Textos de les melodies transcrites del llibre
"Subsidi pel Cançoner del Baixo Alentejo"
Manuel Joaquim Delgado (1955 i 1980)
1 AI QUE CHITA TÃO BONITA
Ai que chita tão bonita,
riscadinha, riscadinha!
Em vendo moças bonitas,
digo logo esta é minha.
Digo logo esta é minha,
esta minha é que há-de ser.
Ai que chita tão bonita,
riscadinha pra vender.
2 QUANDO EU OUVI ESTA MODA
Quando eu ouvi esta moda
não estava na minha aldeia;
estava cumprindo uma pena
às grades duma cadeia.
Às grades duma cadeia,
às grades duma prisão.
Quando eu ouvi esta moda
não estava em Baleizão.
3 A PARTIDA PARA OS AÇORES
Quando eu fui para os Açores
chorou por mim minha mãe.
Disse minha esposa:
-Dá-me cá um beijo,
ó meu amor.
Deus queira que voltes bem.
Deus queira que voltes bem
de viagem tão custosa.
Lembra-te de mim.
Pensa-bem,
que deixas nesta aldeia
um botãozinho de rosa.
4 A NOSSA SENHORA D'AIRES
A Nossa Senhora d'Aires,
está metida num deserto;
em chegando a mocidade,
ai!
me parece um céu aberto.
Me parece um céu aberto
com toda a sua gentinha.
Fui solteira, vim casada,
ai!
foi milagre da Santinha.
5 A VINDA DO REI A BEJA
Ai que festa! Que linda festa!
Como esta não se usou.
A vinda do Rei a Beja
foi o que mais m'agradou.
Viva o Rei, viva a Rainha,
vivam todos com prazer.
Uma festa como esta
já Beja não torna a ver.
6 Ó LENDROEIRO
De Pax Julia fui Beja,
minha nobreza é antiga
E às outras causas inveja
do bem que de ti se diga.
CORO
Ó lendroeiro,
onde está teu lendroal?
Teu amor primeiro
foi meu rival.
7 CHAMASTE-ME EXTRAVAGANTE
Chamaste-me extravagante
por eu ter uma noitada;
eu sou um rapaz brilhante,
recolho de madrugada.
Recolho de madrugada,
mesmo agora neste instante.
Por eu ter uma noitada
chamaste-me extravagante.
8 SOLIDÃO
Solidão ai dão, ai dão,
cá pra mim quer sim, quer não;
vem a morte e leva a gente,
quem não há-de ter paixão.
Quem não há-de ter paixão,
quem paixão não há-de ter;
vem a morte e leva a gente.
Solidão até morrer.
Solidão ai dão, ai dão,
solidão do Alentejo.
Mas que grande solidão
há para além do Tejo.
9 AO PASSAR A RIBEIRINHA
Ao passar a ribeirinha,
pus o pé, molhi a meia;
nã casí na minha terra,
ó ai!
Fui casar em terra alheia.
Fui casar em terra alheia
mui distante dos meus pais;
ao passar a ribeirinha,
ó ai!
Minha vida são só ais!
10 VAI COLHER A ROSA
Vai colher a rosa. Vai colhê-la,vai.
(bis)
S'ela te picar, não digas ai, ai.
(bis)
Não digas ai, ai. Não digas ai, ui.
(bis)
Vai colher a rosa. Vai que eu também fui.
(bis)
11 MANJERICO DA JANELA
Manjerico da janela
dá-me a mão, quero subir;
eu queria falar com ela;
mas à porta não posso ir.
Mas a porta não posso ir,
eu queria falar com ela.
Dá-me a mão, quero subir,
manjerico da janela.
12 ESTAVA DE ABALADA
Estava de abalada
lá prò meu montinho.
Saiu-m'uma rosa
(olaré)
dançando ao caminho.
Ó como és bonita,
ó como és formosa.
Dançando ao caminho
(olaré)
saiu-m'uma rosa.
13 AO CANTAR DO PASSARINHO
Ó amor dá-me um beijinho,
qu'eu um beijo te darei.
Ai!
Ao cantar do passarinho,
estava no milho, acordei.
Estava no milho, acordei.
Estava no milho cantando,
ao cantar o passarinho.
Ai!
Meu amor, vou despertando.
14 Ó PAVÃO
Ó pavão, lindo Pavão,
lindas penas que o paváo tem!
Não há olhos para amar
como são os do meu bem!
Como são os do meu bem,
como são os da minha amada!
Ó Pavão, lindo pavão,
ó pavão, pena riscada!
15 AI QUE PRAIAS...
Ai que praias tão lindas, tão belas.
Era meia-noite eu estava a sonhar,
assentado num barco mais elas.
Namorando ao fresco luar!
Namorando ao fresco luar,
gozando o fresco do vento.
Ai que praias tão lindas, tão belas.
Onde eu passo o meu bom tempo!
16 SE FORES AO ALENTEJO
Se fores ao Alentejo,
não bebas em Castro Verde
que as fontes só têm rosas
e a água não mata a sede.
E a água não mata a sede.
Cantar bem é que eu invejo;
não bebas em Castro Verde,
se fores ao Alentejo.
17 LÁ VAI O COMBOIO, LÁ VAI
Lá vai o comboio, lá vai!
Lá vai ele a assobiar.
Lá vai o meu lindo amor
para a vida militar.
Para a vida militar,
para aquela triste vida.
Lá vai o comboio, lá vai...
Leva força na subida.
Leva força na subida,
leva força no andar.
Lá vai o comboio, lá vai!...
Lá vai ele a assobiar.
18 VAMOS NÓS SEGUINDO
Vamos nós seguindo,
por esses campos fora...
Que a manhã vem vindo
dos lados da aurora.
Dos lados da aurora
a manhã vem vindo.
Por esses campos fora,
vamos nós seguindo.
19 NÃO QUERO QUE VÁS À MONDA
Não quero que vás à monda
nem à ribeira lavar;
só quero que me acompanhes
Ó meu lindo amor!
no dia em que m'eu casar.
Ó meu lindo amor!
no dia em que m'eu casar.
No dia em que m'eu casar
hás-de ser minha madrinha;
só quero que me acompanhes
Ó meu lindo amor!
eu não quero ir sozinha.
Ó meu lindo amor!
eu não quero ir sozinha.
20 OLHA A LARANJA DA CHINA
Olha a laranja da China
criada no alvoredo.
Não te ponhas à esquina,
que eu passo e não tenho medo.
Que eu passo e não tenho medo,
que eu passo e não faço mal.
Olha a laranja da China
criada num laranjal.
21 EU OUVI, MIL VEZES OUVI
Eu ouvi, mil vezes ouvi,
lá no campo rufar os tambores.
das janelas me bradam as damas,
já lá vão, já lá vão, meus amores.
Já lá vão, meus amores.
Eu ouvi, mil vezes ouvi.
Eu ouvi, mil vezes ouvi,
lá no campo rufar os tambores.
22 LINDA JOVEM ERA PASTORA
Linda jovem era pastora
que andava a guardar seu gado.
Em vindo a tarde, à tardinha,
chorava a jovem sozinha
pensando em seu bem amado.
Pensando em seu bem amado,
não pensava em mais ninguém.
Em vindo a tarde, à tardinha,
chorava a jovem sozinha
nas margens de Santarém.
23 A RITA (ESTA É QUE É A MODA)
Esta é que é a moda
que a Rita cantou.
Esta é que é a moda
que a Rita cantou.
Lá na praia nova,
olaré,
ninguém lhe ganhou.
Lá na praia nova,
olaré,
ninguém lhe ganhou.
Ninguém lhe ganhou,
ninguém lhe ganhava.
Ninguém lhe ganhou,
ninguém lhe ganhava.
Esta é que é a moda,
olaré,
que a Rita cantava.
24 VILA NOVA DE FERREIRA
Vila Nova de Ferreira
tens uma fonte à entrada;
para não morreres à sede,
ai!,
bebes água enxovalhada.
Bebes água enxovalhada
para não morreres à sede.
Não há vila mais bonita,
ai!,
que é, Ourique e Castro Verde.
Que é, Ourique e Castro Verde,
Cabeça Gorda e Salvada.
Vila Nova de Ferreira,
ai!,
tens uma fonte à entrada.
25 AMARELEJA, TERRA MINHA
Amareleja, terra minha,
prenda do meu coração.
Quando de ti estou usando,
é que te dou estimação.
É que te dou estimação,
ó prenda d'alma querida!
Amareleja, terra minha,
hei-de te amar toda a vida.
26 SE FORES UM DIA A SERPA
Se fores um dia a Serpa,
pergunta pela Mariana.
É uma moça baixinha
que até no cantar tem fama.
Que até no cantar tem fama.
Esta moda não é esta;
pergunta pela Mariana,
se fores um dia a Serpa.
27 CAMPONESA, CAMPONESA
Camponesa, camponesa,
eu sou de Campo Maior.
Tenho a minha fala presa,
ai!
Não posso, não posso cantar melhor.
Não posso cantar melhor,
são erros da natureza.
Eu sou de Campo Maior,
ai!,
camponesa, camponesa.
28 RIBEIRA VAI CHEIA
Ribeira vai cheia
e o barco não anda.
Tenho o meu amor
lá daquela banda.
Lá daquela banda
e eu cá deste lado;
ribeira vai cheia
e o barco não anda.
29 FUI AO TREVO
Fui ao trevo colher trevo,
achí o trevo colhido.
Se me atrevo, nã,o me astrevo,
se me atrevo, nã,o me astrevo,
ai!,
ó Rosa a falar contigo.
Ó Rosa a falar contigo,
seja aqui ou onde for.
Tu serás a minha amada,
tu serás a minha amada,
ai!,
e eu serei o teu amor.
30 EU ESTA MANHÃ ACHEI
Eu esta manhã achei
debaixo da minha janela
uma cartinha de amores,
olé quem ficou sem ela.
Olé quem ficou sem ela,
toda cheia de flores.
Eu esta manhã achei
uma cartinha de amores.
31 ALECRIM
Alecrim,
alecrim aos molhos,
por causa de ti,
choram nos meus olhos.
Alecrim aos molhos,
por causa de ti,
choram nos meus olhos.
CORO
Ai, meu amor,
quem te disse a ti
que a flor do campo
qu'era o alecrim.
Ai, meu amor,
quem te disse a ti
que a flor do campo
qu'era o alecrim.
Alecrim,
alecrim dourado,
que nasce no campo
sem ser semeado.
Alecrim dourado,
que nasce no campo
sem ser semeado.
CORO
Ai, meu amor,
quem te disse a ti
que a flor do campo
qu'era o alecrim.
Ai, meu amor,
quem te disse a ti
que a flor do campo
qu'era o alecrim.
32 SENTA-TE AQUI, Ó ANTÓNIO
Senta-te aqui, ó António,
senta-te aqui ao meu lado,
nesta cadeirinha nova
feita da raiz do cravo.
Feita da raiz do cravo,
feita da folha da rosa;
senta-te aqui ao meu lado
nesta cadeirinha nova.
33 MEU LÍRIO ROXO DO CAMPO
Meu lírio roxo do campo,
criado na primavera,
desejava, amor, saber,
ai, ai!,
a tua intenção qual era.
A tua intenção qual era
desejava, amor, saber.
Meu lírio roxo do campo,
ai, ai!,
Oh! quem te fora acolher.
Oh! quem te fora acolher.
Oh! meu amor, quem me dera!
Desejava, amor, saber,
ai, ai!,
a tua intenção qual era.
34 ANDA CÁ SE QUERES ÁGUA
Anda cá se queres água
que os meus olhos te a darão.
Ela é pouca, mas clara,
nascida do coração.
Ela é pouca, mas clara,
nascida do coração.
Ela é pouca, mas clara,
nascida do coração.
35 ANDA CÁ JOSÈ SE QUERES
Anda c´, José se queres
a tua roupa lavada,
ai,
paga a uma lavadeira
qu'eu não sou tua criada.
Qu'eu não sou tua criada,
qu'eu não sou criada tua.
Ai.
Ó José se me não queres,
ai,
põe o chapéu, vai prà rua.
Põe o chapéu, vai prà rua,
põe o chapéu, vai prà'strada.
Ai,
anda c´, José se queres
ai,
a tua roupa lavada.
36 FUI-TE VER, ESTAVAS LAVANDO
Fui-te ver, estavas lavando
no rio sem assabão.
Lavaste em água de rosas,
ficou-te o cheiro na mão.
Ficou-te o cheiro na mão,
ficou-te o cheiro no fato.
Se eu morrer e tu ficares,
adora-me o meu retrato.
Adora-me o meu retrato,
adora meu coraçao.
Fui-te ver, estavas lavando
no rio sem assabão.
37 OS OLHOS DA MARIANITA
Os olhos da Marianita
são verdes cor de limão.
Os olhos da Marianita
são verdes cor de limão.
Ai, sim, Marianita, ai, sim,
Ai, sim, Marianita, ai, não.
Ai, sim, Marianita, ai, sim,
Ai, sim, Marianita, ai, não.
38 MARIA DA ROCHA
Maria da Rocha,
do alto rochedo,
quem namora a Rocha (bis)
não deve ter medo.
Não deve ter medo,
medo ninguém tem.
Maria da Rocha, (bis)
da Rocha meu bem.
39 MEU LÍRIO ROXO
Se eu tivesse a liberdade
que o sol mais a lua tem
meu lírio roxo
que o sol mais a lua tem
Entrava na tua casa,
sem licença de ninguém
meu lírio roxo
sem licença de ninguém.
40 O MINHA AMORA MADURA
Ó minha amora madura (bis)
ai,
diz-me quem te amadurou. (bis)
-Foi o sol, foi a geada, (bis)
ai,
o calor que ela apanhou. (bis)
O calor que ela apanhou (bis)
na horta da Calçadinha. (bis)
Ai,
Ó minha amora madura, (bis)
minha amora madurinha. (bis)
41 Ó Ó ERVA CIDREIRA
Ó erva cidreira
que'stás no alpendre,
quanto mais se rega
mais a folha prende.
Mais a folha prende,
mais a rosa cheira.
Que'stás no alpendre,
ó erva cidreira.
42 TODOS OS BEM CASADINHOS
Todos os bem casadinhos
vão para a serra da neve;
e eu também para lá irei
antes que a morte me leve.
Antes que a morte me leve
a mim mais ao meu lindo amor.
Todos os bem casadinhos
têm dobrado valor.
43 DOBA, DOBA, DOBADEIRA, DOBA
Doba, doba, dobadeira, doba.
Não me empeces a meada
que o novelo está pequeno
e a mamã já está zangada.
A mamã já está zangada
e o papá já se zangou.
Doba, doba, dobadeira, doba.
Mas, que linda doba que a mamã dobou!
44 MORENINHA ALENTEJANA
-Moreninha alentejana,
quem te fez, morena, assim?
-Foi o sol da primavera
que caía sobre mim.
Que caía sobre mim,
que andava a ceifar o trigo.
-Moreninha alentejana,
por que não casas comigo?
Por que não casas comigo?
Por que não casas com ela?
-Quem te fez, morena, assim?
-Foi o sol da primavera.
45 ROSA BRANCA, DESMAIADA
SOLISTA
Rosa blanca, desmaiada,
onde deixastes o cheiro?
CORO
Deixei-o no teu quintal
à sombra do limoeiro.
SOLISTA
À sombra do limoeiro.
já devia ser regada.
CORO
Onde deixastes o cheiro,
Rosa blanca, desmaiada?
46 JÁ MORREU QUEM ME LAVAVA
Já morreu quem me lavava,
minha rica lavadeira.
Deixava a roupa de neve
naquela fresca ribeira.
Naquela fresca ribeira
é que a roupa aclarava,
minha rica lavadeira.
Já morreu quem me lavava.
47 AO ROMPER DA BELA AURORA
Ao romper da bela aurora
sai o pastor da cabana.
Vai dizendo em altas vozes
-Muito padece quem ama.
Muito padece quem ama,
mais padece quem namora.
Sai o pastor da cabana
ao romper da bela aurora.
48 ACORDA, MARIA, ACORDA
Acorda, Maria, acorda.
Acorda, Mariazinha.
Ai,
quem tem amores não dorme,
senão de madrugadinha.
Senão de madrugadinha,
é que a gente se consome.
Ai,
acorda, Maria, acorda.
Quem tem amores não dorme.
49 VAI-TE EMBORA ANTÓNIO
Vai-te embora, António,
vai-te embora, vai;
deixa a rapariga,
que ela não tem pai.
Que ela não tem pai,
casar não se obriga.
Vai-te embora, António,
deixa a rapariga
50 EU ATRÁS DAS PULGAS
Eu atrás das pulgas
elas òs saltinhos
Eu atrás das pulgas
elas òs saltinhos
Vamos òs piolhos
que são mais mansinhos.
Vamos òs piolhos
que são mais mansinhos.
Que são mais mansinhos
mais maus de apanhar;
Que são mais mansinhos
mais maus de apanhar;
Eu atrás das pulgas,
elas a saltar.
Eu atrás das pulgas,
elas a saltar.
51 Ó OLIVEIRA DA SERRA
Ó oliveira da serra,
o vento leva a flor.
Ó oliveira da serra,
o vento leva a flor.
Ó ai, ó linda,
só a mim ninguém me leva
Ó ai, ó linda,
prà terra do meu amor.
Ó ai, ó linda,
só a mim ninguém me leva
Ó ai, ó linda,
prà terra do meu amor.
Prà terra do meu amor,
ai, Jesus, ó quem me dera!
Prà terra do meu amor,
ai, Jesus, ó quem me dera!
Ó ai, ó linda,
o vento leva a flor.
ó ai, ó linda,
ó oliveira da serra.
Ó ai, ó linda,
o vento leva a flor.
ó ai, ó linda,
ó oliveira da serra.
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© Wenceslao Martínez Calonge, 2001 - 2005