Cortes...

Nívea

Depois que começara a contar, já era a sétima vez que parava, hesitante.

Não deveria ter posto sequer o pé para fora de casa. Agora, que estava tão próximo de seu destino, não retornaria.

Mas aquele não era seu destino. O seu se encontrava ao lado do de Sano, que era seu amor.

Porém, sempre nos desviamos do caminho que nos foi traçado. Não importa quão bom esse caminho se mostre. Ele será traído, de qualquer forma.. Resta somente esperar que a traição seja perdoada.

Foi com esse pensamento que Kenshin se decidiu a continuar. É verdade que parte daquilo tudo era culpa de Sano. Pedira tanto para que ele não fosse ao encontro com Saitou. Aquele filho da puta era uma ameaça considerável.

Esse era um dos motivos. O outro era que, tinha algum tempo, sentia a necessidade de fazer sexo, pura e simplesmente. Sem amor ou preocupações. Que quando acabasse, não houvesse sentido algum em abraçar o corpo do outro. Queria ser fudido como um animal e pronto! Quem melhor para isso que Hiko, aquele cavalo de raça?

Se bem que não precisava fazer sexo com o mestre. Seu objetivo era aquele mesmo, baixo e inevitável, chamado vingança. E das mais tolas. Sano, ele sabia, era totalmente sincero. E odiava Saitou.

Sabia melhor ainda que ódios extremos quase sempre têm como alimento favorito o desejo. Principalmente quando a pessoa odiada ostentava aquela cara de dono maléfico de bordel. Saitou olhava para seus adversários como se todos fossem putos fugidos de seu domínio que receberiam o devido castigo pelas mãos dele, o cafetão supremo.

Receava que Sano terminasse cedendo diante da personalidade de Saitou. O tempo tira a novidade das coisas. Não era justamente por isso que ele esquecera a decência e estava indo ao encontro de Hiko? Por, apesar de quase enlouquecer toda vez que fazia amor com Sano, sentir falta de ser rasgado, sem considerações?

Adorava tocar e ser tocado com cuidado, ser tomado com gentileza, gozando mais pela intimidade compartilhada que pelo sexo em si. Tirando a primeira vez, sua vida sexual com Sano estava assim. Deliciosa a maior parte do tempo, mas, às vezes...

Já estava divagando demais. Olhou para o céu, que se mostrava cinzento, sem estrelas. Teria de correr se quisesse chegar antes da chuva. Como dizem, quanto menos se sabe, melhor se dorme. Ou mais rápido se fode... por aí...

Queria muito que fosse com Sano, mas parecia-lhe impossível trepar e fazer amor com a mesma pessoa.

Começou a correr, mas não foi longe. Quando passava por uma grande árvore, sentiu seu cabelo ser puxado com força. Perdeu o equilíbrio, conseguindo, porém, alcançar sua espada e virar-se para golpear o que quer que estivesse oculto atrás daquele tronco. Mas não achou nada, apesar da mão que ainda prendia seus cabelos.

"Não, não, Kenshin Himura! Muito previsível. Estava pensando em quê para cometer um erro tão imbecil? No morador da única casa que existe na direção que você seguia?"

Seu cabelo foi solto e ele foi virando devagar, mesmo não precisando de tanto para saber quem era. Conhecia perfeitamente aquela voz, embora não naquele tom que, tão rápido, já conseguira desperta-lhe a culpa.

"Sano! O que está fazendo aqui?"

"Seria o mesmo que você? Imagine que interessante, Kenshin, se Hiko sentasse em meu pau também, pelas suas costas."

"Não fale assim! Não fica bem em você. E não use o que te disse contra mim. Nem meta Seijuurou na conversa."

"Não, né? Aquele cachaceiro arrogante te faz feliz. Eu te deixo entediado. Preocupar-me com você, não te machucar, não te tratar como uma puta é o que fica bem em mim. Mas isso é monótono. O retalhador gosta de escrotidão e sai correndo abanando o rabo para seu mestre comer. E fica com o idiota aqui em casa para aliviar seu cacete quando estiver cansado demais para procurar coisa melhor."

A capacidade que o coração tem para trocar suas máscaras... No início, o seu apressou-se em adotar a máscara da culpa. Trocou-a, em seguida, pela da calma. Mas, conforme as palavras de Sano tornavam-se mais duras e afiadas, como as espadas, seu coração fundiu a da raiva e a do cinismo, na tentativa de enganar-se com elas e evitar colocar a da dor. Porquanto sabia que se vestisse a máscara certa, não poderia continuar. As palavras de Sano tinham a lâmina apontada para o meio exato do seu coração. A máscara da dor não suportaria.

"O que foi, querido? Está atacado porque Saitou esporrou muito rápido e não esperou por você?"

"Como é, porra?"

"Ora, Sano, me deixe! Vai dizer que não fudeu com ele? Que, como eu, não estava querendo um pouquinho de animação? Ele não te cavalgou direito hoje? Ele quem come, correto? Eu sei que você gosta de levar e..."

"Desgraçado, miserável! Você foi o único, Kenshin! Nunca houve e jamais vai haver outro homem. Maldito o dia em que descobri que te amava! Sentimento dos infernos! Mas você não pode entender essas coisas. O que te interessa é abrir as pernas para o mundo enterrar a pica. Desfrutável! Vadio!

"Ah, paixão! Perdoe-me! Você não faz idéia o quanto me importo. Eu entendo, acredite! Disse aquilo somente para..."

"Cale a boca!"

Desamarrou a faixa vermelha que lhe cobria a testa e forçou Kenshin a envolver o tronco da árvore com os braços, atando suas mãos com ela. Rasgou-lhe as roupas molhadas pela chuva que já caia havia muito.

Afastou-se, para admirar o corpo amado. Kenshin tinha se ajoelhado, o rosto encostado na árvore, os cabelos soltos do cordão que sempre os moldava, desalinhados, ruivos, manchando o marrom do tronco.

Sano segurou seu sexo, libertando-o da calça. Começou a se masturbar, muito devagar, deslizando a mão da base até a glande, acariciando-a um pouco e percorrendo o caminho de volta.

Desviou os olhos do que fazia para o outro, que o olhava deliciado. Assumiu uma expressão séria e caminhou até ele, separando-lhe as pernas com os pés.

Kenshin levantou os olhos e esboçou um sorriso leve, conciliador, mas Sano ignorou. Seus tornozelos foram agarrados e todo o seu corpo foi erguido por eles.

O interior de seus braços ardiam, os cortes abertos roçando na seiva que escorria. Sano tinha sido tão bruto, puxando-o daquele jeito do princípio do tronco para a altura de seu órgão rijo. Sentia a pulsação dele de encontro a sua entrada...

Um de seus pés tocava o solo. Era seu único apoio, fora as mãos de Sano; uma castigando seus mamilos e a outra cravada em sua cintura.

A passagem foi exigida com tanta aspereza que mesmo louco de desejo como estava, não pôde conter um protesto.

"Não, benzinho! Não, por favor!"

Sano desceu a mão de sua cintura, parando em sua coxa, apertando primeiro para depois afastá-la, expondo-o. Fechou os olhos, esperando a dor cortante. Nunca havia sido assim... nunca sem carinho...

Quase foi partido em dois. Sano o invadiu inteiro, cada centímetro passando como um raio entre suas pernas e desaparecendo dentro dele, sua carne quente e apertada entre os dedos do amante, assim como em volta daquilo que o assaltava sem piedade. Lábios sedosos, que antes só sabiam sussurrar e beijar, agora estavam silenciosos e mordiam.

A violência e a fome com que Sano o possuía eram tão intensas que estava prestes a perder a consciência, exceto por uma parte de seu corpo que estava abandonada lá embaixo, e que ele esfregava a ponta contra o tronco na sua frente, machucando-a, procurando desesperadamente por alívio.

"Sano, deixa pelo menos eu me tocar! Por favor, solta meus braços!"

Dedos longos e macios fecharam-se em seu sexo, trazendo o calor que tanto ansiava. Mas Sano não permitiu que se acostumasse ao toque. Estava atacando-o pela frente com o mesmo ímpeto que o atacava por trás. Rude, descuidado e... perfeito!

"Sano, eu te..."

Não terminou. A saliva escorreu da língua dele para a sua, o sêmem escorreu do corpo dele para o seu e a sua seiva escorreu para curar cortes diversos dos que a seiva da árvore tinha feito arder...

"Você quase me inutilizou, Sanosuke Sagara! Vou querer de novo!"

"Kenshin, por que você não me falou o que estava sentindo? Parecia sentir prazer do jeito que nós fazíamos. Por isso não tentei algo mais brutal, ultrajante e traumático."

"Ultrajante e traumático? Só você para me fazer rir de uma coisa dessa. Claro que sentia prazer, amor! Mais do que tudo. Só que de vez em quando é bom variar."

"Realmente! Inclusive, eu tenho um pedaço de madeira com uns pregos enterrados, sabe? Tão meio enferrujados, mas não tem problema. Hum? Amanhã vai ser emocionante!"

"Porra! Assim também não!"

"Quem resolve sou eu! A partir de agora vou ser enérgico com você, Kenshin! Encheu minha paciência, te desço a porrada!"

"Ai! Que caralho!"

"Que foi, que foi?"

"Mordi meu lábio! Está sangrando..."

"Oooh! Deixe eu dá um beijo no dódói para passar!"

"Ah, que gostoso! Passou completamente!"

"De quem é essa boquinha?"

"De Sano!"

"E esse pau lindo, de quem é?"

"É seu! De mais ninguém!"

"E esse rabinho fofo, rosinha, apertadinho?"

" Puta que pariu! Começou a baixaria!"



Rurouni Kenshin
Fanfiction
 
 
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