Yukina-chan
 

Hn! Minha raposa, está lá conversando com sua mãe, eu estou aqui, esperando!... Como sempre, muito perto para observar atentamente a todos seus movimentos; aceito que adoro esta obrigação de vigia... Apenas zelando por quem amo, vendo-o feliz e tendo a certeza de ter tomado a decisão certa em ter ficado neste mundo...

Ele acha que eu não gosto de Shiori, Kurama reclama, diz que não sou compreensivo, que tenho ciúmes de quando estão juntos... mas na verdade, eu gosto dela sim, a mim realmente não importa que passem um tempo juntos, o problema é que eu não poderia dizer isso, jamais... Sua mãe é a única ningen de quem gosto e considero. Não sei porque, mas gosto mesmo. Eu nem me importaria se tivesse que zelar por ela um dia, talvez isso aconteça, porque sou grato, graças a ela, Kurama é tudo que é hoje... Ele próprio diz isso e eu acredito!

Um dia contaram-me que Koorimes são clones de suas mães, interessante... Como eu sou mestiço pareço-me mais com meu pai, porém... e minha irmã?

Bem... Ela seria a minha mãe só que mais jovem....

Eu, com tanto sofrimento tornei-me uma pessoa dura, fria, uma assassino sem coração, muito temido e forte... Yukina também sofreu muito, porém ela é doce, amável e carinhosa para com todos...

Por quê?

E se forem sentimentos herdados da minha... não! Ela quis livrar-se de mim. Uma criança maldita. Fui jogado daquele penhasco para a morte certa, pode até não ter sido pelas mãos dela, contudo, não a livra da culpa!

Ela quis que eu morresse, porém sobrevivi... Meu destino era uma morte miserável, porque isso aconteceu? Para que sobrevivi?

Acho que tenho uma missão: cuidar de Yukina e também de Kurama...

Diria que isso é uma missão maravilhosa, sim, cuidar das pessoas que mais amo é uma coisa muito gratificante... Apenas tentar fazê-las felizes e, meu pagamento... Não poderia haver pagamento melhor...

Queria poder contar a ela que sou o irmão que tanto procura e dizer que a amo muito, sinto sua falta... Tanta coisa para contar e ouvir! Saber de seu passado, seu presente o que espera de seu futuro. Nada seria comparado com esta sensação que apenas posso imaginar agora. Um dia Yukina... Prometo!

Ela acha que seu irmão é uma pessoa boa e... droga! Não posso revelar a verdade, o que aconteceria se ela descobrisse que tipo de demônio eu sou? Iria querer minha morte? Ou simplesmente não importaria? Abraçar-me-ia, chamar-me-ia de irmão e deixaria que eu abrisse meu coração como fiz para Kurama...

Vou deixa-la triste, decepcionada... não quero isso! Gosto de vê-la feliz. Seus olhos são tão doces, seu toque é gentil com seda...

Kurama disse uma vez que tenho um sorriso parecido com o dela... Será? Nunca consegui olhar seu sorriso durante muito tempo... Eu até gostaria, assim saberia que tenho algo de Hina... Uma expressão de alegria.

A verdade é que eu queria ter podido desfrutar do calor de uma mãe, mas me negaram isso.

Minha doce irmã, dói-me ouvir você perguntar se eu achei algo sobre seu irmão desaparecido, mas o que eu posso fazer? Shigure... foi o preço pedido por ele. Preciso manter minha promessa. Aquele desgraçado sabia que isso iria acontecer, por isso pediu este preço... Nosso sofrimento, sim, pois não sofro só...

É bem possível que toda a bondade de Yukina venha de nossa mãe, então... talvez seja verdade... talvez ela tenha feito aquilo para me poupar a vida, a jóia de lágrima poderia ser um sinal para um dia eu poder encontrar minha irmã.

Mãe... o que eu faço, eu sempre tive a impressão de que alguém esteve ajudando-me desde que eu nasci, talvez fosse você e, eu não quisesse ver... tanto ódio, rancor. Fiquei cego, virei um egoísta... nunca me achei merecedor de nada, mas agora tudo mudou... a minha vida mudou. Achei minha irmã, tenho Kurama... O que eu poderia querer mais? Somente contar a verdade e livrar-me deste peso horrível.

Apesar de tudo... se você era igual a Yukina... eu posso perdoá-la, acredito no que foi contado como sendo a verdade, eu não queria, mas parece a única coisa lógica agora que eu consigo enxergar algo mais, além de dor e ódio!

Um dia talvez eu esqueça, então, vou encontrar você e poder dizer que te amo, kaasan...