Consumação

Nívea
 

A solidão já estava começando a incomodar. Por muito tempo tinha sido uma boa amiga. Conselheira, na verdade.

Precisava estar sozinho. Acreditava que, mesmo tendo fechado a cortina para seu passado, terminaria por condenar qualquer um que estivesse ao seu lado.
Suportara o isolamento com facilidade. Nunca amou, verdadeiramente ninguém para que o peso da solidão fosse demasiado. Antes, nunca. Mas, e agora?

Kenshin contemplou as árvores imensas que dominavam a paisagem. Não estava tão só, afinal.
Diante daquelas árvores que, com a plenitude peculiar a tudo na natureza, pareciam tão velhas quanto o mundo, percebeu que não podia mais negar o amor que sentia por Sano, a necessidade constante da presença dele, porque, no fim, sabia-o, então, pois as árvores tinham dito, era apenas humano.

"Posso saber o motivo que te levou a sumir a semana inteira?"

"Sano?" Pretendia confessar seu amor, mas não assim. Depois de um susto desse, seria impossível.

"Quem mais, Kenshin?"

"Desculpe! Eu precisava treinar e..."

"Por que está mentindo? Não confia em mim? No máximo, sentado, olhando para o nada desse jeito, você estaria treinando para ultrapassar a linha do horizonte. Se não me engano, essa não é a sua especialidade, é?"

"Detesto ironia, Sano! Sendo você o autor, machuca mais que tudo."

"Não foi minha intenção. Estava brincando. Preocupo-me com você. Não tanto quando luta. Sei que é quase imbatível. Mas essa distância me atormenta. Eu o amo e você não permite intimidade nenhuma."

"Sano, eu não sabia que me amava!"

"Como não? Você é meu melhor amigo."

"Ah, sei..."

"Que descaso! Não sente o mesmo?"

"Sinto! Sinto tanto, que me dói a certeza de que jamais serei correspondido."

"O quê? Não entendi."

"Deixa para lá!"

"Diz, por favor!"

"Você não vai gostar de ouvir."

"Está lendo pensamento também, é?"

"Não. Mas existem certas coisas que..."
 
"Que você não sabe, ó esfinge suprema!"

"Está me magoando."

"Por favor, Kenshin! Sou seu amigo e sou o mais fiel. Não preciso nem dizer."

"Quero sua fidelidade, mas não quero ser seu amigo."

Por que é tão difícil conter as nossas lágrimas quando as de quem se ama estão já seguindo um curso próprio, como os rios?

Viu a face de Sano completamente molhada e, soluçando, devido ao choro que modificara tão inesperadamente suas feições, admitiu.

"Quero ser seu amante, Sano!"

Olhos dourados fixaram-se nele. Belos e raros. Olhos azuis ou verdes eram nada perto daquele esplendor da cor do sol.

"Disse que não ia gostar de ouvir."

"Amantes? Isso implica em sexo, não é?"

"Também. Vai me odiar, agora?"

"Não sei como se faz."

"Como se faz o quê?"

"Sexo."

"Você não é virgem, Sano."

"Sexo com um homem."

Aquilo ia ser complicado. Esperava que Sano fugisse, ficasse indignado, mostrasse asco. Ficaria desolado, mas já se acostumara com as cicatrizes. Porém, diante daquela naturalidade, daquelas perguntas que eram quase um convite, não sabia o que fazer.

"Perdão! Falei sem pensar. Vamos voltar para casa, está bem?"

"Voltar? Mas acabei de chegar, Kenshin. Aqui é tão bonito. E quero conversar mais."

"Está variando, Sano? Acho que você não entendeu o que eu disse. Por que está alimentando isso? Você não gosta de homens."

"No plural, não gosto mesmo. Mas amo um homem em especial."

"Acredito! Só que você me ama como amigo. E nós não fudemos com todos que amamos."

"Que termos lindos, Kenshin! Não se precisa de sentimento algum para fuder. Não sei se você sabe fazer uma coisa... Do jeito que está desbocado, não deve saber."

"Fala! O quê?"

"Sabe fazer amor?"

"Não."

"Que pena! Queria que me ensinasse. Mas você já foi casado..."

"Eu não amava. Agora, amo! Amo muito!"

Nenhum inimigo conseguiu causar tamanha surpresa como os braços de Sano ao redor de seu pescoço. Estava sendo abraçado com tanto carinho que mal podia segurar as lágrimas.

Mas não ia chorar outra vez. Sentiu o sexo rijo, vigoroso, roçando em seu corpo, enquanto Sano procurava se acomodar entre suas pernas.

Seu rosto foi coberto por beijos suaves, e sua boca recebeu o último presente, mais úmido, mais profundo, mas igualmente breve. Sano estava deitado, então, na sua frente, oferencendo o corpo esguio, delicioso.

Teve ímpetos de mordê-lo todo, mas se conteve. Sabia que seu amigo, seu amor, estava esforçando-se muito para entregar-se daquela maneira, e não podia frustá-lo com sua ânsia.

Apoiou as mãos nas coxas de Sano, apartando-as, e ficou admirando o pontinho rosado entre suas nádegas, Tão pequeno...

"Fica olhando assim não. Tô com vergonha!"

"Não tem motivo para sentir vergonha. Tudo em você é lindo!"

Deslizou a língua em torno da entrada quente, preparando-a. As pernas de Sano tremeram, atestando que estava no caminho certo. Empurrou a ponta da língua, entrando, ultrapassando, de leve, a barreira, como uma pequena amostra do que estava por vir.

"Faz amor comigo, Kenshin! Por favor!"

Ao ouvir isso, perdeu o pouco controle que ainda mantinha. Mordeu os lábios de Sano, fazendo o sangue escorrer por entre o beijo, agarrando-se ao corpo embaixo de si com tanto desespero, que não encontrou passagem.

"Devagar! Está me machucando. Faz devagarinho!"

Parou, ofegante, procurando recobrar a calma. Sustentou, então, as pernas bem feitas em seus ombros, e foi penetrando-o lentamente, aos poucos, forçando, a cada nova investida, mais do seu sexo, que latejava de tão intumescido, dentro da carne macia.

Tão diferente das outras vezes...
Antes, tinha sentido muito prazer. Mas o vazio, aquele abismo que se abria no seu coração depois que terminava seus encontros furtivos, impensados, estava agora fechado e, certamente, jamais voltaria. Não com Sano.

"Eu não consigo mais, Kenshin!"

"Está doendo? Quer que eu pare?"

"Eu... não... Ahhhhhhhhhhhh!"

Passou seus braços por baixo dos de Sano, cravando suas unhas nas costas do amante, invadindo-o até aquele ponto derradeiro, que o fez gozar, mais rápido e mais forte do que jamais havia sido antes.

"Quer parar de ficar olhando para minha pôrra, Kenshin? Venha para junto de mim!"

"Êta, Sano! Precisa falar assim? Estava olhando para seu sêmem, porque nunca foi tão intenso e foi ao mesmo tempo... eu e você."

"Desculpe! Só quis ser metalinguístico. É que já estou sentindo a sua falta. Vem cá, amor, vem! Vamos fazer de novo?"

"Quantas vezes quiser, Sano! Sempre..."



Fanfics de Kenshin
 
 
 
 
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