Despertar de um Sentimento

Nuryco Tsukishiro

Capítulo 1

O dia era como outro qualquer: Aya, Omi, Ken e Yoji estavam ocupados com suas atividades na floricultura, atendendo clientes e sendo abordados pelas inúmeras garotas que iam lá sempre.

Todos estavam normais exceto por Aya, que estava pensativo o dia todo, algo preocupava o ruivo e, mesmo sem querer, deixava transparecer, pois todos haviam percebido.

- Yoji.

- Sim, Ken?

- Você não acha que Aya está estranho? Ele tem estado assim desde a nossa última missão.

- É mesmo. Desde que salvou Omi de ser atropelado por aquele cara....

- Não gosto nem de lembrar a expressão do rosto dele naquela hora... sabe que até fiquei com pena do sujeito quando Aya o pegou?

- Eu não ficaria!! Ele quase matou Omi!!

- Que seja... mas ele tá estranho desde que isso aconteceu. Por que será?

Omi observava a conversa dos dois rapazes, e não podia deixar de concordar. Naquele dia, Omi tinha decidido confessar seus sentimentos pelo líder do grupo, mas a convocação para missão foi tão súbita que não conseguiu declarar-se e depois do ocorrido perdeu a coragem. Agora bastava para ele apenas zelar pelo objeto de sua afeição. Mas à distância.

- Será que deveria ter dito? .... Não é melhor manter as coisas do jeito que estão...- disse Omi para si mesmo sem perceber a aproximação dos dois rapazes.

- O quê deveria ter dito?- perguntou Yoji num tom gozador - E para quem?

- Nada que seja da sua conta !!!- revidou Omi.

- Mas a conversa que estava tendo com Ken, você parecia bastante interessado....vamos... conte logo. Alguma garota?

- Me deixa em paz!!!!!!

Omi já começava a ruborizar-se de raiva pela provocação de Yoji, só os céus sabiam como se irritava com o playboy, mas Ken como sempre interveio:

- Vamos, parem com isso... temos que fechar a loja. Omi não se irrite com Yoji, você sabe que ele gosta de fazer isso, mas não lhe quer mal. Então vá fechar o caixa - virou-se para o outro - chame o Aya, por favor, vou precisarr de ajuda para trazer todos aqueles vasos para dentro.

- Está mandão hoje, hein? - disse Yoji se afastando para chamar o colega.

Aya estava nos fundos, sentado em um caixote, olhando o nada. Parecia estar daquele modo há muito tempo, mas pode perceber a aproximação do playboy, pois se levantou imediatamente para encara-lo.

- O Ken tá chamando a gente para ajuda-lo.

Aya apenas seguiu para frente da loja, deixando para trás um confuso Yoji:

- Sem olhar agressivo?! Sem um resmunguinho?! Meu Deus, é o fim do mundo!!! - disse, indo ao encontro dos colegas que o aguardavam.

Terminado os afazeres, e a loja já fechada, todos se reuniam na cozinha cooperando para o jantar mas, como sempre, um faltava : Aya. Enquanto Ken e Yoji se ocupavam com a comida, Omi saiu disfarçadamente a procura do ruivo. O pequeno loiro procurou em todos os cômodos e nada de encontrá-lo. Não soube bem o porquê, mas resolveu verificar a floricultura, e não deu outra. Lá estava Aya, encostado no balcão, tão distraído que não percebeu a chegada de Omi, assustando-se quando este o perguntou:

- Pensando em quê?

As palavras do garoto junto de seu sorriso fez Aya ruborizar-se involuntariamente, o que deixou Omi bastante surpreso, afinal nunca havia visto algo semelhante naquele rosto sempre tão sem expressão. O líder do Weiss ao reparar nisso só abaixou a cabeça, como que querendo esconder tal reação, e respondeu:

- Nada de mais... - nessa altura já recuperara sua frieza habitual. Omi vendo que estavam sozinhos, decidiu tentar de novo, não é sempre que teria a oportunidade e a coragem para falar o que sentia.

- Aya... - disse aproximando-se mais, e o companheiro limitou-se a levantar a cabeça e fitá-lo - ....eu ...eu...

Antes que tivesse a chance de terminar sua frase, um esbaforido Yoji entra gritando:

- Finalmente achei vocês dois!!!! Missão urgente! Uma linda senhorita seqüestrada, e os caras, ao que aparece, não estão de brincadeira! - nisso já puxava Omi pelo braço. Este apenas pensou: '' Não acredito! De novo! Acho que não é para ser mesmo...''

Enquanto se preparavam, Ken dava as informações:

- O resgate já foi pago, mas se recusam a entregar a garota, seu nome é Hikaru Amamiya, vinte e seis anos, filha de um comerciante.

- Em quantos eles são?- perguntou Aya.

- Em cinco. Pelas informações parece que um deles é perigoso, pediram para tomarmos cuidado...

- Alguma foto ou identificação?

- Não. Apenas o local em que se encontram, sem mais informações, o resto é com a gente.

* * * * *

Chegando ao local, todos se posicionaram de acordo com as ordens de Aya e aguardavam sinal.

- Mas só vejo quatro deles, onde está o outro, Ken?

- Não sei Omi, também não o encontrei. - dizia ao mesmo tempo que vasculhava o lugar com os olhos, parando em uma cena que realmente lhe chamou a atenção - Mas o que é aquilo? O que o Yoji está fazendo?

- Acho que quer ser o primeiro a chegar na senhorita Amamiya....

- Mas é arriscado!! Nem sabemos onde está o outro! Como Aya permitiu isso? É melhor irmos ajuda-lo.

Os dois saíram de onde estavam cuidadosamente, se encontrando com Aya logo depois. Ouviram um barulho vindo de dentro e viram que Yoji havia sido descoberto e a luta começara. Os três entram chamando a atenção dos que estavam atacando o ex-detetive, tornando a luta igual. Os rapazes estavam tendo dificuldades, não estava sendo fácil : Yoji lutava contra uma espada, Ken estava só nos punhos com o adversário pois tinha derrubado sua garra, Omi mantinha uma boa distância de quem lutava e tentava lhe atirar dardos e Aya enfrentava um sujeito armado.

A situação começava a virar a favor dos nossos garotos com Omi acertando um dardo em cheio em seu inimigo, deixando-o estirado no chão. Logo um outro era enforcado. Yoji e Omi estando livres, foram soltar a garota que assistia a tudo. E enquanto um desamarrava os pulsos o outro soltava as pernas.

- Olhem !!!! Ali!!!! - gritou a garota e apontando para uma janela alta, o loirinho olhou na direção que lhe era apontada pela moça e viu o elemento que faltava no outro grupo, e que de onde estava apontava uma flecha em direção a Aya que acabara de derrotar seu oponente, e virara de costas com intenção de ajudar Ken. Sem pensar duas vezes, aproveitando a oportunidade de seu alvo estar de costas, atirou a flecha, mas quando o ruivo percebeu o alerta dos companheiros, conseguiu apenas ver o objeto vindo em sua direção, logo depois estava no chão com Omi ao seu lado, mas inconsciente, o garoto havia empurrado Aya e recebido a flecha em seu lugar.

- OMI!!!!!!!! - gritaram todos. Ken deu um último golpe na pessoa com quem lutava com tanta força que pode se ouvir um grande estalo vindo do corpo que agora estava imóvel no chão e, junto com Yoji, foi atrás do covarde atirador, mas ele tinha desaparecido.

No mesmo instante, Aya abraçava o pequeno amigo desacordado. A flecha por sorte não atingia o coração, mesmo assim a situação era crítica. O líder era imagem do desespero com Omi nos braços. A garota se aproximou, o que fez Aya apertar o garoto contra si instintivamente.

- Calma, não faça isso! Deixe-me ver. Sou médica, posso ajudar. - ele estava meio relutante ao pedido, mas assentiu - Ele precisa de cuidados, dê graças por não ter pegado muito fundo. Temos que remover a flecha. Você pode fazer isso?- Aya disse que sim com a cabeça, e delicadamente retirou-a, com isso o sangue começou a brotar mais forte, a garota rasgou uma boa parte da saia longa e fez um curativo no membro mais jovem do weiss - Isso não ajuda muito mas é melhor do que nada. Precisamos levá-lo a um hospital !!

- Não! - disse Aya secamente.

- Mas ele...

- Vou leva-lo para casa. Você cuida dele lá!

- Mas.. - ele jogou a chave do carro nas mãos da mulher, que as segurou sem jeito.

- Venha! Você dirige! - e pegou Omi no colo.

- E os outros?

- Eles sabem se virar!

* * * * *

Omi estava mergulhado na escuridão, não entendia o que se passava a sua volta, só conseguia distinguir a voz de seu amor secreto, mesmo assim sem compreender completamente o que este dizia. Sentia-se ser carregado por braços firmes, embora a dor fosse grande, conseguia ficar relaxado em tais braços, e assim esperou a escuridão de seus pensamentos vir, o que não tardou a acontecer.

* * * * *

Rápido!! Me siga, é por aqui! - Aya ia o mais depressa possível até seu quarto com Omi nos braços. Estava muito preocupado, a respiração do garoto estava muito lenta e ele paraceia tremer de frio. Colocou-o na cama e tratou de tirar a roupa suja de sangue ao mesmo temo que falava:

-A parte de baixo da cômoda, abra-a . Lá deve ter tudo que você irá precisar, pegue!

A doutora não hesitou, abaixou-se e abriu a cômoda. Surpeendeu-se ao constatar que realmente tinha tudo que precisaria, e olhou curiosa para Aya. Este comentou:

- Temos acidentes freqüentes.

- Está bem, agora me dê espaço, tenho que costurar o ferimento de seu amigo.

Ele se afastou e observou a doutora fazer seu trabalho, que demorou algum tempo. Terminado o trabalho, a senhorita Amamiya levantou-se, chamando Aya para uma conversa:

- O garoto não está completamente fora de perigo, ainta está desmaiado devido ao impacto da flecha. Isto foi tudo que pude fazer por ele.

- Muito obrigado pela ajuda, acho que não preciso dizer que você nunca esteve aqui.

- Eu é que agradeço por me salvarem. E fique tranquilo, eu nunca vi este lugar e não sei quem são vocês.

Neste instante, os dois ouvem batidas na porta. Ken e Yoji entram.

- Como ele está?- perguntou Yoji.

- Não muito bem.... - respondeu Hikaru.

- Vocês o pegaram? - inqueriu Aya, Yoji e Ken entreolharam-se - Respondam!!!!!!

- Nós o procuramos, mas ele entrou no meio de uma multidão e acabamos perdendo a pista. E para piorar, nenhum de nós conseguiu ver o rosto dele...

- Como puderam deixá-lo escapar?!!!! Não viram o que ele fez?! Agora como vamos achá-lo? É perigoso demais ficarmos com ele á solta, o sujeito nos conhece!!! - disse Aya dando um soco na porta, a qual ficou com um grande buraco. Amamiya vendo tudo que ocorreu não podia ficar calada, devia muito àqueles rapazes e iria ajuda-los em tudo que estivesse ao seu alcance.

- Eu posso... sei como ele é.

- É mesmo!! Havia me esquecido disso! - falou Ken, aliviado.

O líder fez sinal para que todos saíssem do quarto, olharam-no surpresos mas obedeceram. Aya segui-os até o lado de fora do quarto e fechou a porta atrás de si.

- Ken, leve a doutora Hikaru à nossos arquivos e veja se descobrem quem é o cara, Yoji, dê um jeito de avisar a família dela que tudo está bem e que logo ela voltará.

- Mas o ''chefe'' não vai gostar disso.... - protestou Ken.

- Não me importo. Se quiser mande ele vir falar comigo. Agora vão!! Vou ficar e cuidar de Omi, ele não pode ficar sozinho...

Dadas as ordens, seguiram, cada qual seu destino. Aya entrou no quarto e sentou ao lado da doce pessoa desacordada.

Ficou um bom tempo observando o belo rosto à sua frente. Sua culpa. Era algo insuportável! Se naõ estivesse distraído, Yoji não teria entrado quando não devia e nada daquilo teria acontecido ao seu precioso..... precioso? Sim, agora tinha certeza.... seu precioso Omi...

Passou a mão levamante no rosto da pessoa querida, queria que ele estivesse acordado para confessar-lhe seu recém descoberto amor, e pedir desculpas, muitas desculpas por ter lhe causado sofrimento. Os dedos seguiam as linhas do rosto delicado detendo-se nos lábios, não resistindo abaixou-se e depositou ali o mais delicado beijo que possuía, ao recobrar sua postura, pode perceber em Omi um quase imperceptível sorriso, o que o fez sorri também e deitou-se ao seu lado.

***

Omi despertava vagarosamente, mal conseguia abrir os olhos direito, mas foi o bastante para distinguir os objetos a sua volta.

- ''Onde estou?.... parece o quarto de Aya...'' - pensou, vasculhando devagar o local até sua vista direcionar-se para sua direita e ver Aya dormindo ao seu lado - '' Mas.... não isso deve ser um sonho.''- com dificuldade, colocou sua mão sobre a do outro e fechou os olhos - ''Se for um sonho ...não vou querer acordar...''- vencido pelo seu esgotamento físico adormeceu.

***

Toc! Toc!

- Aya ...- dizia Ken enquanto entrava devagar no quarto, e deparou-se com os dois dormindo e de mãos dadas, sorriu compreendendo a situação - Então essa é a raz&atiilde;o de toda essa dedicação em cuidar dele... acho melhor deixá-los sozinhos... - saiu do quarto e foi se encontrar com Yoji e Hikaru que o esperavam na sala.

- E aí? Já falou pra ele que idenficamos o cara? Ele vai com gente?- indagou Yoji nervosamente.

- Não.... é melhor que ele fique junto de Omi agora.

- Hã? Mas...

- Tudo bem. Vamos levar a senhorita até sua casa e depois nós mesmos podemos pegar o sujeito.

***

- Aya....Aya cuidado!!!...Aya! - o chamado de Omi por ele o fez acordar de sobressalto, não acreditava que tinha adormecido. O louro não parava de chama-lo e dizer para que tomasse cuidado. Quando ia levantar a mão para verificar a temperatura do garoto, percebeu que este a segurava com força e assustou-se, não pelo fato de estarem mãos dadas, mas sim por senti-la tremer e suar frio. Com a outra mão mediu imediatamente a temperatura. Estava quente, realmente quente, retirou a mão da dele cuidadosamente, levantou-se para ir à cozinha buscar água para o remédio que Hikaru havia deixado caso Omi tivesse febre, mas antes de atingir a porta foi detido pelas palavras ditas, em delírio, por Omi:

- Aya...eu... eu te amo... não vá embora...fica comigo....

O ruivo se alegrou com tais palavras, voltou e beijou carinhosamente a testa do enfermo.

- Não vou sumir.... e ... também te amo, vamos conversar melhor quando você melhorar.

Saiu, mas sem perceber que era observado o tempo todo pelo lado de fora. Ao fechar a porta o ser que até então se escondia, adentrou o quarto pela janela.

- Então você o ama... interessante. Com isso as coisas vão ficar mais divertidas do que imaginei....

No meio do trajeto até a cozinha, Aya decidiu voltar, algo lhe dizia para fazer isso.

Já de volta ao local de onde saíra, sentiu um enorme desespero por não encontrar Omi na cama.

- É isso que procura?- disse uma voz que vinha de um canto atrás de si, fazendo-o virar e ver Omi nos braços de um sujeito, que provavelmente era quem procuravam.

- Desgraçado!! Como ousa?!! Devolva-o agora!!!!

- Sinto muito, não posso... assim vou perder minha diversão... - disse com tom sarcástico.

- Bastardo!! Eu... - antes que pudesse terminar acertaram-no fortemente na cabeça e ele desmaiou.

- A diversão vai começar.- virou -se para figura feminina que havia atacado Aya - Vamos, logo os outros voltarão...

CONTINUA

Sugestões, críticas ou os dois me mandem um e-mail

[email protected]



Weiss
Hosted by www.Geocities.ws

1