Hitokiri no Kokoro

Yoko Hiyama
 

Capítulo 12 - Ataque surpresa

- Ele nos encontrou!

Uma explosão violenta, seguida por uma enorme língua de fogo fez com que todos entendessem exatamente o que aquele youkai queria dizer.

- Merda! Estamos sendo atacados! - Saitou olhou para aquilo irritadíssimo e então se voltou para Kurama e os outros - Voltem pro Ningenkai. Não tenho tempo pra brincar com vocês agora. Vão embora daqui!

- Não mesmo, cara! - Yusuke avisou - vamos ficar e ver a cara feia desse cara.

- Hunf! Façam como quiserem.

Dizendo isso, Saitou deixou o local, sendo seguido pelo homem que tinha dado a notícia.

- Ah, sujeitinho nojento! - Yusuke resmungou - meu ombro tá doendo pra cacete!

- Você acha que pode agüentar um pouco mais, Yusuke? - Kurama perguntou - Ou quer voltar agora?

- Você tá brincando? E deixar a diversão toda só pra aquele imbecil arrogante do Saitou?! Vou mostrar que eu posso dar um pau naquele youkai de merda com um dos braços!

- Yusuke... - Kurama sorriu.

- Vamos de uma vez.

- Eu vou também! - Misao avisou.

- Não, você não vai! - Kurama e Yusuke fizeram coro e em seguida a deixaram pra trás.

- Ei!!! Voltem aqui!! Não me deixem aqui falando sozinha! Eiiii!!! Aaah, eu não acredito nisso!!!

******

A pele do youkai se descolou como um adesivo quando Kenshin a puxou em meio a tentativa inútil de fuga. Depois disso, não foi preciso mais do que um movimento ágil para que o servo do Reikai fosse imobilizado, ainda se debatendo em meio a inconsciência. Mas Kenshin não teve reação facial alguma frente ao que tinha acabado de fazer. Seus olhos frios apenas rastrearam o local, tentando encontrar o dono do youki que ele tinha acabado de sentir.

- Não fujam! - ele ordenou aos demais homens que presenciaram àquela cena desagradável mas, ignorando solenemente a ordem de Kenshin, cada um tratou de correr o mais rápido que podia.

Sem demonstrar um pingo de impaciência, Kenshin utilizou de sua agilidade pra perseguir e matar um por um. Mas não antes de perguntar:

- Onde está? Aonde esconderam aquela raça amaldiçoada?

Nada era capaz de fazê-lo parar. Ele sentia o fedor vulpino tão claramente como se ele estivesse frente a frente com ele.

Kenshin torceu os ossos de mais uma vítima como se eles fossem feitos de papel e então gritou:

- Onde está? Apareça!

- Você vai voltar pra prisão agora mesmo. - uma voz calma o interrompeu quando estava prestes a arrancar os rins do que havia sobrado em suas mãos.

Kenshin olhou na direção do dono daquela voz, furioso:

- Saitou Hajime?

- Errou por pouco, seu idiota! - Saitou respondeu se atirando sobre Kenshin com seu golpe a toda a velocidade.

Kenshin precisou de apenas de três movimentos pra se defender e então usar as próprias garras pra rasgar a pele do peito e da barriga do oponente.

- Tem razão. Você não é Saitou.

Ainda estirado no chão e ciente de que morreria miseravelmente se não fizesse alguma coisa rápido, o detetive tratou de tentar uma rasteira em Kenshin. Mas ele foi ainda mais ágil e o agarrou pelos tornozelos, puxando-o pra cima até que sua bacia não mais tocasse o chão.

Saitou deu um gemido de dor. Aquela posição humilhante era apenas um detalhe perto da quantidade de sangue que perdia.

- Se não me contar onde ele está... - Kenshin apertou os tornozelos de Saitoou até que os ossos estalassem sonoramente.

Saitou deu uma gargalhada, que evidenciava a dor que estava sentindo, em resposta.

- Enfia o maldito youko!

Kenshin deixou a sobrancelha direita levantar quando ouviu aquilo. Mas a sensação que teve fez com que se esquecesse de Saitou. Procurou e viu dois rapazes se aproximando.

- O que está havendo? - Kenshin se perguntou, sem largar os tornozelos de Saitou.

Sentia a energia de youko vindo de um deles. Isso era certo. Mas onde estavam as orelhas? E a cauda? Kenshin grunhiu.

- Raposa maldita! Tentando me enfeitiçar?* Não adianta se esconder. Eu te sinto...

Kurama arregalou os olhos:

- O quê?

Yusuke olhou para o oponente e, em seguida, para a posição humilhante de Saitou. De repente, seu ombro pareceu doer ainda mais.

- Vamos! Por que não mostra sua verdadeira forma? Quero ter o prazer de te matar olhando nos seus verdadeiros olhos. - dizendo isso, Kenshin fez um movimentoo sutil com os dedos que ainda envolviam os tornozelos de Saitou, o jovem detetive urrou ao sentir seus ossos sendo esmigalhados e se debateu terrivelmente, numa tentativa inútil de se livrar de toda aquela dor.

Indiferente, Kenshin finalmente soltou sua presa no chão, para logo depois imobiliza-la novamente, pressionando o pé esquerdo sobre sua garganta.

Livre para dar sua total atenção a Kurama, Kenshin lhe ofereceu um olhar frio e então continuou:

- Vamos, eu estou esperando.

Kurama olhou para seu oponente com curiosidade na face. Aquela energia lhe era tão familiar e ao mesmo tempo... tão... diferente! O que era aquilo afinal? E aquela aura? Kurama estava especialmente intrigado com ela. Tudo que aquela criatura lhe passava era uma dor absoluta. E por que ele não conseguia afastar aquela sensação de que, de alguma forma, ele tinha alguma relação com tudo aquilo?

Alguns segundos de observação mútua se seguiram antes que Kurama lhe falasse pela primeira vez.

- Esta é a minha verdadeira forma. Não existe uma outra.

- Mentira! Eu sinto o seu cheiro! Você não pode me enfeitiçar, nem se esconder. Mostre-se sem covardia e eu poderei limpar este mundo da sua presença nociva.

A resposta de Kurama foi um ligeiro movimentar de mãos que resultou num longo chicote, repleto de espinhos.

- Por que você está matando youkos?

- Porque, mas do qualquer outro ser deste mundo, vocês todos merecem a morte.

- Mas... por que diz isso? - Kurama regrediu um passo, surpreso.

- Porque vocês são os seres mais apegados à vida!

- Co...como assim? - Yusuke gaguejou ao ouvir aquilo - você é completamente doido!

- Chega de conversa. Se não quer mostrar sua verdadeira forma, que assim seja. Prepare-se para morrer. - Kenshin estipulou a sentença de morte, posicionando-se para atacar aquela raposa humana.

- Espere! - Yusuke se colocou entre os dois e, aparentando uma dor visível, apontou o dedo na direção do oponente.

- Saia do caminho. Agora! - Kenshin grunhiu

- Não, senhor. Pode parar por aí! O que você tá pensando que é, meu chapa? Pode parar com esse papo esquisito pra cima de mim.

- Cale a boca e saia logo da frente ou vai se arrepender.

- Meu chapa, você tá num dia de azar mesmo porque se tem uma coisa nesse mundo que eu não vou fazer tão cedo é sair da sua frente. Sinto informar que a sua caça à raposa termina por aqui. Você nunca ouviu falar em ecologia, não?

- Yusuke! - Kurama estendeu o braço numa muda tentativa de fazê-lo desistir daquilo mas pensou melhor e concluiu que nada do que falasse adiantaria.

Foi quando Kenshin finalmente retirou o pé da garganta de Saitou, que a essa altura já estava desacordado, e se voltou pra Yusuke.

- Estou consciente de que terei que matar você primeiro para realizar meu intento. Pois muito bem.. - ele apontou sua espada para Urameshi - espero que esteja preparado.

- Quem tem que se preparar aqui é você! - Yusuke soltou o leigan imediatamente, sem nenhum aviso prévio.

Kurama não pôde deixar de se surpreender. Mesmo muito ferido, aquele golpe com certeza tinha ficado ainda mais poderoso do que era na época em que seu companheiro tinha lutado com Yomi. A força de Yusuke era realmente admirável.

A bola de energia disparada atingiu o alvo em questão de segundos e em seguida veio a explosão.

- Vamos cair fora daqui, Kurama! Rápido! - Yusuke sugeriu ao ver que o chã;o debaixo deles estava começando a ceder.

- Mas... onde ele está? Não consigo vê-lo! Ele fugiu?

- Esquece esse desgraçado e vamos de uma vez. Ai! - Yusuke apertou o ferimento no ombro que não parava de sangrar.

- Está certo.- Kurama concordou.

Os dois pularam agilmente, evitando os buracos e desmoronamentos.

- Kurama? - Yusuke o chamou mais uma vez.

- Sim, o que foi?

- Vá na frente. Eu vou pegar o Saitou. - Yusuke disse apontando para o corpo esstirado no chão. - apesar dele não merecer.

Kurama sorriu. Yusuke nunca mudava.

- Vou com você.

- Ih, cara! O papel de babá não cabe bem em você não. Se quer realmente fazer algo útil, por que não tenta resgatar aquela pirralha metida da Misao? Apesar dela também não merecer...

Yusuke nem esperou pela resposta de Kurama, pulou na direção de Saitou com agilidade.

- Vê se não faz nenhuma besteira... Urameshi... - Kurama desejou assim que a nuvem de pó impediu a visualização do amigo. - tenho que tirar a Misao daqui antes que isso tudo venha abaixo.

Kurama olhou ao redor, procurando pela garota. Não ficou muito surpreso ao encontra-la bem escondida, logo atrás do lugar onde os dois estavam e evidentemente assustadíssima com todos os desabamentos a sua volta, que acabaram por deixá-la completamente ilhada.

- Bom, pelo menos será um pouco mais fácil resgatá-la. - Kurama se consolou e voltou atrás para poder alcançar Misao.

Sem muita dificuldade, Kurama laçou o pulso da garota com seu chicote de forma que ela não fosse sequer arranhada pelos espinhos e a puxou, não sem ouvir em troca um esganiçado grito de desconforto, até que ficasse ao seu alcance.

- Pronto! Está salva! Vamos sair daqui! - Kurama falou, abraçando-a pela cintura com firmeza.

Misao logo se recuperou do susto e gritou:

- Você são malucos, é?!! Eu quase morri!!!

- Você nos seguiu porque quis. - Kurama respondeu, indiferente.

- E eu ia pensar que aquele idiota ia mesmo destruir tudo?

- Precisamos sair logo daqui. - Kurama falou, não dando muita importância para os protestos constantes da garota e então procurou rapidamente por uma saída.

*****

Demorou pouco para que Urameshi chegasse no lugar onde Saitou tinha sido largado. O jovem detetive já estava consciente, mas as fraturas nos ossos dos tornozelos impedia o sucesso em todas as tentativas de escapar daquele inferno.

Yusuke se aproximou de Saitou e falou.

- Fica parado, cara. Eu vou te tirar daqui.

Saitou apenas olhou para Urameshi com irritação:

- O que faz aqui, seu idiota?

- Ah, só vim curtir uma com a sua cara! Nunca vi alguém perdendo tão feio pra alguém. Hahaha!!

- Você cometeu um erro fatal, não vê isso? - Saitou bateu com as mãos no chão de tanta irritação.

- Ah, cala a boca, seu ingrato! - Yusuke tentou usar o braço bom para carregá-lo - Você precisa de uma dieta!

- Seu idiota, você não está entendendo!! Arght! - Saitou gemeu quando sentiu seu corpo machucado ser tirado do lugar - Sa... saia já daqui!!

- Eu já falei pra você ca... - Yusuke não teve como terminar a frase, uma dor cortante lhe atingiu pelas costas, fazendo com que soltasse Saitou no chão novamente.

Um filete grosso de sangue deslizou por sua boca e, ainda sem entender o que realmente tinha lhe atingido, Yusuke olhou pra baixo e viu uma lâmina saindo do seu ventre.

- Des... graçaado... - Yusuke gemeu.

Kenshin estava bem atrás do seu oponente. Sua espada tinha atravessado Yusuke pelas costas antes que ele pudesse sequer se dar conta de sua aproximação.

Agressor e vítima permaneceram parados por alguns instantes em total silêncio. Urameshi só podia pensar nos mais sujos palavrões de tanta raiva que estava sentindo por ter sido apanhado daquela forma tão covarde. Já Kenshin, parecia indeciso quanto à forma que retalharia seu inimigo. Não sabia se fazia a lâmina deslizar pra cima, na direção do ombro ferido, ou se a forçava para baixo de forma a abrir suas entranhas em duas partes.

- Covarde! - Yusuke finalmente grunhiu, segurando a lâmina com força, na frágil tentativa de impedir que Kenshin o partisse em dois.

- Você tem um espírito persistente demais. Pare de lutar. Não percebe que a nossa luta está terminada? - Kenshin grunhiu em resposta, bastante aborrecido com a resistência que Yusuke ainda fazia contra a sua lâmina.

- Se você ... não tivesse me atacado pelas cos.. tas... - Yusuke falou com muita dificuldade - eu po... poderia ter o prazer... de... de cuspir na sua cara agora! Hehehe!

Kenshin não quis ouvir mais. Decidido o trajeto da lâmina, ele fez uma força descomunal pra cima, na tentativa de retalhar Urameshi da forma que merecia. Mas apesar da força que fez, sua espada não saiu do lugar.

- O .. quê.. ?

Foi quando ele percebeu que Saitou havia superado toda a dor que estava sentindo e se posicionado de joelhos diante de Urameshi, de forma que sua espada aplicasse uma surpreendente pressão contrária que impedia o retalhador de prosseguir seu caminho letal pelas vísceras de Yusuke.

- Sai.. tou? - Yusuke mal podia acreditar no que via. Não pôde deixar de cogitar que talvez a dor que estava sentindo fosse tanta que certamente já estava lhe provocando alucinações.

- Se você ficar pa.. rado... vai morrer, seu idiota! - Saitou avisou ao perceber que Urameshi não se mexia mesmo estando naquela situação terrivelmente desagradável e dolorosa.

Ao ouvir aquilo, Yusuke finalmente forçou seu corpo a voltar para a realidade e, gritando de dor, levantou o braço por cima da cabeça de forma que o leigan apontasse diretamente para Kenshin.

E então, ele não pensou duas vezes: Atirou.

*******

- Yusuke?! - Kurama gritou ao ver a terrível luz azulada saindo do distante local da batalha, seguida de um som de explosão e um tremor de terra ainda mais forte do que o anterior. - YUSUKEE!

Kurama tomou impulso para começar a correr na direção daquela explosão, mas sentiu seu braço sendo puxado.

- Ei! Que você pensa que está fazendo?!! - Misao perguntou, desesperada.

- Yusuke! Eu tenho que resgatá-lo!

- Mas se você for... vai morrer!

- Isso não vai acontecer! Eu sei que isso tudo só está acontecendo por minha causa. Preciso pará-lo agora, é responsabilidade minha!

- Não! Tire isso da sua cabeça! Aquele cara é um doido que tem matado gerações de youkos! Você é só mais uma vítima dele! - Misao não desistia da tentativa de impedir Kurama de partir dali.

- Me solte!

- Não, eu não vou te soltar! Não vou te soltar nunca! - Misao gritou, determinada.

- Me solte agora ou vou ter que te matar!

Misao arregalou os olhos de surpresa ao ouvir aquela frase. Olhou para a expressão séria de Kurama e viu que este realmente pretendia cumprir sua promessa.

- Eu não me importo! Pode me matar! Mas eu não vou deixar você fazer nenhuma tolice!

Foi quando uma voz gélida interrompeu a discussão.

- Solte ele, garota! Agora!

- Quem é você? - Misao perguntou, largando o braço de Kurama de tanta surpresa.

Ele não se deu ao trabalho de responder a pergunta, apenas se aproximou de Kurama antes mesmo que ele tivesse tempo de se virar e o abraçou com força por trás.

- Aaah... pensei que não chegaria a tempo... minha raposa...

Kurama estremeceu dos pés a cabeça ao ouvir aquela voz e sentir aquela energia tão conhecida e amada por ele.

- Hiei?! O que está fazendo aqui? Você... você...

- Shiii... - os braços de Hiei deslizaram do peito para a cintura de Kurama, apertando-o junto ao seu corpo com ainda mais força e desejo.

Kurama não pôde resistir ao aconchego dos braços de Hiei e parou de se mexer, completamente entregue àquele abraço. Hiei beijou a orelha direita do amante e então passou para as bochechas, fazendo com que Kurama virasse o rosto na direção, procurando pelos lábios do companheiro com extrema ansiedade. Hiei mordeu a boca de Kurama e a atacou num beijo cheio de desejo e luxúria que foi correspondido com a mesma intensidade.

Foi quando ele sentiu uma intensa dor queimando-lhe o ventre. Algo que beirava o insuportável. Kurama abriu os olhos, surpreso, ainda com os lábios colados aos dele e deu com o vermelho tranqüilo do olhar do seu querido.

As pernas da raposa humana foram, aos poucos, perdendo a força e ele deslizou feito um boneco de pano pelos braços de Hiei. E quando seus lábios finalmente se separaram, Kurama só teve forças para perguntar:

- Hiei... por... que?

E então uma perturbadora inconsciência o puxou para o mundo dos sonhos, sem que obtivesse qualquer resposta.

Continua... ^_~

* No Japão existe um lenda que diz que raposas tem a capacidade de enfeitiçar as pessoas, disfarçando-se de outras formas com o único intuito de pregar peças.



Capítulo 13
Hitokiri no Kokoro
Rurouni Kenshin
Fanfic
 
 
 
 
 
 
Hosted by www.Geocities.ws

1