarefa de construção da paz. Com eles podemos ir construindo a paz, com serenidade, à medida que vamos dissolvendo internamente os agentes que promovem os estados de raiva, de cólera, de ódio, da agressividade, da intolerância, da impaciência, da tristeza, da indignação, do desânimo, etc.

Não podemos esperar chegar à perfeição, atingir o mestrado, para começarmos o trabalho de construção da paz. Ficarmos imobilizados, como expectador de uma violência avassaladora que rouba a nossa alegria, sabendo que a paz interna e externa resulta de processo deliberado de construção com os fatores de revolução da consciência.

Devemos ir construindo a paz individualmente, à medida que vamos construindo-a coletivamente. Para isto, convém lembrarmos que é muito melhor pecarmos por ação do que pela omissão. O Dr. Samael afirma que "não são as caídas e nem as quedas que nos fazem fracassar na vida, mas sim a falta de coragem em levantar e seguir adiante".

Devemos ter em mente que a paz se constrói com coerência entre o reto pensar e o reto agir, com reais ações, concretas atitudes e não só com boas intenções desprovidas de ações concretas.

A educação ética para paz é traduzida por uma didática revolucionária, que utiliza uma lógica superior transcendental de reflexão evidente com a luz da consciência. É uma educação que conduz o estudante à ampliação de sua consciência, por intermédio dos três fatores de construção da paz.

A educação revolucionária, de configuração holística, não é composta de teorias mortas como as da educação convencional antropocêntrica que reina por ai.A verdadeira formação gnoseolística se dá por meio de uma educação que utiliza a ciência da auto-comprovação através da experimentação direta.

Esta educação conduz o estudante a atuar autônoma e criticamente na construção de sua cidadania e de uma sociedade democrática; rompendo com a crença que há na cultura antropocêntrica da violência, de que somente pessoas autoritárias são respeitadas; permitindo assim que o conhecimento colabore para melhoria significativa das relações interpessoais na família, nas escolas e na sociedade; auxiliando a construir atitudes de respeitos para com os professores, para com os funcionários, para com os seus pares, etc.

Esta educação capacita ao educando estabelecer critérios adequados de valores, identificar o que é justo e o que é injusto, sensibilizando-o para agir solidariamente e aplicar o diálogo para construção de relações de respeito, justiça e solidariedade, entre as pessoas dentro de uma comunidade democrática.

A Educação Revolucionária conduz o estudante à construção de sua autonomia moral, intelectual e ética com base nos valores relacionados à dignidade, à solidariedade, à fraternidade, à empatia, ao respeito, etc. Uma educação revolucionária capacita o estudante a conviver dentro e fora da escola de forma ética, estabelecendo relações de cordialidade, de solidariedade, de amizade, etc, com ações justas de respeito e de diálogo com os seus colegas, com os professores, com todas as pessoas.

A escola convencional antropocêntrica, para se tornar revolucionária, precisa ensinar aquilo que o aluno precisa aprender acerca da construção da paz, por meio da dissolução das causas da violência, para organização de relações sociais éticas, com objetivo da busca do viver bem, através da solidariedade, conhecendo, participando, opinando, ousando e transformando as coisas de natureza inferior em superior, com base no respeito mútuo, na justiça, na solidariedade, no diálogo, etc.

A construção do respeito mútuo se dá através da educação revolucionária, que orienta o educando a respeitar a si mesmo, amar a si mesmo, como condição essencial para se respeitar os demais semelhantes com um respeito que traduz pela valorização de cada indivíduo em sua singularidade e nas características que o constituem. Pois a maior beleza do ser humano é parecer consigo mesmo, espelhadas nas ações de individualidade e de alteridade, no conhecimento, na compreensão, com a consciência de que o que cada indivíduo faz de si próprio revela a presença do seu semelhante como constituinte de sua existência social.


materiais, o que gera o desequilíbrio financeiro, oriundo da injustiça social da má distribuição de rendas, que é a geratriz da violência das violências. Pois tudo aquilo que é acumulado de um lado, por alguns, é exatamente o que faltará, do outro lado, para os demais.

No fenômeno termodinânico da troca de calor entre os corpos materiais, há um fluxo de energia térmica, inverso do fluxo de energia econômica do capitalismo entre os corpos sociais. Na dinâmica holística da troca de calor, a energia flui, do corpo de maior temperatura, para o corpo de menor temperatura. No capitalismo antropocêntrico, o fluxo de capital, expropriado pelo homemóide egoísta, através da mais valia, flui do corpo social mais necessitado, para o corpo social com menor necessidade, num ciclo repetitivo de reprodução das desigualdades sociais, gerador da Cultura da Violência nas escolas, nos esportes, no campo, nas cidades, em todos os setores sociais, fator que adoece o organismo social, que impede a construção de uma Cultura de Paz.

O Dr. Samael escreveu, em suas obras, que o homem sempre esteve diante de dois monstros que queriam devorá-lo: de um lado, diante do capitalismo e do outro, do socialismo. Hoje, já vai desaparecendo o socialismo do Leste Europeu e de muitos outros países. Entretanto, ainda sobrevive o monstro do capitalismo, na sua etapa apocalíptica, sob a forma moderna do neoliberalismo.

A economia global leva a riqueza, produzida por todos, a se concentrar nas mãos de poucos. Dentro em breve teremos o capital concentrado nas mãos de algumas poucas pessoas; enquanto que a grande maioria da massa social de seres humanos estará descapitalizada, pobre, sem emprego, sem teto, sem educação, sem saúde, sem alimento, sem valores éticos, sem nada, completamente escrava daqueles que detém o capital.

Só que, como a dinâmica é pendular, pela dialética dos fenômenos, tudo volta à origem, no incessante movimento de vai-e-vem, Daí que não haverá segurança para ninguém, numa sociedade antropocêntrica, onde impera a Cultura da Violência. Não haverá paz para o homemóide violento, acumulador de capital, que se aquartela em sua própria casa de muros altos, com cachorros de guarda, com alarmes e todo tipo de dispositivo de segurança. Do mesmo modo, não haverá segurança e nem paz para o pobre marginalizado, para o sem-nada, que para sobreviver, hipertrofia e coloca em ação o eu do roubo, do seqüestro, do latrocínio, etc, cometendo violência, promovendo o caos social.

O sem-nada, vitimado pela violência da injustiça social, robustece dentro de si o eu da ira, que se eclode nas mais variadas formas de violências. Coisa que escola convencional nenhuma ensinou, até hoje, a seus alunos. Por isso, a educação do ente humano, para Cultura da Paz, para cidadania holística, é um fracasso total, em todos os quadrantes da terra.


REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO.

(Índice)
GUIMARÃES, Áurea Maria Guimarães, Punição e Depredação, Editora Papirus.
FAUCALT, Michel.Vigiar e Punir, Várias Editoras.
GROPPA, Júlio Aquino. 1996. Indisciplina nas Escolas,SP, Summus Editoria.
COLOMBIER, Claire. 1989. A Violência nas Escolas,SP, Summus Editorial.MONTEIRO, Irineu.Einstein.1987, Reflexões Filosóficas,SP, Martin Claret Editora.
TIBA, Içami, Disciplina: O Limite na Medida Certa.
ROHDEN, Huberto. 1985. Einstein, O Enigma do Universo, SP, Martim Claret Editora.
BRANDÃO, Dênis & Crema, Roberto. 1992. O Novo Paradigma Holístico. São Paulo, SP, Ed. Summus.
CAPRA, Fritjof. 1986. O Ponto de Mutação, São Paulo, SP, Ed. Cutrix
CAPRA, Fritjof. 1985. O Tao da Física, São Paulo, Ed. Cutrix.
CAPRA, Fritjof. 1997. A Teia da Vida, São Paulo, Cutrix.
CREMA, Roberto. 1988. Introdução à Visão Holística. São Paulo, SP, Ed. Summus.
GUIMARÃES, Carlos. 1996. Percepção e Consciência, João Pessoa, PB, Ed. Persona.
LOVELOCK, James. 1994. As Eras de Gaia. São Paulo, SP, Ed. Campus.
MALDONADO, Maria Tereza. 1997. Os Construtores da Paz. São Paulo, SP, Ed. Moderna.
ROHDEN, Huberto.1982. O Homem e o Universo. São Paulo, SP, Alvorada.
ROHDEN, Huberto. 1989. Educação do Homem Integral. Sâo Paulo, SP, Martin Clret.
SIMÕES JR, José Geraldo. 1986. O Pensamento Vivo de Einstein. São Paulo, SP, Martin Claret.
WEOR, Samael Aun.1989. Educação Fundamental. Porto Alegre, RS, Ed. Gnose.
WEOR, Samael Aun.1993. Grande Rebelião. Porto Alegre, RS, Gnose.
Weor, Samael Aun. 1991. Tratado de Psicologia Revolucionária. Porto Alegre, RS, Ed. Gnose.


OUTRAS OBRAS DO AUTOR.

(Índice)
1."Violência nas Escolas, Caos na Sociedade"- Editora Summus - S. Paulo,SP.
2."Violência, O Desafio da Paz"- Editora Evirt, Rio de Janeiro, RJ.
3."Ecologia Profunda da Terra Viva - Editora Eletrônica- Porto Alegre, RS.
4."Educação Ambiental, Uma Ponte Para Paz"- Ieditora, São Paulo,SP.

http://www.violencianaescola.hpg.com.br


 

Notas

1 - Livro virtual publicado no Site Instituinte em 26 de julho de 2002.

2 - Graduado em Ciências, Física, Matemática e Pedagogia (Vivavida com Paz), Santos - SP. E-mail: [email protected]. Site: http://www.ecoprofunda.hpg.com.br.


Voltar ao início da página

Voltar

Hosted by www.Geocities.ws

1