TENSHI

MADEMOSEILLE MANA



PREFACE

Julious estava no campo. Sua espada ,suja de sangue, brilhava, refletindo luar. Olhou para o corpo morto, não sem uma certa melancolia. Tinha que fazer isso. Afinal, Icarus, seu Ik-chan, era um anjo. Caído. O amava ,mas ele tinha asas negras. O amava ,mas o céu lhe deu uma missão divina. As lágrimas caíam sobre o corpo sem vida. Brilhavam no ar. Se virou. Um reflexo e lembrou que tinha que enterrá-lo. Afinal ele era seu único e primeiro amor. Cavou com suas mãos nuas, uma cova para seu Ik-chan. Procurou flores e achou algumas. Jogou então sobre o corpo e o cobriu de terra. Estava selado seu amor. Com um único golpe, sem reações ou gritos, ceifou a vida de seu amado. Passou meia hora tentando fazer uma cruz com alguma madeira. Amarrou com sua fita e fincou no lugar devido. Tentou se levantar ,mas a vontade de chorar foi muito mais forte que suas pernas. Ficou chorando por algumas horas. Olhou para o relógio. Já eram 2:00 da manhã. Tinha que voltar para o Eden. Inferno e céu. Ódio e Amor. Por que não podiam se misturar? Por que? Por que o Eden lhe dera uma missão tão difícil de executar? Por que não simplesmente fugir de lá para ficar junto a Ik-chan? Por que? Por que? Por todos os céus. O que havia feito? Icarus está morto. Tinha que voltar agora para o Eden. Havia de receber condecorações e parabéns. Cínicos! Tão docemente cínicos. Tão inocentemente. Tão... O que estava dizendo? Não era o mesmo que a poucos minutos estava amaldiçoando o Eden por lhe dar esta missão? O q estaria acontecendo? Seria ...

JULIOUS...

"Eu o vejo em sua cama ,com lençóis de seda. Manchados com seu doce sangue. Sangue que verteu ao meu golpe. Não gritou. Não receou. Não se afastou. Não fez nada. Absolutamente nada. Por que? Me amava? Anjos negros podem amar? Realmente? Talvez. Agora tenho que sair daqui. A aurora já se aproxima. São 5:00. Já. Passei as últimas 3hrs me lembrando de como ele era importante para mim. Como ele vai fazer falta. Como era o seu sorriso. Como era seu toque. De como ele era. De como eu queria que ele fosse . De como eu o via e o amava. Eu ainda o amo? Não sei. Talvez pelas mentiras encravadas em mim pelos arcanjos do Eden. Elas me ferem e arrancam sangue ,mas logo irão cicatrizar e me acostumarei a elas. Talvez esteja mesmo acreditando no que Azrael me disse. Ele é tão doce, inocente...puro. Claro! Um anjo. Que nunca teve contato com humanos e muito menos missões... Como esta que me cerca, me fere ... me apunhala. Eu quero vê-lo. Eu desejo vê-lo!"

REVOLUTION?

Julious abriu suas asas e voou até o Eden. Azrael estava na porta. Chorando. Perguntou a ele o porquê do choro. Ele respondeu que era pelos seus sentimentos feridos com verdades sobre quem amava. Sem mais palavras entrou no Eden. Não antes sem dar um beijo na testa de Azrael, seu anjo favorito. Pelo menos ele não é como os outros, pensava. Quando entrou , uma ala de anjos veio lhe dar os parabéns. Hariel lhe entregou uma medalha com o sorriso mais cínico do universo. Julious deu um tapa na mão dele e foi correndo para o jardim. Chorou. Chorou por dois dias consecutivos. O jardim era o lugar perfeito. As trepadeiras se enroscavam nos altos muros que o cercavam. As rosas expeliam seu perfume. Havia uma fonte no centro. Julious sentou ali e permaneceu calado. Seus olhos eram só lágrimas. No segundo dia, apareceu Azrael. O consolou dizendo palavras doces e calmas. Com seus olhos o domou. Julious estranhava sua preocupação. Foi no quarto dia que perguntou o que era. Azrael virou o rosto, constrangido. Julious o virou delicadamente e deu-lhe um beijo perguntando se era aquilo. Azrael o empurrou na fonte e saiu chorando. No quinto dia Julious encontrou Azrael. No décimo eles foram expulsos do Eden.

END?
 
 

SEASON:AUTUMN

"Não! Eu não vou acreditar!"

No dia seguinte Julious acordou com olheiras e na cama do hospital. Tinha tomado sedativos para conseguir se acalmar. Olhou o quarto. Só viu roupas negras e um armário. Se levantou e perguntou a seu enfermeiro porque ele estava ali. Ele respondeu o que não queria lembrar. Azrael estava morto e quando soube, ele tinha saído do quarto correndo e se jogado das escadas. Felizmente(?) eles conseguiram recuperá-lo. Seus olhos se encheram de lágrimas de novo e tombou no chão. Olhos vazios. O enfermeiro o aconselhou a vestir a roupa do quarto ,pois já haviam se passado 3 dias e hoje seria o enterro de Azrael. Julious não o ouviu. Continuou acreditando que ele ainda estava vivo e o estava esperando em casa, alegre e saudável. Foi levado a força para o quarto e de novo tomou sedativos. Quando acordou, a força, viu-se vestido de preto, em um carro que estava a caminho do cemitério. Quando a porta se abriu, foi encaminhado para um lugar onde se reunia poucas pessoas. Estavam em volta de um caixão. Olhou para ver se reconhecia. Era ele no caixão, sereno e doce como sempre. Desesperado, gritou seu nome e caiu em prantos, depois de ser barrado ao tentar abrir o caixão. Viu seu amado ser coberto por terra e depois todos o deixarem ali. Soprou um vento cortante em seu rosto e várias folhas caíram. Se debruçou sobre a lápide e chorou até altas horas da noite. Depois foi para casa...

SEASON : WINTER

"Não sei como estou escrevendo...como peguei a pena, ou o papel...estou tremendo...o papel está molhado, lágrimas caem e mancham as letras. Estou sem você. Sinto que meu universo desabou na última estação. Ainda me lembro de sua voz, corrigindo minha postura, depois de um abraço enquanto eu escrevia. Sinto falta disso. Mesmo que seus cabelos em meu rosto me incomodassem, sinto muito a falta disso. Aliás, sinto falta de tudo. De seu jeito de arrumar a cama, fazer o café e ajeitar o cabelo. Doce. A quanto tempo eu não sinto este gosto? Muito...desde a última estação. As flores que você sempre botava na sala, seu jeito doce de sorrir .Como sinto sua falta. Sua preocupação com minhas alergias, sofrendo ao dar seu gato de estimação. Você me conformava, consolava, você me completava. Inverno. O vento gelado é barrado pelas janelas, fechadas. Agora estou com vontade de tomar um banho e esquecer isso. Esperar que você entre pela porta do banheiro com minha toalha e ver você se despir também. Seu corpo era perfeito. Magro, alto, esplêndido. O vapor e nossos corpos nos mantinham aquecidos. Ficávamos horas ali, sempre rindo e trocando juras de amor. Sinto tanto sua falta que é como se fosse uma parte minha que tivesse perdido a vida. As flores...as flores da sala murcharam...

Julious Mephilim"

SEASON: SPRING

Julious estava na janela. A chuva caía em pequenas gotas, mas em grandes quantidades. Seu reflexo estava um pouco distorcido, mas dava para ver os olhos tristes, molhados e sem vida. Resolveu ir até a cozinha fazer um café para tentar esquecer o ocorrido. Pegou o pote marrom e abriu-o. Estava pela metade. Botou a água para ferver na velha chaleira enquanto preparava a garrafa térmica. Lembrou como ele fazia o café. Sempre perfeito, em uma postura mais que correta, seus longos cabelos caindo pelas costas. Lembrou de seu sorriso, sempre doce. A água ferveu. Derramou sobre a garrafa aos poucos, sempre lembrando dele. Jogou seus cabelos para trás, em um movimento que lembrava seu amado. Ele sempre fazia isso. Depois foi tomando aos poucos o café. Sentiu amargo. Esquecera de colocar açúcar. Foi até a janela observar de novo a chuva. Sentou-se e tomou o resto do café. A chuva agora caía aos poucos, suave. Decidiu sair um pouco. Vestiu o casaco e trancou a porta. Caminhou pela rua, de cabeça baixa. Desprendeu os cabelos. Um vento trazia a voz dele. Uma lágrima surgiu em seu rosto ao lembrar de suas palavras. Chegou a uma praça. Estava na primavera e as flores cobriam a maior parte do chão fazendo um belo tapete. Sentou-se no banco coberto por uma cerejeira e ficou lá, se alimentando de esperanças de que ele voltasse. Abriu a mão e uma flor caiu em sua mão. Lembrou da última primavera em que os dois caminhavam pelo mesmo parque. O mesmo tipo de flor caiu na mão dele e ele a guardou na carteira perto de um retrato. Um sentimento, talvez solidão, tomou seu coração. Sabia que ele não iria voltar. Caminhou sobre as pétalas e um vento arrancou-lhe a pequena flor das mãos. Seus olhos estavam vermelhos. Olhou para uma poça d’ água e viu o reflexo dele. Lembrou de um dos melhores momentos. Aliás, todos os momentos ao seu lado eram maravilhosos. Queria que ele voltasse. Não agüentava mais. Foi até uma pequena ponte de madeira. Pegou a faca que trazia e enfiou em seu coração. Agora ficaria junto de seu amado.

THE END!


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