Joana da Gama
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Dicionário de escritores Portugueses esquecidos
Ilustração I
Ilustração II
Joana da GAMA
(n. Viana do Alentejo, 1520?-m. Évora, 1586)


Os historiadores da literatura que se dignam falar de Joana da Gama consideram-na com toda a razão um escritor menor. No entanto a sua obra, muito pessoal, surge num período decisivo no que diz respeito à promoção feminina em Portugal. Com efeito, se na poesia medieval dos
Cancioneiros as mulheres e o amor foram temas de predilecção, não há indício nenhum da existência de mulheres poetas. No fim do século XV e no século XVI, as coisas vão mudando e modificam-se as mentalidades. A instrução das mulheres progride, sobretudo, claro, entre as que frequentam a corte, em torno das rainhas D. Leonor, mulher de D. João II, ou D. Maria, esposa de D. Manuel I, ou ainda da Infanta D. Maria, última filha de D. Manuel. Vinte cinco damas, salvo erro, são nomeadas entre os cerca de 300 poetas do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende (1516), mas a sua produção reduz-se geralmente à proposta de motes para as cantigas de outros, ou a respostas a desafios. As mulheres instruídas da geração seguinte pretendem ser iguais aos homens, tratam de adquirir uma cultura humanista, estudam as línguas antigas e algumas tentam viver da sua pena.

Joana da Gama, segundo ela mesma, não é uma dama da corte nem uma mulher muito culta. Provavelmente viveu quase toda a sua vida na "província", em Évora. Mas teve a sorte de gozar de uma independência excepcional. A primeira fonte de informação sobre a escritora é, obviamente, a
Bibliotheca Lusitana de Barbosa Machado, que dá os seguintes detalhes :

Joanna da Gama. Naceo em a Villa de Viana do Alentejo de Pays nobres quais erão Manoel Casco, e Filippa da Gama. Como se visse livre do vinculo conjugal por morte de seu marido com quem fora casada anno e meyo anhelando a estado mais perfeito fundou na cidade de Evora hum Recolhimento intitulado do Salvador do Mundo onde recolhida com algumas companheiras de que erão as principaes Catherina de Aguiar, e Brites Cordeira observavão a Regra de S. Francisco sendo seus Directores os filhos d'este grande Patriarcha. Ao tempo, que esperava da benevolencia do Cardial D. Henrique estabilidade para o novo edificio foy demolido por sua ordem para mayor extensão do Collegio dos Padres Jesuitas ordenando às Recolhidas fossem viver em casa de seus parentes até lhe fundar outra habitação. Com excessivo sentimento deixou Joanna da Gama o lugar, que o seu espirito elegera para se dedicar a Deos, fallecendo a 21 de Setembro de 1586. Jaz sepultada na Igreja da Misericordia de Evora em sepultura propria. Compoz.

in
Dictos diversos postos por ordem de Alfabeto com mais algumas Trovas, Vilhancicos, Sonetos, Cantigas e Romances em que se contem sentenças, e avisos notaveis. Evora por André de Burgos 1555. 8°.


Outra fonte é o testamento de Joana da Gama, conservado no Arquivo da Misericórdia de Évora. Tito de Noronha, que editou a obra de Joana da Gama em 1872, indica um manuscrito conservado na Biblioteca de Évora onde é qualificada como solteira, embora a aprovação do testamento diga que é viúva. Talvez Tito de Noronha não tenha visto ele próprio os documentos citados, e tenha utilizado uma transcrição incompleta. Não sendo assim, ele teria falado com certeza duma disposição particular do testamento, cujo original se perdeu. O texto que se encontra no Arquivo do Distrito de Évora é uma cópia, com letra muito cuidada e data de 14 de Abril de 1597. Abre com esta declaração:

Em nome de Deos Amen. Saibão os que esta cedola e testamento, e ultima vontade virem como eu Joana da Gama beata por não fazer profissão e estar sempre na posse de minha fazenda posso testar della e por não saber a çerteza da hora em que nosso Sñr me querera levar desta vida prezente sendo moradora nesta çidade de Evora estando sãa e em meu perfeito juizo e entendimento temendo a morte faço e ordeno esta minha çedola e testamento nesta maneira seguinte.

A seguir, a testadora organiza as próprias exéquias, indica os legados que destina aos seus criados, enumera as herdades que possui e as rendas delas e designa como herdeira universal a sua sobrinha Isabel da Gama. Também funda uma notável instituição que se tornará efectiva depois da morte de Isabel: ordena que se pague uma renda vitalícia a três
merceeiras (de mercê), mulheres de 40 a 50 anos, elegidas pela sua piedade e bons costumes pelos irmãos da Misericórdia – que também serão pagos por tal missão – ; a obrigação das merceeiras consiste em ouvir uma missa mensal em que rezarão pela alma da sua benfeitora. No fim, ela louva a amizade da sua sobrinha Isabel, encarregada de cumprir as suas últimas vontades. O auto, assinado por mão própria, tem a data de 19 de Junho de 1586. É aprovado pelo notário Pedro Borges a 1 de Julho do mesmo ano.

Joana da Gama morreu a 21 de Setembro. A sobrinha sobreviveu-lhe onze anos. Só então a Santa Casa da Misericórdia, depois de ter deliberado, aceitou o legado e o cargo de organizar as
Mercearias, e mandou copiar o testamento num livro em que cada merceeira devia assinar o seu compromisso. A instituição funcionou ao longo de mais de três séculos: a última merceeira assinou a 5 de Junho de 1908. Quer dizer que a fortuna de Joana da Gama foi importante, e gerida com sabedoria.

O testamento não diz nada da filiação, da idade, das actividades literárias da testadora. Morta em 1586, deverá ter nascido por volta de 1520. É curioso que ela não fale do seu marido. Mas, segundo Barbosa, só foi casada ano e meio. Designa-se a si própria como "beata". O que é certo é que vive em casa própria, não tem filhos, administra pessoalmente a sua fazenda.

O documento, apesar da linguagem convencional e das fórmulas oficiais, revela uma personalidade muito firme, que já se nota na declaração inicial. Se a devoção da "beata" não inspira a menor dúvida, ela manifesta uma certa ostentação, perceptível nos detalhes das exéquias, em que irão, por exemplo, doze pobres com tochas acesas. Joana da Gama é uma senhora habituada a ser obedecida. Entre os legatários, parecem privilegiadas as mulheres. É visível que a testadora não quer chocar ninguém, porém parece decidida a actuar a seu bel-prazer, o que não deixa de ser notável numa sociedade em que o modelo feminino é definido pelas virtudes de paciência, obediência e submissão. Barbosa declara que é filha de pais nobres. Não é impossível que seja aparentada à família do navegador Vasco da Gama, natural do Alentejo. Tal origem familiar poderia explicar que tenha recebido uma boa educação, mas ignora-se tudo da sua formação intelectual.

O facto de ter vivido em Évora não deixará de ter incidência nessa formação. Cidade provinciana, Évora foi ao longo do século XVI muitas vezes visitada pela corte. O Cardeal-Infante D. Henrique residiu lá depois de ter sido nomeado arcebispo, e comportava-se como um mecenas, favorecendo a literatura e as artes. Acolheu lá Jesuítas e uma Universidade foi fundada em 1558. De maneira que, embora situada na periferia dos grandes focos culturais que foram então Lisboa e Coimbra, Évora, apesar de não ter tanto brilho, não ficou isolada dos centros de decisão do poder político, nem do movimento das ideias. Embora vivendo recolhida, Joana da Gama não podia ignorar a animação da cidade, ouvia falar dos grandes personagens, dos artistas, dos escritores, dos estudantes e professores que frequentavam a Universidade.

A sua obra dá alguns indícios sobre a sua formação, em que a música e a leitura desempenharam um papel importante. Essa obra teve pelo menos duas edições no século XVI, ambas anónimas, ainda que Barbosa Machado a atribua formalmente a Joana da Gama. Mas nenhuma das duas edições conhecidas traz autor, lugar, editor, ou data.

Na que se considera a primeira, a página inicial indica apenas :

Ditos da/ freyra./ Ditos diver/sos feytos por/ hua freyra da/ terceyra re-/ gra. Nos qua/ es se cõte sen/ tenças muy no/ taveis,e avi/ sos nacessa-/ rios./ Com licença

O livro vem dividido em duas partes. A primeira é uma colecção de aforismos, distribuídos segundo ordem alfabética de palavras-chave, e ocupa 47 fólios. No verso do fólio 47 começam as poesias, anunciadas pelo título seguinte : "Trovas, vilancetes & sonetos, cãtigas & romances agora novamente feytas, polo mesmo autor". O volume vem encadernado junto com um livrinho espanhol, que segue o fólio 61, e também não tem numeração. É uma edição do
Alivio de caminantes de Juan de Timoneda, que conta 58 fólios, e cuja página inicial indica :

Impresso em Evora en / casa de Andres de / Burgos / 1575.

Parece lógico perguntar-se se não virá daí a informação dada por Barbosa Machado sobre o lugar e o editor do livro de Joana da Gama. Se não viu ele próprio o volume, o seu informador pode ter errado ao ler a data e confundido 1575 e 1555, apesar dos algarismos serem bem legíveis. Mas pode também ter desaparecido a informação, por só mais tarde terem sido encadernados juntos os dois livrinhos, já que tinham o mesmo tamanho e o seu conteúdo poder parecer semelhante para um olhar pouco atento: o aspecto formal dos contos breves de Timoneda não difere muito do dos aforismos de Joana da Gama.

[Ilustração I]

Quanto à segunda edição quinhentista, existe um exemplar na Biblioteca Pública de Évora, visto pelo Inquisidor.

[Ilustração II]

Os versos da autora não aparecem nela. Será a autora ou o Inquisidor o responsável desta omissão? Terão sido considerados os poemas um divertimento indigno de ser impresso ao lado de reflexões sérias? Com efeito, no Portugal do século XVI, a poesia lírica imprime-se com frequência anos depois de ter sido composta: veja-se o caso de Sá de Miranda ou de Camões…

Como quer que seja, o exemplar da Biblioteca Nacional é o único que inclui os poemas de Joana da Gama. Ao contrário da maioria das obras publicadas na época, o livro não vem acompanhado de poema liminar, nem de dedicatória, nem de aviso ao leitor. Contém todavia uma apresentação do autor ao leitor, que não surge como prefácio ou posfácio, mas que se situa mais ou menos a um terço da obra e tem por título: «Ditos do autor de si mesma». A página merece ser citada:

Estes ditos me estão ameaçando, que por eles hei-de ser condenada nos juízos de muitos ; se a ignorância sobeja me faz sê-lo, que tenha necessidade de perdão, daqui o peço aos que os lerem.

Assaz de muita pequice e pouca prudência, grande ousadia e alta presunção seria a minha se cuidasse que há ninguém de achar sumo ou sabor nestes ditos, pois são feitos de quem não sabe ; pera mi só os fiz, por ter fraca memória.

Está adivinhado e tomado às mãos que porque as ponho neste papel, cuidarão que é pera ensinar ; eu queria aprender, que não me falta conhecimento que não sou pera dar conselho, senão pera o tomar de quem me essa esmola fizesse : eu lho agradeceria.

Minha pouca capacidade e a baixeza de meu entendimento me estão ameaçando, e me dizem que não terá culpa quem ma der em escrever estes ditos. Eu o fiz pera não me esquecerem, e comuniquei-os com minhas amigas ; elas poseram os olhos na minha tenção, pediram-mos, não lhos soube negar. Isto vai já parecendo desculpas, de que eu sou pouco.

Por conhecer minha insuficiência, corro-me de escrever cousas sotis. E quando constrangida de me pedir o desejo as quero tocar, foge-me o atrevimento ; aconselha-me a razão que o não faça.

Eis um autêntico
topos da modéstia afectada, que, segundo as leis da retórica antiga, deveria situar-se no exórdio do discurso, a fim de captar a benevolência dos juízes, aqui dos leitores. Joana da Gama sem dúvida nunca assistiu a aulas de retórica, mas leu livros de devoção e ouviu sermões, o suficiente para reconhecer e utilizar este topos. Colocá-lo na letra D, quer dizer no lugar que o parágrafo devia ocupar em função do seu título, revela a humildade da autora, provavelmente sincera. Se aquela mulher gostava de livros, gosto de que não fala, é bastante inteligente para tomar consciência das próprias lacunas quando compara o que é capaz de escrever com o que lê. Aliás, sob o título «Escrever», confessa de modo comovedor :

Vim achar na pena descanso ; nunca me dela servir[a] se mo não ensinaram uns livrinhos que escrevi, sem saber mais letras que as do A.B.C., por fogir ao grande pego de males que é ociosidade.

Isto esclarece até certo ponto a génese da obra. Escrever é para Joana uma actividade que a apazigua. Se é verdade que escreveu mais «livrinhos», o que publica é portanto uma selecção, feita a pedido das suas amigas. O caso é frequente, menos frequente porém o tratar-se de um negócio de mulheres, que não parecem pensar nem um instante em pedir conselho a homens.

Os temas dos aforismos são muito diversos. Deve ser notada a importância das rúbricas «Amor», «Discriçam», «Molher», «Pessoas diversas», «Tempo». A autora manifesta uma liberdade de tom rara na época. Quanto ao estilo, que neste género de escrita impõe brevidade e concisão, revela Joana da Gama um real talento de expressão. Ao longo da obra, o leitor pode ver que a pessoa que se dissimula atrás do nome de «freira» e pretende não saber mais que o ABC conhece porém alguns princípios da arte de escrever: revela uma predilecção pelos anacolutos, cortes sintácticos muito frequentes no discurso oral, mas que utiliza conscientemente e com acerto; tem o sentido do ritmo, das fórmulas proverbiais muitas vezes ornadas de rimas, expressa o seu pensamento habilmente, sabe renovar quando necessário um lugar comum com uma reflexão que o transforma. Em suma, embora aquela mulher não faça alarde duma cultura humanista, como os seus contemporâneos masculinos ou as senhoras da roda da Infanta D. Maria, ela sabe aproveitar com inteligência uma instrução que, a acreditar no que diz, foi apenas sumária. De maneira espontânea ou não, escolhe as técnicas que convêm à sua sensibilidade, e os seus aforismos são muitas vezes cheios de poesia.

A obra poética propriamente dita, quer dizer escrita em verso, ocupa apenas 13 fólios na única edição onde aparece. A apresentação é menos cuidada do que a dos
Ditos. Às vezes, nenhum espaço separa os diferentes poemas, que só se podem distinguir pela mudança de assunto ou de versificação. O total é de 17 composições: dois diálogos, quatro vilancetes, um romance e uma cantiga, seis trovas com estrofes de formas diversas, e três sonetos. A ordem da disposição não parece obedecer a nenhum critério temático nem formal. Os três sonetos provam que a autora é informada da actualidade literária do seu tempo. O soneto foi introduzido em Portugal por Sá de Miranda, mas os de Boscán e Garcilaso de la Vega circulavam antes. Joana da Gama quis experimentar. Um é dedicado ao louvor a Deus, outro aos seus tormentos, e o terceiro é uma exortação à resignação cristã. O resultado não é francamente bom. Joana deve ter tratado de fabricar sonetos de forma autodidacta, a partir das suas leituras, e sem os submeter à aprovação de alguém mais hábil; ela reparou na disposição das rimas, mas não soube reproduzir o ritmo do decassílabo italiano. No melhor dos casos, os versos são «de arte maior», ou seja dividios por uma cesura que os corta em duas partes simétricas depois do acento na quinta sílaba. Além disso não são perfeitamente regulares : apesar dos seus esforços, a inteligente «beata» não conseguiu dominar essa forma nova.

Felizmente, Joana da Gama atém-se na maioria dos casos à medida velha, quer dizer às formas tradicionais cultivadas pelos poetas do
Cancioneiro Geral. E compõe com mestria versos de redondilha maior que, em quatro das trovas, alternam com versos de 3 ou 4 sílabas. Um dos vilancetes e a cantiga são compostos em pentassílabos. As rimas são correctamente dispostas em estrofes de 6, 7, 8 ou 9 versos. Esses poemas seguem os modelos da poesia da corte, e a sua versificação obedece a regras rigorosas. O que é claro indício dos contactos e dos gostos aristocráticos da autora, bem evidenciados em particular nas «Outras [trovas] sobre o canto», em que canta a sua dor de viver, manejando com virtuosismo termos de teoria musical e demonstrando assim que a sua educação musical ultrapassou, pelo menos, o nível elementar.

Dor de viver, melancolia, fugir do tempo: eis os seus temas favoritos, em que não se inclui o amor, que percorre a poesia lírica dos contemporâneos. A natureza é quase ausente, salvo num delicado vilancete. Os diálogos, em 8 estrofes de 8 versos, são muito interessantes, não apenas porque se inserem na tradição dos debates poéticos — as tenções medievais ou os desafios dos improvisadores do paço —, mas sobretudo porque põem em cena abstracções personificadas («Velhice», «Razão», «Sentimento», «Razão»), como no teatro medieval ou no de Gil Vicente.

Em conclusão, as tentativas literárias de Joana da Gama revelam uma sensibilidade deliberadamente feminina, que se afirma à margem das vias e das modas dirigidas pelos homens do seu tempo. Se a ausência de mestres a levou a cometer alguns erros de versificação, também lhe permitiu do mesmo modo conservar uma inspiração fresca e sincera. Uma voz modesta, sem dúvida, mas que merece ser ouvida.


Bibliografia

a) de Joana da GAMA

Ditos da freyra. Ditos diversos feytos por hua freyra da terceyra regra. Nos quaes se cõte senteças muy notaveys, e avisos nacessarios, s. l. n. d. (Évora: André de Burgos, 1555 ?). Biblioteca Nacional de Lisboa, Res. 228.

Ditos diversos feytos por hua freyra da terceyra regra. Nos quaes se conte senteças muy notaveys, & avisos necessarios, s. l. n. d.. Biblioteca Pública de Évora, Res. 189 D.

Ditos da Freyra (D. Joanna da Gama), conforme a edição quinhentista revista por Tito de Noronha, Porto-Braga: Livraria Internacional Chardron, 1872. 107 p.

b) sobre Joana da GAMA

PEREIRA, Gabriel,
Estudos Diversos, Coimbra: Imprensa da Universidade, 1934.

SAMPAIO, Albino FORJAZ de,
As melhores Páginas da Literatura Feminina (Poesia), Lisboa: Livraria popular de Francisco Franco, 1935, p. 14-17.

—,
As melhores Páginas da Literatura Feminina (Prosa), Lisboa: Livraria popular de Francisco Franco, 1936, p. 7-13.

QUINT, Anne-Marie, «Joana da Gama : une femme écrivain dans le Portugal du XVI siècle»,
in : Modèles et innovations, Cahiers du CREPAL n° 2, Paris: Presses Sorbonne Nouvelle, 1995, p. 37-59.

—, «Les tentations poétiques de Joana da Gama», in:
Femmes en poésie, textes réunis par Jean-Yves Casanova, Catherine Dumas, Roland Forgues, Pau: Publications de l'Université de Pau, 2002, p. 97-112.
Entrada por Anne-Marie Quint, Universidade Sorbonne Nouvelle-Paris III

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O texto e todas as reproduções
© 2003Anne-Marie Quint
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