ESCOLA SECUNDÁRIA DO FUNDÃO 

PROVA GLOBAL DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA - 10º ANO

 2 de Junho de 2000                                                                 1ª Chamada

DURAÇÃO DA PROVA: 1 h e 30 m

 

 

1.      Assinala com V ou F as afirmações que consideres verdadeiras ou falsas:

 a)      A história da filosofia mostra-nos que é possível definir absolutamente o que é a filosofia.

b)      O homem apreende a realidade de forma objectiva.

c)      O conhecimento cientifico é revisivel.

d)      A filosofia existencialista é uma filosofia da praxis porque o seu objecto é a tentativa de trans... da realidade.

e)      O conhecimento Empírico possibilita o aprofundamento e a explicação da realidade nas suas causas últimas.

f)        Não podemos determinar com clareza absoluta o objecto da filosofia, pois qualquer ponto de partida é válido para iniciar uma tentativa de interpretação da realidade.

g)      Os mitos são histórias sagradas com origem na razão humana.

h)      Os Sofistas ensinavam os seus alunos formas de chegar à verdade.

i)        Um juízo de facto implica uma valoração por parte do sujeito.

j)        Os valores são geralmente considerados como guias do comportamento.

k)      A pessoa realiza-se independentemente da relação com os outros.

l)        A responsabilidade moral é a obrigação de responder perante a nossa consciência.

 2.   – Talvez possamos afirmar que a realidade ganha sentido para cada um de nós, conforme a intencionalidade com que a olhamos.

Tomemos a água como exemplo; para o cientista a realidade da água é só formada por hidrogénio e oxigénio na proporção de dois por um. Mas, a um pescador pouco importa que a água seja formada destes ou daqueles elementos, nesta ou naquela proporção. Os seus conhecimentos a respeito do rio são de outra ordem, a sua realidade é constituída de modo diverso e actua sobre ela  de modo a manter a sua subsistência.

Texto adaptado a partir de: Duarte Júnior in, O Que é a Realidade? 

2.1 – O texto refere-se ao conhecimento cientifico e ao senso comum. Justifica a referência ao senso comum com uma frase do texto. 

2.2 – Explica duas das características do conhecimento cientifico.

2.3 – O senso comum é um conhecimento utilitário. Indica dois argumentos em defesa desta afirmação.

2.4 – Indica três outras características do senso comum.

2.5 - Explica duas delas.

3.     É assim que a filosofia que a filosofia sempre foi considerada pela maioria dos grandes filósofos de todos os tempos (...) como ciência universal, no sentido em que nenhum campo lhe fica vedado e que se utiliza de todos os métodos ao seu alcance; como uma ciência de questões-limite e de fundamentos, e por isso uma ciência radical, que não se contenta com os pressupostos das outras ciências, mas que investiga mais além, até às raízes.

BOCHENSKI

3.1 – Indica o significado etimológico da palavra filosofia.

3.2 – O texto afirma que à filosofia ‘nenhum campo lhe fica vedado’. Indica dois aspectos que constituem o objecto da filosofia. 

3.3 – Explica duas características do método da filosofia.

3.4 – Atenta na parte sublinhada do texto. Mostra como os primeiros filósofos gregos evidenciaram esta preocupação.

3.5 – A partir do texto explica duas das dimensões da filosofia. 

4.      Também não chamamos acção a esses aspectos da nossa conduta de que não nos damos conta, mas que não efectuamos intencionalmente.

J. Mosterín

4.1.  Caracteriza, considerando quatro aspectos, a acção humana.

4.2.  Como responderias a alguém que defendesse a seguinte tese: ‘No mundo Contemporâneo reina uma verdadeira anarquia (crise) de valores’ 

5.          Quando reflectimos para saber como devemos agir, há uma voz que fala em nós e que nos diz: ‘eis o teu dever.’ E quando faltamos a este dever, a mesma voz, faz-se ouvir e protesta contra o nosso acto.

Durkheim

5.1.  A que ‘voz’ se refere o texto?

5.2.  Explica duas teorias sobre a origem da consciência moral.

5.3 Explica o desenvolvimento da consciência moral segundo Piaget.

FIM

 

PROPOSTA DE CORRECÇÃO

Ano Lectivo 99/2000

 

1-        F,F,V,F,F,V,V,F,V,F,V,F,V,F,V.

  2.1 “os seus conhecimentos a respeito do rio são de outra ordem (...)  ou”(...), a um pescador pouco importa que a água seja formada destes ou daqueles elementos (...)”.

  2.2-  Serve para que o homem compreenda o mundo que o rodeia; serve para que o homem aja sobre a realidade; permite-lhe viver; orienta as actividades quotidianas do homem. (o aluno indica dois argumentos).

  2.3-  O aluno indica três das seguintes características superficial,  subjectivo, acrítico, espontâneo, sensível, empírico.

  2.4-  Superficial: capta as aparências; não nos dá a conhecer a estrutura do real.

Subjectivo: é o próprio sujeito que organiza os conhecimentos.

Acrítico: contenta-se com os conhecimentos imediatos, não estimula o espírito crítico.

Espontâneo: surge da nossa experiência vulgar.

Sensível:   é elaborado a partir das nossas vivências, dos estados de alma ou das emoções que a vida quotidiana nos proporciona.

Empírico: conhecimento que assenta na experiência de vida , nos conhecimentos que passam de geração em geração, nos sentidos. (O aluno explica duas destas características).

  2.5-  O aluno explica duas das seguintes características do conhecimento científico: racional: constituído por conceitos, juízos e raciocínios; permite que as ideias que o compõem possam combinar-se segundo um conjunto de regras lógicas com a finalidade de produzir novas ideias; sistema de conhecimentos devidamente comprovados. Sistemático: saber logicamente ordenado, formando um sistema de teorias (não são conhecimentos desconexos dispersos).  Objectivo: procura construir teorias através dos meios de observação, investigação e experimentação existentes. Utiliza a observação e a experimentação que são actividades controláveis e até certo ponto reproduzíveis. Aberto e revisível: não é um sistema fechado; está intimamente ligado às circunstâncias, ao contexto em que é produzido. O próprio desenvolvimento técnico pode provocar alteração nas teorias existentes.

  3.1 - Amor pela sabedoria; desejo, busca da sabedoria.

  3.2-  Questões relativas ao homem, ao conhecimento... A totalidade do real... questões relativas ao agir humano. (o aluno indica dois aspectos)

  3.3-    O aluno explica duas das seguintes características do método da filosofia: reflexão crítica, atitude de questionamento e de problematização, questionamento radical, essencialmente raciocinativo, explicação puramente racional dos factos.

  3.4-   Procuraram explicar a origem do universo ; debruçaram-se sobre a physis no sentido de chegar ao arquê ou elemento primordial; procura do arquê pela via racional ; Tales associa a reflexão à observação directa da natureza; abandono das explicações míticas; procura de explicações universais.

  3.5- “(...)maioria dos grandes filósofos (...)”,  referência à historicidade: a filosofia insere-se numa tradição; trata de problemas de todos os tempos embora os trate por influência da situação presente.

“(...)como ciência universal (...)vedado(...)”, referência à universalidade: a filosofia procura a compreensão do real na sua totalidade; dirige-se a todos os homens.

“(...)ciência de questões limite e de fundamentos(...)até às raízes”, referência à radicalidade: as questões que a filosofia coloca alcançam a totalidade do real.

O aluno explica duas dimensões.  

4.1    Acção humana: consciente, intencional, voluntária, responsável, livre. A acção humana é consciente na medida em que o agente conhece previamente as circunstâncias da acção; esta representa um projecto consciente da vontade e nesta medida é também voluntária; é responsável porque quem age tem também de assumir o acto como seu e responder por ele. (O aluno refere três aspectos; pode usar outros conceitos.. valoriza-se a compreensão dos mesmos).

  4.2    Crise faz parte de um processo evolutivo...; os valores são eternos ou sujeitos às transformações históricas? O próprio homem enquanto ser social, não se altera também?

Crise não significará abandono de alguns valores mas também emergência de novos valores?

  5.1-   Consciência moral.

  5.2-   Teorias que defendem o carácter inato da consciência: origem explicada a partir do inteligível, de Deus, do próprio homem (coração ou razão). Consciência como universal e anterior a qualquer experiência moral. Teorias que defendem o carácter adquirido da consciência moral: a consciência resulta de uma construção na qual interagern factores sociológicos, biológicos inconscientes... a educação, a sociedade.

  5.3-   Para Piaget o desenvolvimento da consciência moral faz-se ao longo de dois grandes estádios; no primeiro desenvolve-se a moral da heteronomia que consiste na submissão da criança a regras exteriores que ela considera sagradas; a moralidade de um acto é determinada pelas suas consequências materiais. No segundo estádio a criança desenvolve a moral da autonomia; interioriza as regras, tem consciência das consequências dos seus actos, avalia-os em função da intenção....

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