A Inquietante Carta Clow
Wingsofmind

PARTE 1 - Numa infeliz situação

   Sakura dormia tranqüilamente, estirada em sua cama, quando então teve seu sono interrompido por uma estranha sensação. Ela despertou subitamente e se colocou de pé imediatamente. Ela se sentia um pouco sonolenta por ter acabado de se levantar mas se esforçava para manter a concentração e tentar discernir a sensação que sentia. Não havia mais dúvidas, ela sentia a presença de uma carta Clow.
   Sem perder tempo ela procurou por alguma roupa para vestir, mas toda aquela agitação da menina levou Kero a acordar.
   - O que houve agora? -- Perguntou Kerberus ainda com sono.
   - Não esta sentindo? -- Pergunta Sakura vestindo a roupa por cima do pijama para não perder tempo se trocando.
   Kero levanta um pouco a cabeça, se concentra um pouco e tira sua conclusão. -- É uma carta Clow com certeza! -- Diz o pequeno guardião. Mas neste meio tempo Sakura já se debruçava na janela tentando alcançar o galho de árvore mais próximo, para descer em busca de mais uma carta mágica.
   - Não seria mais prático, para não dizer seguro, usar a carta salto para chegar até lá em baixo? -- Pergunta Kero, insinuando que Sakura não esteja aproveitando todo seu potencial.
   - Seria, mas para chamar a magia eu iria acabar fazendo muito barulho. E você já viu que horas são? -- Responde Sakura, preocupada em não acordar ninguém da família.
   Kero viu no relógio que eram duas da manhã, mas isso não fazia diferença porque as cartas não costumam ter hora certa para aparecerem, logo uma Card Captor não pode se dar ao luxo de ter um horário fixo para descansar. Kero só espera que isso não faça com que Sakura se atrase pela manhã, apesar da mesma não estar muito preocupada quanto a isso.
   Graças a sua habilidade física, Sakura conseguiu se pendurar nos galhos da árvore próxima a sua janela sem dificuldade. Em poucos segundos ela estava no chão, pronta para capturar mais uma carta. Mas antes de recorrer à ajuda da magia, Sakura foi surpreendida por um problema que de forma alguma estava previsto.
   - Papai? O que o senhor faz aqui fora a essa hora? -- Pergunta a aflita Sakura, olhando espantada para seu pai, sem querer acreditar na situação em que se encontrava.
   - Eu ia lhe fazer essa mesma pergunta. -- Responde o professor Fujitaka.
   - Bem... É que eu perdi o sono e resolvi tomar um pouco de ar. -- Diz Sakura, que de tão nervosa mal conseguia falar ou encontrar desculpa melhor.
   Fujitaka Kinomoto cruzou os braços e franziu a testa em reprovação a desculpa e atitude de sua filha. Sakura percebeu que não lhe restara mais escapatórias. Ela não seria capaz de enganar o pai e tão pouco poderia lhe contar a verdade, que ela era uma valente Card Captor tentando livrar o mundo dos perigos das cartas mágicas. Sem mais desculpas ela simplesmente abaixou a cabeça em arrependimento, esperando pela decisão que seu pai tomaria em relação a ela.
   - Francamente Sakura, jamais esperaria que você fizesse uma coisa dessas. Por mais quantas vezes você saiu assim durante as últimas noites? -- Perguntava Fujitaka, demonstrando ser bastante compreensivo com a menina. Mas Sakura não tinha nada a dizer. Buscando uma maior compreensão, ele se agachou para ficar na altura de sua filha e olhar bem em seus olhos ao falar. -- Há algum problema que queira me contar?
   Sakura se sentia envergonhada por tudo aquilo. Ela sabia que não havia agido certo, embora fosse por uma boa causa. Apesar de tudo seu pai não demonstrava qualquer sentimento de raiva, e isso de certa forma a incomodava. Porém, diante do silêncio de sua filha, o pai teve que tomar alguma atitude.
  - Você percebe que não poderei ignorar o que aconteceu, não é mesmo? -- Pergunta Fujitaka, que obteve apenas um sinal positivo de Sakura movendo a cabeça.
  - Se ao menos você me contasse porque fez isso... -- Continuou o pai, mas Sakura não queria lhe contar a verdade, por isso virou o rosto para o lado.
  - Volte para cama. Quero que você comece a acordar mais cedo e tomar seu café da manhã direito, não gosto nada de ver você engolindo a comida e saindo correndo às pressas. -- Determinava o pai de Sakura, preocupado com o bem estar de sua filha. -- E quero que após as aulas você volte para casa o mais cedo possível para cuidar de seus afazeres. Estamos combinados? -- Continuou Fujitaka, exigindo maior responsabilidade da Sakura como forma de punição.
  - Só isso? -- Perguntou Sakura em baixo tom de voz.
  - Você também fica sem usar seus patins para ir à escola. -- Complementa o pai, fazendo a menina lamentar por ter aberto a boca.
   Após aquela conversa os dois entraram em casa e Sakura se retirou para seu quarto. Lá dentro Sakura se atirou sobre a cama e afundou a cabeça no travesseiro. Kero, que havia acompanhado tudo pela janela, achou por bem não incomodar Sakura naquele momento e deixar as preocupações com a carta Clow para uma próxima oportunidade.
 

PARTE 2 - Paranóia da noite passada

   Sakura caminhava pelas ruas de Tomoeda indo de volta para casa, ela ainda estava aborrecida pelo o que havia lhe ocorrido. Talvez fosse impressão sua, mas ela nunca havia se sentido tão só antes. Era impressionante como as ruas estavam silenciosas, não havia uma só alma viva presente.
   De volta ao seu lar, Sakura continuou a sentir aquela sensação de solidão. Também não havia ninguém em casa, tudo estava tão quieto e tranqüilo. De repente o céu lá fora havia se tornado escuro, o interior da casa agora lhe causava uma estranha sensação de medo.
   Ela não estava mais só, havia alguma presença em volta de sua casa. Algo que ela sentia ser algo nada agradável. Ao olhar pelas janelas ela podia perceber um vulto negro rondando a casa, como se buscasse uma entrada que pudesse utilizar. Sabendo disso Sakura correu para se certificar de que todas as portas e janelas estavam devidamente trancadas. A criatura que circulava lá fora parecia demonstrar impaciência e assim ela rompeu o silêncio que até então prevalecia, emitindo um grito estridente que levou Sakura a ser tomada por uma terrível sensação de pânico.
   Por um momento aquele vulto parou de rondar a casa, o que levou Sakura a ficar um tanto preocupada. Ela não conhecia as intenções daquela entidade e nem porque aquilo a perseguia. Foi quando todas as janelas e vidraças se estilhaçaram, uma tormenta invadiu a casa rompendo todas as portas e levantando todos os móveis em volta de Sakura.
   Ela ficou desesperada e não conseguia evocar sua magia, tudo ao seu redor estava sendo destroçado, ela sentia que tudo que possuía estava sendo retirado de si. Tudo parecia perdido, até que ela se encontrou deitada sobre sua cama, com o rosto coberto de suor e vestindo as mesmas roupas que havia colocado na última noite.
   - Não acredito... Foi tudo apenas um sonho? -- Disse Sakura para si mesma, sentindo-se bastante abalada com o pesadelo do qual acabara de despertar.
   Sakura notou que já era de manhã, e rapidamente pegou seu relógio para verificar as horas. Para seu alívio ainda era cedo o suficiente para que não decepcionasse seu pai mais uma vez. Só de lembrar daquilo ela sentia vontade de chorar, mas não havia mais nada que pudesse ser feito.
   - Bom dia filha. Acordou cedo hoje. -- Cumprimenta o pai de Sakura com um sorriso.
   - Já sei. Caiu da cama, não é mesmo? -- Disse o irmão Touya, querendo provocar a Sakura.
   - Não. É que... -- Sakura não sabia o que dizer, ela não entendia a reação de seu pai. Será que ele estaria agindo dessa forma, para não revelar a Touya o que havia ocorrido naquela noite?
   - Vamos, sente-se e coma alguma coisa. -- Convida o pai, ainda demonstrando cordialidade. -- Dormiu bem essa noite?
   - Aposto que sonhou com seu reflexo num espelho, por isso acordou tão cedo. Acordou tão assustada que não conseguiu mais dormir. -- Provocava o irmão.
   Touya sentia que algo estava errado, sua irmã não reagiu à sua provocação e nem respondia ao seu pai. O senhor Kinomoto ficou preocupado com a filha, não era natural que ela agisse assim pela manhã. Mas é justamente essa preocupação que incomodava Sakura, como ele poderia não compreender o que estava acontecendo? Parecia até que havia se esquecido do incidente dessa noite.
   - Está tudo bem com você Sakura? -- Pergunta o pai.
   - Papai, sobre ontem a noite... -- Dizia Sakura, sem se importar com o que seu irmão viesse a dizer mais tarde.
   - O que houve ontem a noite? -- Pergunta Fujitaka, demonstrando interesse.
   Sakura ficou ainda mais confusa, não havia motivos para que seu pai continuasse demonstrando indiferença. A esta altura ela se perguntava se tudo não havia passado de mais um sonho ruim.
   - Andou aprontando, né monstrenga? -- Pressionava Touya.
   - Não! Quer dizer, não foi nada... -- Sakura estava tão nervosa que mal conseguia encontrar as palavras. -- Foi um sonho ruim. Deve ser isso.
   Os dois encararam Sakura tentando entender o que se passava com a menina. E esta se apressou o máximo que pode para engolir seu desjejum e ir o mais rápido possível para a escola, antes que alguém mais viesse questiona-la.
   Quando ela já estava saindo para a rua seu pai a chamou. Sakura parou bruscamente e se virou lentamente para trás esperando pelo pior.
   - Não esqueça o seu lanche. -- Lembrou o pai, carregando o embrulho na mão. Sakura nunca havia sentido tanto alívio antes. Antes que sua filha voltasse a sair desesperada ele a lembrou de mais uma coisa. -- Não vai de patins hoje?
   - Patins? Ah sim, já ia me esquecendo. -- Sakura definitivamente havia percebido que algo muito estranho tinha acontecido na noite passada. Ou seu pai decidiu perdoa-la, ou então tudo não passou de um sonho desagradável.

PARTE 3 - A vez da Sakura

   - A Sakura está agindo muito estranha hoje. Por que será que saiu com tanta pressa? -- Pergunta o senhor Kinomoto ao seu filho Touya.
   - Quem sabe? Eu já cansei de entender o que se passa na cabeça dessa menina. -- Responde o rapaz. -- Bom, é melhor eu ir indo. Até mais pai.
   - Até mais Touya. Tenha bons estudos.
   Touya pegou sua bicicleta e foi se encontrar com seu melhor amigo Yukito, para que fossem juntos ao colégio. Ao chegar próximo ao ponto de encontro Touya se surpreendeu ao ver Yukito e Sakura acompanhados de outros colegas de seu colégio, que fazem parte de seu time de futebol. Touya quase havia se esquecido de que tinham combinado começarem o treino mais cedo naquele dia, o que lhe era estranho foi ter encontrado todos os amigos à caminho do colégio.
   - E aí, Touya! Estávamos conversando com sua irmã, ela é um barato. -- Cumprimenta um dos jogadores do time, fazendo um agrado à menina.
   - Essa daí? É que você nunca a viu depois que ela levanta. -- Contradiz Touya, só para provocar a irmã.
   - Você deveria valorizar mais a irmã que tem. Ela é a mais pura simpátia -- Diz um dos amigos em defesa de Sakura, deixando Touya sem graça.
   - Viu o que eu disse? Ele vive pegando no meu pé. Mas como estávamos falando, é porque ele sabe que sou mais esperta do que ele foi quando tinha minha idade.-- Criticou Sakura.
   - Vocês estavam falando de mim? -- Pergunta Touya, mais preocupado do que interessado.
   - Nós falávamos sobre seus hábitos de infância. -- Disse Yukito com um sorriso alegre. Embora o amigo Touya esteja preste a explodir de raiva.
   - Lembra-se Touya? Daquela vez em que você cobriu seu corpo com papel alumínio para se parecer com o “Spectramen”? -- Recordava-se Sakura.
   - Não me lembro de nada disso! -- Disse Touya, tentando negar os fatos para sair daquela situação embaraçosa. Seria mais fácil se calasse a boca da irmã a força, mas não poderia fazer isso na frente de todos, seria muito ruim à sua imagem de melhor jogador do time.
   - Lembra sim... -- Insistia Sakura. -- Você até construía cidades com bolachinhas waffles e me usava como Godzilla. Talvez seja por isso que ainda me chame de monstrenga, deve ser influência das lembranças do passado.
   Todos, exceto Touya, não conseguiam parar de dar risada. Conforme acompanhavam Sakura até a escola, a menina contava uma recordação atrás da outra. Fazendo isso de uma maneira tão inocente que ninguém diria que estava fazendo aquilo para prejudicar o irmão. Mesmo Touya estava convencido da ingenuidade de sua irmã, e isso era o que mais o revoltava, sua imagem de homem forte do time estava indo abaixo. Ele estava sendo humilhado perante os amigos e não tinha como acusar a irmã de estar agindo de má fé.
   - Sakura, seu pai anda sabendo de todas essas peripécias de seu irmão? -- Perguntou Yukito. Fazendo Touya repensar bem sobre a amizade que mantinham.
   - Provavelmente não. Mas aposto que ele adoraria ouvir essas histórias hoje na hora do jantar. -- Disse Sakura, olhando com uma certa malícia para seu irmão.
   - Você não faria isso comigo, não é mesmo Sakura? -- Pergunta Touya, humilhado demais para tentar uma reação.
   - Você tem sido muito cruel comigo. -- Lamenta Sakura, fechando os olhos e levando as mãos por detrás da cabeça.
   - Parece que agora ela te pegou, hein Touya. -- Disse Yukito sempre sorridente.
   - Cala a boca. -- Disse Touya. -- Que tal fazermos um acordo, Sakura?
   Sakura concordou e o irmão se sentiu mais aliviado, especialmente porque haviam chegado até a escola e aquele tormento finalmente se acabara.
   - Esses dois brigam mais que gato e rato, mas no fundo se amam. -- Disse o alegre Yukito para os amigos que os acompanhavam.
   Touya nem fez questão de responder ao comentário do amigo. Ele estava aborrecido demais com toda aquela situação. Definitivamente aquele era um dia em que ele não deveria ter se levantado da cama.

PARTE 4 - Arranjando problemas

   Na escola Tomoeda Sakura esperava na sala enquanto suas amigas chegavam. Geralmente ocorre o contrário, pois Sakura esta sempre chegando atrasada.
   - Chegou cedo hoje, Sakura. -- Comenta sua melhor amiga Tomoyo.
   - Tive uma noite terrível Tomoyo. E para piorar nem vi o Yukito hoje.
   - Não se preocupe, provavelmente você o verá ainda hoje. -- Consolou a amiga.
   Sakura estava consternada demais para poder se animar com essa possibilidade, e ainda por cima ela sentia um mau pressentimento de que aquele não seria um bom dia. Porém as aulas naquela manhã transcorreram normalmente, Sakura estava se sentindo um pouco mais animada.
   Durante o recreio ela voltou a sentir uma estranha sensação. Dessa vez ela não estava sonhando e nem estava ficando louca, Shaoran estava próximo ali no pátio e também havia percebido aquela presença.
   - Uma carta Clow? -- Perguntou Sakura.
   Shaoran concordou balançando a cabeça.
   - Ela parece estar naquele outro pátio -- Indicou Sakura, apontando para o pátio que havia sido isolado para os preparativos do festival de artes que ocorrerá no dia seguinte.
   - Onde será que essa carta foi se esconder? -- Pergunta Sakura a si mesma, enquanto observava os enfeites e o palco que havia sido montado para o festival.
   - É difícil de dizer. Nós não sabemos ainda qual a característica da carta. -- Respondeu Shaoran.
   A atenção dos dois foi desviada para uma fonte luminosa que começava a emergir sobre o palco que havia sido armado para os estudantes. Aos poucos o feixe de luz foi adquirindo forma até assumir a aparência de um corpo coberto por um capuz.
   - É um fantasma! -- Gritou Sakura apavorada.
   - É uma carta Clow. -- Disse Shaoran, correndo em direção ao fantasma, carregando sua espada em punho.
   - Chave que guarda o poder das trevas, mostre seus verdadeiros poderes sobre nós! E ofereça-os à valente Sakura que aceitou essa missão. Liberte-se! -- Disse Sakura, evocando sua magia e transformando a pequena chave que carrega em um báculo, que ela utiliza para capturar as cartas Clow.
   A criatura brilhante que se parece com um fantasma avançou sobre Shaoran, que para se defender recorreu à magia. "Deus do Trovão, vide a mim!", gritou ele. Um relâmpago despencou em direção ao suposto espírito, mas este foi mais ágil e escapou do perigo ao se dissolver no ar, fazendo com que o raio atingisse o palco onde seriam feitas as apresentações dos alunos. Ao se desviar, a carta mágica partiu para cima de Sakura, que até o momento evitava se aproximar por causa de sua fobia de fantasmas.
   Sakura ficou paralisada, ao ver a entidade mágica recompor sua forma bem na sua frente e assumir a aparência de um esqueleto que olhava ameaçadoramente para ela. Aproveitando-se do momento de fraqueza da Card Captor, o esqueleto avançou para atacar Sakura. Mas ela agiu rápido e puxou uma de suas cartas Clow capturadas utilizando sua magia por meio de seu báculo.
   - Vento! -- Gritou Sakura, recorrendo à magia da carta vento, que fez com que o esqueleto fosse lançado para cima do palco, causando mais estragos à sua estrutura. Sakura aproveitou a oportunidade e fez uso de seu báculo para aprisionar aquela magia.
   - Volte à forma humilde que merece. Carta Clow! -- Gritou Sakura, fazendo com que a magia que corria solta fosse aprisionada na forma de uma carta, onde não mais representaria perigo para o mundo.
   - Afinal de contas, que carta era essa? -- Perguntou Shaoran, sentindo-se um tanto decepcionado por ver a carta flutuar em direção de Sakura.
   - Carta "A Farsa" ?! -- Disse Sakura, sem ainda entender o propósito daquela carta.
   - Não conheço esta carta. -- Disse Shaoran, duvidoso quanto à sua qualidade.
   - Veja só que estrago. -- Lamentava Sakura, ao ver em que estado o palco dos alunos se encontrava.
   - É melhor sairmos daqui antes que nos culpem pelo o que aconteceu. -- Sugeriu Shaoran.
   - Mas nós somos culpados pelo o que aconteceu.
   - Mas não precisamos assumir essa culpa. Vamos!
   Shaoran puxou Sakura pelo braço, e os dois saíram correndo daquele pátio. No entanto, antes de deixarem o local, perceberam que alguém os observava. Sakura viu que era seu irmão que se aproximava. Era certo que ele não havia presenciado sua ação como Card Captor, mas não era difícil associar o estrago no palco com as duas crianças em fuga.
   Já a uma certa distância Sakura comenta com Shaoran. -- Será que meu irmão irá nos denunciar?
   - Seu irmão? Estou mais preocupado com a professora Mizuki. -- Disse Shaoran um tanto preocupado.
   - Por que? Você acha que ela suspeitaria de nós?
   - Como assim? Não viu como ela nos observava em quanto fugíamos?
   - A professora? Não, era meu irmão quem estava chegando. Provavelmente ele estava a minha procura.
   - Um momento. -- Disse Shaoran pensativo. -- Deixe-me ver aquela carta Clow que capturamos.
   Sakura pegou a carta recém capturada e observou bem o seu desenho, mas antes que passasse para as mãos de Shaoran, ela foi tomada por um brilho intenso e em seguida se despedaçou em pequenos flocos luminosos que se pulverizaram no ar.
   - Li, o que esta acontecendo afinal? -- Perguntou Sakura.
   - Não sei. Mas é melhor tomarmos mais cuidado daqui para frente.

PARTE 5 - A carta indesejável

   De volta a sala de aula as duas crianças pensavam no que realmente havia acontecido, e se realmente havia mesmo acontecido. Sakura, em especial, tentava associar esse fato com tudo o que vinha acontecendo desde a noite anterior. No meio da aula o professor Yoshiyuki Terada foi brevemente interrompido por um dos auxiliares do diretor. Sakura e Shaoran sentiram o suor escorrendo pelas suas testas.
   - Crianças, tenho más notícias. Algum vândalo danificou o palco onde seriam feitas as apresentações de amanhã. -- Dizia o professor, enquanto alguns alunos lamentavam pelo ocorrido. -- Mas não se preocupem pois os reparos já estão sendo feitos, e quem quiser poderá fazer um último ensaio no final da tarde.
   Shaoran e Sakura se sentiram mais tranqüilos sabendo que o festival não seria prejudicado, e também tiveram a confirmação de que o que vivenciaram havia de fato ocorrido. Restava agora entender o que estava por trás de tudo aquilo.
   - Mas o mais triste é que o estrago pode ter sido causado por alunos desta escola. -- Continuou o professor, surpreendendo os alunos com essa hipótese. -- No entanto a administração da escola já esta a procura dos culpados.
   - Quem poderia ter feito tal barbaridade. -- Cochichou Tomoyo para sua amiga Sakura sentada logo atrás.
   Sakura nada disse, ela carregava o sentimento de culpa e por isso se comportava de uma maneira um pouco nervosa, embora fizesse o maior esforço para não atrair a atenção dos colegas.
   As aulas transcorreram normalmente deste momento em diante. Até que faltando poucos minutos para o término das aulas, o auxiliar do diretor entrou novamente na sala portando um pequeno envelope em suas mãos, que foi entregue ao professor. Sakura e Shaoran estavam apreensivos, eles sabiam que Touya e Mizuki não eram as pessoas que estavam os observando naquela hora, mas isso não significava que não havia mais ninguém naquele pátio.
   - Sakura Kinomoto. -- Chamou o professor.
   Sakura levou um susto tão forte que quase caiu da carteira. Ao caminhar em direção ao professor ela podia ouvir alguns alunos lhe acusando em voz baixa. Mas naquele ponto, Sakura não podia dizer se aquilo estava acontecendo realmente ou se era mais um truque de sua imaginação.
   - Entregue esta carta ao seu pai. São ordens do diretor. -- Disse o professor, olhando seriamente para ela.
   Sakura tomou o envelope lacrado e voltou de cabeça baixa para seu lugar. Ela esperava que aquela realmente fosse mais uma fantasia, pois do contrário estaria em uma séria enrascada.
   - Então foi você! Por que será que não estou surpresa? -- Acusou Meilin Li.
   - Meilin! -- Disse Shaoran, chamando a atenção da prima para que parasse de perturbar Sakura.
   - Mas Shaoran? -- Reclamou a menina.
   Sakura permaneceu de cabeça baixa até o final da aula. Ela não via a hora daquele tormento terminar, para que todos fossem embora e deixassem de olhar com suspeitas para ela.

PARTE 6 - Esclarecimentos

   Naquela tarde Tomoyo acompanhou sua amiga Sakura até em casa. Ela era muito atenta aos sentimentos de sua companheira, sabia que o que ela mais precisava naquele momento era da companhia de alguém que se importasse com ela.
   - Muitas coisas estranhas estão acontecendo hoje, Tomoyo. -- Diz Sakura sentada sobre sua cama.
   - Que coisas estranhas? -- Pergunta a amiga.
   - Essa noite eu sonhei que havia sentido a presença de uma carta Clow. Eu tinha descido pela janela e quando cheguei lá embaixo dei de cara com meu pai. -- Contou Sakura.
   - Espere um momento! -- Interrompeu Kerberus. -- Você não sonhou com isso. Aconteceu de verdade!
   - Sério?! -- Surpreende-se Sakura.
   - Eu acompanhei tudo daqui de cima, não se lembra? Vi até mesmo você ser punida pelo seu pai.
   - Mas como foi que ele não me cobrou nada de manhã? Será que tivemos o mesmo sonho, Kero?
   - Isso não é possível. Além do que você acordou com as mesmas roupas que tinha botado para capturar a carta. -- Disse Kero como quem sabe de tudo.
   - Isso é verdade. Mas ainda assim não entendo porque ele não comentou nada de manhã. -- Concorda Sakura.
   - Talvez ele tenha te perdoado, Sakura. -- Disse Tomoyo para consolar a amiga.
   - Não, eu conheço meu pai. Ele poderia ter me perdoado sim, mas não antes de termos uma conversa.
   - Você estava dizendo que outras coisas estranhas aconteceram hoje, não é mesmo? -- Pergunta Tomoyo pela continuação da narrativa da amiga.
   - Sabe o estrago no palco? Foi tudo por culpa de uma carta Clow.
   - Uma carta Clow? -- Pergunta Kero, interessado.
   - Isso que é estranho. Capturei a carta, ela se chamava "A Farsa", mas minutos mais tarde eu a peguei e ela se desfez na minha mão. -- Explicou Sakura.
   - Que estranho. O Li estava junto com você? -- Perguntou Tomoyo.
   - Estava, e ele viu a mesma coisa. Aliás, ele me ajudou a capturar a carta.
   - "A Farsa" hein... -- Disse Kerberus para si mesmo.
   - Sabe de alguma coisa Kero? -- Perguntou Sakura.
   - Sakura, ontem à noite você esperava que alguém pudesse estar lá em baixo? -- Perguntou Kero, tentando solucionar o mistério.
   - Não, mas desde aquela vez que o Yukito me pegou no flagra descendo da árvore, eu sempre fiquei com receio de que alguém pudesse me flagrar novamente.
   - E ninguém pior do que seu próprio pai a esperando lá embaixo. -- Conclui Tomoyo.
   - É. Ele ou meu irmão.
   - E na vez em que você foi capturar essa tal carta "A Farsa"? -- Pergunta Kero.
   - Eu não estava esperando por nada. Não estava preocupada com isso, fiz apenas o que tinha que ser feito. -- Respondeu Sakura, ciente de sua missão como Card Captor.
   - Mas o Li estava junto não é mesmo? -- Disse Tomoyo.
   - É verdade. Aquele moleque sempre tenta capturar as cartas antes de você. -- Comenta Kero.
   - Só que no final fui eu quem ficou com a carta.
   - Interessante... Isso é algo que o incomoda. Talvez ele tenha medo de que você pegue as cartas antes dele. -- Conclui Kero.
   - Medo? Mas trabalhamos juntos para capturar a carta. -- Diz Sakura em defesa de Shaoran.
   - Mas no fundo isso deve ser algo que ele sempre receie que aconteça. -- Complementa Kero.
   - O que você esta querendo dizer afinal? -- Pergunta Tomoyo para Kero.
   - Eu aposto que essa é a carta "Medo". Ela invade os pensamentos das pessoas e expõe seus temores mais íntimos através de ilusões ou sonhos.
   - Sonhos? -- Pergunta Sakura. -- Então talvez isso explique o pesadelo que tive antes de acordar pela manhã.
   - Provavelmente. Sakura, você precisa capturar essa carta o mais cedo possível! Você mesma pôde perceber o perigo que ela representa para as pessoas. -- Diz Kero com a seriedade de guardião.
   - Pode deixar comigo! -- Diz Sakura com convicção. -- A propósito, será que esta carta do diretor não seria mais uma peça da carta "Medo"?
   - Não, de forma alguma. A magia pode durar por alguns minutos, mas não por tanto tempo assim. Certamente que essa carta é autêntica. -- Explica Kero.
   - Ai, ai... -- Lamenta Sakura, tombando para trás com o envelope em mãos.

PARTE 7 - Hora do Jantar

   Sakura não poderia sair atrás da carta Clow antes de anoitecer, pois acabaria chamando muita a atenção. Além disso a Tomoyo havia prometido trazer uma roupa nova para aquela ocasião, logo não seria certo sair sem esperar pela amiga, embora Sakura não esteja realmente empolgada em experimentar a fantasia.
   Até o final da tarde Sakura cuidou das tarefas de casa. Não que fosse obrigada a isso dado o que ocorreu na última noite, mas porque sempre gostou de se mostrar útil à sua família. No final do dia ainda se empenhou para resolver sua lição de casa, e quando se deu conta já era tarde e havia se esquecido de que era sua vez de preparar o jantar. Sakura desceu correndo as escadas, mas para sua surpresa encontrou seu irmão Touya terminando de preparar a refeição.
   - Pensei que hoje fosse minha vez de cozinhar. -- Disse Sakura, surpresa com a atitude do irmão.
   - Andei pensando um pouco sobre hoje de manhã, e achei melhor mudar um pouco meu modo de agir. Sabe, para que nós possamos esquecer certos acontecimentos do passado. -- Explica Touya, enfatizando o termo "Acontecimentos do passado".
   Sakura não entendia nada, mas estava feliz com aquilo. Apesar de que provavelmente a caridade do irmão não duraria por muito tempo. Seja como for, aquele estava sendo um dia bastante incomum mesmo.
   Naquele momento a porta da sala se abriu e o senhor Kinomoto entrou em casa. Sakura sabia que aquela era a temida hora de entregar a carta do diretor.
   - Boa noite Touya! Sakura? -- Disse Fujitaka entrando em casa, enquanto Sakura estendia os braços com um envelope em suas mãos. -- Uma carta do diretor? Vejamos...
   Kinomoto se sentou à mesa para ler a mensagem, enquanto Sakura permanecia imóvel no mesmo lugar.
   - É um convite para uma reunião essa noite na escola. -- Diz Fujitaka que olhava para o relógio. -- Ainda é bem cedo. Há bastante tempo para jantar.
   - Um convite? Ou um chamado? -- Pergunta Sakura interessada.
   - Que diferença faz? -- Pergunta o pai. -- Sakura, há alguma coisa que queira me contar antes que eu vá para essa reunião?
   - Eu? Não. É... Só estava curiosa para saber sobre a carta. -- Justifica Sakura demonstrando nervosismo e elevando as suspeitas de seu pai.
   - O jantar está pronto. -- Anuncia Touya trazendo a comida.

PARTE 8 - Sakura enfrenta uma carta covarde

   Algumas horas mais tarde Sakura finge que vai dormir, mas ao fechar a porta do quarto a primeira coisa que fez foi abrir a janela para mais uma de suas escapadas noturnas.
   - Estou com uma sensação estranha, Kero.
   - Carta Clow?
   - Não, é medo de ser pega de verdade na hora que eu for descer.
   - Bobagem, seu irmão foi dormir mais cedo hoje e seu pai deve estar na reunião. Vamos! Desça logo.
   - Não me apresse senão eu caio.
   Chegando lá embaixo Sakura é surpreendida novamente ao descer da árvore. Mas para sua sorte era a Tomoyo que a esperava com um novo vestido.
   - Tomoyo! Quer me matar de susto? -- Reclamou Sakura, tremendo de susto.
   - Desculpe, mas é que depois da história que me contou eu não pude me conter em te assustar.
   - Tomoyo... -- Diz Sakura de braços cruzados, encarando sua amiga.
   Sakura tem o poder de sentir a presença das cartas mágicas, e uma vez sentido na pele o poder desta última, não foi muito difícil descobrir seu paradeiro, especialmente por ela não ter se deslocado do último local de encontro. Ela ainda estava dentro da escola Tomoeda, o último lugar no mundo em que Sakura gostaria de estar, pois era lá que ocorria a misteriosa reunião de seu pai com o diretor.
   - Temos mesmo que entrar? -- Perguntou Sakura.
   - Sakura, não é hora de recuar. Quanto antes terminarmos, mais cedo poderemos voltar para casa e assim ninguém suspeitará de sua ausência. -- Estimula Kero.
   - Mas se alguém me pegar vestida assim? -- Sakura estava preocupada de ser vista como Joanna D'arc. Ela vestia uma malha coberta por uma armadura semelhante a da época da Europa medieval.
   - Você esta linda Sakura. E dessa vez me baseei numa antiga história de uma heroína do Ocidente. -- Explica Tomoyo.
   - É? E como ela termina no final da história? -- Pergunta Sakura.
   - É... Bem Sakura, acho que o Kero tem razão. É melhor não atrasarmos mais.
   Sem mais demora, Sakura utiliza a carta alada para que possam voar ao interior da escola. Uma vez dentro ela se concentrou para encontrar o paradeiro da carta, mas isso não foi difícil pois era a mesma direção em que Shaoran e Meilin corriam.
   - Aquele moleque e a pirralha! O que fazem aqui?
   - Adivinha, Kero. -- Responde Sakura.
   - É lógico que eu sei o que eles fazem aqui! E você? O que esta esperando para capturar a carta? -- Gritou Kero, fazendo a Sakura tombar para o lado.
   - Está bem... Está bem. -- Acalmava Sakura.
   Sakura saiu correndo para alcançar aqueles dois, com sua amiga Tomoyo filmando-a poucos metros atrás. Mas ao entrar em um dos prédios da escola Sakura acabou perdendo os dois de vista.
   - Para onde será que foram? -- Perguntou Sakura.
   - Isso não importa. O que importa é o que você sente da carta! -- Instruiu Kero.
   Sakura fechou os olhos e procurou se concentrar, mas foi surpreendida pela chegada de outra pessoa. Kero se escondeu imediatamente.
   - Sakura? -- Pergunta o senhor Kinomoto.
   - Papai?! -- Disse Sakura surpresa.
   - O que faz aqui na escola a essa hora? Veio me procurar na reunião?
   -- Não. É... Sabe como é... -- Dizia Sakura com uma das mãos por detrás da cabeça e uma gotinha de suor escorrendo pela testa.
   - Sakura, você sabe do que se tratou a reunião? -- Perguntou o pai de Sakura assumindo uma posição muito mais séria que o usual.
   Sakura mudou repentinamente seu comportamento para tratar a situação com mais seriedade. Na verdade ela se sentia arrependida, pois no fundo sabia do que se tratava aquela reunião.
   - Estou muito decepcionado com você Sakura.
   - Me desculpe. -- Balbuciava a menina de cabeça baixa.
   - Vamos para casa. -- Disse o pai, puxando Sakura pela orelha.
   Sakura se sentia constrangida com a situação, principalmente porque sua melhor amiga estava a uma certa distância filmando toda aquela cena humilhante. Sakura mal podia acreditar que seu pai estivesse fazendo isso com ela. De fato, aquela não seria uma atitude que o senhor Kinomoto tomaria.
   - Você não é meu pai! -- Gritou Sakura. -- Meu pai jamais me machucaria.
   Sakura empurrou Fujitaka para longe de si, e antes que este reagisse com um tapa ela lançou a carta vento para recorrer ao seu poder. Um vórtice se formou entre os dois e em seguida uma forte rajada de vento lançou o senhor Kinomoto contra uma parede. A forma do pai de Sakura se desfez, dando lugar a imagem de uma mulher de aparência assustadora, com pele cinza e o corpo coberto por ornamentos metálicos, envolta por uma névoa amarelada.
   - Volte a forma... -- Dizia Sakura antes de ser derrubada pela carta que disparou em retirada.
   A carta saiu voando em direção ao final do corredor, onde se deparou com Shaoran e Meilin. No momento que Shaoran se preparava para lançar uma magia com sua espada, a carta parou bruscamente e recuou em sentido contrário, voltando a derrubar Sakura que acabara de se levantar.
   - Você não esta filmando isso, esta? -- Perguntou Sakura para a amiga Tomoyo que se mantinha a uma distância segura para filmar.
   - Estou sim. Quando tudo isso acabar aposto que ainda iremos rir muito. -- Respondeu a amiga sorridente, fazendo Sakura tombar para trás sozinha.
   Do lado de fora dos prédios da escola as crianças corriam atrás da carta Clow, mas esta evitava um confronto a todo custo. Para que pudesse alcança-la, Shaoran utilizou a carta corrida que conseguiu capturar em outra ocasião, mas a mulher assustadora esquivava do garoto com uma maior agilidade.
   - Sakura, você deve procurar fazer o mesmo! Use a carta alada para ganhar mais velocidade. -- Ordenou Kero.
   - Não. Tive uma idéia melhor. -- Disse Sakura segura de si.
   - Esta carta?! -- Disse Kero surpreso ao ver a carta que Sakura escolheu.
   - Carta Clow, erga suas paredes e encurrale aquele que perseguimos. Labirinto! -- Disse Sakura, chamando a magia da carta Labirinto que fechou tudo a sua volta com suas paredes esverdeadas.
   - O quê? Vamos ficar presos aqui dentro para sempre! -- Gritou Shaoran, indignado com Sakura.
   - Não desta vez. Este é o meu Labirinto! E se a carta não quer nos enfrentar então temos que forçar um confronto. -- Explicou Sakura enquanto corria pelos corredores do labirinto que havia criado, seguida por seus amigos.
   - Ela pode saber o caminho, acontece que nós não. -- Disse Shaoran aborrecido ao perceber que havia se perdido de Sakura, junto com todos aqueles que a seguiam.
   - Eu não acredito que não vou conseguir filmar o final dessa aventura! -- Lamentou Tomoyo, indignada por ter se perdido também.
   A carta voava pelos corredores buscando por uma saída, mas em um certo ponto as passagens começaram a se fechar em sua volta e por mais que ela buscasse por desvios, outras paredes eram erguidas. Até que ela percebeu que não haviam mais escapatórias, e quando se deu conta, Sakura estava atrás de si pronta para captura-la.
   - Volte a forma humilde que merece. Carta Clow! -- Disse Sakura, fazendo um movimento com seu báculo que aprisionou a magia no interior de uma carta.
   A carta flutuou até chegar em suas mãos, e as paredes do labirinto foram desfeitas, na carta estava desenhado a imagem da mulher assustadora e embaixo o nome "O Medo". Shaoran, Meilin, Tomoyo e Kero não se conformaram por estarem a menos de cinco metros de distância da Sakura. Eles estavam tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes.
   - Só não entendo uma coisa, como foi que não percebi a presença da carta Clow quando ela estava sob a forma do meu pai? -- Perguntou Sakura para Kero.
   - Esta carta é muito cruel, ela explorou seus sentimentos para lhe desviar a atenção. Você estava aflita demais para se concentrar, foi isso. -- Respondeu o pequeno guardião.
   - Sakura? É você quem esta aí? -- Disse uma voz que era bem familiar para Sakura.
   Sakura ficou tremendamente espantada. Se a carta Clow já havia sido capturada, então aquela voz que ouvia só podia ser realmente de seu pai. Kero prontamente correu para se esconder, embora fosse Sakura quem gostaria de poder fazer isso naquela hora.
   - Sakura, o que faz aqui tão tarde? E ainda vestida desse jeito? -- Perguntou o pai que parou na sua frente.
  Sakura ficou calada, assim como seus amigos. Antes que o senhor Kinomoto repetisse a pergunta, uma voz feminina deu-lhe a resposta.
   - Sinto que devo explicações. -- Disse a pessoa que se aproximava.
   - Professora Mizuki? -- Disse Sakura em voz baixa.
   - Desculpe, como a reforma do palco foi concluída apenas no final da tarde eu convidei as crianças para que viessem fazer um último ensaio hoje a noite, para poderem se apresentar no festival da escola amanhã. -- Explicou a professora.
   - Então por isso que estão usando essas roupas. -- Concluiu Fujitaka. -- Mas e a Tomoyo?
   - Eu vim filmar a atuação da Sakura. -- Respondeu a menina sorridente.
   - É claro. -- Disse Kinomoto, compreendendo toda a situação.
   - Sakura, sabia do que se tratava a reunião? -- Continuou o pai a perguntar, fazendo com que Sakura voltasse a ficar nervosa, e de certa forma deixando Shaoran preocupado, pois ambos sabiam que eram responsáveis pelos danos na escola.
   - Houve algum problema? -- Pergunta Sakura se fazendo de desinformada.
   - De forma alguma. Só queriam saber se eu poderia ajudar os professores de história, contribuindo com resultados de alguns de meus trabalhos e de que forma a minha universidade poderia estar ajudando também.
   Para a surpresa dos adultos, Sakura e Shaoran tombaram de costas para o chão. Mas apesar do impacto eles se sentiam aliviados por não terem revelado seus segredos mágicos.

PARTE 9 - Aproveite enquanto pode, Card Captor

   Na manhã seguinte o despertador tocou intermitentemente no quarto de Sakura, e quando ela decidiu se levantar percebeu que estava quase na hora de sair para a escola. Ao descer para a cozinha foi recebida pelo seu irmão.
   - Bom dia Sakura. Dormiu bem? -- Cumprimentou Touya.
   Sakura começou a desconfiar que ainda estivesse dormindo, ou então que seu irmão esta sob a influência de alguma carta Clow.
   - Aqui está seu lanche. -- Disse gentilmente o irmão.
   - É... Obrigada. -- Agradeceu Sakura sem entender nada.
   - Sakura, há algo que ainda não consegui entender, como é que você conhece tantos segredos meus? -- Perguntou Touya por curiosidade.
   Sakura não fazia a menor idéia do que ele estava falando, e seja o que for, provavelmente ele perceberia isso mais cedo ou mais tarde.
   - Eu te amo Touya. -- Respondeu a irmã, esperando que ele aceitasse isso como resposta.
   - Claro, eu também te amo. -- Disse Touya com um sorriso, quando na verdade ele estava mesmo era se mordendo de raiva por dentro.
   Com o tempo ele voltaria se comportar como de costume, e aquela paz entre eles acabaria. Mas enquanto isso não acontecia, Sakura podia relaxar e aproveitar toda aquela gentileza, afinal, ela bem que merece um pouco de adulação.
 
 

---FIM---



Notas do Autor
 

   Esta é a primeira fanfiction que escrevo sobre Sakura Card Captors. Apesar de eu ainda não ter visto muitos episódios, espero não ter desrespeitado elementos da série. De fato há algumas situações que provavelmente não seriam exploradas no anime, mas que mesmo assim insisti em escrever como forma de experiência. =o)
  Acho que um dos meus maiores problemas é o de não conhecer bem a cultura japonesa, isso chega a prejudicar um pouco o conteúdo da história. Se alguém puder me ajudar, agradeceria se me sugerissem substituições ou mesmo adicionar elementos que tenham mais a ver com a cultura japonesa. Quaisquer outras sugestões ou comentários serão muito bem vindos.
   OBS: Só muito tempo depois de pronta eu descobri que as Cartas Clow foram feitas baseadas nos elementos da natureza, e nesta fic a carta que criei não respeita essa regra. É um erro grave, mas me dêem um crédito... Essa é minha primeira fic. ,=o)

Agradecimentos à minha recém amiga Yoko e toda a galera do grupo Card_captors do Yahoo!Groups. =o)

Fanfiction escrita por Alessandro (Wingsofmind)
[email protected] / [email protected]
Versão final: 09 de Junho de 2001



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