A
Convergência
da Soja
por Dr.
José Carlos Brasil Peixoto
11/8/2003
Até
os
idos dos anos 70, acreditem: a
soja era pouco conhecida no Brasil. A introdução deste
exótico feijão em nosso
país pode ter sido por volta do final do século XIX.
O que o
marketing conseguiu fazer
deste produto - a melhor coisa que a indústria alimentar jamais
poderia ter
produzido - é espetacular. Fez um
vegetal impróprio para a alimentação humana
até meados do século passado se
tornar a síntese da comida saudável, sendo adicionado a
praticamente tudo que
se come no mundo ocidental. Um fenômeno, sem dúvida.
Antes da
soja ser a dominância absoluta da
paisagem agrícola de grande
parte do solo produtivo do sul do Brasil, o produtor rural poderia
produzir
quase tudo o que comia. Era muito simples, poderia produzir alimentos
que iriam
do campo para a mesa ou para os mercados das cidades próximas.
Como se sabe
a soja não sai do campo para a
mesa.
Precisa ir para a indústria de transformação,
produção alimentícia, rede de
distribuidores intermediários e pontos de venda. O plantador
fornece um
poderoso insumo de uma gigantesca máquina mercantil, e só
come seu produto após
chegar ao supermercado. Super vantajoso... para o setor
secundário e terciário,
evidentemente.
Para
validar esta formidável
transformação ecológica foi criado um dos maiores
mitos da saúde aplicada à
alimentação. Isto validou uma corrupção no
senso comum atual, que foi
construída em cima de meias verdades, pesquisas incompletas,
sofismas
históricos, coaptação de um idealismo new age
(naturalismo dogmático, purismo
vegetariano etc...) e milhões de dólares em propaganda.
Tudo
começa quando se estuda a
história da soja do Oriente. Era um dos cinco grãos
sagrados, mas não para
comer, mas sim para fixar nitrogênio no solo para favorecer o
plantio dos grãos
comestíveis. Só se transformou em algo comestível
a partir das descobertas das
técnicas de fermentação com sulfato de
cálcio ou magnésio (por volta de 200
AC), quando surgiu o misso e o tofu, sempre comidos com
proteínas animais, já
que só assim este novo alimento seria seguro. A proteína
isolada de soja jamais
foi conhecida na tradicional comida oriental pelo singelo fato de
só ser
possível sua existência após as técnicas
industriais do século XX no ocidente.
Assim a famosa carne de soja é um brinde tecnológico que nunca foi a base alimentar oriental. Alias
no Japão e China a
média do consumo de soja não passa de duas colheres de
chá por dia (consumida
nos complementos alimentares). O consumo majoritário
da
soja só ocorria em
monastérios de monges celibatários
vegetarianos, visto que ela é um excelente supressor da libido.
Sally
Fallon e Mary Enig, excepcionais
estudiosas da área da nutrição que chegaram a
impressionantes resultados em
pesquisas a respeito das
tradições
alimentares, fizeram um incrível relato de suas pesquisas sobre a soja. Alguns dados são
assustadores:
a alimentação baseada em soja para crianças afeta
de modo dramático as taxas de
hormônios femininos, na forma de fitoestrogênios, que chega
a ser 22.000 vezes
maiores que as normais (em meninos e meninas, sendo comparado a
ingestão de
cinco pílulas anticonceptivas por dia). Mães vegetarianas
usuárias deste tipo
de alimento afetam sua prole de modo similar ao terrível
dietilbestrol dos anos
50.
O
fitohormonio isoflavona está longe
de ser saudável. Os antinutrientes da soja são perigosos
em vários aspectos
para ossos, tireóide, sistema cardio vascular, e sistema
imuno-endócrino. E
possivelmente seja um incrementador de vários tipos de
câncer, (mama, entre outros).
A
convergência da soja está a serviço de
um interesse óbvio para qualquer observador da área
econômica. Centralizar o
máximo possível a indústria alimentar em
único produto chave, e este produto
ser de propriedade de poucos - haveria melhor negócio?
Atualmente a soja
transgênica é posse de duas empresas apenas. É
tão poderosa esta engrenagem,
que o governo brasileiro legalizou a produção obtida a
partir de sementes
vindas do comércio ilegal. (Imagine se pessoas comuns
resolvessem se beneficiar
de frutos de comércio ilegal?)
A busca
pela saúde passa naturalmente
pela questão alimentar, no entanto não devemos esquecer
uma máxima de economia
básica: não há negócio mais garantido do
que vender alimentos, já que todos
precisamos comer. Infelizmente estamos numa fase de tremendo
obscurantismo no
conhecimento do que realmente é saudável para comermos,
visto que a confusão
tem sido a estratégia assumida por este setor produtivo.
Conhecer
as tradições alimentares,
principalmente pelos povos que estavam verdadeiramente integrados aos
seus
ambientes ecológicos pode ser o óbvio ponto de partida
para não cairmos em
verdadeiros contos do vigário como aquela propaganda super mal
intencionada dos
óleos vegetais: "este produto não contém
colesterol". Enquanto o
lucro for mais importante que a verdade, dificilmente a saúde
será o comum no
dia a dia em nossa sociedade.
(Dr
José Carlos B Peixoto, médico)
(Based on the article:
"Newest research on why you should avoid soy" by
Sally
Fallon & Mary Enig, from Nexus Magazine, vol 7, (April-May 2000),
available
on http://www.mercola.com/article/soy/avoid_soy.htm)