Tumores Cranianos


O tumor cerebral é uma lesão intracraniana localizada que ocupa espaço dentro do crânio. Os tumores comumente crescem como uma massa esférica que pode difundir-se, infiltrando no tecido. O efeito de neoplasia ocorre devido à compressão e infiltração de tecido. Uma variedade de alterações fisiológicas resultam, causando qualquer um dos seguintes eventos fisiopatológicos.

• Aumento de pressão intracraniana (PIC) e edema cerebral;
• Atividade consultiva e sinais neurológicos focais;
• Hidrocefalia;
• Função hipofisária alterada.

Os tumores cerebrais primários representam aproximadamente 20% das mortes por câncer, enquanto 20 a 40% de todos os pacientes com câncer desenvolvem metástase para o cérebro a partir de outros sítios. Os tumores cerebrais raramente se metastatizam externamente ao sistema nervos central, mas as lesões metastáticas do cérebro ocorrem comumente a partir do pulmão, mama, intestino grosso, pâncreas, rim e pele (melanomas).

A maior incidência de tumores cerebrais em adultos ocorre na quinta, seta ou sétima décadas de vida, com uma incidência um pouco maior nos homens. Em adultos, muitos tumores cerebrais originam-se das células gliais (elas formam a estrutura do cérebro e medula espinhal e dão suporte a estes) e são supratentoriais (localizadas acima da cobertura do cerebelo). As lesões neoplásicas no cérebro finalmente causam a morte pelo comprometimento das funções vitais, como respiração ou aumento da pressão intracraniana.


Classificação
 

Na literatura em geral existem diversos tipos de classificação de tumores cerebrais e/ou intracranianos. Podemos destacar as seguintes classificações: primário ou secundário; quanto ao local de origem embriológica; quanto ao tipo histológico; quanto à localização; e benigno ou maligno.

Os tumores intracranianos podem ser primários, ou seja, terem origem de estruturas intracranianas como o tecido cerebral, leptomeninges, nervos cranianos e hipófise, ou secundários, os quais são representados principalmente pelas metástases. É importante ter em mente que as metástases constituem a maioria dos tumores intracranianos. Os tumores primários mais comuns que metastatizam para o cérebro são de pulmão, mama, melanoma e rim.

As metástases para o cérebro geralmente são múltiplas, mas também podem ocorrer metástases solitárias. Pode ocorrer envolvimento cerebral com cânceres da região da rinofaringe por extensão direta ao longo de nervos cranianos ou através dos forames na base do crânio. Também pode ocorrer envolvimento meníngeo metastático, especialmente com leucemia, linfoma, câncer pulmonar de pequenas células, câncer de mama e alguns tumores primários do SNC (como meduloblastoma e gliomas ependimários).

Não se deve assumir que uma lesão cerebral seja metástase apenas porque um paciente previamente tenha apresentado câncer; tal suposição poderia resultar em não dar a devida importância ao tratamento apropriado de um tumor curável. Tumores cerebrais primários raramente se propagam a outras áreas do corpo, mas podem propagar-se para outras partes do cérebro e para o eixo espinhal.

Quanto ao local de origem embriológica os tumores podem ser classificados em neuroectodérmicos e mesodérmicos. Os neuroectodérmicos relacionam-se com aqueles tumores originados do tecido cerebral propriamente dito enquanto os mesodérmicos se originam de tecidos extracerebrais como as leptomeninges, hipófise entre outros. Dentre os tumores extracerebrais os meningiomas representam cerca de 80%, ou seja, a grande maioria.

A classificação quanto à localização pode ser feita de diversas formas, porém a forma mais aceita é quanto à localização do tumor é em relação à tenda do cerebelo (tentório), ou seja, se é supra ou infratentorial.

Pode ser também classificado em benigno e maligno, sendo que o que indica a malignidade do tumor são critérios histológicos que indicam razão de crescimento local, e não a propensão de enviar metástases ou de invasão de tecido adjacente. A literatura dá exemplos de tumores considerados benignos que tem uma grande capacidade de invadir tecidos adjacentes como as leptomeninges e osso, e de tumores considerados malignos com pouca propensão de invasão de estruturas adjacentes.

É válido ressaltar que os tumores cerebrais raramente enviam metástases, se classificam em vários grupos:

1) aqueles que surgem das coberturas do cérebro, como o meningioma dural;
2) aqueles que se desenvolvem nos nervos cranianos, mais bem exemplificados pelo neuroma acústico;
3) aqueles originários dentro do tecido cerebral, como os vários gliomas;
4) lesões metastáticas originárias em qualquer parte do corpo.

Os tumores da hipófise e pineal e dos vasos sanguíneos cerebrais são também incluídos nos tipos de tumores cerebrais indicados no quadro abaixo. As considerações clínicas relevantes incluem a localização e a característica histológica do tumor. Os tumores podem ser benignos ou malignos. Como o tumor pode iniciar-se numa área vital, ele pode ter efeitos tão sérios quanto aqueles de um tumor maligno.
 

Tumores Específicos
 

Gliomas: O glioma maligno é a neoplasia cerebral mais comum, somando aproximadamente 45% de todos os tumores cerebrais. Comumente, estes tumores não podem ser totalmente removidos porque se disseminam pelos tecidos neurais periféricos e, conseqüentemente, não são amenizáveis pela ressecção sem causar dano considerável às estruturas vitais.
 

Adenomas Hipofisários: A hipófise, também chamada de glândula pituitária, é uma glândula relativamente pequena localizada na sela turca. È ligada ao hipotálamo por um curto pedículo (pedículo hipofisário) e divide-se em dois lobos: o anterior (adeno-hipófise) e o posterior (neuro-hipófise). O lobo anterior secreta hormônio de crescimento, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), hormônio estimulante da tireóide (TSH), prolactina, hormônios gonadotróficos, hormônio folículo estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH). A hipófise posterior armazena e libera hormônio antidiurético (vasopressina) e ocitocina.
 

Efeitos da Pressão: os tumores hipofisários representam aproximadamente 8 a 12% de todos os tumores cerebrais e causarão sintomas por pressão contínua às estruturas adjacentes ou peãs alterações hormonais (hiperfunção ou hipofunção da hipófise). A pressão advinda dos adenomas hipofisários pode ser exercida pelos nervos ópticos, quiasma óptico ou tratos ópticos sobre o hipotálamo ou terceiro ventrículo ou se expandem no osso esfenóide. Os efeitos da pressão produzem cefaléia, disfunção visual, distúrbios hipotalâmicos (por exemplo, distúrbios de sono, apetite, temperatura, emoções) aumento da PIC e alargamento e erosão da sela turca.
 

Efeitos Hormonais: Os tumores hipofisários funcinantes podem produzir um ou mais hormônios normalmente produzidos pela hipófise anterior. Estes hormônios podem causar adenomas hipofisários secretores de prolactina (prolactinomas), adenomas hipofisários secretores de hormônio do crescimento que produzem acromegalia em adultos e adenomas hipofisários produtores de ACTH e responsáveis pela doença de CUSHING. Adenomas secretores de TSH ou FSH-LH ocorrem raramente, enquanto os adenomas que produzem hormônio de crescimento e prolactina são relativamente comuns.

As pacientes cuja hipófise secreta quantidades excessivas de prolactina apresentam amenorréia ou galactorréia (fluxo de leite excessivo ou espontâneo). Os pacientes com prolactinoma podem apresentar impotência e hipogonadismo.
 

Acromegalia: causada pelo excesso de hormônio de crescimento, produz alargamento das mãos e pés, distorção das feições faciais e pressão sobre os nervos periféricos (síndrome de encarceramento).

As características clínicas da doença de CUSHING, uma condição associada com a superprodução prolongada do cortisol, ocorrem com a produção de ACTH. As manifestações incluem uma forma de obesidade com redistribuição de gordura para o rosto, áreas supraclaviculares e abdominais; hipertensão; estrias purpúricas e equimoses; osteoporose; intolerância a glicose e distúrbios emocionais.
 

Tratamento: muitos adenomas hipofisários são tratados pela remoção microcirúrgica transesfenoidal, enquanto os demais que não podem ser removidos completamente são tratados com radiação.
 

Angiomas: Os angiomas cerebrais (massas compostas por vasos sanguíneos anormalmente grandes) são encontrados no interior do cérebro ou sobre a sua superfície. Alguns persistem por toda a vida sem causar sintomas; outros dão origem a sintomas de tumores cerebrais.

Ocasionalmente, o diagnóstico é sugerido pela presença de outro angioma em qualquer lugar na cabeça ou por um sopro (um som anormal) audível acima do crânio. Como as paredes dos vasos sanguíneos são finas, estes pacientes estão em risco para AVC (derrame). De fato, a hemorragia cerebral em pessoas acima de 40 anos de idade deve sugerir a possibilidade de um angioma.
 

Neuroma Acústico: O neuroma acústico é um tumor do oitavo nervo craniano, o nervo da audição e equilíbrio. Comumente surge no meato auditivo interno, onde freqüentemente se expande antes de ocupar o recesso cerebelopontino.

O neuroma auditivo pode crescer lentamente e atingir um tamanho considerável antes de ser diagnosticado corretamente. O paciente apresenta perda auditiva, zumbidos e episódios de vertigem e marcha claudicante (marcha incerta, vacilante, duvidosa). À medida que o tumor se amplia, sensações dolorosas na face podem ocorrer do mesmo lado como resultado da compressão do tumor sobre o quinto nervo craniano.

Com a melhora das técnicas radiológicas e uso da microscopia cirúrgica e dos instrumentos microcirúrgicos, mesmo os tumores maiores podem ser removidos através de uma craniotomia relativamente pequena. Alguns destes tumores podem ser acessados melhor pela radioterapia estereotáxica do que pela cirurgia.
 

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