ENIAC – Eletronic Numeric Integrator
Em 1946, foi apresentado o primeiro “grande” computador eletrônico: ENIAC – Eletronic Numeric Integrator and Calculator, também conhecido como INIAC – Eletronic Numeric Integrator Analyser and Computer, que ocupava mais de 170 metros quadrados, pesava 30 toneladas e funcionava com 18 válvulas, 10.000 capacitores, além de milhares de resitores e relés, os quais consumiam cerca de 150.000 watts para executar cinco mil adições ou subtrações por segundo.
A preparação do ENIAC para cálculos demorava semanas, pois a programação era realizada pela ligação de fios. Como tinha vários componentes discretos, não funcionava por muitos minutos seguidos sem que um deles quebrasse. Uma máquina que na época custou mais de meio milhão de dólares, muito pouco eficiente se comparada com as atuais calculadoras que custam alguns dólares. Foi desenvolvido a partir de 1943 por John Mauchly e J. Presper Eckert, na universidade da Pensilvânia, tendo como base o ABC, e reduziu para 30 segundos os cálculos de trajetórias de mísseis que antes levavam cerca de 1.000 segundos. Chegava a ser, em algumas operações, mil vezes mais rápido que o MARK I.
Desde o início da guerra, o Laboratório de Pesquisas Balísticas do Departamento de Guerra, no Campo de Manobras do Exército em Aberdeen, Maryland, trabalhava na preparação de tabelas de tiro de artilharia, para atiradores em campo. Esses cálculos foram acelerados, até certo ponto, pelo emprego de um analisador diferencial. Mas o dispositivo só fornecia números aproximados, que tinham que ser refinados por batalhões de operadores humanos, usando calculadoras convencionais de mesa.
À medida que a eficiência do laboratório declinava, resolveu-se estabelecer um programa de computação auxiliar de computação na vizinha Escola Moore de Engenharia, da Universidade de Pensilvânia. A escola também possuia um analisador diferencial, mas dois membros da equipe da escola, John Mauchly e J. Presper Eckert, acreditavam que seria possível conseguir algo melhor.
Em agosto de 1942, Mauchly escreveu um memorando de cinco páginas, onde esboçava uma proposta, sua e de Eckert, para um computador de alta velocidade, que usaria válvulas eletrônicas. Submeteu-o à Escola Moore, onde, inadvertidamente, extraviou-se. No entanto, poucos meses depois, o tenente Herman Goldstine, que representava o vínculo técnico entre o Exército e a escola, ouviu falar da idéia.
Nessa época, o Exército necessitava desesperadamente de novas tabelas de
tiro, que solucionassem um problema urgente: artilheiros na África do Norte
relatavam que, ali, o solo macio permitia um recuo não-previsível em seus
canhões, o que fazia o disparo errar o alvo. Goldstine, matemático pela
Universidade de Michigan antes da guerra, imediatamente compreendeu a
importância do computador proposto e passou a interceder a seu favor junto a
seus superiores do Exército. Em 9 de abril de 1943 - dia em que Eckert completava
24 anos - o Exército recompensou-o firmando um contrato de 400 000 dólares com
a Escola Moore para a construção do ENIAC.
A própria máquina era terrivelmente complicada: projetaram-na para ter nada
menos que 17 468 válvulas eletrônicas, pois os números eram manipulados na
forma decimal. Mauchly preferia a familiar abordagem decimal porque, como ele
mesmo dizia, desejava que "o equipamento fosse legível em termos
humanos". Mas um número tão grande de válvulas, com sua tendência para
superaquecer-se e queimar, fazia crescer, como um espectro, o temor de
freqüentes colapsos. Com essa quantidade de válvulas operando à taxa de 100 000
pulsos por segundo, havia 1,7 bilhão de chances a cada segundo de que uma
válvula falhasse. Eckert aproveitou então uma idéia aplicada nos grandes órgãos
eletrônicos, então em voga nos teatros, fazendo as válvulas funcionarem sob uma
tensão menor que a necessária, o que reduziu sua taxa de falhas a uma ou duas
por semana. possuía também um clock de 100 kHz.
Em fins de 1945, quando o ENIAC estava finalmente montado e pronto para
seu primeiro teste formal de resolução de problemas, a guerra terminou. Mas a
natureza do primeiro teste - cálculos destinados a avaliar a praticabilidade da
bomba de hidrogênio - autorizava que se continuasse dando ao computador uma
importância igual, ou melhor, crescente, no pós-guerra e nos anos da Guerra
Fria. O ENIAC operava com elegância, processando aproximadamente l
milhão de cartões perfurados da IBM, no decorrer do teste. Dois meses depois, a
máquina foi, apresentada à imprensa. Com aproximadamente 5,5 metros de altura e
25 metros de comprimento, era mais de duas vezes maior que o Mark I de Howard
Aiken. Mas a essa duplicação no tamanho correspondia uma velocidade
multiplicada por mil. Um painel de luzes foi acrescentado para mostrar aos
repórteres quão rápida a máquina era e o que ela estava fazendo; aparente isto
influenciou todos os filmes subsequentes de Hollywood onde apareciam
computadores
John Mauchíy e Presper Eckert abriram
sua própria firma em Filadélfia e puseram-se a criar um computador para todos
os fins, destinado ao uso comercial: o UNIVAC, Computador Automático Universal
(Universal Automatic Computer), uma máquina eletrônica de programa armazenado
que recebia instruções de uma fita magnética de alta velocidade em vez de
cartões perfurados. Em l950 um ano antes de o UNIVAC entrar em operação
realizando o Censo dos Estados Unidos, esgotou-se o dinheiro dos sócios, que
venderam então a companhia à Remington Rand. Esta, por muito tempo, fabricara
apenas barbeadores elétricos e tabuladores de cartões perfurados. Nem Mauchly
nem Eckert tiraram grande lucro de suas contribuições para o desenvolvimento do
computador eletrônico. Num período de aproximadamente dez anos, cada um recebeu
cerca de 300 000 dólares da venda de sua companhia incluindo royalties sobre as
patentes do ENIAC. O mais duro golpe ocorreu em 1973, quando uma corte federal
invalidou aquelas patentes. O juiz decidiu que, afinal de contas, Mauchly e
Eckert não tinham inventado o computador digital eletrônico automático, mas
aproveitaram a idéia de John Atanasoff - principalmente durante uma visita de
cinco dias de Mauchly a lowa, em 1941. (Atanasoff nunca chegou a completar uma
versão operacional de seu computador, embora passasse a guerra trabalhando como
engenheiro da Naval Ordnance.) Mauchly negou qualquer débito a Atanasoff, e o
assunto continuou sendo para ele motivo de amargura até a sua morte, em 1980.
Uma curiosidade histórica: por volta de 1950, alguns cientistas afirmavam que
toda a necessidade de processamento de dados mundial seria perfeitamente
atendida por menos de dez computadores são vendidos anualmente, cada um com
capacidade muito superior a dezenas de ENIACs!.
Após o lançamento do ENIAC (1946), John Maucly e J. Presper Eckert deixam a Universidade da Pensilvânia para fundar sua empresa. O objetivo era usar a experiência adquirida para desenvolver e comercializar computadores para uso geral. No entanto, problemas financeiros e de atrasos fizeram com que sua empresa fosse vendida em 1950 para a Remington Rand. No dia 14 de junho de 1951, a divisão UNIVAC da Rmington Rand entregou para o US Bureau of Census, o mesmo Serviço de Recenseamento Americano que já havia motivado Hollerith, o primeiro UNIVAC I.
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