Gotas sobre a Cama
Mica-Chan
 

A porta deslizou com suavidade e ela precisou se esforçar para enxergar na penumbra do quarto. Ele ainda estava ali, largado sobre a cama, o corpo envolto apenas por uma toalha. O seu peito movimentava-se num ritmo cadenciado, a medida que inspirava e expirava. Ela gostaria de poder ajudá-lo, mas há certas dores que não podem ser divididas.

Tornou a deslizar a porta, quando ouviu a voz dele, baixa e angustiada.

"Misato-san"

"Hai"

Pensara que ele estivesse dormindo, mas a voz demonstrava o contrário, apesar do corpo não ter se mexido na cama. Ela aguardou alguns instantes, mas a única coisa que recebera fora o silêncio.

Ainda incerta se esta era a atitude correta a tomar, ela entrou no quarto e se aproximou da cama. Os olhos percorreram o corpo da criança estirada em abandono. Ele parecia tão inocente e sozinho. Ainda lembrava-se de quando ele viera até sua casa e invadira sua vida, alterando para sempre sua rotina. Mas desde o início eles desenvolveram um estranho laço, uma cumplicidade que há muito ela não tinha com alguém.

Com uma delicadeza anormal, Katsuragi sentou ao lado dele na cama, fitando o rosto masculino de feições adolescentes. Ele era um rapaz bonito. Extremamente tímido e fechado, mas com alguma força interior que magnetizava os que viviam ao seu redor. Seus sentimentos eram uma incógnita. Ela conseguia compreender a dor da solidão, do desprezo paterno, da necessidade de aceitação, bem como o medo de amar e se deixar amar. Mas estes eram os sentimentos que ele expusera. E quantos outros ainda estavam escondidos no interior daquela alma complexa e sofrida?

O seu exterior não era muito diferente. A solidão e dor que lhe corroíam a alma, estavam refletidas no seu semblante austero e temeroso. E apesar disso, ele tornava-se mais bonito a cada dia que passava. As feições juvenis tão singelas contrastavam com a dureza de suas atitudes quando pilotava. Faces distintas de uma mesma pessoa, e isto era fascinante.

Mais uma vez ela deixou seus olhos percorrerem o corpo dele. A toalha, enrolada na cintura, tornava o seu corpo mais adulto. Ele ainda estava se desenvolvendo, mas era óbvio que seria muito atraente quando chegasse à maturidade.

Tocou como delicadeza uma mecha do seu cabelo e sorriu. Se Asuka a visse nesse momento, teria um ataque. Ela estava sempre pronta a acusá-la de bajular Shinji e protegê-lo. Mas o que poderia fazer? Assim como Rei estava para o Comandante Ikari, Shinji estava para ela. É claro que gostava muito de Asuka e Ayanami, e importava-se com as duas, mas Shinji havia conquistado seu coração e sua alma desde o primeiro dia.

O rapaz estremeceu ao toque feminino em seu cabelo, e abriu os olhos, fitando Katsuragi. Seus olhos brilhavam, molhados. Ele estava chorando! Ela não notara anteriormente por estar no escuro, mas agora tinha certeza que vira lágrimas deslizando na face macia do rapaz.

"Shinji-kun, o que houve?"

Ele limitou-se a fitá-la, recolhendo o corpo em uma bola sobre a cama, subitamente cônscio de sua condição.

Katsuragi observou o gesto defensivo, como se ele quisesse fugir do mundo, escondendo-se dentro de si mesmo. Sem pensar muito, ela passou seus braços sob o corpo de Shinji, e o trouxe até ela, envolvendo o rapaz em um abraço. Tê-lo tão junto a si, a fez estremecer se sentiu seu sangue agitar-se. O que estaria acontecendo?

O calor da pele nua de Shinji alcançava sua pele sob a camiseta fina que vestia. As lágrimas silenciosas molhavam seu ombro, a respiração profunda lhe dando a sensação de estar sendo acariciada.

Ela correu sua mão pelas costas do rapaz e descansou em seus cabelos, aninhada entre as mechas castanhas. O aroma suave que emanava da pele úmida, recém banhada, a desconcertou. O que estaria ela sentindo? Aquele era Shinji, o seu Shinji! A terceira criança!

A despeito de todos os argumentos lógicos que sua mente insistia em lhe gritar, ela recostou a cabeça no ombro do rapaz, falando com mansidão no ouvido de Shinji.

"O que houve, Shinji-kun? Por que as lágrimas?"

O silêncio continuou sendo sua única resposta, mas ela pôde sentir que ele também envolvia seu corpo em um abraço, permitindo-se corresponder ao gesto da mulher.

Misato aceitou o abraço e aproximou o corpo do garoto ao seu, sentindo as batidas aceleradas do coração de Shinji de encontro ao seu peito. Aconchegou seu rosto no pescoço do rapaz e inalou a essência masculina. Ele ainda era tão novo...mas havia algo de diferente nele.

Quase sem se dar conta, ela pousou os lábios sobre a pele macia da nuca dele, depositando um beijo suave. Ela pôde sentir o rapaz estremecer , e em resposta abriu um pouco os lábios, oferecendo um beijo mais profundo e menos casual. Tocou como a ponta da língua a pele quente, traçando um caminho pela nuca que chegava até o lóbulo da orelha de Shinji, que mordiscou levemente.

"Misato-san?" Os olhos dele estava abertos em espanto, a respiração suspensa.

"Huh?", foi a única resposta que saiu dos lábios dela, ainda mordiscando sua orelha.

"Eu...o que.... ahhn...", por mais que tentasse, ele não conseguia formular uma frase conexa. Ele sentia o sangue agitado e a pele queimando por onde passara a língua de Misato.

Ela afastou-se um pouco, de modo que pudesse olhar para o garoto. Ele parecia assustado e envergonhado, mas não havia dúvidas que o sangue estava correndo mais rápido nas veias de Shinji.

Com a breve separação, ele teve a oportunidade de olhar para a Major com mais atenção. Ela estava vestida como sempre, com shorts e camiseta, mas só agora ele havia parado para reparar no quanto ela era bonita, com seus cabelos longos e corpo esguio. As pernas longas enchiam seus olhos, fazendo com que desejasse senti-las entrelaçadas ao seu corpo.

Sentiu-se corar com este pensamento e desviou os olhos, mas Katsuragi voltou a aproximar seu corpo, fazendo com que inalasse o perfume suave da pele dela. A fragrância feminina teve um efeito devastador, fazendo todo o seu corpo pulsar, a respiração acelerar e acender um desejo que ele não fazia idéia de como aplacar.

As mãos da Major deslizaram pelas coxas de Shinji, sob a toalha felpuda. O toque era leve, mas extremamente sensual. Ela fitou os olhos castanhos de Shinji, que a olhavam com absoluto espanto. Misato podia enxergar o desejo nos olhos do rapaz, mas a surpresa e vergonha ainda falavam mais alto.

A medida que sua mão direita deslizava pela coxa, aproximando-se da virilha, Katsuragi tocou a nuca do rapaz com a mão esquerda, puxando o rosto de Shinji até ela. Ficaram assim, olhos nos olhos, por alguns segundos. A respiração morna do rapaz como uma carícia em seu rosto. Então ela o beijou, ao mesmo tempo que sua mão alcançou o que procurava em Shinji.

Ele arregalou os olhos ainda mais, se é que isso era possível, o corpo explodindo em uma torrente de sensações desconhecidas. Sua boca foi invadida pela língua ágil de Misato, sem lhe dar tempo de pensar ou reagir. O corpo tornou-se tenso, e sentiu um calor envolvendo seu ser, o toque sugestivo da mão de Katsuragi em sua parte íntima, o fazendo crescer.

Isso era loucura, só podia ser. Misato jamais o procuraria em seu quarto, passearia por seu corpo, exploraria sua boca. Mas se fosse sonho, que ele não acordasse.

As sensações foram se tornando mais e mais fortes, assim como o toque da mão em seu corpo. Sua cabeça já não mais raciocinava. Não queria pensar, só sentir. Correspondeu o beijo que até agora provinha apenas da Major, e invadiu a boca feminina com sua língua, provando o gosto doce da mulher. O corpo todo parecia incendiar-se, torrentes elétricas provocando choques em seus nervos. Ele sabia o que estava por vir. Não sabia o porquê ela fazia isso, mas tinha ciência do que aconteceria com ele.

Sem mais conseguir segurar-se, ele explodiu em perfeita satisfação. Seus gemidos abafados pela boca que cobria a sua. Sentiu o corpo tremer em êxtase, uma lânguida sensação de paz o invadindo aos poucos. Fora, sem dúvida, a coisa mais profunda que já sentira até então.

Katsuragi afastou-se aos poucos dos lábios do rapaz, retirando delicadamente a mão do corpo masculino. Ele acompanhou atento cada movimento da mulher, o corpo delgado e sensual ainda sentado ao seu lado na cama, a mão que deixava seu corpo para encaminhar-se aos lábios macios.

Ele observou com fascinação Misato passar a língua na mão úmida com seus fluídos. Era uma visão estranha, um tanto quanto nauseante, mas ao mesmo tempo extremamente sensual. Ela sorriu e o fitou com os olhos brilhando.

"Shinji-chan?"

"Hai"

"Por que chorava?"

Ele fora pego de surpresa. Não esperava essa pergunta após o que ela fizera. Tentou recordar o motivo das lágrimas, mas a sua mente ainda recusava-se a pensar em qualquer outra coisa que não as sensações de prazer que percorreram seu corpo segundos antes.

"Eu..."

Ela o deitou novamente na cama, ficando com o corpo por cima dele, a camiseta fina não sendo suficiente para impedi-lo de ver os seios intumescidos.

"O que o impede de falar, Shinji-kun?"

"..."

Katsuragi encostou com muita leveza os lábios sobre o vente do rapaz, sussurrando sobre a pele quente.

"Eu realmente quero saber"

Shinji sentiu a maciez dos lábios, seguido do ar morno que ela exalava enquanto falava. Sua pele arrepiou-se e sentiu um tremor percorrendo seu corpo, como se um choque tivesse sido desferido.

"Pare, Misato-san."

"Huh?", ela perguntou enquanto lambia o umbigo do rapaz, sentindo a tensão tomar conta do corpo masculino.

"Eu...isso..."

"Isso...?"

Apesar de instigá-lo a falar, os movimentos sensuais da língua da Major não abandonavam o corpo de Shinji, o fazendo perder qualquer possibilidade de raciocínio. Ele moveu suas mãos até ela, correndo os dedos longos e bonitos sobre a pele fria sob a camiseta de Misato. Com certa timidez, retirou a peça feminina e fitou os seios nus sobre ele. Ela era maravilhosa. Por que jamais havia notado isso antes?

"Misato-san, isso não..."

Ela deitou sobre ele, tocando os seios no peito nu, o fazendo gemer baixinho. Beijou o pescoço de Shinji, dando pequenas mordidas. "Shh...você fala demais, Shinji-chan"

"M-mas eu..."

Ela o interrompeu ao cobrir sua boca com a dela, inicialmente brincando com os lábios de Shinji, para depois aprofundar o beijo e fazê-lo sentir todo o corpo queimar de desejo. Ele inseriu timidamente a língua na boca de Misato e ela, provocadora, capturou a língua do rapaz sugando lentamente, num movimento contínuo de vai e vem, acelerando o ritmo a medida que sentia Shinji excitar-se.

Quando ela o soltou, pôde ver o olhar febril do rapaz, os lábios trêmulos, a inocência ainda refletida na face angelical. Encostou o quadril no corpo de Shinji e conduziu a mão do rapaz até seu shorts. Ele, entendendo o que ela queria, deslizou as mãos pela peça feminina e retirou a única coisa que a separava dele, livrando-se ao mesmo tempo da toalha que o cobria.

Rolou Misato na cama, de modo que pudesse olhá-la de cima, e passou a explorar o corpo feminino, como ela fizera anteriormente com ele. Sabia que não tinha experiência e não estava certo se seria capaz de satisfazê-la, mas... no momento, tudo o que queria era senti-la.

Beijou com carinho cada parte do corpo da mulher, iniciando nos pés e subindo lentamente. A trilha de fogo aproximando-se cada vez mais da virilha feminina. Deslizou a língua quente sobre a pele macia da coxa, sentindo-se corar à visão do sexo de Misato. Por que corar agora? Isso não fazia muito sentido. Ele já estava sobre ela, ela o havia feito sentir o que jamais sentira, então.... por que a vergonha?

Tocou com timidez a língua no sexo de Katsuragi. Ela tinha um sabor diferente, mas gostoso. Ele jamais imaginara tocá-la de tal forma. Ela sempre fora Misato, e a vira como uma irmã, um membro da família. E de repente olhá-la como mulher...o assustava um pouco.

Ele sentiu a umidade que aumentava nas partes íntimas de Katsuragi. Cada gemido que ela dava, o fazia querer senti-la ainda mais. Levantou a cabeça e a fitou, os olhos fechados, o rosto afogueado. Era loucura. Misato só poderia estar louca.

Katsuragi abriu os olhos e fitou os olhos castanhos de Shinji.

"Do que tem medo?"

"Isso não parece certo"

"E não é"

"Mesmo assim você..."

"Hai"

"Mas..."

"Baka. Não pense muito, apenas faça o que quer fazer. "

"Hai"

Ele levantou-se lentamente e deitou o corpo sobre ela. Essa sensação de perda total de controle o estava enlouquecendo. Queria que ela sentisse o mesmo que ele, mas não sabia como fazê-lo."

"Misato-san"

Ela o olhou ofegante.

"Eu...eu...não sei o que fazer"

Katsuragi sorriu e pegou a cabeça de Shinji entre as suas mãos. Os cabelos estavam molhados, os olhos brilhando.

"Não se preocupe. Você está indo muito bem."

Ela o puxou para perto de si e o beijou mais uma vez, sentindo todo o corpo do rapaz encostado ao seu. Não precisou dizer nada. Ela estava pronta, ele também. Delicadamente ele a penetrou e ela se perguntou como ele poderia lhe dar tanto prazer sendo tão jovem.

Shinij tentou guardar as sensações que sentira quando penetrou no corpo de Misato, mas não consegui encontrar palavras que descrevessem o que sentiu. A verdade é que nem sequer conseguiu compreender o que aconteceu. Todo o seu corpo queimava, numa explosão de prazer que quase o enlouqueceu.

Pôde ouvir os gemidos de Misato aumentando, o corpo movendo-se no mesmo ritmo febril que o dele. Ambos suavam, e ele podia sentir os cabelos molhados dela entre seus dedos.

"Shh...não faça tanto barulho. Se Asuka acordar..."

"...Eu estarei perdida. Sim, eu sei."

"Então cale-se"

Ela tentou suavizar sua voz, mas o que estava sentindo não lhe permitia. Todo o seu corpo tremia, sentia como se uma descarga elétrica estivesse se espalhando dentro dela.

"Shin....ji....eu....não....posso ................aaaaaaaaaahhhhhhhh"

Ele arregalou os olhos diante do grito de Katsuragi.

"Baka! Assim até os mortos vão acordar, quanto mais Asuka!"

Mas então ele não pôde mais falar, a mesma sensação percorrendo seu corpo. A vontade que tinha era de gritar, chorar, rir enlouquecido. Mas tudo o que fez foi morder o ombro nu de Misato, impedindo a si mesmo de soltar qualquer som.

Ela sentiu os dentes de Shinji cravando em sua pele e se controlou. Se Asuka os pegasse ali, seria o seu fim. Não apenas sua carreira, mas toda a sua vida. Mas era tão bom. Shinji era tão...

Chegaram ao êxtase juntos, e novamente, e mais uma vez. Até que ele caiu esgotado ao lado dela.

"Shinji-chan"

"Hai"

"Você sabe que não poderá falar do que fizemos aqui, não é?"

"Hai"

Ele ainda estava ofegante. Ela virou-se de lado e observou o peito do rapaz subindo e descendo de uma forma estranhamente atraente.

"Por que fez isso, Misato-san?"

Ela não lhe respondeu. Tudo o que fez foi sentar-se na cama e recolocar a camiseta.

"Eu...fiz alguma coisa...errada? Por que está saindo?"

Katsuragi terminou de vestir-se e afastou-se da cama.

"Não quero que Asuka acorde e me veja no seu quarto."

"Mas..."

Ela caminhou até a porta e voltou-se para ele.

"Não se preocupe, você foi adorável. Eu jamais me arrependerei desse dia, Shinji-kun"

"Você...isso foi tudo? Quero dizer...."

Misato sorriu ao vê-lo corar envergonhado, olhando para o outro lado.

"Hai"

"Mas...por que? Por que hoje? Por que eu?"

"Não há motivos, Shinji-kun. Eu o quis, você me quis. Mas não poderemos continuar com isso. Seria o fim da minha vida e da sua. Você não veio morar em minha casa para que eu o iniciasse em sua vida sexual."

Ele apenas a fitou, calado.

"Além do mais, eu imagino que queira ter o prazer de fazer isso com a pessoa que ama. Mas se ela ficar sabendo..."

"Hai"

Ele recostou novamente a cabeça no travesseiro enquanto ouvia a porta deslizando suavemente. Foi uma noite insana, mas estranhamente fizera sentido, como se tudo o que passara tivesse convergindo para este momento.

"Misato-san..."

Fechou os olhos e adormeceu. Amanhã seria outro dia e a noite de hoje existiria apenas em sua lembrança.
 
 

FIM.

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