Um Estilista no Mundo da Psicologia
Cristiane Kochenborger1

 

Muitas inquietações levaram-me a recortar e costurar alguns trabalhos. Nesta montagem, constatei que ter paciência, conhecimento teórico, sensibilidade com o sofrimento psíquico e questionar o que é ser psicólogo, leva-nos a complexidade de pontos, nós e laços que perpassam de diferentes formas cada ser humano.
Não deixamos de ser estilistas no mundo da psicologia: olhando e sentindo... amando e sofrendo... e renascendo nas incertezas.
Dedico esta costura a uma pessoa iluminada e guerreira, a qual me prepara para enfrentar as batalhas da vida.


Escolhendo os tecidos, linhas...
...Recortando questões sobre a escuta.


" Se eu voltar a ter olhos olharei verdadeiramente os olhos, como se estivesse a ver-lhes a alma. A alma, perguntou o velho da venda preta ou o espírito, o nome pouco importa, foi então que surpreendemente, se tivermos em conta que se trata de pessoa que não passou por estudos adiantados, a rapariga dos óculos escuros disse, dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos." Saramago, J. Ensaio sobre a cegueira, p. 262


Quero tomar algumas considerações de alguns autores que considero importante para se pensar sobre a escuta.


Petter Pal. Pelbart (1989) em seu livro, Da clausura do fora ao fora da clausura, comenta que não falamos tudo que vemos e não vemos tudo que falamos, ou seja, não existe nunca uma coincidência entre o que se vê e o que se fala, essa coincidência é impossível, pois são planos que não tem interseção. Justamente isso é a mola da vida, nunca conseguimos falar tudo que vemos e nunca conseguimos ver tudo daquilo que estamos falando, por isso temos ansiedade. Estamos sempre correndo atrás do prejuízo e da diferença que se vive . " As coisas não cabem nas palavras e as palavras não cabem nas coisas."


Salientei este ponto, pois é significativo partirmos deste princípio para que possamos redimensionar e dar outros sentidos para o que se sente e fala, criando novas possibilidades. Não conseguimos responder tudo através da racionalidade, visto que o crescimento parte da transformação subjetiva do ser humano. Por isso a escuta não é apenas uma "conversa especulativa", mas sim através da fala , tenta amplificar o sentido do que o paciente traz redimensionando o "a priori" e abrindo espaço para o que não foi dito, não esquecendo da singularidade de cada um, ele vai construindo , vivendo o seu processo, dentro do seu tempo e no seu modo.


O livro "Por que a psicanálise?" de Elisabeth Roudinesco (1999), aponta Freud dizendo que o ser humano não é alienado e ele próprio, através da fala, é capaz de analisar e, muito mais que ser um sujeito biológico hereditário e fisiológico, possui um inconsciente. O que mais me chama atenção é que neste sentido, não aprisiona a alma em nenhum laboratório. E mais, seu inconsciente é vivo, para isso o importante é dar forma ao que não conseguimos exprimir em palavras, pois são imagens carregadas de desejos, energias e impulsos vivos, visto que não foram interpretados racionalmente.


Segundo Naffat Neto (1994), no livro A Psicoterapia em busca de dionísio, em se tratando do sofrimento psíquico, o problema não é idealizar a cura, mas sim quando a definimos. Assim não enxergamos o rol de outras possibilidades que possam potencializar a pessoa, para que ela almeje uma mudança só dela. Mas isso deve partir dele. As coisas que não estão visíveis não estão escondidas, estão ali. Como define Nietsche "as aparências não enganam".


Dentro disso, uma questão fundamental par a escuta é a postura ética , que é o meu compromisso , o meu respeito da história e o processo do ser humano que está ali. É a minha implicação, o meu desejo de analisar o processo, mas não responder como vai ser e nem partir deste pressuposto, quero dizer que vamos lançando instrumentos e dispositivos para que o paciente no seu jeito, dentro do seu processo, caminhe para abertura de novas possibilidades e para seu maior conhecimento. Acima de tudo, deixar que as coisas aconteçam.


Temos que cuidar para que o nosso desejo não extrapole o desejo de analisar, caindo em usos abusivos da técnica, sobrecarregando o paciente com sugestões e interpretações. A escuta requer paciência, é "sentir" o momento certo de falar ou de calar, estar ausente do processo, não responder neste lugar, mas não quer dizer abandonar. Estar implicado não é resolver, é estar atento no que ele está trazendo naquele momento e o que o fez sentir aquilo, neste sentido devemos dispor de uma supervisão para levantar estes pontos e até mesmo na análise pessoal, pois o que estamos sentindo pode ser algo nosso (contra-transferência). É um indicador de algo que nunca vamos saber, pois o que estamos sentindo pode estar mostrando algo, mas nunca saberemos o que o paciente está sentindo. Neste momento é importante fazer perguntas, não nomeando o que estamos sentindo e nem interpretando o que ele vai trazer disso.


Outro ponto importante, na escuta, é nunca esquecer que ser psicólogo é muito sério, implica em estudos, conhecimentos, mas também no reconhecimento da singularidade e potencialidade de cada um (inclusive a sua). Tem uma frase de Carl G. Jung que gosto muito, que diz mais ou menos assim: "podemos saber tudo sobre mitologia, psicologia, alquimia, enfim... mas na frente de um ser humano não sabemos nada."


Salientei isto para questionar um pouco mais sobre alguns pontos discutidos por Luís C. Fiqueiredo(1995). Um deles é sobre o "furor pesquisante": não podemos calcar o trabalho em cima de pesquisas generalizando o processo e muitas vezes perdendo a escuta. O mais importante é saber analisar aquilo que está acontecendo, a força da relação, a transferência é muito mais significativa do que saber a "real história" (amnésia) dos fatos em questão. A historicidade, o que ficou para o paciente e o que foi vivenciado no momento da escuta são fundamentais. Na escuta devemos renunciar este controle e estas previsões.


Fedidá (1992) comenta sobre a reminiscência, está ligada ao ressentir, não é a memória daquele algo, mas seu sentimento, sensação que volta com intensidade como se estivesse vivendo de novo (compulsão a repetição), fechando o processo e implicando a destruição e aprisionamento daquilo que poderia libertar, no caso caindo no circuito escravo. Como salienta Machado (1999): "o ressentimento é o predomínio das forças reativas sobre as forças ativas. O ressentido é alguém que nem age nem reage realmente, produz apenas uma vingança imaginária, um ódio insaciável (...) criando um inimigo que considera malvado e imaginando uma vingança contra seus valores, o que faz o ressentido é dar sentido a sua falta de força: o outro é sempre culpado do que ele não é." (p. 65)


Abordando novamente sobre a ética, devemos suportar o que a pessoa está trazendo (neurose de transferência) tal qual está acontecendo, não caindo num lugar de poder e saber ou achando que o processo dele é seu, podendo com isso aumentar a resistência e deixando-o mais dependente. Podemos sim ser descartados, podemos ser abandonados. Temos que acolhê-lo, através da transferência construindo um lugar que se possa criar e "viver" ali o que está sendo trazido. É a "presença Côncava" (útero) , dando condições para acontecer, temos que viver com ele aquilo e olhar o processo que ele está passando. E isto é diferente para cada ser humano. É "escutar" sem formular hipóteses, através da atenção flutuante e da implicação no processo , sentindo e vivenciando, nunca esquecendo da busca da complexidade. É um segundo olhar sobre o que está sendo trazido.


Na interpretação, temos que ter uma certa cautela pois podemos "fechar" o processo, por isso é importante o acolhimento e conhecer o caminho. A interpretação não é explicação, mas sim uma ruptura, dando novos sentindo para aquilo que está sendo dito e sentido. Ela pode ser um silêncio, um olhar, um gesto, não necessariamente uma palavra, pois, como já coloquei, nem tudo passa pela racionalidade (infelizmente os neuróticos acham que sim).


Sobre o texto "amor e morte na transferência", Fedidá (1992) aponta que "Terapéia", como os gregos chamavam, "é o cuidado exercido sobre o Eros doente" (p. 28). Para mim isto é fundamental, onde podemos acolher o seu Eros o ajudando no excesso de amor para encontrar o seu equilíbrio e abrir essa energia para novas possibilidades de amor , expandindo o seu viver. Mas temos que ter cuidado para não cairmos em paixões, pois podemos com isso conduzir para um efeito contrário, isto é, temos que nos dar conta e não deixar fragmentar tudo "o amor não é o problema, mas a morte."


O amor só vai ser vivido na desestabilidade, na parcialidade e na desconstituição das verdades do paciente (no caso da neurose, pois na psicose é a construção do sujeito). O amor é parcial, abrindo aquele desejo de unificação e de totalidade escravizante que tende a repetir . Na escuta, somos o insistente das indagações (insistente do negativo), para abrir as verdades e permitir sempre novas produções de vida.

 

No "alinhavar" de outros mundos...

"minha voz não chega aos teus ouvidos
meu silêncio
não toca teus sentidos
sinto muito
mas isso é tudo que sinto." Alice Ruiz

"Dentro de mim mora um grito.
De noite ele sai com suas garras, á caça
De algo para amar." Alice Ruiz


Diantes da angústia da psicose, encaramos nossas impotências e podemos rever os grilhões rotulantes da nossa sociedade normatizadora e hipócrita. A dicotomia entre a loucura, vista como desrazão e normalidade, vividas na modernidade teve uma série de conseqüências. Partiram do princípio que na normalidade não tem desrazão, a pessoa dita "normal" é aquela racional, presumindo que está implicada numa vida e num processo de existência intelectual.


Pensar que o louco é aquele que não tem razão, também é achar que sua experiência não é válida, desconsiderando sua produção de vida. Porém, muitos dos sintomas dos psicóticos são manifestações de uma extrema racionalidade, essa mistura de racionalidade com loucura foi montada para manter uma determinada disciplina, pois se o "louco" é um desrazoado, para curá-lo, basta utilizar o instrumento da racionalidade, que é a disciplina, produzindo-o dentro deste mundo. No entanto, não podemos entender que isso não seja alguma coisa que possa ser trabalhado terapeuticamente, mas isso não é a mola propulsora e nem o objetivo, pode ser sim um dispositivo muito importante , mas não o único.


Isso não é uma maldade social, mas sim uma visão de mundo, uma posição e uma forma de ver a questão do tratamento do "louco". Nesta visão disciplinadora, aqueles que não são ditos como loucos já foram salvos, pois tem a garantia de sua racionalidade. Grande mentira, pois não temos nenhuma garantia de nada. Como diz Nietszche : "os processos adaptativos tem um grande poder de nos colocam neste mundo e nos contextualizar, o que não pode acontecer é que eles dominem as forças de expansão, são instrumentos da vida e não um projeto, forças de domínio."


Petter Pal. Pelbart (1989), nos fala que o mundo é percebido através de dois grandes estratos de saber: o da visibilidade e o da enunciação. Nenhum desses estratos é submetido ao outro, os estratos estão sempre em luta, conflito, não se complementam, não há hierarquia entre eles e um não define o outro. Por isso, não falamos tudo o que vemos e não vemos tudo o que falamos, ou seja, não existe nunca uma coincidência entre o que se vê e o que se fala. São planos que não tem intersecção. Isso é a mola da vida, pois não conseguimos falar tudo o que vemos, por isso temos ansiedade.


Há uma complexidade, uma luta para percebermos dentro da construção da subjetividade, da singularidade. No estrato da visibilidade encontramos as sensações, as percepções da luz, da visão, tudo o que não pode ser ou não consegue se articular pela fala, é o que não conseguimos dar nome. Se entendermos que a visibilidade e a enunciação estão separadas, entenderemos a psicopatologia e a psicoterapia de forma diferente. Vamos ouvir o paciente com outra escuta, vamos ver que tudo o que está sendo falado não é tudo, ele não está nomeando o que "realmente" sente e veremos que o que diz sentir não existe porque tudo é aparência.
Devemos remeter o trabalho do psicólogo não a uma dimensão ideal, mas numa dimensão terrena. "A vida é como ela é, devemos potencializá-la para ser cada vez mais mutante" (Liane Pessin). Nesta escuta, há sempre uma grande surpresa, quando não nos surpreendemos mais é porque perdemos a capacidade da escuta.


Foucault (1994) diz que "a cada momento histórico tem determinada condição de visibilidade e enunciação." As possibilidades de visibilidade e enunciação estão se produzindo na zona estratégica de poder. Na medida que se formam as relações de poder existem um momento histórico. Isso quer dizer que existe um pressuposto de visibilidade e outro de enunciação, mas a vida sempre está além desses. A vida é sempre expansão, vontade de potência, e não existe pressuposto que a encarcere, mas não cabe tudo dentro desses, por isso que se criam outras possibilidades que se dão no acaso da vida, construindo outros momentos históricos , tanto no nível macro como no micro. Por isso devemos escutar o que está além da enunciação, pois é além dela que está a vida.


A força que movimenta o diagrama de Foucault vem do Fora. São forças que não foram capturadas, não estão estruturadas. Como define Naffah Neto (1994), estão em todo lugar, são forças que movem a vida, é quando conseguimos dobrar a vida, quando existe um desejo de existir.
Para Petter Pal. Pelbart (1989), isso tudo se mistura, o sujeito fica jogado no fora, a psicose é a clausura do fora, ou seja, perde tudo e é atravessado por tudo, sem restrições. Tudo dói, não tem nenhuma continência e contorno que possa dobrar a vida e dar um sentido para agüentá-la, não tem corpo e este é explodido e furado.


Em nossa singularidade conseguimos desacelerar as forças, dobrá-las, capturá-las e dar um certo sentido de ser e uma estabilidade singular. No momento que não há mais força para conter o fora, explode a bolsa (do diagrama) e não tem como desacelerar as forças. Todas se atravessam, sem lógica, sem contorno e sem território nenhum.


O psicótico não consegue capturar força nenhuma, não há território e seu surto é uma tentativa de existir, por isso que tudo dói no corpo, porque tudo se mistura. O seu corpo não existe e sua angústia é de vida e não deve ser nada bom a loucura. Ele é enclausurado no fora, não tem nenhuma libertação.


Assim a ansiedade psicótica é de existir e da dúvida constante de sua existência, da vida e da morte, de ser ou não sujeito. Enquanto que na ansiedade neurótica é de não ser aceito, de tentar ser diferente do que é, de não gostar de si mesmo, de querer ser amado, escolhido.


O surto psicótico é o desespero de existir, por isso não podemos desvalorizar esse momento. Assim, temos que "entrar no surto" e trabalhar o delírio, pois é daí que podemos resgatar essa quantidade transferencial.


Temos que reconstruir e criar aquela continência necessária que o psicótico, de certa forma, não teve, que é muito diferente do apoio . Temos que dar um território para que ele exista, se arriscando em ensaios para habitar esse território, vendo seus limites e capacidades, mas tendo segurança para transitar nesse território, porque damos essa certeza. Essa é a ilusão.


Num dos estágios que já realizei, "X", no meio a uma conversa virou-se e olhou bem fundo nos olhos e disse "preciso de um amigo que me tire da lua e me ajude a fincar os pés no chão"(sic.). Ficamos nos olhando por alguns minutos. Senti aquele olhar que dizia, estou cansado de andar no caos, nas nuvens, na atmosfera lunar que mais parece um mar, preciso de terra, estabilidade. Procurei responder no meu olhar, sim estou ouvindo e sentindo. Algumas semanas depois descreveu a "hemorragia" interna que estava sentindo, concluiu dizendo que estava pronto para estourar. Isso foi muito significativo e me levou a refletir ao fazer este trabalho, no texto da Fátima César (1996), que fala dos viajantes entregues ao mar e pedindo a um dito "normal" sua terra estável e vida menos traumática, querendo uma ajuda na construção.


A mesma autora salienta que o colapso já aconteceu, isto é, que na psicose a pessoa não vai enlouquecer, pois ele não se constitui como sujeito, não ouve a dobra. Seguindo Petter Pal. Pelbart (1989), não se criou uma dobra, uma invaginação subjetiva que pudesse desacelerar as forças. Para Foucault(1989), o sujeito é essa invaginação subjetiva, dobra que desacelera as forças e dá uma certa estabilidade dentro de algum território. Essa construção não foi feita no psicótico, pois o movimento agora é inverso, é tentar constituir, fazer essa interioridade, dobra. Não tem porque ter o medo de explodir, já está explodido.


Quando entendemos as coisas dessa forma fica claro como devemos lidar com o psicótico: não é tentar mostrar a ele que o pior pode acontecer, mas é partir do princípio que já aconteceu. O surto não quer dizer que a pessoa vai piorar porque teme ou vai enlouquecer. O cuidado com o psicótico é poder acompanhar o processo da entrada do surto e poder lidar com isso, já que tem riscos nesta produção. Com o surto ele não vai ficar destruído, pois mais do que já está não vai ficar. Por isso não há porque temer o surto como aumento da destruição, ele já está destruído e esta é uma tentativa de construir uma marca, como vimos nos estágios quando eles queimam seus dedos com cigarro.


O surto é um momento muito importante de se trabalhar, pois se consegue constituir outras possibilidades, sem ter o material para desviar. Nele não definimos se a pessoa está melhor ou pior e muitas vezes é um processo nobre da saída do processo psicótico. É uma inauguração de um novo momento que não era conseguido se ele estivesse de "cara dura", como foi o exemplo acima da "hemorragia" sentida. O grande material a ser trabalhado para constituir o sentido do sujeito psicótico é a alucinação, pois esta é sua única forma de significar.


Psicótico sente dramaticamente a dor do corpo, e é difícil para ele simbolizar em palavras o que não tem sujeito, constituição, pois não existe o dentro e o fora.
Enquanto que o neurótico estabelece a dimensão pela alteridade, o psicótico começa a olhar a diferença que ele consegue ver, isto é , uma separação dele com o outro. Neste caminho, mais que resgatar isso ou a linguagem, é redimensionar o corpo, amparar no corpo. Como salienta Machado (1999):

"Assim, o corpo, considerado como um conjunto de instintos em relação, é um fenômeno mais surpreendente, mais importante, mais cognoscível do que a consciência. 'Tomar o corpo como ponto de partida e fazer dele o fio condutor, eis o essencial. O corpo é um fenômeno muito mais rico e que autoriza observações mais claras. A crença no corpo é bem melhor estabelecida do que a crença no espírito." (MACHADO, R. Nietzsche e a verdade, p. 95)

Neste caso é acolher no seu estilo, na sua angústia de ser, na sua incapacidade de dar corpo. Depois de ser "tão agüentado" nessa sua incapacidade, ver a sua angústia, repetidas vezes projetada, que ele consegue tornar menos angustiante para poder simbolizar aquilo, mas ele só poderá simbolizar quando não for completamente imensa, intensa e terrificante. Para isso, devemos esperar o tempo necessário para deixar acontecer... aguardar o tempo necessário da angústia.


Como define Petter Pal. Pelbart (1989), "A fala que não é nem desrealizadora e nem desfamiliarizadora é aquela fala que aguarda o transcorrer do tempo." Isso é importante tanto nos momentos de crise na neurose quanto na psicose, deixar ela acontecer, dar lugar, sem pontuá-la ou abalizá-la, não interpretar a angústia.

Dentro destes pontos acredito que ser psicólogo requer acima de tudo amar o que se faz e respeitar a subjetividade de cada um. Tenho mais medo das minhas certezas do que dos meus erros, pois devo a todo o momento não confiar nas minhas verdades e aprender todos os dias algo novo que me desestabiliza e com isso posso crescer tanto humano como profissional. A única certeza que tenho é quando reler este texto, não vou mais concordar com muitas coisas que pontuei e vou refazê-lo tudo de novo. E o mais importante é que cada ser humano é singular, autêtico e desejante.

 

Referências Bibliográficas

CALLIGARIS, Contardo. Introdução a uma clínica diferencial das psicoses. - Porto Alegre : Artes Médicas, 1989. 125 p. Porto Alegre : Artes Médicas, 1989. 125 p.

César, Fátima Sobre os que moram em móvel mar

FEDIDÁ, Pierre, Comunicação e Representação : Novas semiologias em Psicopatologia. 1. Ed. - São Paulo : Escuta, 1989. 260 P.

FIGUEIREDO, Luis Cláudio Mendonça. Revisitando As Psicologias : Da Epistemologia A Ética das Praticas e discursos Psicológicos. - 1. Ed. - Petrópolis : Vozes, 1995. 97 P.

MACHADO, Roberto. Nietzsche e a verdade. São Paulo: Graal, 1999.

NAFFAT NETO, Alfredo. A psicoterapia em busca de Dionísio: Nietzsche visita Freud. São Paulo. Escuta. 1994.

PELBART, Peter Pal. Da Clausura Do Fora ao Fora da Clausura: Loucura e Desrazão. - 1. Ed. - São Paulo : Brasiliense, 1989. 235 P.

ROUDINESCO, Elisabeth. Por que a psicanálise?. - Rio de Janeiro : Zahar, 2000. 163 p.


Notas

1 - Graduanda do curso de Psicologia da UNISINOS. E-mail: [email protected]


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