Lendas & Superstições

 

MITOS DO MAL

 

A história da humanidade é repleta de lendas e mitos. Várias culturas, seitas e religiões explicam, a partir de seu ponto de vista, a origem do universo e a existência do Bem e do Mal. São esses dois personagens ilustres da humanidade – Bem e o Mal – que iremos conhecer.

 

 

O Zurvanismo dos Persas

 

Há quem diga que o masdeísmo, uma antiga religião persa (atual Irã) reformada pelo profeta Zaratustra (Zoroastro, para os gregos), foi a primeira das religiões monoteístas. Outros afirmam que o Zoroastrianismo, na verdade, era uma religião dualista, ou seja, pregava a existência de duas entidades superiores e opostas, uma representando o Bem e outra o Mal.

Seja qual for a verdade, o fato é que o mito persa de Zurvan explica de maneira bastante contundente a origem do bem e do mal. Este seria um ser andrógino, cujo nome pode ser traduzido por “sorte” ou “fortuna”, que existia antes de tudo. Desejando ter um filho, Zurvan ofereceu sacrifícios por mil anos, sem sucesso, até que começou a desconfiar da utilidade desses rituais...
Já descrente, Zurvan conseguiu enfim ter dois filhos: Ohrmazd, que ele consagrou aos seus sacrifícios, e Ahriman (foto), relacionado às suas dúvidas.

Zurvan prometeu que o primeiro a nascer seria consagrado Rei, e Ohrmazd ofereceu esse privilégio para o irmão. Mas quando Ahriman se apressou em varar o ventre “materno”, Zurvan não o reconheceu, pois o filho era tenebroso e mal-cheiroso!
Quando Ohrmazd veio à luz, Zurvan percebeu que este era luminoso e perfumado, como tinha previsto. Entretanto, o juramento obrigou-lhe a conceder a realeza a Ahriman, muito a contragosto, por nove mil anos, o que deixou o primogênito enfurecido. Os dois irmãos começaram então a criar, “e tudo o que Ohrmazd criava era bom e reto, enquanto o que Ahriman fazia era mal e tortuoso”. E assim começou a luta eterna entre o Bem e o Mal, irmãos gêmeos do acaso, filhos da fortuna.


A Caixa de Pandora

Na mitologia grega, Pandora foi a primeira mulher da Terra, criada por Hefestus, Deus das artes manuais, a pedido de Zeus. Cada um dos Deuses do Olimpo ofereceu uma dádiva para sua criação, e ela então foi ofertada ao Gigante Epimeteu, que ficou feliz em tê-la como esposa. Seu irmão Prometeu, entretanto, ficou muito desconfiado e disse que eles nunca deveriam aceitar qualquer coisa de Zeus.

Existem duas versões sobre a famosa Caixa de Pandora. Na primeira, a caixa foi enviada pelos deuses como um sinistro presente de casamento para os Gigantes, que também serviria para castigá-los por terem roubado o fogo divino e oferecido aos humanos. Zeus alertou que este presente não poderia ser aberto nunca.... Quando Pandora viu a Caixa, ficou morrendo de curiosidade, e esperou o marido sair para abri-la. Era uma armadilha dos deuses: a caixa estava cheia de todos os males do mundo (como as doenças, as dores, os vampiros...), que voaram livres para amaldiçoar a nova casa dos homens!

Em outra versão, a caixa era do próprio Epimeteu, que mantinha bem guardados os elementos que utilizara para preparar a Terra. Pandora, muito curiosa, abriu a caixa e deixou escapar todas as bênçãos que o Gigante guardava com todo o cuidado. Desesperada, ela tentou fechar a caixa, mas somente uma dádiva ficou preservada: a Esperança...

Seja qual for a versão correta, o termo Caixa de Pandora é utilizado até hoje como um sinônimo aproximado para uma "caixinha de surpresas", que nem sempre podem ser agradáveis... Além disso, a história de Pandora passou para a mitologia como um alerta à curiosidade dos homens e mulheres, uma verdadeira lição de prudência!


A Tradição Hindu

O Rig Veda, livro mais importante da antiga religião indiana, tem mais de mil hinos e dez mil estrofes, sendo maior que a Ilíada e a Odisséia de Homero juntas... Base da mitologia hindu, a obra apresenta um Universo dividido em duas partes: o “Sat”, o mundo que existe, onde vivem os homens e os deuses, e o “Asat”, o mundo do vazio, território do demônio.

Segundo o livro, esta divisão foi fruto de uma luta heróica entre as forças do Bem e do Mal, na origem de tudo que existe. Antes da criação, havia uma grande rivalidade entre os seres espirituais, a saber: os deuses (devas) Aditya e os demônios (asuras) Raksa. Para resolver a questão, foi realizado um confronto direto entre os campeões destes dois mundos, o deva Indra, filho do Céu e da Terra, e o raksa Vritra, que possuía os materiais necessários para a criação do Universo.

Indra então tomou o soma, a bebida sagrada dos hindus, foi armado com o Vayra (raio) por Tvastri, o ferreiro dos deuses, e recebeu a ajuda dos deuses do vento para derrotar o temível Vritra, que tinha a forma de uma serpente que vivia no alto de uma montanha inacessível... A luta foi longa e difícil, mas Indra conseguiu varar o ventre do raksa com o raio, e liberou toda a matéria do Universo: a água, o sol, o ar e a terra firme.

Assim o Sat ficou definido, afastando para sempre o Asat dos seres infernais. Mas como a matéria usada era proveniente de um raksa, o Trimurti, a trindade divina do bramanismo posterior vai contemplar essa contradição: enquanto Brahma é o deus criador, metafísico, seus pares Vishnu e Shiva assumiram a posição de figuras amadas ou temidas. Principalmente Shiva (foto), o deus da destruição, cujos papéis se tornaram os mais terríveis de um deus verdadeiramente implacável e agressivo.

O excomungado

 

Essa história também foi registrada por Dom Augustin Calmet em suas "Dissertações", provando o faro do religioso para encontrar sanguessugas... Um ilustre cavalheiro de nome Ricaut teria relatado o caso para Calmet em meados do século XVIII, na Grécia, onde está localizada a Ilha de Milo.

Entre os cristãos ortodoxos, é muito arraigada a crença de que o corpo de uma pessoa excomungada não apodrece após a morte. Certa vez, um monge ortodoxo grego chamado Sophrone foi chamado a Milo para resolver um caso de vampirismo. Depois da morte de um jovem excomungado, seus parentes e amigos mais próximos começaram a sofrer com estranhas aparições noturnas e terríveis assombrações...

Sophrone reuniu alguns monges, e todos concordaram que o melhor a fazer era desenterrar o cadáver. Feito isso, a surpresa de sempre: seu corpo estava intacto, com as veias cheias de sangue! Os religiosos estavam decididos a cortar o corpo do vampiro em pedaços e fervê-los em vinho, como era de praxe nesses casos. Mas os parentes do jovem protestaram contra o ritual sinistro, e enviaram um requerimento para Constantinopla pedindo pela alma do rapaz.

Os monges resolveram esperar o pronunciamento oficial do Patriarca Ortodoxo, e colocaram o corpo do vampiro em uma igreja, sob rigorosos cuidados espirituais. Certo dia, então, Sophrone acordou assustado com um barulho horrível. Quando o monge abriu o caixão do vampiro, encontrou apenas restos, como se este estivesse apodrecido há sete anos! No dia seguinte, a confirmação: o rapaz tinha sido absolvido em Constantinopla, e sua alma poderia enfim descansar em paz...

“Às vezes o homem cria deuses para justificar seus erros e medos. Às vezes os deuses criam homens, para consagrar sua perfeição.” - Domenium

Artigo: Márcio Domenes

 

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