Calagem e adubação

1.      Importância da adubação e outros aspectos

2.      Calagem e adubação

3.      Constituição e característica de alguns calcários

4.      Desequilíbrio de nutrientes

5.      Calagem

6.      Recomendações de calagem

7.      Gessagem

8.      Adubação

9.      Adubação verde

10.  Adubação orgânica

11.  Adubação química

12.  Recomendações de nitrogênio, fósforo e potássio na formação e produção do cafeeiro

13.  Recomendação para plantio e formação

14.  Recomendações para lavoura em produção

15.  Recomendações para o preparo de covas e/ou sulcos de plantio

16.  Adubação para lavoura podada

1 - IMPORTANCIA

O café, principalmente no periodo de produção, consome grande quantidade de macro e micronutrientes, assim torna-se de grande importância a correta adubação - reposição dos nutrientes - do solo, alem é claro das perdas por lixiviação e das alterações causadas pelos ciclos ecológicos. Para isso é mostrada a seguir a composição média dos frutos e folhas, onde se consta importante a devolução da palha do café ao terreno, pois esta é rica em Potássio e a importância da calagem na manutenção das proporções 9:3:1 entre Cálcio:Magnésio:Potássio, já que o cálcio é o terceiro elemento em maior quantidade nos frutos. Veja composição dos frutos, casca e folhas e também analises.

Composição dos frutos:

Para cada 1000 kg de café em coco:

Macronutrientes

Quantidade (kg)

Micronutrientes

Quantidade (g)

K2O

28

Fe

47,19

N

22,25

Mn

39,32

CaO

3,48

Cu

16,85

MgO

3,37

B

13,48

P2O5

1,12

Zn

5,7

 

 

Mo

0,067

2 - CALAGEM E ADUBAÇÃO

O cafeeiro é uma planta sensível a desequilíbrios nutricionais, bastando que um determinado nutriente esteja disponível em excesso ou em falta para que ocorram antagonismos ou toxicidades. Esses desequilíbrios causam efeitos altamente prejudiciais na formação do cafeeiro. Por essa razão, o cafeicultor deve sempre recorrer à análise de solo e à análise foliar, para que os nutrientes sejam fornecidos nas quantidades e épocas mais indicadas, e para evitar que um excesso de nutrientes seja ministrado no cafezal, pois isto não permite volta.

3 - CONSTITUIÇÃO E CARACTERISTICAS DE ALGUNS CALCÁRIOS

Região

CaO

MgO

PN

PRNT

Piracicaba

30,1

19,6

89

56

Taubaté

30,0

18,3

98

67

Jacupiranga

45,5

2,2

83

83

PN - Poder de neutralização

PRNT - Poder relativo de neutralização total

4 - Desequilíbrio nos nutrientes para amostras de solo:

Os desequilíbrios nutricionais mais comuns na região são os seguintes:

Excesso de zinco ou boro - sintomas semelhantes aos de deficiência de necrose nas folhas nas folhas novas.

Valores médios de pH, alumínio, manganês, cálcio, magnésio, potássio, fósforo, zinco, boro, encontrados nos cafezais do Sul de Minas e interpretação de níveis:

CARACTERÍSTICAS

CONDIÇÕES ADEQUADAS AO CAFEEIRO

CONDIÇÕES ENCONTRADAS NA REGIÃO

INTERPRETAÇÃO

No Solo :

 

 

 

pH (CaCl)

5,6-6,5

4,72

Ácido

Al (mg/100cc)

< 0,3

0,81

Tóxico

Ca (% saturação)

50-60

25,00

Baixo

Mg (% saturação)

15-20

5,60

Baixo

K (% saturação)

3-5

1,10

Baixo

P (ppm)

20-30

4,50

Baixo

Zn(ppm)

6-40

2,10

Baixo

B (ppm)

0,5-1,0

1,00

Adequado

Na planta - foliar:

 

 

 

Ca (%)

1,0-1,5

0,80

Baixo

Mg (%)

0,35-0,50

0,27

Baixo

N (%)

3,0-3,05

3,20

Adequado

K (%)

1,8-2,5

2,00

Adequado

p(%)

0,12-0,18

0,11

Baixo

 

5 - CALAGEM

A acidez elevada, altos teores de alumínio ou mangânes, são fatores que influenciam negativamente na produtividade dos cafezais sul mineiros. A calagem é uma prática imprescindível ao cultivo, favorecendo o desenvolvimento e a produção através dos seguintes benefícios:

 

6 - RECOMENDAÇÕES DE CALAGEM

a)- A calagem deve ser efetuada no período de após colheita e antes da esparramação.

b)- Não usar mais que 4 a 5 toneladas/há/ano afim de não provocar desequilíbrio, principalmente com boro e zinco.

c)- Em solos arenosos a dosagem máxima anual deve ser de 2 a 3 toneladas/há/ano.

d)- No sulco de plantio acrescentar 100g de calcário/metro de sulco para cada tonelada aplicada/há em área total.

e)- Procurar manter, no solo, a relação de 9:3:1 entre cálcio, magnésio e potássio.

f)- Usar preferencialmente calcário dolomítico com PRNT = 70 a 80%, 25 a 30% de CaO e pelo menos 12% de MgO. Em condições de desequilíbrio, calcário calcítico, óxidos de magnésio ou sulfato de magnésio podem ser necessários para o equilíbrio adequado de Ca e Mg e a sua saturação conveniente no solo.

g)- A quantidade de calcário a ser aplicado deve ser calculada objetivando na saturação de bases de 60-70%.

A tabela a seguir pode ajudar na dosagem que deverá ser usada, sendo dada em toneladas por hectare:

pH

Terras arenosas claras e vermelhas

Terras massapé e argilosas

Terras roxas legitimas e misturadas

Terras de baixada rica em matérias orgânicas

4,8

1

2

2,6

5,2

5,1

0,9

1,8

2,4

4,8

5,3

0,8

1,6

2,2

4,4

5,7

0,7

1,4

1,8

3,6

6,0

0,4

0,8

1,3

2,5

6,3

0,25

0,5

0,7

1,3

7 - GESSAGEM

O gesso só deve ser utilizado quando a análise do solo, de 20 a 40 centímetros, indicar alumínio alto (maior que 0,5 meq/100g) ou saturação de alumínio acima de 20% na camada de 20-40 cm, ou cálcio baixo (menor que 0,3meq) e com dose limitada a 30% da dosagem de calcário a ser utilizada. Nestes casos deve-se tomar muito cuidado quando o solo é pobre superficialmente (pequena saturação de bases) já que o carreamento de Mg, Ca e K para camadas mais profundas pode empobrecer, ainda mais, a camada superficial. O gesso deve ser usado em associação com o calcário e sua utilização deve ser acompanhada com análises periódicas de solo, em diferentes profundidades, para verificar os teores de cálcio, magnésio e potássio trocáveis.

 

8 - ADUBAÇÃO

A nutrição do cafeeiro pode ser realiza de diferentes formas como adubação verde, orgânica e foliar, porém a adubação química é indispensável.

 

9 - ADUBAÇÃO VERDE

Só se mostra viável em solos de baixa fertilidade, e quando se deseja melhorar as propriedades físicas e biológicas. Existem duas formas de se proceder a uma adubação verde:

a)- O aproveitamento de plantas daninhas com o sistema de roçada ou uso de herbicidas.

b)- Plantio intercalar de plantas fornecedoras de massa verde, que deve ser incorporada por ocasião de florescimento das mesmas.

Um aspecto importante que se deve em conta, são os cuidados com a concorrência em água e nutrientes, entre as plantas adubo-verde e os cafeeiros. Alguns trabalhos experimentais mostram efeitos depressivo no cultivo de leguminosas sobre a produção de café. Cuidados especiais como o número de plantas por área, adubação de leguminosa, corte das plantas na época correta e observação dos períodos de veranico (nesse caso não deixar a leguminosa crescer até o seu florescimento) devem ser adotados para o sucesso da prática.

As leguminosas mais indicadas são: Mucuna anã (Stilizoium sp) e o labe-labe (Dolichos lablab). Para as áreas com problemas de nematóides a Crotalaria spectabilis é uma espécie de "planta armadilha" para esse parasita.

 

10 - ADUBAÇÃO ORGÂNICA

A adubação química dispensa a adubação orgânica, mas esta é também importante, especialmente para solos depauperados, com teor de matéria orgânica inferior a 2%. Para a sua adoção deve-se levar em conta, comparativamente com a adubação química, a disponibilidade, a fonte, o custo por nutriente fornecido, as condições climáticas e adáficas.

Para redução de custos da adubação orgânica, que são onerados pelo maior volume no transporte e na distribuição, é indicado produzir e/ou aproveitar as matérias orgânicas da própria fazenda. Nesse sentido é conveniente programar, sempre que possível, nas propriedades cafeeiras, atividades que possam fornecer adubos para o cafezal, como a bovinocultura de leite, confinamentos e o composto orgânico. A palha de café, quando devolvida ao cafezal, representa o retorno de 40% a 50% dos nutrientes extraídos pela produção.

No plantio deve-se dar preferência a materiais já decompostos (curtidos). Caso contrário deve-se esperar cerca de 30 (trinta) dias para efetuar o plantio. A

utilização de adubos orgânicos na cova (ou sulco) de plantio permite a redução das doses de adubos químicos com base nos teores de NPK adicionados. Durante a fase de formação e produção os adubos orgânicos devem ser distribuídos entre covas ou debaixo da saia do cafeeiro, de preferência após a colheita e antes da esparramação.

Composição média de nutrientes de algumas fontes de matéria orgânica e recomendações de utilização no plantio e condução do cafeeiro.

Fonte

Teores aproximados

 

 

N %; P2O5 %; K2O %

Recomendações (Kg/cova)

Esterco de galinha (gaiola)

2,0; 2,0; 1,0

1-2

Esterco de galinha (cama)

1,5; 1,0; 0,7

2-3

Esterco de curral (curtido)

0,6; 0,3; 0,6

3-5

Torta de mamona ou algodão

5,0; 2,0; 1,0

0,5-0,8

Palha de café

1,7; 0,1; 3,2

2-3

Esterco Porco

0,5; 0,3; 0,4

3-5

Esterco Cavalo

0,7; 0,3; 0,8

3-5

 

11 - ADUBAÇÃO QUÍMICA

As adubações químicas com nitrogênio e potássio devem ser parceladas, em pelo menos três a quatro aplicações, durante o período chuvoso. Para os demais nutrientes uma única aplicação, via solo, é suficiente. Assim o cálcio e o magnésio devem ser aplicados, via calagem logo após a colheita e antes da esparramação. O fósforo deve ser aplicado no início do período chuvoso ou junto com primeira aplicação de nitrogênio e potássio. Também o boro, via solo, e o zinco, somente em solos arenosos, devem ser aplicados no início do período chuvoso.

Em toda a região as adubações com nitrogênio e potássio devem ser realizadas no período de outubro a março (3 a 4 parcelamentos) distribuídas em cobertura, na projeção da "saia" do cafeeiro, com aplicação manual ou mecanizada. A adubação localizada ou enterrada, reduz a absorção pelo sistema radicular e resulta em menor produção.

No plantio os adubos devem ser misturados à terra de reenchimento das covas ou sulcos. O calcário deve ser colocado antes e bem incorporado.

Alem disso deve-se observar que algumas misturas são incompatíveis, ou seja, podem provocar a mau absorção devido a baixa solubilidade de sais formados, aglutinação pela grande absorção de umidade ou reações de perda, principalmente de nitrogênio, por reações formação de amônia na presença de produtos básicos. Algumas destas misturas são:

Semicompatíveis são:

 

12 - RECOMENDAÇÕES DE NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO NA FORMAÇÃO E PRODUÇÃO DO CAFEEIRO.

A recomendação de doses de fertilizantes depende basicamente do estágio da lavoura, das exigências do cafeeiro em função da carga pendente, do tipo e da fertilidade do solo, avaliada por análise dos adubos a serem usados.

Os resultados de estudos e pesquisas, em condições de campo são muito úteis para orientar as recomendações do uso das adubações.

Veja também macro e micronutrientes

 

13 - RECOMENDAÇÃO PARA PLANTIO E FORMAÇÃO

a)- Na cova ou por metro de sulco:

b)- Na formação;

 

14 - RECOMENDAÇÕES PARA LAVOURA EM PRODUÇÃO

Para adubação do cafeeiro em produção deve-se levar em consideração o estado vegetativo, o potencial de produção, as características do solo e os adubos a serem utilizados.

A recomendação usual leva em conta a extração dos nutrientes (em função da expectativa de carga pendente) e as características do solo (fertilidade) constantes na análise. A adubação a ser recomendada é resultante da seguinte fórmula:

AQ = AV + AP

Onde:

AQ = adubação química a utilizar

AV = adubação necessária à variação

AP = adubação necessária à produção

Uma aproximação desta estimativa de produção pode ser alcançada considerando os teores exigidos para cada saca beneficiada a ser produzida. Assim as recomendações de adubação abaixo foram calculadas da seguinte forma:

N = 50 + (4,0 x PE)

P2O5 = 8 + (0,80 x PE)

K2O = 35,5 + (4,57 x PE)

Onde:

PE: Produção esperada por mil covas em sacas beneficiadas.

Sugestões de adubação para lavouras em produção, em gramas de nutrientes por cova, considerando a carga pendente (litros de café cereja/planta) e os teores de nutrientes no solo.

PRODUTIVIDADE

N

P2O5

K2O

 

% MAT. ORG.

P (ppm)

% K em Relação CTC

LITROS DE CEREJA/PLANTA

<3 >3

<10 11-20 >20

<3 3-5 5-7 >7

<2

70 56

12 8 0

58 46 34 0

2-4

90 72

16 11 0

81 64 48 0

4-6

110 88

20 14 0

104 83 62 0

6-8

130 104

24 16 0

127 101 76 0

8-10

150 120

28 19 0

149 120 90 0

10-12

170 136

32 22 0

172 138 130 0

12-14

190 152

36 25 0

195 156 117 0

14-16

210 168

40 28 0

218 175 131 0

16-18

230 184

44 30 0

241 193 145 0

18-20

250 200

48 33 0

264 212 159 0

Enxofre = colocar de 1/8 a 1/10 da dose N

Boro = colocar 1,0 a 2,0 gramas de B por planta

Calagem = saturação de bases a 60-70%

Zinco = via foliar em 4 pulverizações a 0,3% de sulfato de zinco; via solo, em solos arenosos, colocar 2,0 a 4,0 gramas de Zn por planta.

 

15 - RECOMENDAÇÕES PARA O PREPARO DE COVAS E/OU SULCOS DE PLANTIO

A prática de "batimento" de covas para plantio tem sido substituída, com vantagens, pelos sulcos contínuos, principalmente nos adensamentos, onde se reduz o espaçamento entre na linha. O sulcador com "chapa alargadora" tem sido usado com sucesso nesta operação. Consiste em uma haste de subsolador à qual se soldam duas chapas transversais, de 40 centímetros, no terço médio, espaçadas de 20 centímetros uma da outra. O preparo do solo é feito então da seguinte forma:

 

16 - ADUBAÇÃO PARA LAVOURA PODADA

  1. - Adubação de lavoura recepada: as adubações irão depender do vigor das brotações. Com um bom crescimento inicial, pode-se dispensar as adubações do primeiro ano. Caso contrário devem ser usados os mesmos níveis de adubação indicados para lavoura de segundo ano de campo. É importante observar que as adubações foliares com micronutrientes, devem ser feitas somente com zinco e cobre. O boro não deve ser utilizado no primeiro ano. Em geral, as adubações de solo são iniciadas após a primeira desbrota. No segundo ano podem chegar a 50% das doses normais de um cafeeiro adulto.
  2. - Adubação de lavouras atingidas por geadas ou granizo: a adubação depende do nível de dano. Em todos os casos é importante observar a carga pendente, análise de solo e a necessidade ou não de podas.
  3. - Adubação de lavouras decotadas: após decote, as adubações são basicamente as mesmas de uma lavoura que não foi decotada, variando com a previsão de colheita. Entretanto, se a previsão de colheita for muito baixa, pode-se aumentar em até 30% a dosagem de nitrogênio.

 

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