Agentes do Mal em Ação
Relemos há pouco tempo uma página, de Hilário Silva, bastante
oportuna.
Conta-nos ele que um grupo de entidades das trevas trabalhava
no Espaço, junto a um chefe tirano. Suas tarefas visavam a prejudicar, na
Crosta Planetária, os espíritas sinceros.
Então, de uma feita, o chefe indagou de suas atividades.
O primeiro relatou que havia torturado a cabeça de um fervoroso pregador
de Kardec, impedindo-lhe o acesso à tribuna por mais de dois meses.
O comandante achou átimo. Entretanto —ponderou —, isso
teria trazido muitos benfeitores ao socorro preciso. — Eu — disse outro, ao
ser inquirido —consegui provocar a queda de uma criança, anulando assim o
concurso de operosa médium passista. — Excelente — opinou o gênio do mal
—, mas não resolve, porque muita gente no Plano Superior terá vindo em
socorro do pequenino acidentado, fazendo sentir sua presença junto a seus
familiares. E assim outros mais foram relatando suas façanhas tenebrosas, sem
que o dirigente das sombras demonstrasse contentamento...
Um deles, porém, apareceu com um caso novo e diferente, que
muita atenção e interesse despertou no mentor insatisfeito, logo às
primeiras palavras:
— Eu encontrei um grupo de espiritistas convictos e
dedicados à execução das tarefas que lhes estavam afetas; passei a freqüentar-lhes
o pensamento, insinuando, com arte e manha, e toda a sorte de artimanhas, que
eles eram grandes delinqüentes do passado, muito imperfeitos, cheios de deficiências
e inferioridades. E tanto lhes soprei isto às mentes, e tanto tentei induzi-los
a pensar assim, e tantas vibrações negativas e desalentadosas lhes deitei no
campo mental, que todos eles, um por um, se convenceram de que não valiam nada
mesmo e que era inútil insistir numa coisa para a qual estavam anulados ante as
suas condições precarilíssimas de pobres e míseros encarnados. Então,
cruzaram os braços e começaram a dormir, batidos e abatidos, presas do mais
fundo desânimo e de invencível prostração. Ninguém mais trabalhou, ninguém
mais agiu, ninguém mais orou e confiou. Uma beleza de trabalho! Foi muito além
do que eu esperava. Oh! que coisa boa! Venci-os, porque eles se deixaram vencer
e con vencer pelas minhas hábeis insinuações, comprazendo-se em se
acreditarem incapazes, inúteis e imprestáveis. Aí está — Grande Orientador
das Sombras! — a minha estupenda e estrondosa vitória, que tentarei repetir
junto a outros redutos de trabalhadores da Nova Revelação. As últimas expressões
do astuto agente das trevas foram abafadas por estrepitosa gargalhada do
assessor entenebrecido. A seguir, cumprimentou o seu talentoso preposto,
recomendando a todos os demais, empenhados em dizimar as hostes espíritas, a
seguir-lhe o exemplo, a copiar-lhe a habilidade, usando da mesma tática, e
constituiu, ali mesmo, por entre aclamações da assembléia satânica, o autor
de tão espetacular proeza seu lugar-tenente e chefe da Legião dos Arrasadores
de Almas, com a incumbência precípua de revolver podridões para entorpecer
consciências e devastar, quais gafanhotos, formosas florações de idealistas
do Bem e da Luz do Senhor.
Vemos, assim, que, efetivamente, é de capital importância
tenhamos coragem e fé para suportar a nós próprios. Lembremo-nos de que o
aluno que freqüenta a classe primária não poderá desanimar ao sentir o
adiantamento daqueles que vão à sua frente. Orar sempre e nunca desfalecer
—tal a recomendação do Mestre e Senhor. Tenhamos bom ânimo e, acima de
tudo, amemos a Escola que nos abriga. Sintamos a sua grandeza infinita e lhe
sejamos reconhecidos pelo muito que ela nos tem oferecido. Roguemos sempre ao
Seu Divino Dirigente que nos ampare e nos guie, para que, ao deixarmos os bancos
escolares do Educandário Terreno, pelo desgaste do nosso uniforme, possamos
manter assegurada a nossa futura matrícula, e que, amanhã, envergando nova
roupagem, nos sejam franqueadas novamente as portas deste Ateneu Divino.
Recordemos, para finalizar, dois pensamentos, de rara beleza e profundidade, de
dedicados Instrutores do Mundo Maior:
“Toda criatura terrestre, embora não perceba, vive a
despedir-se do mundo, pouco a pouco, despachando, cada dia, com os próprios
atos, a bagagem que encontrará na estação de destino.”
(Meimei)
“Sirva sempre. O tédio é o salário de quem vive reclamando o serviço dos
outros.” (André Luiz)
Elisabete do Vale
Revista"Reformador", nov/83