Voltar Deitemos no leito de Procusto ou vivendo nos limites da ciência: 5 desafios ao pensamento científico
Gustavo Garcia1
Desafio 1
Sobre os sonhos
Você certamente já sonhou várias vezes na vida. Você pode, inclusive descrever os seus sonhos quando consegue recordar deles. Os seus sonhos então, existem comprovadamente para você. Seu eu pedisse para você relatar um de seus sonhos, talvez você conseguisse fazer isto nos mínimos detalhes ou talvez lembrasse vagamente, não importa, o que eu quero é, saber se você pode me comprovar “científicamente” o conteúdo dos seu sonhos?
Desafio 2
Sobre o amor e o amar
Você deve ter parentes, amigos, pessoas especiais na sua vida, certamente você deve “amar” verdadeiramente algumas dessas pessoas. Afinal, como não amar um filho, uma mãe, um pai, um amigo íntimo ou parente muito próximo. Bem se concordamos que você “ama”, isto é um sentimento que existe, e se existe, deveria ser comprovável, então eu gostaria de saber se você pode provar “científicamente” que você “ama” uma pessoa?
Desafio 3
Sobre Deus
Você acredita em Deus, ou em uma Inteligência Superior, ou Energia Universal, ou seja lá o nome que queira usar, não importa? Certamente você pode acreditar ou não na existência de Deus. Porém, ambas as respostas me levam a perguntar se você é capaz de provar “científicamente” que a sua resposta é a correta?
Desafio 4
Sobre a vida após a morte
Você acredita em vida após a morte, ou acha que nos transformaremos unicamente em pó? Não há dúvida que ao pó retornaremos, no entanto, isto ainda não invalida a dúvida crucial se existe vida ou não após a morte, isto porque se algo morreu e se decompôs, foi o nosso corpo físico, e não é sobre algo morto que queremos saber, mas sim, se algo “sobreviveu”, se há “vida”, chamem-a como quiserem, espírito, alma, energia, mônada, enfim. Bem, você pode responder que acredita ou não acredita em vida após a morte, tanto faz, pois o que eu gostaria de saber mesmo, é se você tem como comprovar “científicamente” a sua resposta, seja ela qual for?
Desafio 5
Sobre a origem do universo
Você acredita no “Big-bang”? Bem, certamente é visível que o universo físico é constituído de elementos materiais separados, algo os separou, visto que, nem sempre foi assim, mas isto não importa, pois a pergunta fundamental seria o que ocasionou o Big-bang, já que fica difícil (senão impossível) acreditar em um universo gerado por uma explosão ao “acaso”, um espetáculo pirotécnico caótico, que ao “acaso” novamente, gerou um universo - pasmem - inteligentemente ordenado! E afinal esse “acaso” não é uma palavra criada para substituir eventos ou aquilo que não compreendemos? Como neste caso, onde a ciência simplesmente substitui Deus pelo “acaso”. Nem o misticismo é tão “místico” quanto esse “acaso” científico que querem que aceitemos. A questão é, você pode me comprovar o que gerou o Big-bang?
Epílogo:
De onde viemos e para onde vamos?
Talvez eu tenha exigido demais da ciência ao levantar tais questões.
Mas e quanto ao conteúdo dos sonhos? E nossos sentimentos? E tantas outras
perguntas que poderiam ser feitas, que nos interessam muito e não são
respondidas pela ciência? Devemos então ignorar tão importantes
indagações? Devemos confiar tão seguramente em apenas um
“modo” de obter conhecimento, como se ele fosse único, como
é caso do método científico? E nossas experiências
pessoais não valem nada? Será que cada indivíduo não
é o seu próprio laboratório, talvez o mais seguro e certamente
o mais próximo de si que pode ser encontrado na natureza ?
Se a ciência não tem
algo a dizer, deveria aprender a escutar. Se você não pode “comprovar”
algo”científicamente”, livre-se de seus preconceitos e atente
para as evidências, procure novas formas de obter conhecimento e lembre-se
sempre: “em um universo ilimitado, existem infinitas possibilidades”.
Agora se você prefere esperar pelo “seguro” bonde da ciência,
boa sorte... só não atrapalhe aqueles que ousam investigar de
diferentes formas o fenômeno da vida, pois estes buscam o autoconhecimento
e se questionam se vale a pena esta espera, acho que que nem você cientista
deve estar certo disso, o tempo passa... e será que você, homem
da ciência, tão seguro da veracidade de seus experimentos e descobertas,
a ponto de considerá-los como as únicas verdades existentes, consegue
comprovar cientificamente, hoje, que um dia, a ciência responderá
as questões mais “vitais”? Você pode até achar
que “sim”, no futuro, talvez a ciência venha a responder tais
indagações, mas isso, hoje, é uma hipótese ainda
remota, muito distante de se constituir em fato ou prova científica.
E como todo bom cientista é fiel apenas ao que é validado pela
própria ciência e pelos seus peculiares e “seguros” métodos
de obter conhecimento, então não há mais nada que possa
ser dito sobre esse assunto. Foram feitas cinco perguntas à ciência,
que penso serem de suma importância para qualquer ser humano neste planeta,
e a única resposta que ela pode “realmente” nos dar é:
“Um estrondoso silêncio”.
Notas
1 - Graduando em psicologia pela UNISINOS. Aprendiz do segundo nível da ATC (Abordagem Transpessoal da Consciência) na Unipaz - Universidade Holística Internacional. E-mail: [email protected]
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