A Centralidade da CruzPastor José Lima de Farias Filho
"Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai." (Fp 2:9-11)
I - A Descentralização da Cruz
A palavra de Deus alerta os cristãos quanto a seus verdadeiros adversários: Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6:12).
O capítulo 12 do livro de Apocalipse ensina que a briga entre o bem e o mal vem da eternidade, e, com essa revelação, procura ampliar a visão espiritual dos cristãos, para que compreendam a natureza desse conflito cósmico e de todas as questões que o envolvem, a saber: uma guerra entre um grande dragão vermelho (Satanás) e uma mulher celestial (a Igreja).
Mas em que consiste a guerra do Dragão contra a Igreja? Sabedores de que, sem a cruz de Cristo, não há justificação, santificação, glorificação, enfim, não há libertação plena do reino das trevas, Satanás, seus demônios e os falsos profetas trabalham para tirar a cruz do centro da fé cristã; dentre as muitas estratégias que utilizam, destacamos quatro:
1ª Estratégia: O Modernismo
Em outubro de 1993, a editora Abba Press lançou no Brasil o livro Icabode - da mente de Cristo à Consciência Moderna, de Rubem Martins Amorese.
Há treze anos, Amorese procurou alertar a igreja brasileira sobre os perigososfenômenos da vida moderna: a pluralização, a privatização e a secularização dos valores,
dos princípios, das atitudes.
A Pluralização:Amorese comparou o fenômeno moderno da pluralização com um
grande supermercado onde se oferece uma enorme quantidade de opções para um mesmo
produto: variados tipos de chocolate, de tênis, de sabonete, de relógio, de gravata, de creme
dental.
O consumidor escolhe a marca que mais lhe agrada, e, assim, com o passar do
tempo, vai amadurecendo-lhe a consciência de que, na vida, há alternativa para tudo, uma
vez que tudo é uma questão de escolha.
O mundo moderno é o da variedade, em cujas prateleiras dos supermercados os
indivíduos desenvolvem uma consciência de eleição, de opção, de preferência pessoal.
Para manter esta visão, a indústria sufoca os consumidores com "um novo produto",
"uma nova marca"; sedimenta-se na sociedade a cultura do "lançamento", da "novidade".
A propaganda faz a sua parte: cria a necessidade de consumir. As prateleiras
enchem-se de produtos de todos os tipos, com embalagens irresistíveis.
A consciência plural invade a mente de tal maneira que, na falta de outras marcas, o
sujeito se revolta; sem perceber, transporta essa visão para outras áreas da vida, de forma
que, quando se vê sem opções em questões em que não há alternativas, rejeita a única saída
existente e cria maneiras novas de pensar e viver aquela realidade.
E assim os absolutos passam a ser rejeitados com uma naturalidade assustadora;
verdades antes recebidas sem desconfianças, agora não passam de opção de igual valor a
outras verdades criadas... princípios morais tornam-se mera questão de opção, justificados por razões
estritamente particulares... é por isso que ser gay ou ser lésbica é apenas uma questão de opção; ser cristão, budista ou muçulmano é apenas questão de opção; tudo é igual; isso é pluralização.
A Privatização:A privatização é decorrente da pluralização. Com a consciência de que tudo na vida é apenas uma questão de opção, o cidadão moderno usa a liberdade para concordar e discordar, sem que ninguém lhe diga se está certo ou errado. A vida privada é caracterizada pelo estilo "cada um na sua", sendo que as escolhas de cada um não diz respeito aos outros; as alternativas são privadas, pessoais, de exclusiva responsabilidade de cada indivíduo.
No mundo da vida privada, o que torna as pessoas comuns não é o coletivo, mas o
particular, o individual, a opção; a harmonia entre as pessoas não ocorre pelo compartilhar
das experiências, mas pelo respeito à opção dos outros.
Esse modelo de vida é comparado a um zoológico, onde há uma variedade de vida selvagem, mas em cativeiro. Trata-se da fragmentação da comunidade, do isolamento das vidas, da individualização absoluta.
Com essa mentalidade, cada vez mais veremos pessoas revoltadas, ao verem suas
opções contestadas, e em crise, por não conseguirem impor aos outros seu estilo privado;
enfim, cada vez mais veremos as pessoas se afastando umas das outras com a frase símbolo
da privatização: "Dá licença?".
Essa é a prova definitiva de que a vida humana caminha para o egoísmo e para a
solidão: "Não se meta na minha vida! Dá licença?"
A Secularização:O produto final da pluralização e da privatização é a
secularização, fenômeno em que as idéias absolutas e as instituições que as representam
vão perdendo cada vez mais significado, respeito e força.
Mas o problema não está nas verdades absolutas, nem nas instituições, mas nas
pessoas modernas que não as valorizam, em razão de suas mentes terem sido moldadas aos
padrões deste século.
Na verdade, a secularização faz com que as pessoas não aceitem mais a Deus.
Noutras palavras, a mente moderna rejeita o Deus da Bíblia e aceita o deus deste século,
como bem afirma a Bíblia: ... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos,
para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de
Deus (II Co 4:4).
A secularização é a luta dos valores do mundo contra os valores do reino de Deus,
levando os cristãos a uma vida de contínua tensão.
Como conciliar os ensinos de Cristo com o que é ensinado nas novelas da televisão
e vivido pela sociedade?
Como obedecer à Bíblia num mundo regido pela lógica do mercado, pelos novos
padrões de moralidade, de prestígios, de poder, vendidos aos consumidores, como se
fossem uma nova religião?
Talvez Paulo estivesse vendo isso, ao admoestar a moderna igreja de Roma com
estas palavras: Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso
corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:1-2)
O intento do maligno é claro:
com a pluralização, ele afirma que a religião
verdadeira não é a ensinada por Cristo, mas a que a pessoa escolhe entre várias
alternativas...
com a privatização, declara que as decisões morais corretas não são as declaradas
por Cristo, mas as que a pessoa toma por critérios estritamente pessoais...
e
com a secularização, proclama que nenhum princípio e nenhuma instituição religiosa têm autoridade para dizer às pessoas o que é certo ou o que é errado.
Com tudo isso, Satanás deseja esfacelar a comunhão entre Cristo e sua Igreja (Jo
17:11,21-22), e, assim, tornar Jesus desnecessário.
2ª Estratégia: O Unicismo
O maior inimigo dos cristãos, contudo, é interno. Secularizados, muitos cristãos
afastaram-se de Cristo, por terem absorvido uma visão equivocada sobre o Deus revelado
nas Escrituras Sagradas.
A Palavra apresenta um Deus trino, indivisível, único; a teologia chama o Deus da Bíblia de Trindade Divina, ou seja, o Deus que se manifesta em três pessoas: o Pai, o Filho
e o Espírito Santo; estas três pessoas divinas são o único Deus porque têm a mesma essência, o mesmo propósito, os mesmos atributos.
O que muitas igrejas fazem com a Triunidade Divina? Tentam dividi-la! Como? Afirmando que somente o Pai é Deus, que Jesus Cristo foi apenas um ser humano iluminado e que o Espírito Santo é somente uma energia divina.
Há igrejas que supervalorizam o Deus Espírito Santo, diminuindo a autoridade do
Pai e do Filho.
Essa tentativa de fragmentação da Trindade Divina é chamada de unicismo, cujo
alvo é diminuir a autoridade de Cristo, por ser ele a pessoa da Divindade em quem foi
centralizada a salvação da humanidade, uma vez que a comunhão com o Deus Trino só é
possível pelo Filho: Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém
vem ao Pai senão por mim (Jo 14:6).
Em certo sentido, o unicismo tenta "privatizar" as três pessoas divinas, como se
agissem independentemente uma da outra e atuassem baseadas em critérios estritamente
pessoais.
É lamentável vermos igrejas ortodoxas destacarem mais a pessoa do Pai, igrejas
mais tradicionais evidenciarem mais a pessoa de Cristo, e igrejas pentecostais enfatizarem
mais a pessoa do Espírito Santo.
Ambas as posturas fazem o jogo das trevas, porque a Bíblia Sagrada ensina que a Trindade Divina é indivisível.
A Divindade é adorada através do Senhor Jesus Cristo, que, em razão de ter sido
morto na cruz, recebeu do Pai todo o poder nos céus e na terra; por essa razão, quando
Cristo é adorado, o Pai e o Espírito Santo são glorificados (Jo 13:31-32, 14:13-26, 16:13-
15, 17:4-5; I Co 3:16; II Co 3:17; Rm 16:7; Gl 4:6; Fp 2:11; I Pe 1:11, 4:11,14).
3ª Estratégia: O Pentecostalismo
Com os valores modernos dominando a mente dos seres humanos, os cristãos por
eles afetados passam a expressar uma espiritualidade sintonizada com o curso deste mundo.
O pentecostalismo, e, sobretudo, o neopentecostalismo, conquanto expresse uma fé cuja ênfase é o poder de Deus, sua tendência é exaltar o poder do Espírito Santo deslocado da cruz de Cristo.
As experiências ocorridas no dia de Pentecostes, narradas em Atos 2, são
proclamadas pelos pentecostais com o fervor, a devoção e o entusiasmo devidos; essa
dedicação, porém, nem sempre é vigorosa, quando se trata das experiências ocorridas
naquela quarta-feira, às três horas da tarde, quando o Filho de Deus foi erguido num
madeiro duro para salvar o que se havia perdido (Lc 19:10).
Nessa visão de espiritualidade, o poder do Espírito Santo sobressai-se ao poder de
Cristo.
Somos uma igreja pentecostal porque cremos no poder do Espírito Santo; nossos
irmãos em Cristo são incentivados e devem buscar, constantemente, as graças derramadas
no dia de Pentecostes...
... mas precisamos estar atentos para não invertermos os valores espirituais que as Escrituras Sagradas revelam.
Na Bíblia, a cruz vem antes do Pentecostes; este é resultado daquela. Isto quer dizer que não existe Pentecostes sem cruz!
E mais: Não existe Pentecostes sem ressurreição! Poder por poder é fanatismo; fé
por fé é loucura.
O poder do Espírito só é construtivo quando os crentes estão alicerçados na palavra
da cruz [que] é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder
de Deus (I Co 1:18 - grifo nosso).
Somente depois do evento da cruz (da morte de Cristo), somente depois do evento
do túmulo (da ressurreição de Cristo) é que vem o Pentecostes.
Observe como este é posterior e condicionado à morte, à ressurreição e, também, à
ascensão de Cristo: Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não
for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei (Jo 16:7).
O Espírito Santo só desceu depois que Jesus subiu aos céus e foi recebido em glória
(Sl 24:7-10; I Tm 3:16; Ap 5:9-14).
Contudo, o Consolador não desceu para que igrejas revestidas de seu poder o
transformem numa sombra de Cristo; pelo contrário, o Espírito Santo veio para tornar cada
vez mais visível e imprescindível a obra da cruz...
... sua missão é revelar Cristo e seus ensinamentos, a fim de que os pecadores sejam salvos (Jo 16:1-15).
O Espírito Santo não veio para ser "o novo Deus" a ser adorado; ele não distribui
seu poder para ser reconhecido, destacado e glorificado pelos homens...
... tão pouco seu poder é derramado para que um grupo de crentes exiba uma espiritualidade superior a outro grupo; o Espírito Santo derrama seu poder para purificar o coração de toda imundícia.
Quem afirma esta verdade é o apóstolo Pedro, homem que participou do
Pentecostes: E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito
Santo, assim como também a nós; e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando
o seu coração pela fé (At 15:8-9 - grifo nosso).
Eis o objetivo no Pentecostes: purificar os corações. Isto comprova que a ação do
Espírito visa manter viva e eficaz a obra de Cristo, que é perdoar os [nossos] pecados e nos
purificar de toda injustiça (I Jo 1:9; cf. Tt 2:13-14; cf. At 2:37-38).
Portanto, quando enfatizamos o poder do Espírito Santo de forma a ocultar a obra da
cruz, fazemos o jogo do inimigo.
Nosso adversário deseja que busquemos o poder pelo poder, a fé pela fé, o milagre
pelo milagre; mas as Escrituras nos ensinam o contrário, ou seja, que o poder do Espírito
nos é concedido para que exaltemos o poder de Cristo.
4ª Estratégia: O Animismo
Animismo é uma doutrina pagã que prega o uso de objetos materiais em rituais
religiosos como um meio eficaz de curar e libertar os fiéis. Noutras palavras, o animismo
ensina que elementos materiais inanimados têm poder para alterar realidades.
Não se pode negar que todas as religiões se utilizam de rituais para expressar a
essência da fé que professam...
... no caso do cristianismo, os ritos mais importantes são: o batismo nas águas, a
ceia do Senhor e o lava-pés, que são expressões visíveis de uma realidade espiritual
invisível implantada pelo Espírito Santo na vida interior dos salvos por Cristo.
Nesse sentido, a unção com óleo sobre pessoas fisicamente doentes representa
também um ato da misericórdia do Senhor Jesus Cristo que cura, levanta o caído, sendo
que, se a prática de pecados for a razão da enfermidade, ele perdoa mediante confissão.
Contudo, os elementos materiais contidos nestes ritos são apenas "símbolos" da
obra salvadora em suas várias dimensões.
Isso significa que a água do batismo não tem poder para limpar pecados, que a água
do lava-pés não tem poder para produzir humildade, que o pão e o vinho não têm poder
para dar vida espiritual, que o óleo não tem poder para curar enfermidades...
... de forma simbólica, estes elementos tornam visível a obra invisível da salvação
realizada por Cristo e demonstram a nova realidade de vida daqueles que estão sendo
santificados pelo Espírito Santo.
Está é a visão bíblica, tradicional, ensinada e praticada por Cristo e seus apóstolos.
Com os fenômenos da pluralização, da privatização e da secularização, entretanto,
cristãos modernos, ávidos por novidades, contaminaram a igreja de Cristo com uma
avalanche de novos rituais e de novos símbolos.
O neopentecostalismo usa e abusa de objetos materiais na ministração de curas e de
libertação espiritual das pessoas.
Assim, usam-se óleo, galho de arruda, copo com água, sal grosso, suco de uva,
pedras, peças de roupa, carteiras de trabalho, fotografias, utensílios do culto judaico, enfim,
a lista de objetos é ilimitada.
Toda essa parafernália é usada, veja você, como "ponte de contato" para que as
pessoas sejam libertas e curadas por Cristo.
Sessões secretas de quebra de maldição são realizadas nos porões da casa de Deus,
novos convertidos são untados com óleo em seus "pontos-chácra"...
... visitantes preenchem formulários com centenas de "nomes de demônios", casas e
carros são ungidos com óleo, templos são banhados por dentro e por fora com suco de
uva...
... bairros de cidades são banhadas com óleo, pessoas endemoninhadas são ungidas
com óleo, e até urina humana está sendo usada para demarcar território de guerra espiritual.
Estamos vivendo um novo animismo; a apostasia chegou! Ao trocarmos Jesus
Cristo por objetos e rituais humanos, afastamo-nos da cruz, a fonte que Deus providenciou
para nos encher com toda a sorte de bênçãos espirituais.
Estamos nos esquecendo dessas verdades eternas e libertadoras; estamos permitindo
que Satanás nos distraia com seus truques espirituais; estamos trocando o Criador pelas
coisas criadas.
O Espírito Santo, porém, nos faz lembrar que o evento da cruz credenciou Cristo a
exercer toda autoridade nos céus e na terra. Foi lá que ele cancelou o escrito de dívida, que
era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o
inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades,
publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz (Cl 2:14-15).
Portanto, na cruz, nosso Senhor conquistou o direito de exercer autoridade sobre
todos os seres do universo e domínio absoluto sobre todas as situações da vida...
... seu sangue é suficientemente poderoso para purificar os pecados e seu nome é
suficientemente poderoso para curar todas as enfermidades e libertar os oprimidos do
diabo.
Precisamos abandonar urgentemente a diabólica confiança no poder de objetos e
ritos humanos, redirecionar a nossa fé no rumo da cruz, e agir como Davi: Agora sei que o
SENHOR salva o seu ungido; ele o ouvirá desde o seu santo céu com a força salvadora da
sua destra. Uns confiam em carros, e outros, em cavalos, mas nós faremos menção do
nome do SENHOR, nosso Deus (Sl 20:6-7).
A luta contra o mal não é vencida com o uso de objetos humanos, mas com a prática
da fé no poder de Deus: Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens a mim com espada, e com
lança, e com escudo; porém eu vou a ti em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos
exércitos de Israel, a quem tens afrontado (I Sm 17:45).
Por meio da fé, homens e mulheres fiéis a Deus subjugaram reinos, praticaram a
justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo,
escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra,
puseram em fuga exércitos de estrangeiros. (Hb 11:33-34)
II - A Centralização da Cruz
Contra as manhosas e poderosas artimanhas de Satanás, só há uma arma
suficientemente capaz de destruí-las, a saber: centralizar a fé na pessoa do Senhor Jesus
Cristo.
A palavra de Deus desautoriza qualquer tentativa da igreja de usar outros meios para
salvar, libertar, curar, transformar, que não o poder do Senhor Jesus.
A obra realizada na cruz é suficientemente poderosa para solucionar os mais
simples e os mais complexos dilemas humanos.
É precisamente por essa razão que Satanás faz o que pode e o que não pode para
ofuscar a suficiência de Cristo.
Com sua morte, Cristo centralizou o comando da vida humana em si mesmo: E eu,
quando for levantado da terra, todos atrairei a mim (Jo 12:31). No capítulo 8 da carta aos
Romanos, o apóstolo Paulo declara que o evento da cruz é uma obra total, completa, plena,
acabada, perfeita, pois:
- os pecadores arrependidos são libertos da culpa e do poder do pecado (vv.1-9);
- os pecadores arrependidos passam da morte eterna para a vida eterna (vv.6-13);
- os pecadores arrependidos são libertos do espírito de escravidão e recebem o
espírito de adoção, isto é, a condição de filhos de Deus (v.15);
- os pecadores arrependidos são capacitados a enfrentar todos os sofrimentos da
vida presente, confiantes em que a glória futura é infinitamente superior (vv.17-25);
- os pecadores arrependidos são assistidos ppelo Espírito Santo em suas fraquezas
(v.26);
- os pecadores arrependidos sentem-se seguroos por saberem que a vida tem sentido,
tem destino e tem o comando de Deus (vv. 28-30);
O apóstolo conclui o capítulo com uma seqüência de perguntas e respostas que
exaltam a suficiência de Cristo, única arma espiritual capaz de vencer as mais duras
adversidades da vida e os mais poderosos adversários espirituais:
"Diante de tudo isso, o que mais podemos dizer? Se Deus está do nosso lado, quem
poderá nos vencer? Ninguém! Porque ele nem mesmo deixou de entregar o próprio Filho,
mas o ofereceu por todos nós! Se ele nos deu o seu Filho, será que não nos dará também
todas as coisas? Quem acusará aqueles que Deus escolheu? Ninguém! Porque o próprio
Deus declara que eles não são culpados. Será que alguém poderá condená-los? Ninguém!
Pois foi Cristo Jesus quem morreu, ou melhor, quem foi ressuscitado e está à direita de
Deus. E ele pede a Deus em favor de nós. Então quem pode nos separar do amor de
Cristo? Serão os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, o perigo
ou a morte? Como dizem as Escrituras Sagradas: "Por causa de ti estamos em perigo de
morte o dia inteiro; somos tratados como ovelhas que vão para o matadouro." Em todas
essas situações temos a vitória completa por meio daquele que nos amou. Pois eu tenho a
certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os
anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o
mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Em todo o Universo não há nada que possa
nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor." (31-
39)
O texto que li apresenta um elenco variado de problemas, adversidades e
adversários mais fortes do que os seres humanos; contudo, os cristãos são considerados
vitoriosos sobre todas essas coisas, se sua confiança estiver centrada única e
exclusivamente em Cristo.
A vitória de Jesus na cruz o credenciou a ser o único Deus conhecido entre os
homens capaz de salvá-los e libertá-los de todas as mazelas deste mundo caído; e, por causa
disso, Deus Pai o exaltou e lhe entregou o comando de todas as coisas, em todo o universo,
conquista essa que, na verdade, começou bem antes, culminando na cruz:
"Doutra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do
mundo; mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o
pecado pelo sacrifício de si mesmo." (Hb 9:26; cf. Mt 25:34; Ef 3:11; Ap 13:8)
Agora dê atenção a dez razões por que todas as coisas e todos os seres estão sob o
comando soberano de Jesus Cristo:
1) Ele existe antes de todas as coisas.
Ele é antes de todas as coisas (Cl 1:17a)
No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. (Jo 1:1 e 2;
Conferir: Jo 8:58; I Co 15:47; I Jo 2:13-14; I Jo 1:1-3; Jo 1:15; Ap 22:13.
2) Ele criou todas as coisas.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. (Jo 1:3)
... porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi
criado por ele e para ele. (Cl 1:16)
Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as
coisas, e por tua vontade são e foram criadas. (Ap 4:11)
3) Ele sustenta todas as coisas.
Nele, tudo subsiste (Cl 1:17b)
Conforme o que ordenaste, tudo se mantém até hoje; porque todas as coisas te
obedecem. (Sl 119:91)
Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de
eqüidade é o cetro do teu reino. (Hb 1:8)
(...) porque nele [Cristo] vivemos, e nos movemos, e existimos (At 17:28)
4) Ele reconcilia as pessoas com Deus.
E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação. (Rm 5:11)
E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e
nos deu o ministério da reconciliação (II Co 5:18)
Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram
trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz. Pela sua morte na cruz, Cristo
destruiu a inimizade que havia entre os dois povos. Por meio da cruz, ele os uniu em um só
corpo e os levou de volta para Deus. (Ef 2:13 e 16 - NTLH)
Conferir: Cl 1:20-23; Jo 14:6
5) Ele é o primeiro sobre tudo e todos.
[Ele] é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a
preeminência (Cl 1:18b)
E ao anjo da igreja que está em Esmirna escreve: Isto diz o Primeiro e o Último,
que foi morto e reviveu (Ap 2:8).
... todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós
vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. (I Co
8:6)
Conferir: At 26:23; Rm 11:34-36, 14:8; I Co 10:26; Mt 6:33.
6) Ele é o Senhor da Igreja.
E ele é a cabeça do corpo da igreja (Cl 1:18a)
Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16:18)
E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como
cabeça da igreja (Ef 1:22) .
... porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da
igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. (Ef 5:23 )
7) Ele é glorificado no céu.
Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na
carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no
mundo, recebido na glória. (I Tm 3:16)
... e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os
selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de
toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e
reinarão sobre a terra. Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres
viventes e dos anciãos... proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de
receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.
Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e
sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao
Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. E os
quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.
(Ap 5:8-14)
8) Ele tem todo o poder no céu e na terra.
... porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse (Cl 1:19)
... e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos,
segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos
mortos e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e
domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. E
sujeitou todas as coisas a seus pés (Ef 1:19-22)
Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e
na terra. (Mt 28:18)
Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que
há de vir, o Todo-poderoso. (Ap 1:8)
9) Ele reina sobre todos os poderes.
E foi na cruz que Cristo se livrou do poder dos governos e das autoridades
espirituais. Ele humilhou esses poderes publicamente, levando-os prisioneiros no seu
desfile de vitória. (Cl 2:15 - NTLH)
... dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre
todos, Deus bendito eternamente. Amém! (Rm 9:5)
E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas,
e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor, Deus Todopoderoso,
reina. (Ap 19:6)
Conferir: I Tm 6:13-15; Ap 2:16-18, 17:4, 19:15).
10) Ele será reconhecido como único Senhor.
Foi para isto que morreu Cristo e tornou a viver; para ser Senhor tanto dos mortos
como dos vivos. (Rm 14:9)
Porquanto não há diferença entre judeu e grego, porque um mesmo é o Senhor de
todos, rico para com todos os que o invocam. (Rm 10:12)
Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de
todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo
da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp
2:9-11)
Conferir: Rm 1:3-4, 10:9, 14:10-11.
CONCLUSÃO:Um número considerável de cristãos vê o futuro da vida na terra de
uma forma romântica, pacífica, otimista; mas a palavra de Deus apresenta um quadro
marcado por confusão, desordem, rebeldia, morte, enfim, um ambiente extremamente
sombrio.
Nas palavras de Jesus Cristo, o dia de julgamento é como um laço, que há de
sobrevir a todos os que vivem sobre a face de toda a terra.
Um poderosíssimo sistema de engano percorrerá o planeta de maneira que todos
aqueles que não receberam o amor da verdade para se salvarem, e cujos nomes não estão
escritos no livro da vida do Cordeiro (II Ts 2:10; Ap 13:8), serão tragados por essa mentira
diabólica e servirão ao anticristo.
Todavia, os cristãos autênticos se posicionarão como trincheiras, como obstáculos, como ferrenhos adversários do anticristo, mas não impedirão que este ser maligno assuma o controle provisório da civilização humana.
Por isso, o Senhor disse: - Fiquem alertas! Não deixem que as festas, ou as
bebedeiras, ou os problemas desta vida façam vocês ficarem tão ocupados, que aquele dia
pegue vocês de surpresa (Lc 21:34-35). Que surpresa? A maior e mais decepcionante será descobrir, no final, que, ao invés
de se servir a Cristo, se estava servindo ao anticristo.
O adversário do povo de Deus não se cansa; ano a ano trabalha para iludir
espiritualmente cristãos teimosos em não crescer na graça e conhecimento de nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo (II Pe 3:18)...
... irmãos insistentes em uma espiritualidade que demoniza sofrimento, dor,
tribulação, provação, doenças, e diviniza riqueza, conforto, saúde, bem-estar.
Dessa forma, são facilmente seduzidos a crerem que há solução e libertação fora da
cruz de Cristo e a se entregarem às novas fórmulas de espiritualidades oferecidas nas
prateleiras das igrejas modernas. Isso é trocar Jesus por Baal; é trocar o Criador pelas coisas
criadas...
... enfim, é desconfiar da simplicidade do poderoso evangelho de Cristo, até,
finalmente, tornar-se um inimigo da cruz de Cristo (Fp 3:18).
Para que você não venha a cair no laço do diabo, confie na suficiência de Cristo.
Nos momentos de grave crise, de forte aperto, não se renda à espiritualidade moderna;
confie em Cristo, que diz: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza...
... e diga como o apóstolo Paulo: De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas
fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo (II Co 12:9).
Na hora da dor, do aperto, do câncer, da tragédia, não complique a situação;
simplesmente, peça a misericórdia de Deus, em nome de seu Filho Jesus (Jo 14:13 e 14,
15:16, 16:23-24).
"Em todo o tempo, revista-se de confiança em Cristo: Mas o que para mim era
ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas,
pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de
todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo e seja
achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a
saber, a justiça que vem de Deus, pela fé; para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição,
e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte para ver se, de alguma
maneira, eu possa chegar à ressurreição dos mortos." (Fp 3:7-11)
E mais: "Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a
nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa. Ele não deixou que a cruz fizesse com que ele
desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou
com a humilhação de morrer na cruz e agora está sentado do lado direito do trono de
Deus." (Hb 12:2 - NTLH)
Extraido da:
4° Convenção Nacional da Juventude Promessista - Fumap
Preletor: Pastor José Lima de Farias Filho.
Autoria: Pastor José Lima da Farias Filho
Diretor do DECR / Departamento de Educação e Cultura Religiosa
Igreja Adventista da Promessa
Outros Estudos do Pastor José Lima de Farias Filho:Os 75 Anos da Igreja Adventista da PromessaObjetos tem Poder para Curar e Libertar?