Coragem

 Miaka Yuuki

O sol brilhava intensamente àquela tarde, mas o dia não estava quente, pois o vento soprava, acariciando os belos cabelos negros de Touya. Como quase todas as tardes, tinha ido até a casa de Yukito para estudar e, enquanto seu amigo arrumava a estante, ele ficou ali, apenas sentindo a brisa tocar suavemente o seu rosto.
O quarto de Tsukishiro era de tamanho razoável, todo branco, inclusive os móveis. Tudo muito bem organizado e limpo, e além disso, era muito confortável. Recobrindo as janelas havia cortinas de tecido translúcido que bailavam ao vento juntamente com as folhas secas que caíam da árvore em frente à casa, dando mais leveza ao ambiente. A cama era macia e a decoração era simples, em tons claros e de muito bom gosto.
Kinomoto suspirou, não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo. Já conhecia Yukito há seis meses e toda vez que estavam juntos, se sentia à vontade, feliz... No começo, pensou que fosse besteira, que iria acabar logo, contudo, meio ano se passou a sensação continuava. "Por que me sinto assim? Isso não pode estar acontecendo comigo! Eu não posso..."

- Vamos estudar o que hoje? – O coelho da neve interrompeu seu pensamento.
- Hmm... História? – Sugeriu, virando-se de frente para seu amigo.
- Tudo bem. História. – Concordou, dando um sorriso.


Voltou-se para a janela outra vez. Era muito difícil pensar que estava apaixonado por seu melhor amigo. Cada vez que isso passava por sua mente, se sentia traído por seus próprios sentimentos. Já havia até tentado namorar uma garota para tentar esquecer isso tudo, mas não adiantou nada. Toda vez que via Yukito, seu coração batia aceleradamente e ele não podia evitar dar um dos seus mais belos sorrisos.
Tsukishiro pegou um livro e sentou-se na cama.

- Vamos! Seja lá o que esteja pensando, tenho certeza que não cai na prova!


Touya deu um sorriso meio sem graça e corou levemente. Sentou-se na cama, de frente para seu amigo.
Estudaram durante a tarde toda e Kinomoto não conseguiu se concentrar nem por um minuto. Ficava só olhando o belo rosto do belo rapaz de cabelos acinzentados enquanto este lia um parágrafo do livro de História. Era incrível como a presença dele o acalmava e reconfortava. Poderia ficar horas só o observando, sem dizer nada, nem mesmo uma palavra.

- Ai... estou com uma fome! Vou fazer alguma coisa para a gente comer. – Disse Tsukishiro, sempre sorridente. – Vamos!


Touya assentiu com a cabeça e seguiu seu amigo até a cozinha. Havia passado a tarde toda admirando a leveza dos traços e seu rosto, observando a maneira de falar, olhar, rir... Ele não aceitava, mas não podia se conter. O sentimento era forte demais para manter-se escondido. "Eu não vou conseguir acabar com isso e nem abafar dentro de mim. Mas qual será a reação dele quando souber? Vai rir da minha cara... vai me ignorar... Aahhh!!! O que eu faço???"
Na cozinha, ajudou Yukito a fritar uns bolinhos de arroz.

- O que foi, To-ya? Você está tão pensativo hoje...
- Err... não foi nada, Yuki! – Corou novamente. Ficou tão sem graça com a pergunta de Tsukishiro que acabou se queimando. – Ai! Droga!
- Vou pegar um remédio para passar na sua mão. – O coelho da neve abriu um dos armários e retirou uma pomada para queimaduras. – Deixa eu passar isso aqui que vai parar de arder.


Kinomoto desligou o fogão e sentou-se em uma cadeira, junto à mesa, então Tsukishiro sentou-se em outra ao seu lado, pegou a mão ferida de seu amigo e começou a passar o remédio. Touya olhava profundamente os olhos de Yukito, parecia perdido em seus pensamentos, estava longe..."Yuki... eu... eu te... amo."
Ele precisava fazer alguma coisa para demonstrar todo o seu amor para Yukito. Não sabia como ele iria reagir, contudo, precisava arriscar, ou nunca conseguiria viver em paz. Já havia deixado um amor fugir e não queria fazer isso de novo. "Preciso ter coragem."

******
 

Yukito sabia se controlar muito bem, porém aquela situação era demais para ele. Enquanto massageava a mão de Touya com todo amor e carinho que tinha por ele, se concentrava para não agir, pois o clima entre os dois havia esquentado, mas embora quisesse fazer alguma coisa, sabia que não deveria.

- Yuki... – Touya estava sério, seus olhos brilhavam como Yukito nunca tinha visto antes. Fitava Tsukishiro de forma intensa, sem ao menos piscar.
Yukito colocou suavemente o dedo indicador nos lábios de Touya.
Os dois se olharam intensamente durante alguns minutos. Sentiram seus corações acelerados ao mesmo tempo que um calor crescia dentro do peito, enquanto pequenos arrepios percorriam suas costas e suas faces estavam quentes.
- Desculpa... – Disse Tsukishiro meio sem graça, interrompendo o silêncio e voltando ao fogão para continuar fritando os bolinhos.
Kinomoto ficou estático. Estava extremamente desapontado. “Droga! Por que é tão difícil?”
******

 
 

- Hum... estavam uma delícia!Você tem talento pra cozinhar, Touya!

- Obrigado! – Respondeu, meio tímido. – E o que vamos fazer agora? Ainda não quero ir pra casa...
- Vamos pro meu quarto, lá a gente decide o que fazer.
Touya assentiu com a cabeça e seguiu seu melhor amigo até o cômodo. Lá, ligaram a tevê e sentaram-se na cama, um do lado do outro. Estava passando um filme e os dois resolveram assistir.
Depois de algumas horas, Tsukishiro acabou dormindo, apoiado no ombro de seu amigo. Kinomoto deitou-se e o acomodou sobre seu peito, abraçando-o. Yukito aconchegou-se e suspirou.
“Parece um anjo... Se você soubesse o quanto é importante pra mim... Queria ter você assim pra sempre, bem juntinho, mas é tão difícil... A verdade é que te amo, mas tenho medo de dizer. Essa situação é muito confusa, não sei mais o que eu faço. Já não agüento mais esconder isso... quero ficar contigo para sempre, mas não sei se seria possível... não sei se você quer. Te amo desde o primeiro dia que te vi, e não tinha me dado conta desse fato. Já se passou muito tempo e agora eu sei o que você realmente significa para mim. Não vou perder você.”
Touya inclinou a cabeça sobre o rosto de Tsukishiro e beijou-lhe os lábios suavemente. Yukito abriu os olhos e correspondeu o beijo. Pôs as mãos espalmadas no rosto de Kinomoto, puxando-o mais para perto de si e tornando o momento mais intenso. Separaram os lábios e então fitaram-se.
- Yuki... eu...
- Shhh... Não diga nada. Eu sei. – Disse dando um lindo sorriso.
Abraçaram-se por um longo tempo. Ambos estavam muito felizes, e de agora em diante, viver seria maravilhoso...

Miaka Yuuki Fev/01

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Estes personagens não pertencem a mim, a série Card Captor Sakura pertence a CLAMP e Cia. Esta fanfic é minha, portanto, se eu encontra-la em HP’s que não tiveram minha autorização para posta-la, os responsáveis estarão muito encrencados! Ò_Ó


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