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"O mundo está repleto de monstros e seres lendários"

 

Marco Polo

Acabado de regressar da China, onde vivera 16 ou 17 anos, o viajante do século XIII Marco Pólo reverberou com palavras severas os artífices da indústria fraudulenta que testemunhara quando passava por Samatra. “Quero também que saibam”, escreveu Marco Pólo, “que os Pigmeus que alguns viajantes afirmavam trazer da Índia são uma mentira e um logro, pois eu posso dizer-vos que essas criaturas a quem chamam de homens são fabricadas nesta ilha, e dir-vos-ei como”.

Marco Pólo continuo descrevendo a engenhosa adulteração sofrida pelos corpos de macacos de pequena dimensões, com vista a torná-los semelhantes a corpos humanos reduzidos. Mas este aviso indignado surtiu pouco efeito no tráfico de pigmeus de Samatra.”Dêem ao público o que o público quer” era na altura uma afirmação tão premente como é atualmente, e o público sempre apreciou monstros, fictícios ou não. Os europeus do século XVI sentiam-se fascinados pelos dragões, e dragões eram-lhes oferecidos – por vezes fabricados através da mutilação de uma espécie de lagarto voador importado do Extremo Oriente, mas mais usualmente feitos da pele flexível de uma variedade de raia. Mesmo na sua forma natural, a face inferior das raias de várias espécies ostenta marcas que apresentam uma misteriosa analogia com rosto humano. Infle-se uma raia até que a mesma adquira a obesidade de uma dragão, lhe adapte uma espinha eriçada, seque o animal ao sol como uma ameixa e, como que por encanto, surge uma “cria de dragão” genuína, embora morta.

Tais anomalias assim forjadas denominadas “Jenny Hanivers” (o nome deriva talvez de Anvers, designação francesa de Antuérpia, onde algumas destas falsificações eram vendidas), quer sejam vendidas como dragões, quer como variantes de horrível balisco, um terrível monstro mítico semelhante a uma serpente.

Jenny Hanivers como este, vendido em Londres em 1970, são monstros feitos de animais marinhos.

Pode verificar-se a surpreendente facilidade com que o verdadeiro crente é enganado por animais fictícios comparado com as sereias da mitologia com o protótipo de uma seria forjada exibida por P.T Barnum em meados do século XIX. A sereia Feejee, como esta fraudulenta beldade foi chamada, era na realidade um híbrido com cerca de 60 cm de altura, semelhante a uma múmia, semimacaco, semipeixe. Embora se desconheçam as suas origens exatas, a sereia de Feejee assemelhava-se às regularmente fornecidas pelo pescadores japoneses e que geralmente lhes permitiam cobrar duas receitas: uma pagava o direito de ver estes espécimes, outra correspondia à venda de amuletos que protegiam das doenças preditas pela criatura antes da sua “morte”.

A sereia de Feejee exibida por P.T Barnum

No entanto, por muito sedutores que estes bizarros espécimes aquáticos possam ser, todos os falsificadores bem sucedidos sabem que o interesse fundamental do homem continua a ser o homem. E desde que Darwin que nada fascinou tanto a Humanidade como a notícia da descoberta do elo perdido, uma espécie de hipotético primo direito tanto do homem quanto do macaco. O homem-macaco da Samantra, ou “orang pendek”, como foi denominado pelos colonos holandeses, foi um dos primeiros elos perdidos a surgir. Ser antropóide, o homem-macaco fora, durante gerações, “avistado” na selva: afirmava-se que tinha de 0,80 a 1,5 metros de altura, pele rósea, era ora glabro, ora peludo, e caminhava ereto, embora os calcanhares virados para frente.

Em Maio de 1932 foi encontrado um espécime semelhante: ao ser examinado, porém, verificou-se tratar-se apenas de um “lotong”, uma espécie de macaco barbudo e cujos molares haviam sido esmagados para acentuar a sua semelhança a um humano. Surgiu depois o homem de Piltdown, fragmentos do qual foram descobertos no Sussex de 1908 a 1913, e que, segundo afirmavam os cientistas do Museu Britânico, pertencia a uma espécie intermédia. Esta a crença que persistiu até 1953, altura em que a comunidade científica ficou abalada ao tomar conhecimento de que novos testes haviam revelados que os fragmentos provinham de um orangotango e de um esqueleto paleolítico e que a coloração, tida como prova de antiguidade, fora produzida não por oxidação, mas artificialmente, provavelmente pela aplicação de pigmento castanho Vandyke.

É difícil calcular cientificamente a idade de animais fictícios, mas estes não se extinguiram. O homem do gelo do Minnesota provocou grande agitação na década de 60 quando foi exibido. Este assombroso Ser, revestido de pêlo como um macaco, tinha no entanto um corpo, incluindo as mãos e os pés, que parecia resultar do cruzamento de um macaco com um homem. O seu exibidor começou por afirmar que o descobrira congelado num bloco de gelo flutuante ao largo da costa da Sibéria, mas mais tarde declarou que o abatera a tiro e o congelara. Houve um cientista que, depois de examinar o homem de gelo através do bloco, ficou tão impressionado que o considerou uma nova espécie; posteriormente, porem, adquiriu-se a certeza de que se tratava de outro exemplo de animal fictício, desta vez feito de plástico.

 

“A tecnologia não só criou novos seres e monstros como também ampliou nossos medos”


Contudo não foi só Marco Pólo que se enganou com a veracidade dos pigmeus, apesar de estarmos tecnologicamente avançados em relação ao explorador, somos vítimas de farsas e engodos. Aliás, quem nunca foi ingênuo o suficiente para acreditar em uma foto ou história propagada através de e-mails e da mídia? Creio que todos nós, pelo menos até o fato ser desmistificado.

A tecnologia é uma ferramenta hábil para criar tais seres e a internet uma mídia avassaladora para propagar falsos mitos e lendas. Avaliando este ponto fui atrás dos monstros e seres mais famosos da internet. Eis alguns exemplos dos Monstros & Seres da Nova Era...

+ Chupacabras +

Competindo diretamente com o ET de Varginha, o Chupacabras é uma das criaturas que rendeu mais estórias para a mídia. Não só a internet que publicou várias versões de imagens do suposto bicho, mas sim, e talvez, principalmente a Tv, que fez várias reportagens investigativas a respeito do fato. Até mesmo programas de credibilidade deixaram-se levar por boatos sensacionalistas.

O Chupacabras é um ser que, segundo a lenda, ataca animais como bezerros, galinhas e... cabras! Parece que a besta é um alienígena. Segundo alguns ufologistas as feridas que o bicho deixa em suas vítimas são extraordinárias e mostram que não se trata de um predador carnívoro de qualquer espécie conhecida do homem. Os que se viram frente a frente com a fera afirmam que ele é de estatura baixa, com pêlos em todo o copo, grandes olhos e dentes, além enormes garras. O sangue dos animais é sugado completamente pelo chupacabras, as orelhas são arrancadas e as vísceras desaparecem, deixando-os literalmente secos.

Estão enganados aqueles que acham que a criatura seja brasileira. Tudo indica que o ser que povoa o folclore de algumas regiões brasileiras não é daqui. Os relatos mais antigos de chupacabras vêm do México. De acordo com a UFO Magazine (Março/Abril 1996) há mais de 2.000 casos relatados de animais mutilados em Porto Rico nos últimos anos. Lá afirma-se que um animal desconhecido da ciência estaria acabando com as criações do lugar.

O Chupacabras é um mistério que acabou ficando famoso em todo o mundo. Depois de Porto Rico, apareceu no México, desceu para a América do Sul e chegou ao Brasil. A cara mais famosa do chupacabras foi criada em 1995 por Jorge Martin a partir de relatos de algumas pessoas que diziam ter visto o animal.

Mas como toda boa lenda, ela não existe. Pelo menos no que depender de Hector Garcia, diretor do Departamento de Serviços de Agricultura e Veterinária de Porto Rico. O senhor Garcia afirmou que não teve nada de estranho nos casos que observou. Segundo Hector, "Um veterinário afirmou que ´pode ser um humano que pertença a uma seita, qualquer outro animal e/ou pode até ser alguém que pretende rir do povo de Porto Rico.´"

Aqui vai outro relato a respeito da lenda que pode ser encontrado em sites de Teorias de Conspiração:

"Há uma conspiração governamental para esconder a verdade ao povo, provavelmente para evitar pânico. Porque se o povo de Porto Rico descobre a verdade, fica sabendo que os extraterrestres estão por trás de tudo. Sim, pode agora ser revelado que o Chupacabras é uma Entidade Biológica Anômala (EBA), ou seja, um cruzamento entre uma criatura conhecida como um extraterrestre humanóide "Cinzento", principalmente devido à forma da cabeça e dos olhos, e o que a maioria das pessoas descreve como um dinossauro bípede, ereto, mas sem cauda. A cabeça é de forma oval com um queixo alongado. Dois olhos vermelhos, pequenos buracos na zona do nariz, uma boca pequena com dentes protuberantes. Outras testemunhas afirmam ter visto pequenas orelhas pontiagudas, mas outras não declaram isso. Parece ter pêlos longos em todo o corpo, e embora quase todos os testemunhos refiram serem pretos, parece ter a capacidade de mudar de cores, quase como um camaleão. "

Como uma boa lenda é necessário uma imagem que comprove o fato. Existem várias imagens de chupacabras espalhadas pela internet, mas irei mostrar uma bem interessante de surpreendente qualidade.

 

Essa foto já está na rede desde o ano de 2003, você pode encontrar em sites de credibilidade duvidosa ou no E-Farsas - site expecialista em desmestificar lendas e fraudes da internet.

A imagem de um homem segurando a cabeça sem vida de um chupacabras é na verdade um trecho de um filme chamado Highland Park feito pelo artista Charlie White. Ao todo são nove fotos onde os caras teriam que mostrar a captura de monstros. Veja a galeria de Charlei White - clique aqui

O bicho da foto é um boneco criado pelo desenhista e escultor Jordu Schell. Jordu é famoso por criar bonecos para séries de TV e cinema americanos, seu trabalho pode ser visto no site "The Moster Lab", que expoem vários trabalhos de artístas plásticos e escultores - clique aqui

 

+ A Menina do Corredor +

Apesar de não ser um monstro a “Menina do Corredor” é outra clássica lenda divulgada na internet. Quando eu era apenas um moleque essa foto já se propagava pela rede criando várias estórias a seu respeito. Ainda existem sites de pouca credibilidade que divulgam a imagem com o contexto realista sobre a mesma.

Para quem nunca viu essa foto, algo meio dúvido de se acreditar, eis o texto que surge antes de você visualizar a foto. Defino isso como um bom trabalho psicológico, aliás um bom contador de estórias deve ter um argumento convincente:

Advertências
- Não fixe o olhar na foto;
- Não encare os olhos da menina;
- Se começar a se sentir inquieto "feche" a foto;
- Se sentir uma incontrolável vontade de ficar olhando APAGUE a foto de seu micro.

Origem
Indonésia, durante os tumultos.
Um fotógrafo estava fazendo uma cobertura dos tumultos em um dos prédios localizados na vizinhança da "cena do crime", que também é, por coincidência, um dos locais onde eles tiveram um massacre imenso.
Ele estava tirando uma foto de um corredor vazio e isto apareceu quando os negativos foram revelados.

Fatos
- O fotógrafo que tirou a foto resolveu enviá-la para estudos;
- Um fotógrafo ficou louco tentando estudar a foto por muito tempo;
- O jornal FOLHA DE SP tentou imprimir para utilizá-la em uma reportagem, nada saiu além de um corredor com uma figura borrada e irreconhecível;
- Fotógrafos especialistas dizem que é um caso raro de fotespelhotefacto onde, dependendo do foco, torna disforme outras partes da foto
- Parapsicólogos dizem que é um caso (que nem é muito raro) de Foto da Além Vida, onde podemos ver claramente a forma ainda viva de um espectro (fantasmas para nós leigos)

Comentários
- Várias pessoas dizem que não vêem nada além de um corredor vazio;
- Outras dizem que vêem várias outras figuras (muitas dessas pessoas morreram);
- Outras juram que viram a figura fazendo um sinal como se desse adeus;
- Outras ainda dizem que a figura os chamam;

"Ninguém sabe ao certo o que é verdade (nem mesmo a procedência exata da foto, sendo que o fotógrafo que a enviou preferiu ficar no anonimato), mas também é fato que após o ocorrido no jornal Folha de SP a foto vem sido difundida e muitas outras pessoas criarão outras estórias sobre ela, porém os parapsicólogos advertem pois acreditam que a energia carregada nesta foto trás juntamente a energia da menina que ainda não desencarnou e isso pode trazer vários fenômenos anamnésicos e materiais às pessoas e aos lugares onde está sendo observada (e isso explica as advertências no inicio da página).

Agora veja a foto....

Como uma boa lenda, aliás, a clássica (!) ela foi propagada através das “correntes” que, querendo ou não, sempre surgem nas caixas de e-mails de todo mundo.

Através de vários artifícios usados em várias outros hoaxes (informações falsas e sem sentido, falta de nomes ou de origem duvidosas, letras maiúsculas em alguns pontos para causar impacto e o uso de montagens com editores gráficos, além de apelar para as "forças do oculto") Numa outra versão, o autor cita até o Padre Quevedo, revelando que o parapsicólogo confirma a autenticidade da fotografia. O interessante, percebam, a palavra "Atenção" sempre é frizada para que o leitor tenha sempre em mente o teor da lenda. Não precisa ser “expert” em arte gráfica para fazer sua própria “menina do corredor” ou qualquer outro fantasma, basta ter um conhecimento básico de Adobe Photoshop que você já pode executar tal tarefa. Abaixo mais um exemplo de montagem encontrado na rede:

 

Além do site E-Farsas, o Padre Quevedo desmascarou a veracidade da imagem. Que aliás, deveria estar em alguma galeria de site com a temática voltada para Dark Art, pois é um trabalho de Designer Gráfico de qualidade Z. Leia o artigo do Padre Quevedo - clique aqui

O desconhecido sempre fascinou homem, essa “sede” pelo oculto rendeu aos grandes pensadores uma luz diante da ignorância e grandes descobertas e inventos aos sábios da ciência. Desvendar o desconhecido fez com que nós saíssemos da caverna caminhássemos para evolução.

É claro que ainda existe muito para se esclarecer. A incógnita da espiritualidade é um campo novo para nossas mentes ainda acinzentadas pelos tempos mórbidos da inquisição. Ainda sofremos com a liberdade de pensamento, ainda somos vítimas da repressão espiritual. Mas quando a chave for encontrada e a porta da luz for aberta, todos irão ver que nossa essência é única, somente os meios para explica-las são diversos.

O homem ainda distante desta verdade imutável continua fascinado pelos mitos e seres. Esse pensamento ingênuo não está tão distante daqueles que imaginam que “a terra era o centro do universo” ou a queda de uma maça “era devido a vontade de divina”. Hoje sabemos que existe bilhões de galáxias e que Deus vai muito além das ações da física. O maior problema não é acreditar nos mitos, mas sim, as pessoas que ganham dinheiro com ingenuidade das pessoas a ponto de venderem um lugar ao céu.

Artigo escrito por: Domenium
Bibliografia: Fronteiras do Desconhecido

Fontes vituais:

- Australian Museum online
- The Monster Lab Gallery
- Católica Net
- E-Farsas
- Assustador
- ColonelBlimp
- Sobrenatural. org

Imagem inicial: Saint George versus the dragon by Gustave Moreau, around 1880

"Artigo dedicado a amiga de muita estima, Darkestsheevah"

 

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