A Evolução do Mito
Gileno Novaes Paiva Júnior 1

 

Em sociedades primitivas, a mentalidade sintética é vigorante, pois a integração do homem com a natureza é de modo igualitário, sem diferença de grau. No sentimento mítico e religioso o homem não alcança uma diferenciação destacante, está no mesmo nível de qualquer outro membro, chegando a se misturar em sua essência, até de forma mais direta nas culturas totêmicas.

A figura do mito nas sociedades tradicionais, apesar de seu perfil metafísico, para se firmar busca bases racionais e da vida prática e social, com vistas a uma maior identificação e proliferação coletiva de sua imagem. Sua idealização não é dada de forma abstrata, mas de forma concreta pela necessidade do homem em expressar suas emoções imediatas.

Se é verdade que a negação da morte leva ao mito, esse, no pensamento mítico em geral, surge como o ordenador do caos, como resposta as parvas indagações dos mitificadores, principalmente em relação a criação e o pós-morte.

Já nas sociedades sobremodernas, a figura do mito ganha um caráter mais banal e de função imediata. Definida pelos poderes dados pela mídia, que mistura o real e o imaginário, a figura do mito é criada ou moldada para fins políticos e/ou econômicos e/ou de controle ideológico, adequando os seus interesses a demanda de necessidades de seus consumidores perfilados pelo individualismo.

Com a mudança do pensamento nas sociedades industriais, devido, em muito, ao avanço das ciências, o pensamento lógico deixa de ver certezas em coisas antes inquestionáveis pelo pensamento mítico e, com isso, a imagem do mito passa a se ofuscar como saber da coletividade, essa mesma coletividade que anteriormente era saciada por esse mito. Logo, o individualismo, paradoxalmente ligado a crise de identidade gerada pelas circunstancias atuais de vida, passa a ser exaltado, o mito que antes era influenciador nas condutas e indagações coletivas, agora é enquadrado no indivíduo que se torna seu próprio produtor de significados sob o impulso das necessidades imediatistas. A partir disso, explica-se o pluralidade de mitos numa sociedade tão ligada, pelo avanço das comunicações, e tão planificada culturalmente por essa ligação.

 

Notas

1 - Aluno de Ciências Econômicas na Universidade Federal da Bahia, e aluno de Eng. de Produção Civil na Universidade estadual da Bahia. E-mail: [email protected]


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