TREM BALA

Farrapo.
Sentir-me tal qual
Alforriado.
Que foge sem rumo, sem laço
Alquebrado.
Não mais um alvo, boneco de 
Trapo.
Sem passar de trem bala
Que se afasta, sem etapa, sem rastro, sem
Claustro.
Sem querer meia-volta à estação
Descaso.

Descalço.
No peito, feridas da injúria,
Escusa.
Expurgo do corpo a dor do
Balaço.
Vivendo na ânsia, infindável procura ao
Regaço.

Palato.
O gosto tosco, amargo na boca
Um chumaço forçado que me faz
Calado.
Escarro do fundo d’alma o profundo, nefasto
Cansaço.
Sentindo paúra do desejo, terror aos teus
Beijos.
O medo de um simples, fugaz
Contato.

Sentidos.
Afloraram na mente amargas
Lições.
Sem promessas, quirelas, seqüelas de
Chuvas.
Que aplaquem os secos, estios
Corações.
Numa vida sem vida
sem rumo, sem prumo, sem muro
eu, trem bala, apenas
Vislumbro.
o fadado escrutínio de um amargo...
Futuro?

Marcel Peres Costa – Letras

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