Fim-de-semana

Yukina-chan & Miaka Yuuki

Capítulo 1

Hiei suspirou impaciente mais uma vez. Odiava toda aquela demora e como se não bastasse, estava com fome. Por que ele? Por que era só aquela raposa sorrir para ele dizer 'sim'? Sempre do jeito de Kurama, nunca de seu jeito e assim, entrava em mais uma furada.

- Já chegamos?

- Não!

- Falta muito ?

- Não!

- Estou com fome...

- Itoshii... - respirou fundo - eu sei que não gosta de andar de carro, mas poderia ser um pouco mais paciente?

- Não! Quero voltar para casa!

- Isso NÃO! Já estamos quase lá, eu programei esse passeio todinho, deixei de ir trabalhar e um monte de tarefa incompleta da faculdade; tudo porque achei que você precisava de um pouco mais de atenção, porém vejo que estava enganado... Não passa de um youkai mimado e pior, por minha culpa! Mimei demais você e ag...

- Que saco, Kurama! - resmungou dando de ombros - eu não pedi por isso... Não preciso de favores, muito menos dos seus!

O koorime arrependeu-se imediatamente de ter dito isso. Desviou os olhos para a janela, já podia escutar um pequeno soluçar de sua raposa. Sentiu-se incomodado, pois sentia o olhar insistente de Kurama sobre si e isso era torturante, podia sentir toda a tristeza que emanava do youki do ruivo. Sentia a raiva nos gestos que ele fazia, trocava a marcha com movimentos bruscos, o que não combinava com seu temperamento sempre calmo...

Não gostava MESMO de carros, ainda mais na velocidade que estava. Apreensivo pela situação, de forma inconsciente, afundou-se mais na cadeira macia, seus olhos moviam-se rápido e sua respiração tornou-se arfante à medida que tudo parecia ficar mais veloz. Kurama fazia de propósito, era sua vingança, pois sabia muito bem o quanto seu namorado odiava aquilo, ainda mais depois de ver um monte daqueles negócios que passavam nas televisões do Ningenkai.

Já estava suando frio, quando percebeu que o carro parava no acostamento. Porém, não ousou mover-se, continuava arfando praticamente paralisado.

- Netsujo... - a raposa chamou com um pequeno sorriso.

- Hn?

- Eu não vou levar em consideração o que disse, mas só por causa de uma coisa que notei a um tempo, certo?

- Hn! O que notou?

Kurama riu da expressão do youkai. Livrando-se do cinto, inclinou-se sobre Hiei acariciando a pequena face e sorrindo divertidamente, disse:

- Você tem medo de lugares fechados, não é, meu claustrofóbico?

"Raposa estúpida! Estava fingindo chorar!"

Não havia nem sinal de lágrima em seu rosto, nenhuma umidadezinha nos olhos verdes. Contudo, a raiva havia sido verdadeira... Era difícil lidar com um kitsune chantagista, fingido e muito, mas muito CARA-DE-PAU!

Apesar disso, o demônio parou por instantes olhando fixamente para a face meio pálida de Kurama. Analisou a situação durante alguns segundos. Não podia negar, odiava lugares fechados, principalmente quando eram pequenos, como elevadores, carros e... bem, armários. Quando o ruivo vivia com sua mãe, teve de esconder-se no armário, o youko tirou-o de lá já quase incapaz de respirar com tanta roupa apertando-o, talvez tenha sido isso a causa de seu medo... Fora traumatizado.

- Hum... Um pouco, mas foi tudo culpa sua, eu nunca havia estado em um lugar horrivelmente apertado como aquele ou como aquele tal de elevador... Faltou luz e ficamos por horas miseráveis, parecia um inferno, escuro, sem ar, quente... Senti-me um... um...

- Ah! Mas depois você ficou calminho, tanto que dormiu.

- Também, você parecia um faminto, pelo menos eu estava fora daquele lugar quando acordei. De qualquer jeito, eu não quero repetir a experiência...

- Nossa, que exagero, assim eu vou achar que não gostou dos meus dotes para pequenos lugares... Particularmente, acho que me saí muito bem - replicou a raposa com ar convencido e arrogante.

- Achei que aquela droga ia cair, sacudia tanto... - suspirou inteligivelmente aliviado - Você parece um lunático às vezes.

- Ah! Mas vai dizer que não gostou?

- Pelo menos eu não iria querer repetir... Mas, raposa, estamos muito longe?

Outra vez aquele sorriso travesso. Ele não respondeu, apenas deu o sorriso meio de lado de uma forma descarada, enquanto ajeitava seu cinto, rodava a chave no contato e retornava para a estrada. Deixando a pergunta no ar. O que estava aprontando desta vez?

*******

Kurama parou o carro e dando um suspiro alegre, olhou para o youkai adormecido, então sorriu. Aquela música sempre acalmava Hiei, tanto que até dormia. Pelo menos não reclamava dessa forma. Inclinou-se sobre o koorime para lhe chamar, mas ele não acordou. A raposa resolveu ir abrir a bela casa que, por um milagre, havia conseguido emprestada com Hatanaka san.

Estava muito feliz, sua mente não parava de bolar mil coisas para se divertir e a seu namorado também.

A casa era grande, de cores claras, com dois andares. As portas eram imensas, de madeira escura e trabalhada. Nos quartos e na sala havia varandas razoavelmente grandes. A tapeçaria contrastava com as paredes amareladas e com a mobília azul, muito simples e aconchegante. As janelas eram grandes, com cortinas translúcidas, por onde ultrapassavam alguns raios de sol, dando mais vida ao ambiente. Tudo estava arrumadinho e em seus lugares, tinha até uma pequena televisão, não que isso tivesse alguma importância, pois com seu youkai, a última coisa que lhe faria falta, seria uma tevê. A casa possuía três quartos: todos eram suítes, com banheiras, armários e vários potes de vidro com sais de banho de diversas essências e cores variadas. A cama de casal do quarto principal tinha um colchão d’água e era uma 'king size', de acordo com o tamanho do cômodo. Na parede, em frente à cama, estava fixado um enorme espelho, sem moldura, com as bordas trabalhadas em vidro fumê.

Havia um quintal de tamanho médio, com uma piscina de bom tamanho, de azulejos azul-petróleo e degraus na mesma cor. Em volta do quintal tinham plantas muito bem cuidadas, o que fez Kurama gostar ainda mais da casa. Próximo à churrasqueira existia uma sala regular, toda em azulejo branco-gelo, com dois chuveiros elétricos, um banco de madeira e um armário para guardar as roupas e as toalhas. Dentro da sala, viam-se também duas portas: uma dava acesso à sauna à vapor, com três degraus, cuja também era forrada com azulejos branco-gelo. Já a outra porta era a entrada da sala de massagem, onde encontravam-se duas camas de massagem com todos os apetrechos necessários e uma larga banheira de hidromassagem à espera dos youkais.

Kurama não parava de maquinar seus mil planos para levar o youkai à loucura. Ah sim, essa era a sua especialidade com todo aquele aparato e sua imaginação, não faltaria passatempo. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios. Hiei finalmente apareceu, ainda sonolento, mas silenciosamente o suficiente para assustar a distraída raposa.

- Por que você me deixou sozinho naquele carro maldito?

- Ah! Que bom que você acordou, bebê! Estava mesmo pensando em você.

- Hn! Você ainda não respondeu minha pergunta.

- Você estava dormindo tão profundamente, que não tive coragem de acorda-lo.

- Hn... É aqui que nós vamos passar o fim-de-semana?

A raposa sorri suavemente, aproximando-se de seu pequeno koorime, ajoelhou-se e o tomou em seus braços, beijou-lhe a testa, por cima da faixa que cobria o jagan. Hiei ficou esperando mais uma vez pela resposta, que logo foi dada pelo ruivo.

- É sim. Você gostou?

O koorime abraçou seu namorado, olhando em volta e prestando atenção aos detalhes da imensa casa. Então, encarou Shuuichi com um leve sorriso, acariciou os fios vermelhos e beijou rapidamente os seus lábios.

- Onde é o quarto? – Perguntou com ar curiosamente infantil.

- É por aqui. – Replicou, levantando-se rápido e puxando Hiei pela mão.

Ao chegarem lá, o youkai olhou atentamente o quarto, sentindo a maresia que vinha da varanda bater em seu rosto. Ele fechou os olhos apenas sentindo o suave cheiro do mar e ouvindo as ondas baterem nas rochas, muito diferente do mundo demoníaco, onde tudo parecia morto. As mãos ávidas da raposa tiraram sua jaqueta.

Com seu jeito carinhoso, fez o youkai deitar-se na cama de barriga para cima. A mão macia adentrou a camisa de algodão para acariciar a barriga trabalhada. Escutou o ronronar baixo dele, era seu carinho mais querido. As unhas deslizaram pela pele delicada e sensível em redemoinhos provocantes. Por instantes, seus olhos esmeralda recaíram sobre o pequeno rosto relaxado de Hiei, sua face estava tão linda, o koorime sempre parecia mais tranqüilo quando saíam daquele apartamento no subúrbio de Tokyo.

Passou um de seus braços sobre a cabecinha negra, aconchegando-a junto ao próprio pescoço, então suspirou satisfeito. Toda aquela sensação, paz, conforto e carinho que compartilhavam eram mágicos, estava tudo mais que perfeito.

"Acho que vamos ficar mais tempo por aqui... Ah! Por que tenho que trabalhar? Queria poder ficar pelo menos por uma semana!"

- Hiei...

- ...

Percebendo que não conseguiria coisa alguma por hora, deu um pequeno beijo na ponta do nariz arrebitado de Hiei e sussurrou:

- Bons sonhos, chamo você para o café da manhã. "É isso que dá o Youko fazer visita na véspera da nossa viagem..."

******

Assobiando alegremente, Kurama foi até o carro, pegou as malas e as levou até a sala. Depois voltou ao automóvel para buscar as sacolas com as compras e as arrumou na cozinha.

Tirou a caixa de leite, uma fatia de queijo e outra de presunto da geladeira, e o achocolatado em pó, o açúcar e duas fatias de pão-de-forma do armário. Preparou um delicioso café-da-manhã com tudo que seu koorime adora: chocolate gelado e um misto-quente. Colocou a refeição sobre a bandeja que havia trazido especialmente para este fim e, para dar um toque romântico, o kitsune tirou uma linda rosa vermelha de seus cabelos e a colocou ao lado do copo.

O ruivo estava muito feliz, pois tudo estava dando certo. Levou o café-da-manhã para o quarto onde Hiei dormia tranqüilamente. Ele deixou a bandeja em cima do criado-mudo ao lado de seu namorado, deitou-se ao seu lado e o chamou carinhosamente:

- Netsujo... acorde, tenho uma surpresa pra você.

- Hum... – Resmungou, parecendo não ouvir o que Kurama dizia.

Então Shuuichi chegou perto de seu ouvido e sussurrou:

- Itoshii... eu sei que você está cansado, mas precisa se alimentar.

Hiei abriu os olhos lentamente, deu sorriso suave e perguntou:

- O que tem pro café-da-manhã?

Então o kitsune retribuiu o sorriso, pegou a bandeja e a colocou sobre as coxas do youkai, que agora se encontrava sentado na cama.

Ao ver a rosa, o koorime percebeu todo o amor com que fora preparado aquele café-da-manhã e, sem pensar duas vezes, olhou no fundo dos olhos esmeralda e disse:

- Obrigado, Kurama.

- De nada, amor. – Respondeu com um imenso brilho estampado no sorriso e nos olhos.

O pequeno demônio de fogo comeu tudo e colocou a rosa em um vaso que havia em cima da mesa da varanda. Então debruçou-se sobre a grade, de frente para o mar. Kurama foi até ele e Hiei, ao perceber sua presença, falou:

- Gostei desse lugar. Me sinto muito bem aqui.

A raposa, muito satisfeita, disse:

- Vamos. Vou lhe mostrar o resto da casa.

Continua...


Fanfic de Yuyu



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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