O que é o Projeto HQ Mente

 

 

 

 

 

"Toda criatividade é mental, e assim precisamos entender o que é a mente, pois ela é que processa os significados. Para os cientistas, a mente é um fator secundário do cérebro. Se assim fosse, então a criatividade não existiria, porque o cérebro não pode processar o significado. O que a criatividade pode fazer à nossa volta é nos ajudar a ver um sentido novo naquilo que todos vêem como algo comum. O melhor da nossa criatividade está em achar um contexto novo para potencializá-la. Por isso, é importante perceber como a nossa mente se condiciona a ver os contextos que nos são dados." Amit Goswami

O ser humano é fruto de estágios de evolução que remontam às criações do universo até o o Big Bang (segundo a ciência oficial, há aproximadamente 15 bilhões de anos).

A mente humana é algo que tem sido objeto de estudos e incursões incessantes, que permeiam tanto a academia científica como as narrativas ficcionais, que ora baseam-se em informações sólidas, ora em fatos criados per si (intuitivamente).

O cérebro do homem é triádico, segundo MacLean (complexo reptiliano: hipotálamo, sistema límbico e neocórtex[1]). Outras pesquisas apontam a lateralidade cerebral, em que os dois hemisférios, unidos pelo corpo caloso (consistindo em feixe de nervos), trocam informações e se complementam, sendo que cada lado recebe e aprimora determinados estímulos e “opera” a parte oposta do corpo.

Pesquisas desenvolvidas impulsionadas para desvendar a epilepsia, e atualmente registradas  através de SPECT (Single-Photon Emissiona Computerized Tomography – Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único) e também por ressonância magnética confirmam respostas ativadas por estímulos, diferentemente, em cada hemisfério cerebral. Conseguiu-se perceber que na lateralidade esquerda há certo predomínio da função da linguagem, e na direita a imagem é melhor processada (mas isto não é exclusivo de cada hemisfério, apenas tende a se operar mais num que noutro, complementando-se, como se disse, ambos). Muitos outros pontos foram desvelados, e inclusive descobriu-se algo que pode deslimitar tal teoria: a do cérebro holográfico, ou seja, mesmo se retirando grande porção de um ou outro lado da massa cinzenta, o cérebro pode “reaprender” as funções "faltantes" e fornecê-las novamente a partir da porção restante.

"Mesmo assim “experimentos de laboratório e estudos clínicos indicam claramente que a leitura do chinês requer, para a identificação de seus morfemas­caracteres, uma alocação de funções cerebrais, localizadas entre os hemisférios cerebrais direito e esquerdo, um tanto diferente daquela que os leitores da Europa Ocidental e os leitores de alfabetos fonéticos orientais usam para a identificação de palavras” (Saenger, 1995)

Isto pode significar que a formatação cultural do ocidente pode ter se direcionado mais por determinados padrões de condutas mentais (refletindo-se na realidade tridimensional), tendo talvez se olvidado de outros caminhos, mais pertinentes à mente orientalizada.

Alguns teóricos filósofos, psicólogos e antropólogos como Régis Dubray, Merleau-Ponty, Jacques Lacan, Lévi-Strauss e outros, defendem que houve uma expulsão do “Paraíso”, quando o homem se tornou “consciente”, significando a ruptura do hominídeo com a natureza. Esse desligamento foi como uma perda, associada com idéias de nascimento e condenação, cuja redenção tem-se dado através de uma construção grupal de mecanismos simbólicos, permitindo ao homem um entendimento objetivo, através de uma percepção subjetiva, construídos a partir do desenvolvimento de seu imaginário[2].

Alguns destes teóricos acusam que a imagem principiou a ser relegada a um segundo plano, desde que a escrita fonética se aliou a um modo altamente especializado e racional de se passarem as informações: parece que a ficcionalidade, a imaginação, a imagem, enfim, de alguma forma importantes como ponte de intercurso comunicacional gregário dos homens, embora sempre existindo (vide as narrativas ficcionais em filmes e novelas, e mesmo as contações de história), deixaram de serem valorizadas, cedendo lugar à palavra estritamente racionalizada.

Bela metáfora disposta na forma do Monólito “racionalizado”, pois retangular, como marco “0” (zero) deste ponto em que o hominóide ou hominídeo (este é mais próximo do homem) se torna ciente de “algo mais”, e daí caminha a novo modo de vida, foi retratado no filme “2001, uma Odisséia no Espaço”.

Assim, defende-se que a escrita ideogramática (conforme se viu) por estar mais próxima da imagem, pode realmente ter ativado mais, certos pontos dos hemisférios cerebrais distintamente da cultura estratificada pela racionalizada fonética (cujas letras, embora desenhadas, não guardam semelhanças com objetos, mas simplesmente permitem a vocalização deles através da cada entidade lingüística).

Defende-se também, como Debray e Grassi, que necessita-se do resgate da imagem, da metáfora, tanto quanto tem-se colocado a racionalização da cultura, e não menos que ela. Por esta razão, especula-se que, as HQ (Histórias em Quadrinhos), por terem sido das primeiras formas gráficas a serem criadas pelo homem como elementos constitutivos comunicacionais, e também por terem como forma dominante o estatuto da imagem, precisam ser relevadas à categoria de elementos essenciais culturais de informação (não somente racionalizadas, como se disse), sendo necessário ser reestabelecido seu lugar junto ao ensino, em todos os graus, inclusive o universitário.  

Muitos autores de HQ, como os ingleses Alan Moore e Grant Morrison, fazem divulgações através de roteiros dramáticos e ficcionais, da ciência quântica e fractal, ou o brasileiro Edgar Franco, que retrata em suas HQ a ética e a problemática da questão genética atual, bem como outros autores como Larry Gonick (fig.1) que simplesmente divulgam teorias como a da linguagem ou do computador pelas vias da narrativa seqüencial (outro nome para as HQ, que também são conhecidas como a Nona Arte).

                                  

                                                           (fig.1) 

Tradução: “-Agora nós mamíferos começamos como uma espécie de réptil peludo.

Mas nossos cérebros brilhantes evolveram de suas fora de moda, obsoletas raízes reptilianas??

-Diga “Ah...”

-Nem um pouco! Nós somente o cobrimos com uma montanha de “mais altas” células cerebrais...mas o velho cérebro reptiliano ainda está  lá embaixo, agitando nossas emoções! (De toda maneira, seu apropriado nome científico é “sistema límbico”.).

                                                             

Desta monta, acredita-se que se está tentando buscar um cruzamento heurístico de informações que se colocarão de igual forma em aspectos sui generis nas modalidades mentais, suscitando  um equilíbrio revigorado dos dois hemisférios cerebrais (que funcionam concomitantemente), sem relevar pontos de enfoque que se ativam mais ou menos em determinadas áreas (embora esta seja uma hipótese intuída, tem suas bases devidas aos fatos científicos já levantados anteriormente, como as pesquisas com utilização de emissão fotográfica por Fótons etc.).

Então, as HQ aqui dispostas neste site foram elaboradas a partir de textos de divulgação científica, em quase sua totalidade nos originais em inglês, dado que muitos destes livros  importantes como inovadores nas áreas da pesquisa, não tiveram sua edição publicada no Brasil. Tais conteúdos, visando expôr o aluno aos conceitos relevantes sobre o funcionamento da mente humana, foram trazidos na disciplina ministrada pelo Prof. Dr. Litto.  

Versaram os temas diversificados a seguir, com o liame em comum: a busca dos significados da mente: Nanotecnologia, o Folclore de Computadores e a Arte de Pensar, a Entropia na Informação e na Sociedade, o Espirito Humano numa Cultura de Computadores, o “Eu”  Seu e do Computador, a Mente Como Programa e Mimetics, a Aprendizagem de Significação, Contexto e Ambigüidade, Modelos Mentais e Uma(s) Teoria(s) de Memória, Hipermídia—Editoração Eletrônica Avançada e Para uma Educação Multimídia.

Mas as HQ que foram elaboradas a partir da leitura destes fragmentos não são “traduções” das obras para as HQ, e sim, “recriações”, pois a maioria destas HQ foram elaboradas após ler os textos, propulsionadas pelo interesse e elucubrações mentais que dali surgiram. Espera-se que com tais HQ, os processos mentais do leitor/navegador o conduzam a caminhos novos, e que o façam pensar, imaginar...e (re) criar, e de alguma forma, fazer com que sua mente, sua consciência, seu cérebro dual, se torne (e o torne) apto a exercer sua (nova) humanidade!

Portanto, sugiro que o leitor/navegador leia as HQ em primeiro. Mesmo que não possua as bases informacionais que deram origem aos contextos das HQ, o leitor pode, depois, navegar clicando dentro de cada HQ, que se lhe abrirá uma página explicitando e explicando a fonte bibliográfica e o trecho de divulgação científica do qual foi eclodida a HQ.


Pretende-se futuramente nesta homepage incluir animações (para tornar a interface mais agradável com o leitor/navegador) e traduzir as páginas para outras línguas (possivelmente inglês, espanhol ou francês e esperanto), rebatizando o título, visto que as HQ têm nomenclaturas distintas, dependendo do país. Como exemplo, se em inglês, por serem chamadas de Comics nos EUA, o título poderá se traduzir como MindComic, ou para alguns países da Europa, por serem as HQs chamadas de Bande Dessinées (BDs), chamar-se-ão de BDEsprit etc.


[1] Greco, 1987, p. 27

[2] Parágrafo adaptado de Cristina COSTA, p.9

 

Referência bibliográfica:

COSTA, Maria Cristina Castilho Cristina. Ficção, Comunicação e mídias. São Paulo: Senac,

      2002.

GRASSI, Ernesto. Poder da imagem, impotência da palavra racional: em defesa da retórica.

     São Paulo: Duas Cidades, 1978.

GRECO, Milton. A aventura humana entre o real e o imaginário. São Paulo: 2a. ed. Revista- 

     Ed. Perspectiva, 1987.

GONICK, Larry. NeoBabelonia: a serious study in contemporary confusion. 

     Utrecht/Antwerpen: Veen/BSO, 1989.

DEBRAY, Régis. Vida e morte da imagem: uma história do olhar no ocidente. Petrópolis,

     RJ:Vozes, 1993.

MOORE, Alan (roteiro), GIBBONS, Dave (arte).Watchmen. São Paulo: Abril, 6 1988/89.

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