Textos del llibre
"A chula, verdadeira canção nacional"

Pires de Lima, 1962


1   CHULA OU RAMALDE

  Manuel olhos azues,
Manuel olhos azues,
vira t'agora,
dentes de perolas finas.
Não sei que me tu fizeste
que tanto me desafinas

   Vira t'agora
dentes de perolas finas,
Manuel olhos azues,
que tanto me desafinas

Menina, se sabe ler,
menina, se sabe ler,
vira t'agora,
leia no meu coração.
Que dentro d'ele achará
se lhe quero bem ou não.

A laranja quando nasce,
a laranja quando nasce,
vira t'agora,
logo nasce redondinha.
Também tu quando nasceste
logo foi para ser minha.

Se o mar tivera varandas,
se o mar tivera varandas,
vira t'agora,
fôra-te ver ao Brasil.
Mas o mar não tem varandas;
diz, amor por onde hei-de-ir?

Loureiro, verde loureiro,
loureiro, verde loureiro,
vira t'agora,
a baga é o teu fruito;
foste o meu amor primeiro,
deixar-te custa-me muito.

Por mais que o loureiro cresça,
por mais que o loureiro cresça,
vira t'agora
ao céu não há de chegar;
por mais amores que eu tivesse,
não te haviam de igualar.


2   CANA VERDE

 Oh minha caninha verde,
oh meu Senhor do Bomfim !
Oh minha caninha verde,
oh meu Senhor do Bomfim !
Linda cara, lindos olhos,
virem-se, virem-se cá para mim
ai ó ai, virem-se cá para mim
lindos olhos, linda cara
virem-se cá para mim


Oh minha caninha verde,
oh meu Senhor do Padrão;
quem não quer que o mundo fale,
não lhe dê ocasião.

Eu pintei a cana verde,
eu pintei a cana verde.
Eu pintei a cana verde
no travesseiro da cama.

Encostei-me à cana verde
cuidando que não quebrava.
A cana verde era ôca
coisa que me não lembrava.

Oh minha caninha verde,
verde cana de encanar,
aqui estou à tua beira,
quem 'stá bem deixa-se estar.

A cana verde no mar
anda ao redor do vapor.
Inda está para nascer
quem há-de-ser meu amor.

A cana verde me disse
que eu havia de ir com ela.
Vai-te embora, cana verde,
que eu vou para a minha terra.

A cana verde no mar
bota raízes na areia.
Sou leal a todo o mundo,
todo o mundo me falseia.

Oh minha caninha verde,
oh minha verde caninha.
Salpicadinha de amores,
e de amores salpicadinha.

Oh minha caninha verde,
verde cana no botão,
aqui estou à tua beira,
prenda do meu coração.


3   CHULA DE AMARANTE

 Quem quer dorme na rua,(bis)
à porta do seu amor.
Das pedras faz cabeceira (bis)
das estrelas cobertor.

Assanhou-se o meu amor,
não sei que lhe hei-de fazer;
hei-de pisar o trovisco
e dar-lhe o sumo a beber.

O feto é feiticeiro,
juro que me enfeitiçaste.
Eu desejava saber
porque razão me deixaste.

Como silva me prendeste,
como feto me enfeitiçaste.
Como giesta me quizeste,
como sargaço me deixaste.

À sargacinha do monte
eu devo-lhe obrigações.
Porque me tem encobrido
em certas ocasiões.

Quem me estorva a mim de ver-te
d'isso me quer por preceito;
não me estorva o eu trazer-te
sempre dentro do peito.

Oh elo da videirinha,
que assim te uniste à prisão;
também eu me assujeitei
a amar o teu coração.

Nem o cravo nem a rosa
no jardim mais florido;
só as estrelas do céu
tem comparação contigo.

O A é a primeira letra
que no teu peito escrevi.
Se alguém padece no mundo
sou eu por via de ti.

Fui ao mar por ver as ondas,
ao jardim por ver as flores,
ao céu por ver as estrelas,
aqui por ver meus amores.

Quem aqui vem de tão longe
com risco de se perder,
correndo montes e rios,
só pelo amor de te ver.

Eu vou deixar de te amar
vou deixar de te querer bem.
A quem amas à semana
ama ao domingo também.

Ainda que o lume se apague
na cinza fica o calor;
ainda que o amor se ausente
no coração fica a dor.

Se eu tivesse pena d'ouro
formava o papel de prata;
com o sangue das minhas veias
escrevia-te uma carta.

Escrevia-te uma carta
com o sangue das minhas veias,
se não fosse considerar
sangue meu por mãos alheias.

Meu amor hei-de te amar
quer tu queiras quer não queiras.
Que eu tenho da minha parte
vinte e cinco feiticeiras.

Os olhos do meu amor,
são confeitos, não se vendem.
São balas com que me atiram
cadeias com que me prendem.

À entrada d'esta rua,
dei um ai, tremeu a terra.
Encontraram-se as estrelas,
saíu o sol à janela.

De cada vez que te vejo,
devia-me confessar.
Eu não peco em te ver,
peco em te desejar.

Oh meu amor da minh'alma
repara e considera.
Que depois do mal estar feito,
já não vale se eu soubera.

Lindo cerco leva a lua
ergue-te, amor, e vem ver;
não há sol que chegue à lua
nem ao nosso bem querer.

Lindos olhos tem José
Santa Luzia guardai-lh'os.
Se não forem para mim,
Santa Luzia tirai-lh'os.

Adeus vila d'Amarante,
cercada de lampeões.
Onde o meu amor passeia
com sapatos à Camões.

Adeus vila d'Amarante,
largo de Santa Luzia.
Onde o meu amor passeia,
a toda hora do dia.


4  RAMALDEIRA

  Manoel olhos azues,
Manoel olhos azues,
ai oh ai,
dentes de perolas finas.
Não sei que tu me fizeste
que tanto me desatinas

   Ai oh ai
dentes de perolas finas,
Manoel olhos azues,
que tanto me desafinas

No momento da partida
meu coração te entreguei.
Quando me vem à lembrança
como não choro, não sei.

Quando comecei a amar-te
talvez não soube o que fiz.
Quem só a paixão consulta
raras vezes é feliz.

Eu subi à amendoeira
sem me lembrar de descer.
Desprezado dos teus olhos,
quem me há-de agora querer.

Trago dentro do meu peito
uma parede formada,
de penas e de cuidados,
aqui não disfarça nada.

Trago dentro do meu peito,
chegadas ao coração,
duas letrinhas que dizem:
morrer, sim; deixar-te não.

Quem tem pinheiros tem pinhas,
quem tem pinhas tem pinhões;
quem tem amores tem zelos,
quem tem zelos tem paixões.


5  CHULA DE PENAFIEL

 Amores novos falai-me, (bis)
que os velhos já me esqueceram.
Faço de conta que foram (bis)
folhas de papel que arderam.

Semeei o meu faval
já tenho muitas favinhas.
Já tomei novos amores,
os velhos que torçam linhas.

Eu amo a três amores,
dois de manhã, um de tarde:
trago a dois enganados,
só a um falo verdade.

Já te quiz bem e, na vida,
isso quiz, que eu não nego;
fizeste-me uma traição,
agora nem ver-te quero.

Cala-te, meu coração,
tu nada queiras dizer.
Quem se cala vence tudo
também tu hás-te vencer.

Eu amar hei-te amar.
Foi palavra que te dei;
por fim hei-te deixar
como tu fazes também.

Hei-de amar a pedra dura,
e ao teu coração não.
Que a pedra dura não queima,
e tu queimas sem razão.

Sois água, não matais sede
sois pimenta, não queimais;
sois uns e pintai-vos oitros
quando comigo falais.

Domingo, se fores à missa,
bem sabes onde eu me ponho;
dá-me um aceno c'os olhos
que eu c'o isso me componho.

Dizes que me queres bem
eu por obra o quero ver.
O dize quero-te bem
quem quer o pode dizer.

Se eu soubesse quem tu eras
e qual é teu coração,
uma fala que te dei
ou t'a daria ou não.

Se eu soubesse quem tu eras,
ou quem tu vinhas a ser,
mandava vir da botica
remédio para morrer.

O amor de homem casado
quem me dera sequer um;
para couços de panela,
que ainda não tenho nenhum.

O amor de homem casado
quem o quer ? Quem o cobiça?
É como o cant'ro quebrado,
com a rolha de cortiça.

O amor de homem casado
quem o há-de pretender?
É como o vinho botado,
que se não pode beber.

Hei-de escrever uma carta
ao rigor d'esse teu corpo;
juro que não chegará
quanto papel tem o Porto.

Deste-me um ar do teu riso,
quando por ti fui passando;
empiscaste-me os teus olhos
eu logo me fui chegando.

Amores ao pé da porta
Quem m'os dera a todo o risco;
ainda que a boca não fale,
os olhos sempre lhe empisco.

Aos olhos do meu amor
hei-lhes atirar um tiro;
já que eles por bem não querem
deixar de falar comigo

Os olhos requerem olhos,
os corações, corações;
também as boas palavras
requerem boas acções.

Os olhos requerem olhos,
tudo requer o que é seu;
eu requeiro o meu amor,
e por justiça que é meu.

O meu amor quando se encontra
causa pena e causa gosto;
sobressalta o coração,
faz subir a cor ao rosto.

Hei-de subir ao teu peito
por alta escada de vidro,
com fechaduras de prata
para me fechar contigo.

O sol quando quer nascer
à minha porta vem dar.
Vem pedir obediência
dos raios que há-de-deitar.

O sol para todos nasce,
só para mim escurece.
Desgraçada rapariga
que até o sol aborrece.

Eu fui a que disse ao sol
que era escusado nascer;
à vista d'esses teus olhos,
que vem o sol cá fazer?

Oh meu cravinho vermelho,
salpicado na botica,
adeus que me vou embora,
meu coração cá te fica.

Dizes que te vais embora,
e já te estás preparando;
quem me fora livre minha
que te fora acompanhando.

Agora é que vou morrer.
Vou passar o meu martírio,
vou morrer sem acabar,
padecer sem ter alívio.

Já lá vai o sol abaixo,
já não nasce onde nascia.
Já não dou as minhas falas
a quem as dava algum dia.


6  FARRAPEIRINHA

 Oh minha farrapeirinha,
oh minha farrapeirona,
já trazes a saia rota
da apanha da azeitona.

O diabo leve os homens
enfiados num cordel.
O primeiro seja António,
o segundo Manuel.

O diabo leve os homens,
aqueles que bebem vinho;
não há-de levar o meu
que esse bebe poucochinho.

Oh minha farrapeirinha,
ninguém mais do que eu te quer.
Hei-de pedir a teu pai
para ser's minha mulher.

Quem me dera ser retroz,
ou linha de toda a cor,
para andar junto ao teu corpo
servindo de atacador.

Já te quiz, já te não quero.
Já te amei, já te não amo.
A minha pouca assistência
dar-te-á o desengano.

Algum dia meu brinquinho,
o meu regalo era ver-te.
Agora tanto me vale
ganhar-te como perder-te.

Oh minha bela menina
quanto tenho te darei.
Dar-te-ei a vista dos olhos;
cego por ti andarei.

Oh minha bela menina,
hoje sim, amanhã não.
Hoje me tiras a vida,
amanhã o coração.

Muito brilha o branco branco,
ao pé do branco lavado;
muito brilha uma menina
ao pé do seu namorado.

Oh menina diga, diga,
por sua boca confesse,
se já teve em sua vida
amor que mais lhe quizesse.

Menina, se quer saber,
como agora se namora,
meta o lencinho no bolso
com a pontinha de fora.

Nem tanto estar à janela
nem tanto olhar para o chão;
nem tanto tirar o lenço
da algibeira para a mão.

Menina, se quer ser minha,
ponha o pé na segurança,
pois há-de andar tão direita
como o ouro na balança.


7  CHULA RABELA

 Estes senhores me pedem
que lhes cante uma cantiga;
cantarei duas ou três
que uma não é cortezia.

Eu quero bem, e não posso
dizer a quem quero bem;
quero bem ao meu amor,
dizê-lo não me convém.

Alegria não a tenho
a tristeza m'a levou.
Perguntei ao meu amor,
se a viu, por onde andou.

De noite tudo são sombras,
n'elas te hei-de procurar,
já que de dia não posso
nem os olhos te botar.

O anel que tu me deste,
nem o dei, nem o vendi;
deitei-o por água abaixo,
o mesmo faria a ti.

Muito bem parece o ouro
no pescoço da donzela;
ainda mais parece a honra
se vive no gozo d'ela.

Tenho um vestido de penas,
não m'o fez o alfaiate.
Eu o fiz, eu o talhei,
é bem que penas me mate.

Tenho penas sobre penas
e inda não posso voar;
a maior pena que tenho,
é ver-te e não te falar.

Aqui venho por te ver,
por te ver aqui cheguei;
para que saibas amor,
prometi e não faltei.

Escrevera-te uma carta,
se tu a souberas ler;
mas, se a vais dar a outro,
tudo se vem a saber.

Oh senhor juíz de fora,
faça justiça na terra;
prenda-me aqueles dois olhos
que me estão fazendo guerra.

Chora meu pai, que se mata
por eu chegar ao estalão.
Não chore, pai da minh'alma,
os homens para que são?

O meu amor é tão lindo,
ninguém mo venha tomar.
Tem os olhos cinzentinhos
de dormir atrás do lar.

Cuidavas que eu te qu'ria,
oh guardanapo de mesa;
se algumas falas te dava,
eram de pouca firmeza.

Não julgues que por ti morro,
bem sabes que te não quero.
Tenho meu peito guardado
para mais alto castelo.

O meu amor foi e disse
que por ele não chorasse.
Que se lembrava de mim,
que me não mortificasse.

Puz-me a jogar o retroco
numa mesa de marfim,
cuidando que te ganhava,
perdi-te, meu serafim.

O sapato me aperta,
a meia me faz calor,
o coração me arrebenta,
se te não falo em amor.

Minha saia azul alegre,
em solteira a hei-de romper.
O meu amor é pequeno,
hei-de deixá-lo crescer.

Cuidavas que eu te queria,
enganou-te o coração.
Eu não sou tão rabaceiro
que coma a fruta do chão.

Cabelinho entrançado
serve de toda a maneira;
de dia serve de gala,
à noite de travesseira.

Eu vou dar a despedida
até outra ocasião;
senhores que estão presentes,
a todos peço perdão.

Dou a minha despedida,
sem ofender a ninguém.
O muito cantar enfada,
o pouco parece bem.

Vou refrescar a garganta,
na forma do meu costume:
com água batida a coices,
fervida sem ser ao lume.


8   CHARAMBA

 Defronte de mim existe
toda a glória do meu bem:
a quem a minh'alma adora
e o meu amor também.

O cantar à meia noite
é um cantar excelente:
acorda quem está dormindo,
alegra quem está doente.

A viola sem a prima
é como a filha sem pai:
cada corda seu suspiro,
cada suspiro seu ai.

Senhor mestre da viola,
dizei se quereis ou não
que eu cante uma cantiga
ao toque da vossa mão.

Cante lé uma cantiga,
deixe ouvir a sua voz;
ou diga lá um segredo,
que fique aqui entre nós.

Ai ! quando eu aqui cheguei
esqueceu-me a cortezia;
agora, que estou cá dentro,
viva toda a bizarria.

Cantai, menino, cantai;
se não cantais canto eu.
Eu não posso estar calada,
foi dote que Deus me deu.


9   O MANUELZINHO DO JOVIM

 Felizes festas, senhores,
boas festas vimos dar;
e fugidos aos foguetes
que se botam no lugar.

   Pum! foguetes!
De bomba real,
e são de lamite...olé!
Que fazem tão mal.

Ah! são verdes...
Antão? Era pastor;
isto não se atura...olé!
senhor regedor.

São chegados os três Reis,
não julguem que é palanfrório;
que lá no nosso concelho,
atormenta o foguetório.

Já chegaram onte' a casa
do Manelzinho brasileiro,
que mandou logo o sobrinho
botar vinte e um morteiro!

E logo p'ra retirada,
o Manelzinho tem já
um foguete tão tamanho,
que vai ouvir-se no Pará!

Lá na nossa freguesia
reina grande animação!
Mas anda tudo a tremer
por causa do foguetão.

As cachopas de Jovim
têm uma dança ensaiada;
e à porta do Manelzinho
já ontem houve espadelada.

Houve fogo de bonecos,
muitos foguetes arderam;
e ao som da filarmónica
os três Reis adormeceram.

Os três Reis como eram santos,
sonharam a noite inteira,
e acordaram estremunhados
com o restolho do Zé Pereira.

Foram ter com o Manelzinho
que estava com o fogueteiro.
Disseram-lhe: -D'hora avante
és comendador Morteiro.

Os três Reis então pediram
ao bravo comendador,
p'ra lhes fazer companhia
à casa do professor.

Em casa do mestre-escola
houve um banquete de truz!
Comeram-se dez galinhas,
oito patos, seis perus!

Durante o real banquete
brindaram uns cinco ou seis;
no fim botaram um foguete:
custou um cento de malreis!

Rei preto brindou por troça
ao comendador Morteiro,
que ficou todo inchado
inda a dever-lhe dinheiro.

E vai ospantão para o fim.
Brindou o senhor abade,
que pediu para que Jovim
fosse a primeira cidade.

Devem partir de manhã
com destino a Belém;
e à passagem em Campanhã
diz que há foguetes também.

Glória damos a Deus,
e à cautela, prevenção!
Se sentir tremer a casa
não se assuste: é o foguetão!


10   OS RABELOS

 Nósvimos aqui cantar
com violas e ferrinhos,
mas não nos devem dizer:
a panela tem cominhos.

CORO
   A gente bem lhe dizia
você fiouse nos mais,
agora venda-lh'a cria
é bem feito ser arraes.

Nós chegamos inda agora
no barco em que sou arraes,
e a barquinha ficou presa
lá em baixo nos Guindães.

Nós também fizemos boda
como nunca há-de constar,
senão fosse o desarranjo
de panelica estoirar.

Tínhamos a ceia pronta,
grita o moço da espadela:
- Senhor arrais, venha ver,
caíu a rata à panela!

Esta à proa da barquinha;
corri logo assustado. Não que hoje é dia de festa,
era cação ensopado.

Senhor arrais ora veja,
o que agora aconteceu;
caíu a rata à panela,
'té a barquinha estremeceu.

Estava fogo no coqueiro;
eu fugi então p'ra proa;
e se não fosse os Voluntários
ardia a cesta da broa.

Os prejuízos que houveram
vota arriba dum corzado
entre panelas e cebolas
e o cação ensopado.

Pois se não sucede aquilo
não vínhamos cá chorar,
que o cação que a gente tinha
dava muito que trincar.

Ai que era coisa tão rica,
nenhum de nós a provou.
Eu ia a tirar a rata
e a panelica estoirou.

Agora dê-nos da ceia
ou dinheiro p'ra fazer,
que o sôr também está sujeito
do mesmo lhe assuceder.


11   VAREIRA DO DOURO

  Eu hei-de te amar, amar (bis)
eu hei-de te amar a rir; hei-de te amar de dia, (bis)
que à noite quero dormir.

A candeia por estar baixa
não deixa de alumiar:
assim o amor por estar longe
não deixa de nos lembrar.

Há silvas que dão amoras,
há silvas que as não dão;
há amores que são firmes,
há muitos que o não são.

Abre-te peito e fala,
coração, salta cá fora:
anda ver o meu amor
que chegou aqui agora.

As pombinhas quando nascem,
logo vem dando beijinhos:
assim são os namorados
quando se apanham sozinhos.

Oh coração, coração,
quem t'atirara dois tiros:
com uma pistola d'oiro
carregada de suspiros.

Salsa da beira do rio,
de mimosa cai-lhe a folha.
Tenho um amor bem bonito
se não houver quem m'o tolha.

O meu amor foi-se embora.
Se ele foi deixá-lo ir:
deixou-me prisioneira
que não lhe possso fugir.

Vou-me embora do meu amo,
não lhe devo nem um dia;
antes m'ele deve a mim
as noites que eu não dormia.

Ando por aqui de noite,
às escuras como o rato;
ando de porta em porta
não atino com o buraco.

Ando por aqui de noite
como o gavião perdido:
acordo e adormeço
contigo no meu sentido.

Limoeiro do Brasil
bota p'ra cá um limão:
quero tirar uma nódoa
que tenho no coração.

Minha mãe é minha amiga;
quando cose dá-me um bolo.
Quando se arrenega comigo
dá-me com a pá do forno.

De que servem as esquinas
numa noite de luar,
se elas não hão-de encobrir
dois amantes a falar ?

O sol anda e desanda
mil voltas em derredor;
eu não ando nem desando
sou leal ao meu amor.

Falais de mim, falais d'outros.
Sempre tendes que dizer;
inda que o inferno está cheio,
vós haveis de lá caber.

Onze horas, meio dia,
e o jantar arrefece.
Anda agora muito em moda:
quem mais faz menos merece.

Tenho quatorze namoros
p'ra conversar às semanas:
três Marias, três Josefas,
três Franciscas, cinco Anas.


12   SÃO JOÃO DOS BORREGUINHOS

 Vamos levar um borrego,
oh borrego, oh borrego,
ao São João da Lapa,
ao São João da Lapa.
Cautela com o bicho
que não vá cair no chão,
que isto foi promessa
que se fez ao São João, olé.
Que jºa nos'stá acenando
co'a ponta da sua capa.

Já o São João da Lapa
oh borrego, oh borrego,
tem dois borreguinhos,
tem dois borreguinhos.

Cautela com o bicho
que não vá cair ao chão,
que isto foi promessa
que se fez ao São João, olé.
Com fitinhas ao pescoço
e com guisos nos corninhos.


13   SÃO GONÇALO D'AMARANTE

 São Gonçalo d'Amarante,
casamenteiro das velhas,
porque não casais as novas ?
Que mal vos fizeram elas ?

São Gonçalo
d'Amarante
quer que lhe baile,
quer que lhe cante.

São Gonçalo d'Amarante
feito de pau d'amieiro,
irmão do pau dos meus socos,
criado no meu lameiro.

Oh meu São Gonçalo,
meu São Gonçalinho,
eu quero casar,
dai-me um maridinho.

Seis barricas d'alcatrão,
grande orquestra de badalo:
eis aqui a grande festa
que se faz a São Gonçalo.

Oh meu São Gonçalo,
oh meu rico santo,
atendei às moças
que vos pedem tanto.


14   O MARIDINHO

 -Oh mulher:
eu comprava-te umas botas.
Oh mulher:
eu comprava-te umas botas.
-Isso não,maridinho não,
que me faz as pernas tortas;
bom frumento e bom vinho,
boa carne e melhor toucinho.

 -Oh mulher:
eu comprava-te uns sapatos.
Oh mulher:
eu comprava-te uns sapatos.
-Isso não,maridinho não,
que me faz andar aos saltos;
bom frumento e bom vinho,
boa carne e melhor toucinho.

 -Oh mulher:
eu comprava-te um burrinho.
Oh mulher:
eu comprava-te um burrinho.
-Isso sim,maridinho sim,
que o burro leva o odre;
o odre leva o vinho,
boa carne e melhor toucinho.


15   O MULHER

 -Oh mulher, oh mulher,
eu comprava-te umas botas.
-Isso não, marido não,
que me faz as pernas tortas.

   Compra-me antes um vinhinho
p'ra regar o meu peitinho.
Tu sabes bem maridinho
que a água me faz bem mal.

-Oh mulher, oh mulher,
eu comprava-te uns sapatos.
-Isso não, marido não,
que me faz andar aos saltos.

   Compra-me antes um vinhinho...

-Oh mulher, oh mulher,
eu comprava-te um saiote.
-Isso não, marido não,
que fico como um pipote.

   Compra-me antes um vinhinho...

-Oh mulher, oh mulher,
eu comprava-te um gibão.
-Isso não, marido não,
que me oprime o coração.

   Compra-me antes um vinhinho...

-Oh mulher, oh mulher,
eu comprava-te um pente.
-Isso não, marido não,
que arranha a cabeça à gente.

   Compra-me antes um vinhinho...


16   A GALINHA

 Tenho uma galinha pinta
que põe sete ovos ao dia,
que põe sete ovos ao dia.

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha p'ra o convento.

Já me davam por ela toda,
a cidade de Lisboa,
a cidade de Lisboa.

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha p'ra o convento.

Já me davam pelo bico
o Faial e mais o Pico,
o Faial e mais o Pico.

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha p'ra o convento.

Já me davam pelo pescoço,
uma casca, duas cascas,
três casquinhas de tremoço.

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha p'ra o convento.

Já me davam pela perna
os ilhéus da Madalena,
os ilhéus da Madalena.

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha p'ra o convento.

Já me davam pelo papo
uma arroba, três arrobas,
quatro arrobas de tabaco.

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha p'ra o convento.

Já me davam pela moela,
quatro arrobas, cinco arrobas,
seis arrobas de canela.

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha p'ra o convento.

Já me davam pelas pernas
uma fita, duas fitas,
três fitinhas amarelas

   Ainda assim me não contento:
cho p'ra fora, cho p'ra dentro,
cho galinha vai-te embora.


17   A FAVORITA

  Olhos pretos matadores,
porque não vos confessais
dos crimes que cometeis,
dos corações que roubais ?

Rapariga dá-me um beijo,
um beijo pela tua alma;
tu não sabes quanto gosto
da sombra quando faz calma.

O dia tem duas horas,
duas horas, não tem mais;
uma é quando vos vejo,
outra quando me lembrais.

Deus me dera ser uma ave,
ou pombo ou codorniz.
Que eu fora dar um vôo
à cama onde dormis.

Lá vem a lua saindo
redonda como um botão;
quem tem seu amorà vista
regala seu coração.

Quem tem seu amor marujo
tem um cravo no craveiro.
Ainda bem não está na barra,
já em casa deita o cheiro.


18   A VELHA

 Eu namorei uma velha,
acreditem que é verdade,
que era muito galantinha:
era calva da cabeça,
acreditem que é verdade,
toda cheia de morrinha.

Ora o diacho da velha,
que me parecia um totó,
o nariz uma batata,
e na ponta tinha um nó.

Eu namorei uma velha,
acreditem que é verdade,
lá no canto duma sala,
uma velha de cem anos.
Acreditem que é verdade,
inda a fazer a sua mala!

Fez tranças e caracóis
e inda fez mais modelos;
para contar a verdade,
isto com quatro cabelos.

Quem casa com mulher velha,
(misericórdia, meu Deus)
tem a morte à cabeceira
corre-lhe a mão pela cara,
(ai, Jesus, misericórdia!)
não acha senão caveira!

Eu não quero mulher velha,
nem que seja muito rica;
antes quero moça pobre,
mas que esta seja bonita.


19   CHULA DA MAIA

 Eu hei-de te amar, amar,
hei-de te querer, querer.
Hei-de te tirar de casa
sem teu pai nem mãe saber.

Silva verde não me prendas,
olha que me não seguras;
olha que tenho quebrado
outras algemas mais duras.

Uma silva me prendeu,
uma silva pequenina.
Não há coisa que mais prenda
que os olhos duma menina.

A silva que me prendeu
arrebentou no valado;
nunca a silva me prendeu
com tão forte cadeado.

Há silvas que dão amoras,
há outras que não as dão;
há amores que são firmes,
há outros o não são.

Silva verde picosinha
ao arcipreste se enleia;
meu amor se me prenderes,
deixa-me larga a cadeia.

Cheguei à borda do rio,
silva verde é meu encosto.
Que importa que o mundo fale
se o meu amor é do meu gosto ?

Salsa verde combatida
ao pé do manjericão;
bem podemos ser amantes,
mas sempre dizer que não.

A salsa do meu quintal
arrebenta pelo pé
assim arrebenta a boca
a quem diz o que não é.

Entre pedras e pedrinhas
nascem raminhos de salsa;
pega-te à feia que é firme
deixa a bonita que é falsa.

A salsa que está no rio
de verde se está revendo;
eu como firme te adoro,
tu falsa me estás vendendo.

Debaixo da oliveira,
menina, é que é o amar;
tem a folha miudinha,
não entra lá o luar.

Se a oliveira falasse
ela diria o que viu:
debaixo da sua sombra,
dois amantes encobriu.

Daquela janela alta
me atiraram um limão.
A casca me deu no peito,
o sumo no coração.

Deitei um limão correndo
à tua porta parou.
Quando um limão tem amores,
que fará quem o deitou ?

Alecrim à borda d'água
de longe faz aparência;
muitos amores se perdem
pela pouca inteligência.

Oh meu cravo almirante,
onde é que perdeste o cheiro ?
Perdi-o na tua cama
na renda do travesseiro.

Corações que estão unidos
não temem a dura sorte;
suceda o que suceder
são fiéis até à morte.

Se pensas que por ti morro
enganas teu coração.
Olha que nunca gostei
da fruta que cai no chão.

Caneiro do rio d'Ave
deixa-me ver os peixinhos.
Quem namora às escondidas
dá abraços e beijinhos.


20   CANA VERDE DA MAIA

 Oh minha caninha verde,
oh minha verde caninha;        (bis)
não faças a tua cama,
anda deitar-te na minha.        (bis)

Quem achar a cana verde
que se perdeu lá no mar,
será minha companheira
enquanto o mundo durar.

Oh minha caninha verde,
oh minha salta paredes,
hei-de te dar uma saia
que te dure nove meses.

A cana verde no mar
arrebenta ao nascer;
assim rebentem os olhos
a quem me não pode ver.

Oh minha caninha verde,
verde cana ricocó:
sou filha de minha mãe
e neta de minha avó.

Oh minha caninha verde,
verde cana ricoqueira;
anda tu para o meu lado
que eu vou para a tua beira.

Oh minha caninha verde,
oh minha salta -que- atrepa,
estes meninos d'agora
são levadinhos da breca.

Oh minha caninha verde,
verde cana de encanar:
pela boca perde o peixe,
quem te manda a ti falar ?

A cana verde no mar
anda à roda do iate;
hei-de ir d'aqui p'ra Lisboa
aprender a calafate.


21   ORA ADEUS, ADEUS

 O meu bem me disse,
e achei-lhe gracinha:        (bis)
-'Stá chegado o tempo
de tu seres minha.        (bis)

Ora adeus, adeus,
adeus que eu me vou:
não chores, amor,
que eu ind'aqui estou.

Ao cimo da praça
se vende aguardente,
a dez réis o copo
que regala a gente.

Oh amor, amor,
p'ra qu'é que disseste
que havias-de vir,
se nunca vieste ?

Meu bem não tem nada
e eu sou pobrezinha;
a sua riqueza
é igual à minha.

Se eu quisera amores
tinha mais de trinta;
eu tenho só um,
'stou na minha quinta.

Já tocam os sinos
lá na freguesia;
vão os namorados
à missa do dia.

Toma lá amor,
toma lá, limão
colhido de noite
pela fresquidão.

Sabe bem o vinho
por copo de prata;
não posso q'rer bem
a quem me maltrata.

O meu coração
ao ver-te se abriu;
tornou-se a fechar
quando te não viu.

Por mais que tu queiras
não foges decerto;
entra no meu peito
que é um céu aberto.

Amoras maduras,
só há na amoreira;
só quero no mundo
o que o meu bem queira!

O meu bem me disse:
-Oh linda Maria,
essa tua cara
é a luz do dia.

Ora adeus, adeus,
adeus que eu me vou:
não chores, amor,
que eu ind'aqui 'stou.


22   CHULA

Moras no monte Cativo,
tua mãe é costureira,
no entanto, já teve fama
de ser bruxa ou feiticeira.

Em començando a mentir,
mentes pelos cotovelos;
não podes afirmar isso,
porque ela não tem novelos.

Deus deixou-nos para governo
o peso, conta e medida.
É Deus que dá a vida a tudo,
é Deus que a tudo dá vida.

Menina que sabe ler,
e também sabe contar,
diga lá, faça favor,
quantos peixes há no mar ?

Quantos peixes há no mar ?
Dir-lho hei se eu for ao fundo.
Mas também quero que diga
quantos olhos há no mundo.

Quantos olhos há no mundo ?
Cá por mim só vejo dois.
São esses que tem na cara,
lindos como os dos meus bois.

Adeus, moço de Coimbra,
para te amar eu nasci;
com pena de te não ver
uma carta te escrevi.

A carta que me escreveste,
inda cá não me chegou;
se me queres alguma coisa,
em tua presença estou.

Bem vejo que estás aí,
tão pequenina e bem feita;
mas desejava saber
se eras a minha sujeita.

Não sou a tua sujeita,
nem nunca o virei a ser;
que minha mãe não consente
que eu te venha a receber.

Fala baixo, não acordes
o meu pai, que está a dormir.
Se não vens p'ra minha terra,
um dia p'ra a tua hei-de ir.

Não se me dá que ele acorde,
nem que aqui me veja estar;
que eu já o tenho por sogro,
e alguém o pode jurar.

Não há quem tal coisa jure
sem saber a geração;
senhores que aqui estão de roda,
digam sua opinião.

Minha geração é boa
De gente de Portugal;
os senhores que estão de roda,
falem todos em geral.

Eu hei-de ir a tua casa
pelas ripas do telhado;
perguntar a tua mãe
se serei de seu agrado.

Tu não vás a minha casa
nem de noite nem de dia;
que não sou nenhuma santa
a quem faças romaria.

Inda agora aqui chegaste,
deshumano português !
Disseste vir à um'hora
e vens já depois das três !

Inda agora aqui cheguei,
e se chego aqui agora
é que mais cedo náo pude.
Se é tarde, manda-me embora.

Nós vamos principiar,
não como das outras vezes.
Queira Deus que a ser não venhas
calcada pelos maltezes.

Conheço minha inocência,
quando estou ao teu serviço;
para que me hão-de calcar,
se eu não der causa p'ra isso.

Ó sol, para que te escondes
debaixo da verde rama ?
Para que furtas os teus raios
a quem deveras te ama ?

Ao romper da bela aurora
sai o pastor da cabana.
Comparas o sol divino
à creatura humana !

P'r'aqui salte, p'r'aqui venha
a velhota que está alí
também quero que ela dance,
já que a terra se lhe ri.

Se a terra se ri p'ra mim,
sou venturosa mulher;
p'ra mim ri e p'ra ti chora,
já nem a terra te quer !

E fui aquela saraiva
que desbotou tua flor;
mas, enfim, tem paciência,
vai sofrendo a tua dor.

Desbotaste a minha flor,
quando eu era inocente;
mereceste barra de graça,
tens inferno eternamente.

A serpente tentou Eva,
por Eva Adão foi tentado;
e por isso é que a mulher
foi origem do pecado.

O talento da mulher
frágil em qualquer parte;
os pecados sensuais
nasceram no homem por arte.

Não há ave como melro.
Se o tendes, estimai-o;
p'ra entrar na tua gaiola,
não há ave como o gaio.

Não há ave como o mocho,
que mais faça aborrecer;
se não tens juízo, António,
não estou para te sofrer.

Quando vou a qualquer parte
entro logo pela prenda;
também quero que me diga
se tem seu dote ou fazenda.

Estou muito admirado
do que a Mariquinhas me diz;
há cá dote e há fazenda
e alguns bens de raíz.

Hei-de te levar comigo,
e caso eu isso não possa,
como meu pai tem uns bois
vem buscar-te na carroça.

Teu pai já morreu há muito
e isto é coisa sabida;
não vou na tua carroça,
não estou p'ra ficar moída.

Acolá está o rei Pilatos
com a sentença na mão;
a mostrá-la a todo o povo
p'ra lhe ouvir a opinião.

Pilatos nunca foi rei,
nunca teve tal estado;
foi sim um grande ministro,
da Judêa adiantado.

Estás muito aperaltado,
pareces um capitão;
para mostrares a fidalguia
diz-me a tua geração.

Perguntas-me a geração,
essa agora é muito fina.
Sou filho de todo o mundo,
El-rei por meu pai se assina.

Inda agora aqui cheguei,
mais cedo não pude vir;
mas inda veno a tempo
das tuas falas ouvir.

Trazes terra na algibeira,
vamos dispor alecrim;
pensas que ganhas, mas perdes,
quando te ausentas de mim.


23   CHULA

-Ó Júlia, ó Júllia, ó Júlia !
-Que é? que é? que é?<
-Se quizeres dançar a chula,
has-de pôr aqui o pé.

Rapazes, virai, virai
as costas à viração,
que lá vem os marujinhos
virados ao alcatrão.

Rapazes, virai, virai
as costas à terra fria,
que eu também me hei-de virar
para a tua freguesia.


24   CHULA

Cantador:

Ó chula vareira, chula,
deixa-te andar aceada.

Bom sapato, boa meia,
boa fivela doirada.

Cantadeira:

Ó chula vareira, chula,
ó chula que já não és.

Ó chula que já viraste
a cabeça para os pés.


25   A CHULITA

Ó chulita, redondita...
Deixa-te andar asseada.
Bom sapto, boa meia,
boa fivela dourada.

Ó chulita, p'ra te ver,
foi-se muito bem vestir.
Ela quer casar comigo,
se minha mãe consentir.


26   CHULA VAREIRA

Adeus, que me vou embora,
adeus, que me vou embora,
vou-me embora proqu'eu quero.

Adeus, ó chula vareira,
adeus, ó chula vareira,
qu'a mim ninguém me mandou.

Vou m'embora proqu'eu quero,
qu'a mim ninguém me mandou.
Vou-me embora desta terra.

Adeus, ó chula vareira,
adeus, ó chula vareira,
qu'eu desta terra não sou.

Adeus, ó terra bendita,
adeus, ó terra natal,
vou-m'embora proqu'eu quero.

Adeus, ó chula vareira,
adeus, ó chula vareira
qu'a mim ninguém me quer mal.


27   CHULA VAREIRA

Sou cantada, sou bailada,
sou bem de toda a maneira;
vou-me p'rá minha terra,
adeus, ó chula vareira.


28   CHULA

Salto e brinco de contente
a chula quero dançar.
Salto e brinco de contente
a chula quero dançar.
Se tu és o meu amor
'stás em primeiro lugar.
Se tu és o meu amor
'stás em primeiro lugar.

Se tu és o meu amor
dá-me cá os braços teus.
Se tu és o meu amor
dá-me cá os braços teus.
Se não és o meu amor
vai-te embora adeus, adeus.
Se não és o meu amor
vai-te embora adeus, adeus.


29   Ó CHULITA

Ai, esta noite na minha aldeia,
todos dormiam e eu namorava.
Ora doba, dobadoira doba,
não me enredes na meada.

Ai, esta noite na minha aldeia,
todos dormiam e eu com o meu amor.
Ora doba, dobadoira, doba,
dá voltinhas ao redor.

Ó chulita, redondita
deixa-te andar aceada:
bom sapato, boa meia,
boa fivela dourada.

S'algum dia te quiz bem
esse tempo acabou.
S'inda agora olho p'ra ti
foi jeito que me ficou.


30   DIZEIS QUE VIVA RAMALDE

Dizeis que viva Ramalde, (bis)
não sei que graça lhe achais:
terra do milho miúdo, (bis)
e o atamento dos pardais.

Assubi à cana verde,
corri-a de nó em nó.
Tu falas p'ra quem tu queres
eu falo contigo só.

Fui-me deitar a dormir,
entre o muro da cidade;
acordei, achei-me só,
'stou na minha liberdade!

Deitei-me e adormeci,
por baixo da laranjeira;
caíu-me a flor no rosto...
Ai Jesús! Que tão bem cheira!

Ó coração retraído,
ó cara cheia de enganos;
foi o pago que me deste
d'eu t'amar tantos anos!


31   TENS O CORAÇÃO D'AÇUCRE

Tens o coração d'açucre (bis)
Qu'ele na auga se derrete.
Dá-me um migalhinho dele (bis)
para o meu que se não seque.

Ó passarinho voante,
vou-te pedir um favor:
que me leves, no teu bico,
uma carta ao meu amor.

Que passarinho é aquele
que, no ar, faz ameaços?
Com a boca pede beijos,
com as asas, mil abrços.

Se o bem-querer se pagasse,
quanto me estavas devendo!
Nem, quanto tinhas chegava
p'ró bem que t'eu 'stava qu'rendo!

32   AI DE MIM QUE JÁ NÃO POSSO

Ai de mim que já não posso
-meu peito é vosso-
com minhas penas amar-te!
São tantas a pertender-te
-olha a partender-te-
e eu resolvo-me a deixar-te!

O amor, quando se encontra
-ai, quando se encontra-
causa penas e dá gosto;
sobressalta o coração
-ora, o coração!-
sobe-m'as cores ao rosto.

Tenho vinte e três amores
-vinte e três amores!...-
contigo são vinte e quatro;
chegando aos vinte e cinco
-olha aos vinte e cinco!...-
rifo-os todos a pataco!


33   EU CASEI-ME POR UM ANO

Eu casei-me por um ano,
ai larai lolela,
a vê-la vida que tinha.
O ano vai-se acabando,
ai larai lolela,
quem me dera solteirinha.

O meu amor é tão lindo
como a rosa, quando abre.
Toda a gente mo cobiça...
Nossa Senhora mo guarde!

Antoninho, cravo roxo,
não entres no meu quintal;
vem o dono, dá-te um tiro,
que te pode fazer mal...


34   QUANDO EU PASSEI NOS "PORTES"

Quando eu passei nos "portes" (bis)
C'o vento que lá fazia
Nos "portes" passei bem, (bis)
fiz lá a minha romaria.

Quando eu aqui cheguei,
deitei meus olhos e vi
meu amor nos braços doutra.
Não sei como eu não morri!

Daqui para a minha terra
tudo é caminho chão;
tudo são cravos e rosas,
dispostos por minha mão.


35   MEU CORAÇÃO E OS OLHOS

Meu coração e os olhos (bis)
são duas coisas iguais.
Quando o coração tem pena (bis)
os olhos deitam sinais.

Pega lá meu coração,
retalha-o como marmelo;
depois d'ele retalhado
verás o bem que t'eu quero.

As meninas dos meus olhos
são duas pobres mendigas;
andam pedindo a esmola
aos olhos das raparigas.

Coração não vivas triste,
vive alegre, se puderes.
Algum dia será teu
o que tu agora queres.


36   O MEU AMOR D'ALGUM DIA

O meu amor d'algum dia, (bis)
inda t'hoje quero bem.
A amizade que t'eu tinha (bis)
inda a não dei a ninguem.

Ó Rosa, anda comigo,
deixa a mãe que te criou;
tua mãe é tua amiga,
não te dá o que t'eu dou...

Adeus, lugar de Verdozedo.
Pequenino, mas tem graça.
Tem na fonte no caminho,
dá de beber a quem passa.

Adeus, lugar de Verdozedo.
No meio tem uma fonte.
Por causa das raparigas,
muito calçado se rompe!


37   ANDO TRISTE COMO A NOITE

Ando triste como a noite,
ai larai lole,
nem meu coração m'ajuda.
Morreu-me o pai em Braga,
ai larai lole,
sou filha duma viúva.

Sou filha duma viúva,
bem nova fiquei sem pai.
Bem nova tomei amores...
-Na primera quem quer cai.

Trago dentro do meu peito
uma laranja partida,
para dar ao meu amor
qu'anda de tromba caída.

Trago dentro do meu peito
o que não posso dizer:
são saudades de amor,
que me faz endoidecer.

O meu amor, onte à noite,
pela vida me jurou
que s'ia deitar ao mar...
Deixá-lo ir, qu'eu não vou.


38   O MEU AMOR NÃO É AQUELE

O meu amor não é aquele.(bis)
Pelo andar o conheço.
Tem o andar miudinho (bis)
com'a folha de codêrço.

O meu amor é um torto,
das pernas é um cambado,
nas costas tem marranica,
dos olhos é arremelado!

O meu amor coitadinho,
chora de noite na cama;
chora, que já foi amado
e agora ninguém o ama!


39   AGARREI O PASSARINHO

Agarrei o passarinho (bis)
antre a tréia do centeio (bis)
Ó ladrão que te regalas (bis)
c'o passarinho alheio! (bis)

Sou ferreiro, faço ferro,
também faço vergas d'aço;
faço orelhas a meninos,
sem medida nem compasso.


40   ASSUBI AO PENEDINHO

Assubi ao penedinho
para namorar o Zé.
Namorei a noite e dia,
andei ligeira do pé...
Agora, agora, Menina Aurora,
na madrugada não se namora.
Agora, agora, rapaziada,
vamos embora qu'é madrugada.


41   Ó MOÇAS CASAI COMIGO

Ó moças casai comigo.(bis)
Sou um rico abonado.
Tenho as caixas vasias, (bis)
a casa sem o telhado.


42   EU HEI DE MORRER DE FOME

Eu hei de morrer de fome (bis)
ora e viver na esperança.
Ser leal ao meu amor (bis)
sem nunca fazer mudança.

Eu hei de morrer dum tiro
ou duma faca de ponta.
tanto me dá morrer hoje,
como amanhã, tanto monta...

Morro por ti, ja to disse,
não to dou a admostrar;
não te quero causar pena,
nem ao mundo que falar...


43   MINHA MÃE MANDOU-ME À ERVA

Minha mãe mandou-me à erva, (bis)
eu erva não sei cortar.
Eu erva não sei cortar.
Se me mandar aos amores,
um bom jeito l'hei-de dar.

Sempre fui cortá-la erva,
não achei senão ortigas;
mas, quando fui aos amores,
achei belas raparigas...

Não quero cortá-la erva,
à erva não quero ir.
Qu'o lameiro tem buracos,
tenho medo de cair.


44   Ó MINHA CANINHA VERDE

Ó minha caninha verde, (bis)
ó minha verde caninha.
Não faças a tua cama, (bis)
anda-te deitar na minha.

Ó minha caninha verde,
verde cana, no botão;
hei-de seguir o intento
que me manda o coração.


45   Ó MEU AMOR DA MINH'ALMA

Ó meu amor da minh'alma (bis)
quanto eu tenho é teu
Só a minh'alminha não (bis)
Quero dá-la a quem m'a deu.

Ó meu amor da minh'alma,
'stou preste ao teu coração;
a mais ninguém deste mundo
ligarei minha afeição!

Quem me dera saber ler
no livro d'abedoria!
Quem me dera responder
à tua sabedoria!

Quem me dera saber ler,
escrever e menuir!
Os olhos da tua cara
não os posso distrair...


46   OS MEUS OLHOS SÃO DOIS PEIXES

Os meus olhos são dois peixes (bis)
que navegam na alagoa.
Ai! Choram rios de sangue (bis)
por uma certa pessoa.

Tendes dois olhos na cara,
que parecem dois ladrões.
Eles, postos numa estrada,
roubam certos corações.

Os meus olhos, coitadinhos,
namoraram-se dos teus.
De tanto se confundir,
já não sei quais são os meus!

Tendes o cantar tão doce
e o rir tão excelente.
Tendes uma rosa na boca
e um cravo em cada dente!


47   QUEM CANTA SEU MAL ESPANTA

Cantigas ao desafio (bis)
comigo ninguém as cante.
Eu tenho quem m'as ensine (bis)
o meu amor é estudante.

Quem canta seu mal espanta,
quem chora seu mal aumenta.
Tenho chorado por ti
lágrimas mais de sessenta.

Semeei no meu quintal
bacalhau feito às postas...
Nasceu-me um velho careca,
com uma crecunda nas costas!

Ó meu amor de tão longe,
tira vagar, vem-me ver;
as cartas não valem nada
para quem não sabe ler...


48   ROSA BRANCA COR D'ESPINHO

Rosa branca cor d'espinho, (bis)
rigorosa na porfia.
Rigorosa na porfia.
Quem tem ciúmes d'amor
ouve falar, desconfia.

Ó igreja de Travanca,
feita de pedra lavrada!
Dentro dela ouve missa
dois olhos que me agrada.

Ó igreja de Travanca,
feita de pedra morena!
Dentro dela ouve missa
dois olhos que me dão pena...


49   SE EU MORRER, AMORTALHAI-ME

Se eu morrer, amortalhai-me, (bis)
enterrai-m'a beira do rio. (bis)

Donde não chova nem vente,
nem geie nem faça frio.

Ó igreja de Resende
terra de São Salvador.

Inda espero de lá dar
a mão direita ao meu amor.

Ó igreja de Resende,
fita de pedra morena.

Dentro dela vai à missa
quem de mim causa bem pena.

Se eu soubesse que morria
mandava fazer a cova,

co'uma enxada de vidro
no meio da estrada nova.


50   VAI-TE EMBORA MÊS DE MAIO

Vai-te embora mês de Maio (bis)
com tuas variedades. (bis)

Deixas campos de flores
e a mim deixas soidades.

Amas a Nosso Senhor
que morreu por toda a gente.

E a mim não tens amor,
que morro por ti somente!

Dizeis que o amor é doce
e eu digo que amarga bem.

P'lo que eu tenho passado,
não se pode amar ninguém.

Vós, menina,ser a neve.
Vosso pai é o calor.

Vosso pai derrete a neve
e vós derreteis o amor...

Adeus, ó lugar de Córbeda,
nem és vila nem cidade.

És um povo pequenino,
donde reina a mocidade.


51   VOU DIZER DE DONDE SOU

Vou dizer de donde sou (bis)
que ºe minha obrigação. (bis)
Minha casa é no Redondo
e o meu nome é Damião.

Perguntais-me donde sou (bis)
minha terra não se nega. (bis)
Minha casa é Nogueira.
Moro ao pé da capela.


52   Ó MEU AMOR, AMA, AMA!

Ó meu amor, ama, ama!
Oh! lari lolela
Mas se não amas lá 'tá bem...

Olha que o mundo é grande,
- oh! lari lolela -
mas não falta quem creira bem.
Já lá vai o sol abaixo,
- oh! lari lolela -
mas ao ribeiro de Mordães.

Já lá vai o brio todo,
- oh! lari lolela -
mas das moças de Miomães.

Ó lugar de Miomães,
- oh! lari lolela -
mas adeus tanque d'agua fria,
onde o meu amor se lava,
- oh! lari lolela -
mas a toda hora do dia.

As moças de Miomães,
- oh! lari lolela -
são poucas mas dançam bem.

Rapazes, casai com elas,
- oh! lari lolela -
qu'é o dote qu'elas têm.


53   JÁ NÃO POSSO CANTAR ALTO

Já não posso cantar alto, (bis)
nem meu corçaõ ajuda.
Morreu-me meu pai em Braga (bis)
sou filha duma viúva.

Sou filha duma viúva
meu pai morreu em Valença.
Venho cantar e dançar.
Minha mãe me deu licença.

Sou filha duma viúva,
bem nova fiquei sem pai.
Bem nova tomei amores,
na primeira quem quer cai.


54   ANTONINHO, PEDE, PEDE

Antoninho, pede, pede. (bis)
Só não tenho que le dar.

Pede-m'um gachinho d'uvas
Quando meu pai vendimar.

Dá-me da tua ramada
um gacho de moscatel.

Qu'eu te darei um da minha
quando maduro estiver.

Dá-me da tua ramada
um gacho de alvarelhão,

qu'eu te darei um da minha
da raíz do coração.

Adeus, lugar da Panchorra.
Hei-de te mandar varrer.

Co'uma vassoura de prata
que d'oiro não pode ser.


55   OR' DEIXAI-M'AGORA LÁ IR!

Or' deixai-m'agora lá ir!
ó ai, lilo lela!
Or' deixai-m'agora lá entrar.
Or' deixai-me dar um aceno,
- ó ai lilo lela! -
a quem não posso falar.

O meu coração é de vidro,
- ó ai, lilo lela! -
ai, é vidro na tua mão.
Se te quiser's vingar dele
- ó ai, lilo lela! -
or' deixai-m'o cair ao chão.

Or' pega lá que te dou eu,
- ó ai, lilo lela! -
Ai, não é nada de comer.
Ai, é um laço de saudades,
- ó ai, lilo lela! -
ai, meu amor, por te não ver!


56   ADEUS, SENHOR PADRE AMÂNCIO!

Adeus, senhor Padr'Amâncio,
senhor biquinho de rola... (bis)

No meio deste arraial,
nem só eu é que sou tola...

Adeus, senhor Padre Amâncio,
o branco, de noite alveja...

Vale mais uma botelha
que todo o val' de Magueja!


57   CHULA NOVA, CHULA NOVA

Chula nova, chula nova,
chula nova de Barqueiros.
Chula nova de Barqueiros,
chula nova de Barqueiros.

É um regalo na vida
ver nadar os marinheiros!

Fui ao Douro à vindima
não achei que vindimar;

vindimaram-m'as costelas,
olha o qu'eu lá fui ganhar!

Sou sarrana, sou da serra,
moro detr´s da Urgeira.

Também sei falar às moças
como qualquer da Ribeira.


58   PERGUNTAIS-ME DOND'EU SOU!

Perguntais-me dond'eu sou? (bis)
Dou-vos miha direcção:

Do concelho de Resende,
freguesia de Feirão.

Perguntais-me dond'eu sou?
Minha terra não na nego.

Minha terra é Feirão
onde os meus olhos navego.

Eu hei-de acercar Feirão
com metro e meio de fita;

à porta do meu amor
hei-de pôr a mais bonita.

Adeus, lugar de Feirão
no meio tens uma eira,

em cada ponta, seu laço,
no meio, uma japoneira.


59   O MEU AMOR FOI-SE E "DIXE"

O meu amor foi-se e "dixe"
- ó minha menina! -
qu'eu por ele não chorasse.

Que le não desse mais penas,
- ó minha menina! -
que o não mortificasse.

Não canto por bem cantar,
- ó minha menina! -
nem pelo bem qu'eu pareço.

Ai, canto por aliviar
- ó minha menina! -
duma pena qu'eu padeço.


60   ADEUS, Ó SENHOR MEU AMO!

Adeus, ó senhor meu amo, (bis)
não le devo nem um dia.
Mas antes me deve a mim (bis)
as noites qu'eu não dormia.

Vai-t'embora desgraçado,
vai para a tua mulher.
Se morres vais p'ra o inferno,
nem o diabo te quer.

Ó mulher's, ó desgraçadas,
por que vos não confessais
aos delitos que fazeis
e aos corações que roubais?

Vai-t'embora, não m'inludas
ó garoto da cidade,
qu'as raparigas do campo
não te dão a liberdade...


61   AGORA VOU-M'EU CANTAR

Agora vou-m'eu cantar.
- Vou eu cantar!
Para alívio duma pena.

Se canto tudo m'esquece,
- Tudo m'esquece!
Se choro, tudo m'alembra!
Os sapatos me aperta,
- Oh! me aperta!
A meia me faz calor.

Meu coração arrebenta
- Oh! arrebenta!
se me não falas, amor!


62   OS TRÊS REIS

Os três Reis quando souberam
que o Messias era nascido
amontaran em seus cavalos
com prazer e alegria.
O primeiro trouxe ouro
para o seu trono dourar,
Para o seu trono dourar.

Abram a porta em di vagarinho
qu'eu quero dizer adeus meu benzinho,
qu'eu quero dizer adeus meu beninho.


63   QUIRIRÚ

Caçador que'stás caçando
não me mate o Quirirú.
Quirirí é meu remédio
com qu'eu curo a minha dor.
Quirirú é meu remédio
com qu'eu curo a minha dor.

Papagaio canta, periquito chora.
Morena bonita vamo-nos embora.


64   CHULA PAROARA

Senhora dona Teresa.
Tu estás desempregado
    (bis)

O feijão está muito caro
e a carne seca é fidalga!
O feijão está muito caro
e a carne seca é fidalga!

Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três.
Sinhá Teresa, nã-me paga desta vez.
Sinhá Teresa me faz das suas.
Pegou-me a sogra, jogou na rua!

   Refrão Vira a bom bordo, a boreste e à proa e a ré
Vira p'ra 'quí, p'ra 'colá!
Não sei se isto é bom.
Se não é vira isso p'ra lá.

As mulheres por natureza
carrega sua fé segura.
Quanto mais mente, mais fala;
quanto mais fala, mais jura.

As mulheres, quando resolvem
falar da vida alheia,
principia na lua nova,
acaba na lua cheia.

Moça feia quando casa
julga logo por feliz;
passa uma pela outra
arrebitando o nariz.


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© Wenceslao Martínez Calonge, 2001 - 2003
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