O Matambre Recheado e a Psicanálise
André Simplício1

 

Durante uma crise de insônia e vendo na televisão um anuncio de uma churrascaria, me veio a mente como não estão distantes os conceitos de um prato como o Matambre Recheado e essa dita ciência chamada de Psicanálise.

Vejamos o exemplo desse prato, típico das churrascarias do Rio Grande do Sul, o Matambre é um pedaço de capa da costela, enrolado, contendo uma fina camada de carne, e basicamente ele é acompanhado com um recheio de legumes como a cenoura e abobrinha se for o caso, que lhe dá um certo colorido, contrastando com a porção de gordura presente em todo seu entorno. A primeira vista temos a impressão de ser um prato delicioso, bem preparado, e quando vamos saboreá-lo vemos que não é bem assim, vemos que a carne em si é pouca, que o recheio preenche todo o espaço onde imaginávamos existir mais carne, constatamos que o recheio está lá para isso mesmo, para preencher espaço, quando vemos ficamos com um certo desejo de "quero mais", que nos impele a repetir o prato a fim de experimentar um pouco mais da carne, não que tenhamos gostado, mas sim porque achamos que não tinha o suficiente, que fomos traídos pela nossa fome....isso sem esquecer que toda a gordura contida naquela pequena fatia retirada contém mais colesterol que nossas três refeições diárias, e que com o tempo cobrará seu preço a nosso organismo, principalmente o coração.

Pode-se dizer que a Psicanálise é o Matambre Recheado das psicologias.

Temos uma filosofia que nos é propagandeada com um recheio bem preparado, onde temos a impressão de estarmos presente diante de um prato delicioso, com um recheio suculento de componentes filosóficos, históricos, isso sem contarmos com um idioma, o "enrolês", que especialistas até hoje tentam decifrar, não compreendendo a real utilidade de tal artifício, mas conscientes de que o mesmo é muito atraente aos incautos. Este recheio possui a mesma função da cenoura e da abobrinha, dar um certo brilho ao discurso, um tom de dramaticidade ao relato, mas quando queremos chegar á carne propriamente, nos damos conta que não tem muito do que aproveitar, percebemos que o tempo passou, ficamos com o recheio que só preencheu espaço e ainda por cima temos que nos preocupar com a conta a ser paga e toda gordura desnecessária que teremos que carregar e que cobrará seu preço no futuro....

Notas

1 - Graduando em psicologia pela UNISINOS. e-mail: [email protected]


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