Operação lógica da Condicionalidade

ou Implicação Material

 

Dadas as proposições p e q, chama-se implicação material de p e q a uma nova proposição que resulta de ligar as duas proposições pelo símbolo "Þ". A proposição p é denominada de antecedente e a proposição q de consequente.           

Leituras possíveis:

              Se P, então Q;

Tendo P, Q;

              Sempre que P, então Q;

Q apenas se P;

              Q é implicado por P.

Q, contanto que P;

              P implica Q.

Q, se P;

              P é a condição suficiente para Q

              A condição suficiente para Q é P

 

Exemplos:

a) Sendo p : Carlos é maior de 18 anos

               q : Carlos tem direito a voto

p Þ q : Se Carlos é maior de 18 anos, então Carlos  tem direito a voto.

b) "Uma pessoa pode tornar-se doentia se não se sentir útil à sociedade.

      (~ u Þ d)

c) "Aceitar fórmulas clássicas da Física implica a aceitação da mecânica tradicional". (f Þ m).

d) A condição suficiente para que chumbe no exame é que obtenha menos de dez valores”. (v Þ c)

 

O condicional 'se' introduz o antecedente  da implicação.

O conteúdo da condição suficiente é o conteúdo que se simboliza no antecedente.

'Salvo se', 'excepto se', 'a menos que', etc. expressam a condicionalidade. A simbolização merece atenção especial: o enunciado iniciado com estes sincategoremas são o antecedente e o consequente simboliza-se com a anteposição da negação.

a)      Levarei o livro, a menos que João precise dele. (j Þ ~ l).

b) Não chumbarei, excepto se o professor não gostar de mim, simboliza-se assim: (~ g Þ c) e traduz-se por: Se o professor não gostar de mim, então chumbarei.

 

A nova proposição resultante da conectiva "implicação material" só é falsa se p fôr verdadeira e q falsa como fica mostrado na Tabela que se segue:

                                      

Tabela de Verdade da Implicação:

 

p  q

p Þ q

ou

p Þ q

ou

p  q

p Þ q

ou

p Þ q

V V

V F

F V

F F

V

F

V

V

 

V V V

V F F

F V V

F V F

 

1 1

1 0

0 1

0 0

1

0

1

1

 

1 1 1

1 0 0

0 1 1

0 1 0

 

É necessário estar atento a dois ‘senões’:

Em primeiro lugar, os enunciados condicionais podem ser enganadores, mesmo que nos pareçam claros. Exemplificando o que queremos consciencializar, tomemos em consideração a seguinte proposição: “Se Jorge tem fome, então Marta tem fome”. É evidente que se esta proposição é verdadeira e Jorge tem fome, então Marta também tem fome. É do mesmo modo evidente que se Jorge tem fome e Marta não, então a proposição é falsa. Mas o que é que acontece se Marta tem fome, mas não se sabe se Jorge tem ou não fome? E, do mesmo modo, o que é que acontece se Jorge não tem fome, mas não se sabe se Marta tem ou não fome?

Consideremos ainda este outro exemplo:

P: n é divisível por 6.

Q: n é par.

Simbolização: p Þ q

Se n é divisível por seis, então n é par, é uma proposição verdadeira, tudo bem. Se n é divisível por 6, então n não é par é uma proposição falsa, tudo bem. Mas como aceitar que se n não é divisível por 6, então n é par, seja uma proposição verdadeira? E como aceitar que se n não é divisível por 6, então n não é par, seja igualmente uma proposição verdadeira?

Em Matemática aceita-se isto por convenção. Mas isto não soa muito bem aos ouvidos da intuição! Os contextos linguístico e lógico-matemático não coincidem, o que demonstra que este conectivo tem pouco carácter intuitivo.

Em segundo lugar não se pode, nem deve, supôr nenhuma conexão causal entre antecedente e consequente, posto que o significado da palavra "implicação material" se afasta muitas vezes do sentido que tem em linguagem corrente.

Exemplo:

p : As galinhas têm dentes

q : hoje chove

p Þ q : O facto das galinhas terem dentes implica que hoje chove. No entanto, é despropositado e sem sentido traduzir pela hipótese: "Se as galinhas têm dentes, então hoje chove", já que não sabemos o valor da relação lógico-formal entre elas.

 

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Ó Grupo de Filosofia, Escola Secundária do Fundão, 2000

 

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