Ele e o sentido da vida
Adriano Fernandes1
Muitos encaram a vida como sendo
um grande jogo. Façamos uma análise a partir dessa visão.
Se a vida é realmente um
jogo, e se somos os participantes deste, creio que seja um dos passatempos mais
descabidos que se tem notícia, a começar pelo fato de que não
somos consultados pelo seu idealizador para dizermos se queremos ou não
atuar no seu "grande teatro". O pior - e faz parte deste juguete -
é que "Ele" não se apresenta. Talvez tenha medo de ser
questionado sobre a necessidade de existir algo tão, em princípio,
sem sentido.
No início começamos
a jogar sem o mínimo conhecimento das regras, que só nos são
repassadas no decorrer da peleja. No meio do caminho nos damos conta de que,
quanto mais se busca sobre os mistérios desse mosaico terreno, mais dúvidas
tendem a suscitar em nossas mentes. Quando nos aproximamos da reta final, começamos
a vislumbrar um possível "sentido da vida", mas já é
tarde para desfrutar desta descoberta. Somos obrigados a abandonar o tabuleiro,
e fica o consolo de termos sentido um pouco o gosto do tal sentido.
Será que Ele, do auto de
sua soberba, sente prazer em assistir a esse espetáculo patético,
onde o final é o infortúnio? Até quando?
Alguns acreditam que vivemos outras
vidas, e que esta é apenas um estágio no caminho até Ele.
Não penso desta forma. Cheira conformismo.
Sendo assim senhores, façam
suas apostas e fiquem ou com a resignação dos derrotados ou com
a ilusão de que um dia possam entender a roleta da vida.
Enquanto isso, me finjo de morto para sobreviver.
Notas
1 - Graduando em Jornalismo. E-mail: [email protected]