NIETZSCHE, Friedrich. A Genealogia da Moral. 3º ed. Lisboa: Guimarães & Ca. Editores, 1976. 155p.


"... se nunca nos procuramos, como havíamo-nos de nos encontrar?"

"... assim como um homem distraído e absorto acorda sobressaltado, quando o despertador da a hora, assim nós, depois dos acontecimentos, perguntamos entre admirados e surpresos: "O que há? O que somos nós?" E depois contamos as horas do nosso passado, da nossa vida, do nosso ser, e, ai de nós! enganamo-nos na conta... E é que somos fatalmente estranhos a nós mesmos, não nos compreendemos, temos que confundir-nos com os outros, estamos eternamente condenados a esta lei: "não há ninguém que não seja estranho a si mesmo"; nem a respeito de nós mesmos "procuramos o conhecimento"."

"Se alguns acharem incompreensível este livro, se o seu ouvido for tardio para lhe perceber o sentido, a culpa não é minha. O que digo é bastante claro, na suposição de que se hajam lido as minhas obras anteriores."

" ... para elevar assim a leitura à dignidade de "arte" é mister, antes de nada, possuir uma faculdade hoje muito esquecida (por isso há de passar muito tempo antes dos meus escritos serem "legíveis") uma faculdade que exige qualidades bovinas, e não as de um homem fim-de-século. Falo da faculdade de ruminar."

" Foram os próprios "bons", os homens distintos, os poderosos, os superiores que julgaram "boas" as suas ações; isto é, "de primeira ordem", estabelecendo esta nomenclatura por oposição a tudo quanto era baixo, mesquinho, vulgar e vilão. Arrogavam-se da sua altura o direito de criar valores e determinativos: que lhes importava a utilidade!"

"Este direito de dar nomes vai tão longe que se pode considerar a própria origem da linguagem, como um ato de autoridade que emana dos que dominam. Disseram: "Isto é tal coisa", vincularam a um objeto ou a um fato, tal ou qual vocábulo, e assim ficou."


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