2toiévsky

Nas edições de números 72 e 73, que saíram em 04 e 11 de Setembro de 1999, respectivamente, abri espaço aqui na coluna para a musica instrumental brasileira, que é tão desprovida de espaço na grande mídia quanto às bandas das diversas facções do underground que normalmente lhes apresento, quase um ano após o fato torno a faze-lo, desta vez em nome de um duo, o "2toiévsky", que em 98 lançou um CD pelo selo Visom, interpretando tão somente músicas do grande Caetano Veloso.

Um disco instrumental das músicas de Caetano nunca poderia ficar restrito somente a uma jam session, ou a um conceito erudito, ou mesmo a uma interpretação tradicionalista de pura música brasileira. Caetano foi o artista brasileiro que melhor absorveu a idéia da antropofagia na cultura tupiniquim. Mais que isso, seu trabalho nunca ficou calcado em música e letra, apesar de ser excelente melodista e poeta. Sempre polêmico, suas frases provocavam mais rebu que bombas terroristas. A ambigüidade de suas idéias enlouquecia caretas e pseudo-desbundados. A idéia de arte como um conjunto de elementos plásticos e sonoros, tendo a música como veículo, fizeram de seu trabalho um acontecimento pioneiro e influenciador na cultura brasileira. Começou como crítico de cinema; inventou o tropicalismo, lutando contra os militantes da xenofobia ufanista que chegaram a promover passeatas contra a guitarra elétrica na MPB; misturou Vicente Celestino com Smetak, João Gilberto, Jorge Ben, Jimi Hendrix, Dylan, Noel Rosa, Jovem Guarda, Batatinha e Beatles. E hoje, chegando à idade do lobo, faz uma revolução "light", cantando a Latino América, romanticamente lembrando seus tempos de infância, ao lado do rádio, a mídia popular dos anos 50.

Nesse espírito, o "2toiévsky" se lança em seu primeiro disco, inaugurando uma vertente Pop na música instrumental registrada pela "Visom". Até à distância, Caetano conseguiu ser pioneiro. O duo foi formado em 95, e Caetano foi o escolhido para iniciar a carreira com pé direito. "Chico Costa" é o saxofonista, discípulo de Nivaldo Ornelas e Idriss Boudrioua e ex-componente da Orquestra de Sax. "Alexandre Santin" tem um background no violão clássico e no jazz, tendo estudado com Vitor Biglione e Ary Piassarolo. As interpretações são diretas e de grande apelo popular. Lançado em julho de 98, sua venda vem superando com rapidez os Cds mais vendidos pela "Visom". Nele há reggae, balada, bolero, soul, funk, samba, rumba e até um remix dance, de "Qualquer Coisa". O grande mérito do disco é conseguir traduzir para uma linguagem sem palavras, um tipo de música que traz em suas versões originais uma atitude que não se perdeu com esta nova interpretação, em vez disso, ganhou uma nova roupagem, vislumbrando um lado da arte de Caetano, nem mesmo por ele apresentada. Talvez seja esta a mais sofisticada homenagem que o ilustre baianojá recebeu. Contatos pelo telefone: (21) 352-2792 com Leonardo Panço ou pelo e-mail [email protected] .

Para setembro confiram mais uma atração internacional na Posso! Skate Bar (o nome ainda está guardado, mas com certeza a galera vai curtir muito!), onde vai ter ainda show com a banda "Grinders", uma banda histórica no punk nacional que voltou às atividades este ano. Aguardem ! Atenção ! Novo telefone para contatos com o Gramophone: (12) 9773-8713.

 

Capa do CD
Contra-capa

 

As 13 músicas que compõem o CD.

 

 

 

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