Atenção!!! Essa fic contém spoilers para outras
fics como: Inocências (Weiss Kreuz), Como Morrer Bem (original),
Votos Eternos (original), Meu Amor Próprio (Digimon) e Série
Incompleta (Gundam Wing), sendo as duas últimas ainda inéditas.
Se você não gosta de spoilers, não leia!
Ela chega tarde da noite, como sempre. Solta o cabelo do hashi, deixa a bolsa no chão ao lado da cama e some de novo na escuridão da casa. Vozes vindas da sala mal chegam a atrapalhar a quietude do quarto. Alguns barulhos, típicos de cozinha e minutos depois ela volta, com um copo de água gelada na mão e uma garrafa na outra.
O copo é posto sobre uma pequena agenda do ano passado, ao lado do monitor e a garrafa é deixada no chão, ao lado da poltrona. Aproveitando a proximidade, ela liga o computador.
Então ela começa a se despir. Tira o tênis, a calça jeans e a camiseta, veste uma blusinha e prende o cabelo em um rabo de cavalo alto. Está muito quente, mas mesmo assim ela fecha a janela de madeira deixando apenas a parte de vidro aberta. Para compensar, o ventilador é ligado no máximo.
Quando ela se aproxima novamente do computador, ele já está com a tela inicial. Ela senta-se folgada na poltrona, toma um grande gole de água e, com alguns cliques, entra na internet.
A primeira coisa que faz é verificar os e-mails. Depois, uma pesquisa rápida nos sites sobre o assunto que for de seu interesse para a próxima aula ou prova. Feito isso, ela fecha todas as janelas e abre sua pasta de arquivos.
Lá, dois nomes em particular chamam a sua atenção.
Gabriela.
Adriana.
São os nomes de duas pastas. Ela encara essas pastas por um instante, pensando em qual abrir. Pode parecer besteira, mas pra ela é uma decisão muito importante.
O mouse pára sobre a pasta "Gabriela" e um longo suspiro sai dos lábios da garota. Amanhã tem prova. Uma prova importante. Ela estudou durante o fim-de-semana e ainda poderia estudar mais amanhã de manhã, mas mesmo assim... ela queria estudar mais para ter certeza que não teria problemas na hora da prova.
Mas mesmo assim...
Faz tempo que ela não escreve nada. As provas e os trabalhos sempre tomando muito do seu tempo. Ela sente falta de soltar a imaginação e digitar sem parar até que seus dedos estralassem ao mero movimento.
Tomando todo o resto da água do copo, ela chega a uma decisão e, sem remorso, abre a outra pasta. Adriana. Esse é o nome dela agora. Ela sorri enquanto vai abrindo pastas e mais pastas até chegar ao local que queria... e uma dúvida:
"Qual fic eu continuo?"
Bom, não era pra ela estar escrevendo nada mesmo. Ia escrever um pouco de cada. Isso. Perfeito.
O programa se abre. A estória incompleta chega aos olhos dela que apenas dá uma rápida lida nas últimas linhas.
"Ok... vamos lá."
E ela começa a digitar.
Sim, eu resolvi me ausentar
Para ocultar a minha dor
Fugi, menti
Talvez por pudor
"Espere!", Hiei parou no parapeito da janela, "Quero que lembre...", mesmo que de nada adiantasse queria terminar o que começou, "...que estarei sempre aqui."
Acabou. A amizade que tanto prezava, que lhe era tão importante, acabada. Hiei foi embora pra nunca mais voltar. Perdera seu mais sincero amigo, seu mais sincero amor. Por que tinha que ser tão egoísta? Uma lágrima escapou de seus olhos molhando sua mão. Sabia que iria chorar, mais cedo ou mais tarde. Ainda bem que não foi na frente dele...
"Que semente do Makai usou em mim?", Não! Hiei ainda estava aqui?
Provavelmente viu que chorava... seu tom de voz era diferente, não
parecia estar mais bravo. Não queria parecer bravo. Não queria
que chorasse. Não chore mais... , "Não foi, uma semente?
Ela está, não sei...mexendo comigo. O que fez comigo? Isso
dói..."
Hiei sumiu. Deixando Kurama de boca aberta. Semente? Dor? Hiei estaria...
Kurama secou uma outra lágrima teimosa. Não podia ser. Toda
essa emoção estava fazendo misturar realidade com desejo,
vontade. Queria que fosse verdade esse seu pensamento tolo. Na verdade,
não tinha certeza de mais nada! Não conseguia identificar
real de imaginação. Pela primeira vez, não tinha idéia
do que ia acontecer. Só esperava que não tivesse sido tudo
em vão.
Desde então tanta coisa aconteceu
Que eu parei prá melhor pensar:
Voltei prá te dizer o quanto eu senti
Não te beijar
"Abra os olhos.", a voz comandou, firme e Duo obedeceu, encarando os olhos azuis, "Eu voltei."
"Heero...", Duo sussurrou e fechou os olhos, pensando ser uma ilusão o que estava vendo, quando abriu de novo, ele ainda estava lá, olhando-o seriamente, "Você... o que faz aqui? Onde esteve? Por que... por que foi embora tão de repente?"
Duo não perguntou tudo de uma vez. Ele fez a primeira pergunta, mas Heero não respondeu. Fez a segunda e Heero continuou olhando-o sem dizer nada. Fez a terceira e silêncio de novo.
"Me responda! Por que... por que fez isso comigo?", o americano sentiu os olhos se encherem d’água, mas não deixou que nenhuma lágrima caísse. Heero, de novo, não disse nada. Irritado Duo apenas o agarrou pelos ombros e o abraçou, forte.
Então, Heero respondeu ao abraço, abraçando também. Encaixando a cabeça na curva do pescoço de Duo e inspirando o perfume do cabelo dele. Com a voz rouca, ele disse, "Me desculpe... por tudo o que eu fiz, me desculpe."
De repente, Duo se afastou e, com determinação nos olhos, deu um tapa forte em Heero. Este apenas deixou a cabeça virada, com a marca vermelha ficando cada vez mais evidente.
"Isso foi pelo o que você fez comigo!", ele disse bravo, "E também
é para o que vai acontecer agora!"
Sem deixar que Heero tivesse tempo de responder, Duo segura firme o
rosto dele entre suas mãos e o beija. Os lábios se abrem
e as línguas se encontram. Logo, ambos estão sem ar e Duo
se afasta.
E a vida segue, sempre nesse vai e vem
Que não passa das ondas do amor
Gira, roda
Como um pierrot
"Me solte.", Leonardo pediu de novo, mais bravo, tentando se desvencilhar.
Alguma coisa devia realmente estar muito errada com ele, porque nem percebeu seu corpo me se mexendo, prendendo Leonardo num abraço forte, deixando suas bocas a milímetros uma da outra. Saulo só se deu conta do que estava fazendo quando notou a respiração quente e fraca de Leonardo contra seus lábios. Instintos comandavam e gritavam com seus músculos. Lábios... língua... beije-o! E suas pernas e quadril prensaram o loiro contra a parede. Mas seu pensamento iam para um lugar diferente, dizendo para afastar-se de lá imediatamente, perguntando-se o que estava fazendo. Seu louco, olhe o olhar dele! Veja como você está assustando-o...
De repente, resolvendo a questão interna do moreno, Leonardo ficou completamente tenso afastando Saulo de si com força, mas não conseguindo se soltar das mãos fortes em seus braços.
Ele levantou o olhar, tentando passar raiva, mas não conseguindo parar de tremer e ofegar, como se tivesse corrido uma grande distância, "O que... pensa que... está... fazendo?", o loiro perguntou enquanto tentava restabelecer sua respiração
"Eu...", Saulo também ofegava, mesmo sem entender o porquê.
Mas, naquele exato momento, apenas contemplou admirado o que tinha feito.
Leonardo estava com os lábios entreabertos, o cabelo despenteado
que, com o luar, parecia criar uma áurea prateada em sua volta,
e os olhos estavam brilhando, mas Saulo não soube dizer se de medo
ou de raiva.
"... me desculpe..."
Eis que um dia aquela bela casa cai
E não há mais como negar:
Voltei prá te dizer que aqui no meu Brasil
Outra flor não há
"Isso é simples. Fique do meu lado, eu preciso de você.", Alex disse sorrindo sedutor e se aproximando
"Não... distorça as coisas.", Camilo se afastou
"Sabe, eu não entendo uma coisa... As mulheres se afastam de mim por medo, as que se aproximam não tem nada a perder e precisam desesperadamente de algum favor. Mas você é homem... e nesse exato momento depende de mim, precisa da minha ajuda. Senão fica sem casa, sem emprego e... sem parentes. Mesmo assim você foge..."
"Não é um tanto quanto óbvio?", Camilo o provocou,
"Você não entende porque não está no meu lugar."
"Não... é outra coisa que eu não entendo.", Alex
se aproximou mais, prensando Camilo contra a parede, "Eu não entendo
por que não dou cabo de você logo de uma vez. Não entendo
por que me dou ao trabalho... de manter você. Alguém que está
sempre fugindo e me desafiando... Alguém que ainda não entendeu
que é meu!"
Aqui: cada cidade é uma ilha, sem laços, traços,
sem trilha
E o medo a nos rodear
Então: bem vindos à minha terra, feita de homens
em guerra
E outros loucos pra amar
E Adriana continua digitando, digitando... trocando de estórias quando a vontade dá na telha, não quando a imaginação cessa. Ela gosta disso: deixar aquela idéia fermentando na mente, cada detalhe de sentimento, de expressões e de fala se multiplicando a cada minuto que passa e ela nega digitar a cena no teclado.
Fica, então, muito mais fácil escrever depois. Além de muito mais divertido. As personagens e os sentimentos tão rapidamente sendo trocados, como se ela mesma trocasse de roupa. Fica tudo mais interessante. E o que ela estava digitando agora, é o que há muito tempo vinha fermentando na sua mente, algo como...
Dor. Dominação. Dor e dominação da mente.
Perda. Possessão. Perda e possessão do corpo.
E as personagens de novo se revezam.
E tem sido assim, desde que o mundo é mundo
Os homens temem a paixão
Ela fere, ela mata
Tal qual um dragão
"Então essa é a minha punição?", Gabriel disse, encarando as costas de César, com as lágrimas embaçando a sua visão, escorrendo livres pelo rosto dele até o pescoço, molhando a gola da blusa
"Já disse...", César respondeu fechando os olhos com força, "Eu não sou padre... não posso te dar nenhuma punição..."
"Mas escutou a minha confissão!", Gabriel gritou, seu choro ecoando pelas paredes da capela, "E mesmo que você não possa... mesmo que não queira...", ele retirou a arma que trazia presa na cintura, nas costas, "Você vem me punindo desde a minha primeira confissão."
César dessa vez não conseguiu conter o soluço e nesse momento de fraqueza, suas próprias lágrimas começaram a escorrer, "Por favor... pare com isso...", ele sussurrou, mas tão baixo que Gabriel não escutou
"Eu... César, olhe pra mim, pelo menos agora...", o loiro disse, deixando de olhar a arma para encarar novamente as costas de César, "Pelo menos agora...", ele levantou o braço, apontando o bocal da arma, "Eu te amo tanto... que até a minha dor eu quero compartilhar com você.", Gabriel chegou a sorrir, no meio das lágrimas, ao colocar em voz alta a ironia de seu pensamento, "Mesmo que o meu amor nunca seja compartilhado, a minha dor... eu quero que você sinta junto comigo."
César negou várias vezes com a cabeça antes de responder, "Não... eu não posso...", ele disse sem saber o que estava realmente acontecendo.
Mas não podia olhar para Gabriel, simplesmente não podia... cairia em pecado eterno se fizesse isso agora, pois César sabia que não agüentaria vê-lo sofrendo. Apenas escutar o seu choro e o seu lamento já era provação grande demais...
"Não pode?", Gabriel perguntou com um leve tom de desespero escapando
em sua voz, "Não... não pode?", ele repetiu, soltando mais
soluços e mais lágrimas. A dor no seu peito era muito grande
para ser suportada, então, ele apertou o gatilho.
Enfrentar ainda causa tanto medo
Mas fugir é bem pior:
Voltei prá te dizer que nessa guerra
Não há vencedor
Eles se encararam por um bom tempo, não percebendo os vários olhares que recebiam dos outros visitantes do parque. Cada um preso ao olhar do outro e ao seu próprio pensamento.
"Dais...", TK começou, abaixando o olhar, "Olha, isso tudo foi culpa minha...", Davis franziu o cenho, sem entender o que o loiro falava, "Me desculpe, eu não devia... ter... er...", TK ficou vermelho e não conseguiu continuar, apenas mordeu o lábio para não falar mais nada.
"Não... não, não, não!", Davis disse, agitando as mãos, enfatizando sua fala já enfatizada, "Você não fez nada de errado. A única coisa que fez foi ser meu amigo.", ele se aproximou, sem saber se poderia tocar o outro ou não, "Eu é quem fui o idiota. O idiota de sempre..."
"Não está bravo comigo? Mas no vestiário..."
"Eu fui um tremendo idiota lá também!", Davis disse rapidamente, não querendo lembrar das coisas que disse naquela tarde, "Eu é quem... er... me desculpe.", ele pediu envergonhado.
Apesar dos barulhos do parque, nem Davis nem TK escutavam nada, permaneceram em silêncio, olhando para o chão.
"Então acho que está tudo bem...", TK foi o primeiro a falar, estendendo a mão
Davis encarou surpreso a palma branca e depois, sem jeito, trouxe a sua para um aperto. Um aperto de mãos amigável, "Sim... está tudo bem..."
"Amigos?"
"Amigos...", Davis tirou os seus olhos das duas mãos e olhou para TK, "Eu... er... é isso... amigos..."
Só que nenhum dos garotos se afastou, as mãos não
se soltaram, os olhos não se deixaram de encarar.
Aqui: cada cidade é um porto, disse o poeta prum broto
Que não queria arriscar
Vem, bem vindo a minha terra, feita de homens em guerra
E um outro louco prá amar
E Adriana continua digitando, digitando... trocando de estórias quando a vontade dá na telha, não quando a imaginação cessa. Ela gosta disso: deixar aquela idéia fermentando na mente, cada detalhe de sentimento, de expressões e de fala se multiplicando a cada minuto que passa e ela nega digitar a cena no teclado.
Fica, então, muito mais fácil escrever depois. As personagens e os sentimentos tão rapidamente sendo trocados, como se ela mesma trocasse de roupa. Fica tudo mais interessante. E o que ela estava digitando agora, é o que há muito tempo vinha fermentando na sua mente, algo como...
Dor. Dominação. Dor e dominação da mente.
Perda. Possessão. Perda e...
"Ainda nesse computador?"
Gabriela se vira para o pai, parado na porta do quarto, deixando que a claridade entrasse e incomodasse por alguns segundos os seus olhos.
"Já vou desligar.", ela responde sem mostrar muita convicção.
"Você tem prova amanhã. Se não tirar uma nota boa vai ficar sem computador por tempo indeterminado.", ele ameaça, recebendo um sorriso como resposta.
"E desde quando eu não tiro notas boas, pai?", ela ri do comentário dele.
"Hn. Sei...", o pai dela resmunga e fecha a porta.
Gabriela volta de novo sua atenção para o monitor e sorrindo diz:
"Parece que o povo vai ter que esperar mais um pouco para uma nova atualização...", e então ela desliga o computador.
FIM
Nota da autora: Essa fic NÃO é uma desculpa para a demora na atualização das minhas outras fics! Juro!!!^___^;;
A letra da música eu consegui no site oficial da Marina Lima.