O que é um juízo?

 

Frase não se identifica com juízo.

Para o efeito, partamos das seguintes frases:

Quem está aí?

Lápis este meu

O João é

Vai abrir a porta, por favor.

O João está junto da Maria.

A rosa é uma flor muito bela.

Quem me dera compreender isto!

Prometo respeitar-te toda a vida.

Chove.

Está doente.

 

Estes exemplos são sugestivos, pois, em primeiro lugar, mostram-nos que a frase não é um simples conjunto de palavras. De facto, por exemplo, ao dizer 'Lápis este meu', tenho várias palavras, mas não uma frase ou enunciado. Já Platão (séc. IV a.C.) defendera que um enunciado é a união de determinadas palavras: nomes (substantivos, adjectivos, pronomes, etc.) com um verbo, posto que só pela ligação/síntese de nomes e verbos é que se ultrapassava a mera sucessão de palavras, isto é, se diz com as palavras algo com sentido.

Em segundo lugar, há frases com sentido e outras sem sentido: frase sem sentido são os nossos segundo e terceiro exemplos.

Em terceiro lugar há enunciados indefinidos, como são os nossos dois últimos exemplos.

Em quarto lugar, cada uma das restantes frases anteriores distingue-se das demais, porque uma faz uma pergunta (enunciado interrogativo), outra dá uma ordem, outra constata um facto, outra declara o que caracteriza uma coisa, outro indica uma promessa e outra enuncia um desejo (enunciado exclamativo). Os enunciados que nada declaram nem nada constatam são enunciados que expressam ou interrogações, ou desejos, ou ordens, ou exclamações, ou preces, ou promessas, etc. Podem ter ou não sentido, mas não lhe podemos atribuir nenhum valor lógico de verdade.

Portanto, só o enunciado que declara ou constata algo é que pode ser verdadeiro ou falso. Daí que só e somente a este tipo de enunciados se dê o nome de frase declarativa, juízo, asserção. E o que por ele é declarado - expressão verbal de um juízo - chama-se proposição. A proposição é o conteúdo declarativo de um enunciado, enquanto este é susceptível de ser classificado ou como verdadeiro ou como falso.

Note-se, no entanto, que, embora uma interrogação não seja um enunciado declarativo, sabemos que no dia a dia, ao falarmos, fazemos interrogações que podem ser interpretadas em sentido declarativo, por transformação. Consideremos o seguinte exemplo. "Como é que a economia pode ser melhorada? O déficit comercial está a crescer todo o dia." Tecnicamente, não é um argumento, pois a primeira sentença é uma interrogação, mas a pergunta, meramente retórica, sugere o seguinte argumento: "Premissa: O deficit comercial está a crescer dia a dia. Conclusão: a economia não pode ser melhorada." Assim, uma interrogação pode ser transformada, em certos contextos, em frase declarativa, isto é, em juízo e, por isso mesmo, pode ser uma parte de um argumento.

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