Uma em um Milhão
Kaoru-Dono

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Nota da autora:

Bom, gostaria de dizer que o título dessa fic foi inspirada numa música do Guns n’ Roses “One in a
Million” , mas eu só peguei emprestado o título, porque a letra da música em sí não tem nada a ver com o que está escrito, obviamente....^_^

Quem conseguir ler esse fanfic até o fim , me escreva se quiser, ok? Nem que seja pra falar que eu estraguei os seus personagens favoritos de DBZ!! Mas se quiser fazer uns elogios eu tbm naum vou reclamar! ( hehe.. pretensiosa)

Ah, mais umas coisinhas:

Tudo que está entre aspas são pensamentos dos personagens, o que está entre * ( o nome disso é
asterisco?! ) são sonhos/lembranças/  etc, etc.... E o que vem depois do travessão saum as falas dos
personagens! ( dãaa!)

Esta história se passa  depois da saga de Freeza   e dois anos antes da Saga de Cell, quando Vegeta estava morando na Capsule Corporation .

Email: [email protected]

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Encostado a uma pilastra no jardim, Vegeta inspirava profundamente o ar da noite,  sentindo a leve e gelada brisa noturna acariciar seu corpo; sentindo a liberdade que ele tanto ansiava ter naquele momento e que não tinha.

Era difícil pra ele, após passar toda a sua vida indo de um planeta a outro, permanecer meses seguidos em um mesmo lugar.

Seus olhos negros fitaram o céu também negro , escuro e vazio, e  lembranças antigas vieram a sua mente. Recordou-se do tempo em que era apenas um garoto, o pequeno príncipe da raça  que servia fielmente  ao Imperador do Universo na época, Freeza.

Tinha ódio quando pensava nisso, não deixava nunca de achar que todos não passaram de meros escravos na mão dele, e no final das contas, o que ganharam?! Morreram todos como idiotas, assassinados, sem a mínima consideração que mereciam.

Maldito  Freeza!

Lembrou-se das lágrimas de dor e perplexidade que chorou quando era criança e viu sem ser notado o pai ser assassinado por ele, pouco antes de o mandarem em uma pequena missão sem importância a outro planeta , a fim de o salvarem da explosão fatal no planeta Vegeta.

Certamente o maldito o salvou porque não o julgou uma ameaça...

Ele, um perigo para o “Grande” Freeza? O passivo, o obediente, o “queridinho” dentre todos os seus soldados?  Cheio de falsa admiração por fora, ardendo de ódio e vingança por dentro.  A partir daquele momento resolveu que não valia a pena confiar em ninguém e apenas esperou pacientemente a hora oportuna para ter a sua vingança e a de todos os que foram traídos.

E quando julgava estar  pronto para   isso, capaz de derrotar e matar o desgraçado, o que acontece? É humilhado, morto da pior forma possível , pois quem veio e resolveu tudo? Quem lutou até o fim e matou aquele que ELE  devia estar matando?!
 
Vegeta fechou os olhos com força e  apertou tanto as mãos em sua raiva que quase as fez sangrar. Porque era mais poderoso que ele? Existiriam outros que o superavam também? Que fariam aquilo que ele gostaria de ter feito mas não pôde?!
 
O ruído de seus passos ecoou quando entrou na sala que usava para treinar a uma gravidade até 300 vezes aumentada. Caminhou até o painel de controle  e apertou  os  pequenos botões algumas vezes, ajustando a gravidade de modo que ficasse 200 vezes maior do que a  da Terra. Poderia ter ido pra qualquer outro lugar, mas foi para lá, porque treinar incessantemente fazia esquecer
momentaneamente  que o tempo passava  deixando-o para trás; sem ninguém, sem nunca ter sentido o calor do corpo de alguém que realmente gostasse junto dele, sem ao menos – como detestava admitir tudo aquilo!! – ser o melhor naquilo que mais gostava de fazer: lutar.

Começou a treinar com todas as forças, sozinho  como sempre, até que todos os seus músculos estivessem tão doloridos que ele mal pudesse se mexer, até o suor encharcar completamente o seu uniforme, até ficar tão exausto que tivesse que parar, não por livre e espontânea vontade, e sim porque não conseguia mais se agüentar em pé.

Oculta  nas sombras do jardim, Bulma observava em silêncio Vegeta olhar a lua encostado numa pilastra do jardim da sua casa.  Pensou em ir até lá falar com ele, mas parecia tão absorto em seus pensamentos  que ela resolveu não interromper.

Depois de alguns minutos, viu ele se levantar bruscamente com uma expressão atormentada no rosto e se dirigir rapidamente até  o lugar onde sempre treinava. Esperou algum tempo ali mesmo onde estava, pois seus pais estavam viajando e ela sentia falta de conversar com alguém. Além do mais, neste ano em que estava morando com eles, Vegeta não se comportava mais de forma tão rude como quando tinha chegado. Quando estavam à sós,  ele a escutava falar pacientemente , mesmo sem dizer nada na maioria das vezes e apenas  concordando eventualmente com um “un-
hun” mal-humorado.

“Ele deve demorar... Geralmente passa muito tempo treinando aí dentro. Está frio aqui fora, acho que vou entrar e tentar dormir um pouco...”Começou a caminhar não muito decididamente até a porta de casa  mas parou antes de girar a maçaneta , olhou para trás e um breve pensamento a fez ficar. E se a nave explodisse e ele ficasse machucado como da outra vez? Do jeito que era teimoso, provavelmente continuava treinando com a gravidade muito alta, e talvez ocorresse outro acidente. Ela sentou no degrau da escada, decidida: “Melhor ficar aqui até que ele saia.”

Quase duas horas depois, escutou leves batidas na porta e uma voz feminina chamando seu nome, abafada pelas grossas paredes.

- Bulma? – falou, sem se mover do chão onde estava
deitado, exausto.  – O que quer?

- Posso entrar?

Ele hesitou por alguns instantes e a escutou chamar de novo.

- Espere um pouco.

Caminhou até o painel e diminuiu a gravidade 200 vezes, fazendo-a voltar ao normal quase no mesmo instante. Bem mais leve, como se tivessem tirado uma  carga pesada dos seus ombros, andou rapidamente até a porta  para abri-la e ver o que a garota queria.

- E então? - Ele observava  a silhueta dela que se projetava  graciosamente contra a parte mais clara do céu .

- Bem, fiquei um pouco preocupada, eu estava no jardim observando a nave e vi que ela estava tremendo muito, por causa da sua energia e da gravidade alta demais. Pensei que pudesse explodir, como da outra vez ano passado....

- Seu pai já não consertou essa coisa?

- Sim, mas você sabe, não é seguro passar tanto tempo aí. Ela pode se sobrecarregar e acontecer um acidente, e não valeria a pena, não é? Você perderia tempo até se recuperar e voltar a treinar.

Ele considerou as palavras dela por alguns instantes:

“Bem, se está dizendo que não é seguro... Realmente não me interessa perder tempo com explosões sem sentido.”

- Hun . Então vou tomar um banho e dormir. Depois disso já devo poder voltar e continuar.

Ela concordou balançando a cabeça com um gesto e andou ao seu lado por toda a extensão do jardim até a casa , os dois em silencio.

Bulma  permanecia sentada na borda da banheira olhando a água quente encher vagarosamente o fundo e subir lentamente pelas bordas de pedra , levantando um vapor  úmido que se espalhava por todo o banheiro. “ O que será que ele estava pensando?”“ Algo não muito agradável, porque estava com a cara mais fechada do que costuma estar”

A banheira estava completamente cheia  agora. Ela fechou a torneira e se virou para o saiyajin que esperava atras dela:

- Você já sabe onde estão as toalhas, não é? Qualquer coisa me chame, vou sair pra que você ...

- Bem, fique onde quiser. Eu não me importo.

Se desfazendo do uniforme já meio rasgado, entrou na banheira quente e deixou escapar um  pequeno suspiro de satisfação.

- Vai ficar parada aí? Se quiser pode pegar o meu uniforme. Nem me dei ao trabalho de guardar porque sei que você  sempre joga eles fora quando estão assim sujos.

Ela retrucou:

- Ah, isso não é problema! Sabe que já aprendi a construí-los e tenho milhões de capsulas Hói-Pói com uns igualzinhos a estes. Só que novos e limpos, é claro...- Disse, pegando o uniforme usado do chão com a pontinha dos dedos e uma expressão meio de nojo. “que coisa imunda!!”

Vegeta escorregou pra dentro da água, e sentiu um alívio quando ela envolveu todo o seu corpo e aliviou um pouco a dor incômoda dos músculos enrijecidos que começava a sentir por ter passado tanto tempo treinando em um dia só; pois já tinha entrado na sala de manhã e uma parte da tarde também.

- Sente dor?

- Não, eu... – ele parou de negar quando sentiu  as duas pequenas mãos  apertarem e massagearem  os seus ombros e as suas costas, provocando uma dor gostosa e um relaxamento quase que imediato.

- Estava se sentindo sozinho hoje a noite?

- Porque acha isso?

“ Você deve se sentir sozinho todos os dias da sua vida , não é? Será que gosta de ser assim ou... apenas se acostumou à solidão? ”

Ele olhava atento para o rosto dela, como se estivesse lendo o que estava pensando nos grandes olhos azuis.

- Talvez o dia em que eu achar alguém que valha a pena...

“ Todos os que me cercam são apenas pobres coitados... mas você é diferente...como se fosse ...uma em um milhão... eu quero ficar aqui, e não só pra esperar os andróides, pois eu poderia ficar e esperar  em qualquer outro lugar da Terra,  até no espaço se eu quisesse....”

Ela viu a expressão mais branda nos olhos do saiyajin e começou enxugar o seu rosto, acariciando-o com a palma das mãos, ao mesmo tempo que sentia um dos seus braços envolverem a sua cintura.

- Bem – começou Vegeta numa voz rouca e engasgada - É melhor sair logo desta banheira, antes de começar a murchar.

Bulma olhou para o lado um pouco envergonhada quando viu o belo corpo nu se levantar bruscamente da água. Ele se enrolou na toalha e foi até o quarto que era dele, apesar de ser muito pouco usado.

“ Que roupas horríveis !” não pode deixar de pensar ao abrir o armário. Escolheu uma bermuda que parecia ser a menos pior entre aquelas roupas, se vestiu e sentou na
beira da cama.

Bulma caminhou até a cama devagar e parou em frente a Vegeta, usando as duas mãos para fechar uma das mãos dele.

- Você disse que ... se encontrar alguém que valha a pena.... Confie em mim, Vegeta, por favor...

Ele olhava para ela com uma expressão um pouco aturdida .

“ Confiar ?!”

* Confie em mim, príncipe Vegeta .* Ele ainda podia ouvir em seus pensamentos a voz convincente de Freeza. *

Uma chuva de meteoros atingiu o seu planeta ... Seu pai e os outros morreram nessa explosão, mas você , Nappa e Raditz podem  continuar trabalhando para mim...*

Bulma olhava para o rosto de Vegeta e podia ver estampado nele as emoções contraditórias que ele estava sentindo, dando-lhe  uma aparência confusa, perplexa e até mesmo indefesa.

“ Como pode parecer tão arrogante  e orgulhoso numa hora e em outras, como agora, parece tão infantilmente sozinho e carente de alguém que se preocupe...”

Ela se surpreendeu com os braços que a envolveram , apertando-a de encontro a ele.   Vegeta podia sentir as batidas do coração e o calor do seu corpo cansado  junto ao dela. Levantou o rosto para poder olhar para ela, já que estava sentado e Bulma estava em pé .

- Eu quero me livrar dessa descrença...

- Então ... acha que pode confiar  em mim?

A resposta foi o  beijo apaixonado e contido à tanto tempo do príncipe dos saiyajins.



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