A ARTE DA PALMADA

Astásia


Hmmm... Que frio...

Arrepios de frio por suas costas, eriçando cada pêlo. Estranho. Se era inverno, e suas cobertas, grossas, portanto, que sensação era aquela?

Sem abrir os olhos, Kurama soube quem estava ao seu lado, na cama, quando percebeu um volume bem próximo, ao longo de seu corpo, quando tentou rolar. Outro arrepio, mas não exatamente de frio. Abriu os olhos quando já achou que não seria mal esquentar-se com o pequeno youkai de fogo, em vez de usar o cobertor, que aliás, não havia escorregado para o chão... Estava todo enroscado em torno de Hiei, fazendo com que ele, Kurama pensou, segurando uma gargalhada... parecesse um empanado. Empanado de Koorime. Uma iguaria deliciosa, realmente...!

Via uma parte da testa enfaixada e o tufo sedoso de cabelos negros, saindo para fora do rolo de cobertor.

"Ei...Vamos, acorde, me devolva a coberta!" - Pediu, sacudindo-o de leve e até tentando acordá-lo com um beijinho sobre o nariz, o que sempre quase matava Hiei de cócegas. Entendeu que Hiei resmungou algo não muito educado e rolou de novo para o lado.

A nudez de Kurama arrepiava-se toda, sensível ao frio, sensível às idéias que o despertaram... Mordeu o lábio e caiu na tentação de fazer uma travessura perversa com seu amor. Mas antes... Inclinou-se sobre ele para Ter certeza de que o sono era pesado o bastante.

Olhou-o de perto. Nada.

Beijou seu rosto de leve. Nada.

Disse o nome de Hiei, em seu ouvido, e ele estremeceu um pouco mas não se mexeu. Nada, portanto.

Fingiu morder sua orelha. Nada novamente.

Última tentativa, que nunca falhava, exceto em casos extremos: lambeu o canto dos lábios pequenos e entreabertos de Hiei. Nada mesmo.

Recuou num pulo antes de ceder a rir com a vontade antecipada. Respirou fundo e sentou-se direito na cama, com um sorriso perverso no rosto inocente que há tempos que não era mais confundido com o de uma garota. Já era um humano adulto, como Hiei falava, como se falasse de um animal ou de uma planta, mas ele, com aquele espírito tão velho em si, tão irresponsável, ao mesmo tempo... Cedia vezes e vezes ao desejo de irritar Hiei até limites inacreditáveis, crendo sempre que seria perdoado, ou crendo eternamente que ainda poderia pedir desculpas a seu amante, se ele realmente passasse dos limites.

Mas Kurama, quando o Youko parecia tomar as rédeas da sua vontade, também não gostava de pensar nisso. E a ponta da coberta, ele viu com olhos verdes de uma alegria malvada, estava bem aparente, debaixo de Hiei. Tomou uma ponta com cada mão, e pôs um pé apoiado bem onde estava a curva da cintura do youkai. Respirou fundo para tomar fôlego, o cabelo acompanhando seu movimento, espalhando-se nos ombros pálidos e tensos. Sorriu de novo e passou a língua nos lábios, pronto para a segunda parte de seu plano...

Hiei estava de fato profundamente adormecido, exausto, suas coxas ainda tremendo da longa tarde que passou com seu amante ningen... ningen em aparência, ele pensava quando via Kurama vir para cima dele com olhos de cobiça e aqueles breves estremecimentos de excitação, que só ele percebia no corpo de sua Raposa, no entanto, ele era tão insaciável quanto qualquer dos mais selvagens youkos.

Sacudia-o nas madrugadas, quase amarrando-o na cama para que passasse mais tempo com ele, naquela coisa em que Kurama estava morando, agora... Como se chamava?... Ah, apartamento. Mesmo quando haviam se tornado amantes quando Kurama ainda morava com sua mãe, e o perigo era presente... A Raposa parecia não se dar conta disso, vez por outra deixando escapar um gemido mais alto, ou um grito, que Hiei pensava muitas vezes ser de propósito para deixá-lo nervoso, e sempre fazia o milagre de arrancar um ou outro do próprio Hiei. Não que a apreensão não tornasse tudo mais urgente, mais desesperado, e talvez por isso mais prazeroso, mas será, Hiei perguntava-se, que não seria mais fácil se ele fizesse isso quando estivéssemos sozinhos?

Agora, estava sozinho com ele, afinal, em seu sonho, mas não na opressão do tal apartamento. Estava numa daquelas frescas e bem calorentas clareiras no meio de um Verão qualquer, no meio de uma floresta qualquer, esperando com o coração aos pulos que sua Raposa viesse tomá-lo e ela já vinha, sorrindo, cheia de péssimas intenções, cheia de idéias para levá-lo à loucura, fazendo Hiei ficar de bruços, afastando suas coxas delgadas e levemente musculosas... Fazendo-o implorar, ao perceber o peso suave bem no meio das costas... Sim. O peso aumentou gradativamente em que sentia-se mais arrebatado pelo ato até...

O prédio todo pareceu tremer com a força do baque, e despertou todos os viventes à mais de três quarteirões de distância com o barulho que atravessou a madrugada.

Hiei ficou um momento estatelado no lado da cama, sem acreditar que aquela maldita Raposa fizera de novo. Pelos deuses, deveria estar todo roxo, agora, doía até respirar, e Kurama estava ali, cautelosamente na beirada da cama, escondendo o riso vitorioso detrás da coberta que servia de troféu, seu rostinho pálido bem visível na penumbra do quarto. Hiei grunhiu, rangendo os dentes... De novo?!

Sempre pelo mesmo motivo.

Quando estava frio, Kurama usava aquelas cobertas grossas e quentes, e insistia para que Hiei ficasse embaixo delas com ele, esquentando-se no seu corpo de demônio de fogo, mas Hiei tinha um sono agitado, e sempre puxava o cobertor para si, e se enroscava nele, e a ponta da cobertas, sempre ficava debaixo dele, era quando Kurama apoiava um pé no meio de suas costas, tomava impulso e as pontas do tecido nas mão e o empurrava de uma vez para o chão, fazendo-o rolar da cama.

"Eu vou te matar!!"

Pulou para a cama quase a tempo de segurar Kurama pelo cabelo, furioso, mas também ainda vivendo a excitação de seu sonho, rosnando de raiva quando a Raposa pulou para o chão e sumiu debaixo da cama, rindo, com delícia, sabendo que Hiei nunca falava sério, e apesar da zanga, não ficava com tanta raiva que depois não aceitasse um beijo de desculpas.

"Volte aqui, sua raposa estúpida!! Que pensa que está fazendo me jogando da cama assim?!"

"E você, não tem mais respeito com os mais velhos? Eu posso encher o seu traseiro de palmadas por tomar as cobertas de um youko de mil e quinhentos anos, sabia?"

"Ah, é?? Venha aqui que eu vou fazer você aprender uns bons modos!! Essa brincadeira idiota só tem graça para você!!!"

E Kurama ria, com vontade, exilado debaixo da cama, a despeito do cheiro de pó no meio daquele lugar desconfortável e escuro. Brincou de colocar um pé para fora da beirada de debaixo do lençol pendurado na ponta dela, balançando, sabendo que, e de fato aconteceu, Hiei pegaria-o e tentaria puxar, mas ele também tinha força, e quando encolheu sua perna, Hiei perdeu o equilíbrio, e ficou de quatro no colchão, e mesmo quando não segurava mais o tornozelo de Kurama, continuou naquela posição, com a cabeça quase inteira debaixo da cama, também.

"Eu estou cansado dessa sua piada de mau gosto! Vai congelar se depender de mim!! Vou queimar todas as suas cobertas!! Vou jogar você da cama!! Vou te matar!!"

Seus olhinhos grandes e vermelhos faiscaram no escuro, descobrindo tudo o que havia ali, ainda escutando o riso de seu amor, mas simplesmente, não o via... Desapareceu da sua frente. E Hiei... ele continuou naquela posição, sem se dar conta de que era exatamente o que Kurama pretendia, deixá-lo completamente a mercê de desejos inconfessáveis, vulnerável a todas as loucas vontades daquela Raposa. Os segredos de seu corpo estavam todos ali, revelados a cada momento, um pouco mais, quando ele se mexia, não podiam ser vistos, de fato, e sim... entrevistos, de momentos em momentos, e Hiei permanecia de quatro na cama, inclinado para a frente, e sem querer, ele mesmo se recordava de como sua fogosa Raposa gostava de tomá-lo assim, fazendo seu cabelo de rédeas, apertando seus quadris entre suas coxas, domando-o, enquanto o cavalgava.

E apenas esta lembrança era suficiente para lhe provocar um temor que o fez consertar-se, o riso havia sumido, e restava um silêncio tenso ao redor de tudo. Kurama havia sumido. O que havia ainda dele no quarto era uma espécie de ofegar, ou talvez Hiei estivesse respirando tão ruidosamente que confundia seu respirar com o dele... Via todo o quarto, independente da luz ou da falta de luz, mas não via Kurama.

O que viu...foi...uma ponta de cauda, ondulando pelo lado da cama.

Parecia um daqueles filmes que passavam na caixa brilhante... t-e-l-e-v-i-s-ã-o ...

E como nas mesmas histórias, sentiu que se paralisava no mesmo lugar. Estava estático quando concluiu de quem poderia ser aquele rabo felpudo passeando pelo lado da cama. Até quando não o viu mais, o medo continuou. O que ia fazer agora? Ameaçar? Gritar? Não, isso não ia adiantar. Pedir para ser poupado de mais uma noite extremamente deliciosa, em que seria violado de forma nem sempre delicada?... Não, implorar, jamais. Era mais seguro ficar imóvel. Talvez fosse como na maioria das vezes: o Youko vinha, e por alguns momentos, ficava vagando alí, cheirando tudo, na sua forma de raposa de quatro rabos, ou com a outra forma, tratava-o como se nunca o houvesse visto, quanto menos, dividisse a cama com ele. Estranho como as vezes, o Youko não guardava recordações de sua forma humana e Shuuichi nem sempre se lembrasse facilmente do que fazia como Youko...

A ponta apareceu de novo, e passeou ao redor da cama por mais tempo agora, sumindo enquanto parecia ir para trás de Hiei. Alívio. O youkai suspirou, e achou que estava a salvo, e descobriu que estava suando frio. Agora, era esperar que seu Shuuichi doce e travesso aparecesse de novo, mas... Engasgou segurando um grito de susto, quando o Youko pulou para a sua frente, apoiando dois longos braços pálidos, cruzados sobre a beirada do colchão.

"Buu!"

Hiei sem querer deu um pequeno grito, de medo incontido, de surpresa. A forma de youko de Kurama era desconcertante. Não se parecia nem de longe com a forma ningen, possivelmente só quando... Curioso, ele só se parecia consigo mesmo quando dava aquele sorriso que dava agora. Mostrava os dentes brancos e afiados quando sorria assim na forma demoníaca, fazia questão de fazer isto.

"Vai ficar aí, me olhando?"- Hiei disparou, recuando mais e nem se dando conta de que queria fugir, e estava chegando na beirada do outro lado quando notou, no riso estranho e sádico do Youko, que ele não queria apenas brincar, que não viera para ignorá-lo. Talvez nem o estivesse reconhecendo, mas reconhecia, com toda certeza, que aquela coisinha pequena e zangada iria servir para os seus propósitos pervertidos.

O Youko continuou rindo. Num bote, ergue-se para segurar os tornozelos de Hiei e puxar.

"Aaahh, me solte, sua raposa dos infernos!" – Ele se contorceu tentando agarrar porções de lençol para se manter no lugar, mas seus tornozelos eram afastados, e o peso sobre si aumentou que não podia se mexer, preso num sufoco familiar, debaixo do Youko que ria com prazer, que estava naquela posição constrangedora, bem entre suas pernas, bem encima de Hiei. –"Eu mandei me largar!!!"

"E quem é você para pensar que vou fazer o que você quer?? Não tente me arranhar!!"- Segurou os pulsos finos de Hiei, falando agora, entre os dentes, antes que uma unhada certeira viessem em seus ombros, e, vejam só..., Kurama pensou, vendo as unhas afiadinhas desembainhadas, ele quer lutar desta vez!!

Arfaram da luta, agora, Hiei desistira de qualquer coisa, e resolvera ser simplesmente indiferente a cada coisa que aquela raposa fizesse. Ignorar seria melhor do que das outras vezes, em que tentara apenas lutar e resistir, seria menos indigno do que terminar a noite implorando para ganhar mais prazer do corpo de seu amante. Relaxou e ele largou seus pulsos, doloridos, marcados das unhas também afiadas que quase se cravaram nele também.

"Aah, agora sim... Estamos nos entendendo. Agora, vamos conversar um pouquinho... "- Kurama se ergueu nos joelhos, ainda entre as pernas de Hiei, para olhar seu troféu, imóvel, tremendo de raiva, atirado no colchão em sinal de vergonhosa derrota.-"... Por que você tem esta mania de me acordar assim? Hein? Não te ensinaram bons modos, menino mau??"

Ele tornou a rir, e tentou mexer no lábio de Hiei, que virou o rosto, indignado, tratado como uma criança... se o Youko não fosse tão imprevisível... se ele não tivesse tanta força sobre sua vontade... se tantas coisas não fossem deliciosamente do modo que eram...!!

"Não respondeu... sabe que é falta de educação tratar assim dos mais velhos? Sabe?"- Segurou-o pelo queixo, e se inclinou para a frente, na sua direção. –"Sabe que eu terei de te castigar? Sabe disto, pelo menos, não é?"- Ele beijou de leve, cruel, e Hiei estremeceu. A pele de Kurama fosforescia no escuro, e sua nudez excitada era uma visão que não tinha segredo algum na penumbra. Estava lá, seus ombros que acompanhavam, amplos, um elevar ou outro do fim do arfar da breve luta, e balançavam com o riso. Devia estar muito engraçado mesmo... Kurama queria que Hiei se visse como ele via: as mãos largadas ao lado da cabeça, todo entregue, todo assim, desfeito, tenso, sem uma única tonalidade em sua palidez de medo, quase tão branco quanto os lençóis debaixo deles. Tão pequeno, tão engraçadinho, diria até, com aquela expressão séria de criança a quem se negou um doce. Criança malcriada, sussurrou consigo, desejando castigá-lo e depois lhe fazer afagos. Quando via Hiei tão indefeso, tinha vontade de judiar dele, ver até onde ia sua resistência. E depois curar as dores dos carinhos mais violentos dos arranhões em seu corpo, das marcas lilases que deixava em suas coxas quando as apertava, enfim, de todas as marcas de uma ternura selvagem, porém, sincera. Ele não sabia, embora do tempo que havia que deitava-se com o Youkai de Fogo, mas eram seus carinhos mais impetuosos que faziam Hiei passar perto de enlouquecer, mas Kurama, em sua outra forma, sabia, e bem fazia sua tarefa de fazê-lo perder a compostura...

"Vai... raposa maldita... vai pro inferno!!" – Rosnou, baixo, quando Kurama se ergueu de novo.

O Youko estreitou os olhos, seu sorriso sumiu. Estava irritado de verdade agora, mais do que acordar com frio a noite, embora não soubesse que aquela era uma recordação de Shuichi, e nem tivesse certeza de que fosse a primeira vez em que acontecesse. O que ele sabia bem era que estava no quarto que habitava quando estava em sua forma de ningen, e que a primeira coisa que viu, quando espiou por cima da cama, foi Hiei inclinado para a frente, olhando embaixo da cama, na posição em que mais gostava de vê-lo, mostrando tudo nele que o Youko mais gostava de ver.

Kurama se afastou devagar, cansado de tentar - Nos seus termos estranhos, aquilo era- ser amigável com seu amante. Hiei se ergueu nos cotovelos, mostrando bem os dentinhos afiados, rosnando.

Afinal, o Youko respirou fundo, e decidiu, já que Hiei não queria receber seu castigo de menino mau por bem...

"Me solte!!!! Me deixe no chão!! Sua raposa desgraçada, por que não volta pro inferno de onde você saiu??? ?!!! Aaaahhhh, me largue e vamos ver quem vai ganhar se for uma luta justa!!"

Lutar? Hiei tentava, mas estava tentando sozinho, debatendo-se sobre o colo de Kurama, de bruços, sentindo que naquela posição, seu traseiro pequeno empinava-se aos propósitos dele. Ele estava sentado na beira da cama, as coxas bem juntas para apoiar o peso do demônio de fogo, segurando-o bem firme de encontro ao colchão, mas também os quadris de Hiei sobre as suas pernas.

Mas, mais firme que suas coxas musculosas debaixo dele, Hiei sentia, era firme a ereção de seu membro, ele comprovava a excitação do Youko, tão perto de si agora. Uma mão apertava com força o meio da suas costas para mantê-lo bem no lugar e a outra, sua mão direita tentava conter o debater das pernas de Hiei, mas também acariciava, e Hiei ficou estático de choque quando os dedos de Kurama foram parar entre suas coxas, fazendo um leve acariciar no calor acetinado que havia lá.

"Não!!!!!!! Me solte!!!" - Disse num desesperado fio de voz, descobrindo que tremia agora mais de prazer do que de medo, e que também excitava-se, com o toque atrevido em sua intimidade e com o cheiro almiscarado que já se desprendia do Youko, o irresistível apelo de seu desejo; só perceber que seu amante exalava aquele perfume de amor já era o suficiente para Hiei sentir-se inevitavelmente ereto e palpitante de antecipação...

As coxas do Youko afastaram-se um pouco. Só um pouco. O que Kurama queria agora? Mais perversão, certamente, sua mão ainda estava lá, os dedos se mexendo em um ritmo quase imperceptível. Indo mais para baixo... mais para baixo, tocando seus testículos macios delicadamente, fazendo o pequeno demônio de fogo soltar um gemido baixo e afinal, um gritinho de surpresa e delícia, quando as unhas da raposa resvalaram sua ereção, achou que ia escorrer-se ali mesmo, nos dedos que o envolveram, mas seu membro foi tão somente guiado para estar entre as coxas de Kurama, que cerraram-se mais uma vez, os músculos fazendo pressão sobre o intruso, e fazendo Hiei arregalar os olhos sem entender nada daquela noite que já não parecia-lhe tão fria quanto a princípio.

Cinco unhas afiadas correram por cima de sua pele, muito de leve, muito carinhosamente, ferindo seu orgulho, em vez de seu corpo, com o suspiro que Youko arrancava dele. A mão que o detinha agora espalma-se toda nele, a outra, amassava-o ainda no colchão, o meio de suas costas, enquanto o adorável relevo de suas nádegas macias era conhecido e reconhecido em todos os seus contornos.

"Sabe, Hiei... Eu o acostumei muito mal, eu não devia mimá-lo tanto... Fazer tantos carinhos e nem ignorar tanto as suas malcriações... Vê o que você faz comigo? Puxa minhas cobertas, me acorda no meio da noite e diz coisas feias..."

A mão ousada do Youko fazia-o arrepiar até as partes mais secretas do corpo de Hiei, e fazia o youkai ondular num instinto mais forte que a força de vontade, os quadris estreitos, contra as coxas de debaixo dele, que respondiam, tremendo também, mas sabendo o que faziam, às pequenas estocadas de um membro túrgido que se esfregava entre elas.

"Mas é hora de isto acabar, meu amor."- Disse-lhe esticando-se para perto do ouvido do youkai de fogo, sussurrando a forma gentil de o chamar, e o chamava assim sempre que lhe fazia malvadezas que deixariam boas marcas. - "Eu vou castigar você, Hiei, e você vai receber seu castigo como o menino mau que sabemos que é, e quando eu terminar com você, eu quero ouvir uma coisa, está bem?"

Hiei pestanejou quando não foi mais amassado contra o colchão, e a mão que o detinha acariciou lentamente , da cintura até a nuca, enterrando dedos compridos na escuridão de seus cabelos, e o beijo que Kurama depositou em sua nuca foi tão desconcertante que fez o youkai afastar suas pernas um pouco, querendo, oferecendo, ofegando, ardendo-se todo no fogo de sua excitação, o membro mais ereto ainda, esfregando-se em cada estocada no interior das coxas musculosas do Youko.

O afagar em suas nádegas era intenso, a princípio, a mão grande espalmada sobre elas corria indecisa dali até as coxas roliças e esguias, como se quisesse enterrar os dedos em sua carne. Até que não seria mal, pensou Hiei, soltando um suspiro de que normalmente se envergonharia, será este o tal castigo? Mas como se Kurama lesse cada palavra em sua mente, a mão que acarinhava seus cabelos ficou mais firme e o toque em suas curvas suavizou-se aos poucos até quase não passar de um roçar sobre a pele, tão leve que fazia arrepiar, até que...sumiu.

Hiei esperava que retornasse, e seu corpo esquecia de continuar esfregando-se nas pernas da raposa enorme que o mantinha no colo, no entanto, a mão direita dele veio se encontrar com as nádegas do demônio de fogo sem nenhum aviso ou suavidade. Apenas um estalo forte e ardido.

*Plaft!*

Hiei não conteve um gritinho de surpresa mais do que de dor, acompanhado por um salto de seu corpo, pareceu-lhe que finalmente Kurama devia estar louco por completo, e que a pressão dos músculos das pernas do Youko aumentava em seu sexo, como se desejando compensar a dor quente que começava a sentir quando Kurama afastou-se de novo para preparar novo tapa...

Aquele era o castigo.

Ofegou. Estava realmente excitado agora, seu pênis aprisionado entre aquelas pernas... estava gostoso, não podia negar. Empinou-se mais submisso ao castigo.

*Plaft!*

A pressão do tapa fez seus quadris lançarem-se de novo, estocando.

"Isto é para aprender a não dizer nomes feios, Hiei."- Sentiu um beijinho do Youko na palma do pé que ele trazia, fazendo o joelho de Hiei se dobrar.

"Raposa maldita!"- Sussurrou, entrecortado, extasiado.

"Será que não vai aprender nunca?"

*Plaft!*

Mais uma estocada firme.

Seu traseiro já estava róseo com aquelas palmadas, quente, mas também palpitante. A cada tapa, a dor súbita o fazia gemer, e esse gemido instigava Kurama a continuar apertando, notando que o local umedecia-se com o líquido que surgia da ponta.

"Me castigue, Kurama, eu preciso...!"

"... Mesmo?" - Sussurrou, deliciado com aquilo que se contorcia sobre suas pernas. - "Era isso mesmo o que eu queria ouvir!"

*Plaft!*

"Aaah... mais! Maldita!..."

*Plaft!*

"...Desgraçada..."

*Plaft!*

"... Pervertida..."

*Plaft!*

"...Tarada..."

*Plaft!*

"...Safada..."

*Plaft!*

"...Sem-vergonha..."

*Plaft!*

"Aaaaahh... Gostosa!..."

Não notava que suas ofensas eram ditas em um ofegar cada vez mais alto, cheio de volúpia, e que as palmadas eram mais fortes, nem percebia mais a dor. O que percebia era que estava mais ereto do que nunca se recordava de ter estado, só mais uma única palmadinha em seu traseiro ardido e estaria jorrando com toda a força entre as coxas de Kurama.

Ele também estava excitado, suas coxas tremiam, e ver seu demônio de fogo contorcer-se de prazer debaixo de tapas, gemendo e querendo mais, com suas excitantes imprecações, puxando porções de lençóis revoltos nas mãos cerradas com tanta força que as juntas estavam pálidas. Sim, Hiei estava a ponto de ter um orgasmo inesquecível, intenso e completo.

O Youko sorriu com a idéia que teve. Seus dentes brancos entressurgiram dos lábios secos. Passou a ponta de uma língua pesada de emoção por ele, como um animal feroz o faria antes de devorar a presa. Iria mostrar a Hiei que era mesmo tudo aquilo que o youkai havia dito... Uma raposa maldita, desgraçada, pervertida, tarada, safada, sem vergonha e... sim, envaideceu-se até não poder mais... gostosa. E faria do gozo de seu pequeno Hiei algo que o impediria de sentar-se no dia seguinte, ainda mais do que por aquele seu castigo por ser malcriado...

A derradeira palmada que libertaria o corpo de Hiei daquela onda de prazer malcontida não veio, o que vieram foram as duas mãos de Kurama para ergue-lo de seu colo, tirar seu pênis inchado e quente do contato com o calor das pernas do Youko, e não teve tempo de protestar, e já sentia-se posto de quatro na cama.

Tentou levar ainda as mãos para seu próprio corpo, tocar-se e dar a si mesmo o prazer que não pôde ter de seu amante, mas sem nenhuma gentileza, seus pulsos foram agarrados e apertados, separados, Kurama fez com que elas ficassem no colchão, com os lençóis ainda mais repuxados, com a violência de todos os movimentos.

Então, uma única, longa, lenta e encharcada lambida preparou o caminho para invasão.

Hiei não lembrou-se da dor que era ser penetrado por ele e nem teve tempo de sacudir-se com um calafrio de medo por causa disso. E para o Youko era quase maior que tudo a tentação de experimentar com a ponta da língua a estreiteza daquela entrada que ele conhecia tão bem, tinha consciência disso, mas queria mesmo era penetra-lo, arrancar-lhe gritos de dor e de muito prazer, pois a urgência de seu corpo também era grande, com as pequenas gotas de amor juntando-se na ponta, e o cheiro da intimidade de seu amado quase fora suficiente para tirá-lo de si, o que não estava tão longe de acontecer, afinal, apenas ver aquele corpinho pequeno e desnudo o enlouquecia.

Era tão pequeno e vulnerável, sedutor, quando era o Youko que o possuía, ambos assim sentiam. Kurama Youko era tão diferente da falsa fragilidade de Shuuichi, era tão maior e tão mais selvagem na cama quanto fora dela, que não havia dúvida de quem tomava Hiei neste momento.

Seu ânus pequeno e apertado palpitou contra a ponta do membro de seu amante, ela, esfregando-se, espalhou a secreção perfumada nele. Hiei ofegava alto, e tentava contorcer os quadris, mas as mãos que o contiam o mantiveram no lugar, e ficaram mais inquestionáveis ainda no instante em que, com toda a força, e de repente e sem pena, a enorme Raposa forçava a penetração. Tão apertado e difícil quanto na primeira vez. Primeira vez... quando fora? Quem fora? Ele ou o doce e romântico Shuuichi? Que diferença fazia afinal?

Hiei não era mais dono de seu corpo e nem de suas vontades, tudo o que havia era a paixão selvagem satisfazendo-o, rasgando-o. Desabou seu peso na cama, não conseguindo mais se suportar apenas nos cotovelos, mordendo lençóis, enquanto o prazer não separava-se da dor e eles eram muito parecidos nestas horas. Ah, e agora? E agora o Youko fazia questão de se inclinar sobre ele, em meio as investidas para dizer-lhe indecências ao pé do ouvido, segurar com força um de seus ombros para mantê-lo firme a cada estocada, arranhá-lo...

"Hmmm... diz alguma coisa, diz?..." - O Youko riu de leve, descontraindo assim um pouco, a expressão de prazer de seu rosto agora afogueado, mas seu sussurro era ofegante, desafiador e muito, muito sensual. O arrepio que correu pelas costas de Hiei não negava isto. -"... Quanto tempo você agüenta caladinho como está agora??"

Prendeu os quadris de Hiei entre suas coxas e começou a enfiar com mais força, Hiei ofegou alto, sentindo os olhos arderem com se estivesse contendo o choro, mas na verdade ambos sabiam que era prazer e nada mais, em sua forma mais pura, fazendo a cama ranger, a coberta, que foi motivo de tudo aquilo, toda caída no lado da cama. Em certo momento, o Youko parou de mover-se, ficou apenas forçando-se para dentro de seu pequeno amante, contorcendo os quadris em círculos insistentes, percebendo que começava a tocá-lo bem ali, e quase assustou-se com o urro que saiu das profundezas daquela garganta que recusara-se a expor o que se passava com Hiei, ao se sentir acariciado por dentro, como só o Youko sabia fazer, com a firmeza de seu pênis ereto inteiro dentro dele.

"Ah, é assim que eu gosto de ver você, Hiei..."- Ele apressou mais o movimento, com mais força no interior do youkai, indo correr suas palmas suadas por aquelas costas estreitas e arqueadas, passar por suas costelas e encontrar os mamilos pequeninos e eretos, brincando de provoca-los sempre com menos pressão do que sabia que seu amante gostava. Enfiava-se em Hiei com mais vontade, mas com mais dificuldade, sua carne mais fechada ainda, agora, palpitando pelo inevitável. Tão apertado... Pulsando ritmada, no espasmo do gozo, querendo mais.

Os olhos semicerrados de Hiei nada enxergavam e nada do que ele dizia em seus gemidos podia ser compreendido, só que estava gostando realmente daquele seu castigo, com gemidos que eram quase gritos, mais desesperados e urgentes, fechando as mãos nos lençóis manchados agora de sua saliva, sem poder conter o par de lágrimas de prazer e dor que correram seu rosto, e afinal, seu gozo, quando a mão longa de Kurama apertou com vontade seu pênis ardente, masturbando-o enquanto ele próprio apertava os olhos, ciente que não podia mais suportar tanto prazer sem escorrer-se em um jorro cheio e forte bem no fundo de seu amado Hiei, puxando-o para montar sobre suas pernas dobradas, abrindo mais suas pernas com seus próprios joelhos, trazendo seu esquio demônio de fogo para cavalgá-lo com violência, gritando o nome de sua raposa, e eles gozaram juntos, os sons de prazer misturando-se na noite antes fria e agora quente como era a paixão que os unira naquela noite inesquecível...

Ainda ofegavam e Kurama dava as últimas estocadas, esgotando seu sêmen, as últimas gotas, bem no fundo do corpo de Hiei, fazendo o youkai ofegar de maneira sofrida, percebendo o seu gozo relutando em extinguir-se, nos apertos em princípio fortes e lentamente cada vez mais suaves que seu ânus dava em torno do pênis que o impalara tão perfeitamente, a tensão tanto em seu corpo quanto no da Raposa se desfazendo e ficando apenas um tremor de emoção, e no calor do quarto, um penetrante e excitante cheiro de cio, que o Youko exalava mais intensamente ainda após o amor. O membro dele deslizou no próprio esperma, para fora de Hiei, ele sabia que se ficasse dentro do ardente demônio de fogo por mais um instante, não poderia separar-se dele naquele momento, e sabia mais ainda que certamente seu amante não suportaria seu desejo mais uma vez. Hiei estava todo mole, meio desfalecido, com a pele ardendo como se estivesse com febre, encharcado de suor e tremendo, mas... Kurama olhou bem para seu rosto, quando deitou-o no meio da cama: estava com um risinho desavergonhado nos lábios, e muito corado. Muito bem, riu também, mas silenciosamente, sem que o outro visse.

Preparou-se para enrolar-se em torno de Hiei, mas parou por um momento olhando um monte azul ao lado da cama, no chão. Ah, sim, o cobertor... agora não precisaria mais dele. Na verdade estava com vontade até de abrir a janela. Estava com tanto calor... Por que será?

Hiei antes de abrir os olhos, notou que estava no quarto de Kurama, o que lhe confortava de certa forma. Aproveitou e espreguiçou-se devagar, tentando lembrar os detalhes daquele sonho tão bom que tivera com a forma demoníaca de Kurama. Até em sonho doía ter com o youko, mas era aquilo que o satisfazia, a única coisa que dava-lhe mais prazer do que amar Shuuichi. Estava de bruços e percebeu que... a conclusão lhe fazia corar... sua entrada estava úmida e docemente ardida, quase um prazer. Mas... Shuuichi o penetrava sempre com tanta delicadeza, não lembrava de ter ficado assim, antes de dormir e... de repente lembrou-se da coberta que tomara-lhe sem querer, e num raio, todas as lembranças vieram a tona. Não fora um sonho, ele fora amado de uma maneira deliciosa e brutal, mas... a parte que mais o envergonhava havia de ser um sonho, sim, pois era absurda demais, a prova real de que o Youko era mais pervertido do que julgava sua vã filosofia!!...

Olhou para a janela aberta. Ainda estava escuro e Shuuichi não estava ao seu lado. Não havia mais ninguém ali no quarto. Ele tentou colocar-se sentado, mas uma ardência terrível em seu traseiro não permitiu isso. Ficou de pé então, e caminhou até perto do espelho na parede próxima, que era quase da altura de Shuuichi, vindo desde o chão. Respirou fundo e tomou coragem...

"Nani????"

Perguntou só consigo, quando virou-se meio de costas e encontrou uma marca vermelha, grande e meio inchada em suas nádegas. Era grande mesmo, parecia uma mão espalmada, dava até para notar o contorno de cinco dedos compridos!!

Era pior do que pensava.

Virou de frente para o espelho novamente, tentando entender fosse lá o que havia lhe acontecido (mas não negava que havia sido maravilhoso e que ainda estava exausto), No reflexo, teve certamente o maior susto de toda sua vida. Em pé bem atrás de sua costa esta Kurama, naquela deslumbrante forma de Youko, sobre os ombros, os cabelos espalhados, indo até os quadris e... oh, não, pensou Hiei, vendo que ele sorria de um modo que não lhe era estranho. Estava ardiloso, mau, estava... perverso. O demônio de fogo estremeceu quando as mãos tão grandes quanto a marca em seu traseiro ficaram bem sobre seus ombros. Engoliu em seco. O sorriso de Kurama alargou-se e segurou-o com firmeza, fazendo-o cair, sem equilíbrio, sobre a cama, atirado de qualquer jeito. Aquilo doeu, principalmente sendo forçado a sentar-se quando até o esbarrar do tecido do lençol doía em suas nádegas.

O Youko veio para o seu lado, ainda com aquele olhar...AQUELE!!!, a mente de Hiei gritou, enquanto ele não sabia se se apoiava para levantar ou tentar puxar a coberta do chão para se cobrir. Seus já grandes olhos abriram-se mais, vendo que Kurama se inclinava sobre ele de uma forma bem familiar e...

Sem ação, Hiei viu aquela raposa enorme deitar-se no seu colo, de bruços, agora, bem debaixo de seus olhos, estavam os quadris pálidos adornados por aquela cauda grande e fofa, balançando de um lado para o outro, esfregando-se no seu peito em cada batida, e mais abaixo, as coxas longas e aveludadas. O youkai de fogo passou uma mão trêmula de medo sobre elas, por pura curiosidade...

"Hiei... Eu preciso que você faça uma coisa..."

Kurama voltou o rosto na sua direção, estava vermelho de excitação, seus olhos estavam brilhando, maldosos e mais claros ainda, com um sorriso provocante que ignorava a expressão assustada de Hiei...

"Eu quero... que você me castigue...!!"

Arrebitou-se mais, empinando as nádegas perfeitas e erguendo a cauda, como um S que encaixava-se bem na curva da sua cintura, expondo-se por completo.

Hiei olhou para o que tinha a sua frente. E pensar que era tudo seu...! Um sorriso de júbilo começou em seu rosto. Kurama ia ver do que ele era capaz, ia se vingar em grande estilo, pelas quedas da cama, pelos tapas que havia levado... Mas, isso não era certo, era?

"Afinal, eu tenho sido uma raposa muito, muito má...!"

Hiei sorriu com um esgar maligno, colocando toda sua força no braço enfaixado, enquanto o levantava muito lentamente, sem tirar, porém, os olhos de seu alvo...

Neste momento, o maior "AI" que já tivera-se notícia foi ouvido ecoando na noite do Ningenkai

Será que isso vai ter fim?

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