Guerra Fria


       Tem como eixo a disputa pela hegemonia mundial entre as duas superpotências, que se estenderá por mais de 40 anos. Com sistemas sociais e políticos opostos, armas nucleares e políticas de conquista da hegemonia mundial, Estados Unidos e União Soviética mantêm o mundo sob a ameaça de uma guerra nuclear. São chamadas de superpotências porque cada uma delas tem armamentos suficientes para destruir o planeta sozinha.

 Ameaça nuclear
    Após a explosão da primeira bomba atômica em 1945, os Estados Unidos fazem testes de novas armas nucleares no atol de Bikini, no Pacífico, e criam a Comissão de Energia Atômica para a expansão de seu poderio nuclear. Em 1949 a União Soviética explode seu primeiro artefato atômico no deserto do Cazaquistão, entrando na corrida nuclear. O mundo ingressa assim na era do terror atômico, na qual cada uma das superpotências se esforça por conseguir uma bomba mais potente que a experimentada pela outra. Em 1952 os Estados Unidos explodem a primeira bomba de hidrogênio, com potência de 15 milhões de TNT (750 vezes mais potente que a primeira bomba atômica). Em 1955 a União Soviética lança sua bomba de hidrogênio de um avião, considerado um importante avanço técnico sobre os norte-americanos. Essa corrida coloca o mundo diante do perigo da destruição. Mas outros países, como Reino Unido, França, China e Índia, entram no rol de países que têm armas nucleares. Países suspeitos de terem a bomba incluem Paquistão e Israel. Em 1963 é assinado o primeiro acordo de limitação de atividades nucleares, proibindo testes na atmosfera.

 RECONSTRUÇÃO DA EUROPA OCIDENTAL
    Missão gigantesca diante da destruição causada pela guerra. Só em perdas humanas a URSS teve 17 milhões; a Alemanha, 5,5 milhões; a Polônia, 4 milhões; a Iugoslávia, 1,6 milhão; a França, 535 mil; a Itália, 450 mil; os Estados Unidos, 410 mil; e o Reino Unido, 396 mil.

 Plano Marshall
    O Programa de Reconstrução da Europa (ERP) é elaborado em 1947 pelo secretário de Estado norte-americano George C. Marshall (1880-1959), com base na Doutrina Truman. Os Estados Unidos decidem abandonar a colaboração com a URSS e investir maciçamente na Europa ocidental para barrar a expansão comunista e assegurar sua própria hegemonia política na região. Washington fornece matérias-primas, produtos e capital, na forma de créditos e doações. Em contrapartida, o mercado europeu evita impor qualquer restrição à atividade das empresas norte-americanas. A distribuição dos fundos é realizada por meio da Organização Européia de Cooperação Econômica (OECE), fundada em Paris, em 1948. Entre 1948 e 1952, o Plano Marshall fornece US$ 14 bilhões para a reconstrução européia.

 HEGEMONIA DOS EUA
    Conquistada em virtude do fortalecimento dos Estados Unidos durante a guerra, concomitante ao enfraquecimento relativo das potências européias. A economia norte-americana se expande internacionalmente. Suas Forças Armadas detêm o monopólio da bomba atômica e disseminam bases pelo mundo. Washington dita a política no Ocidente e disputa a hegemonia no resto do planeta. A supremacia econômica é alcançada com a exportação de capitais, empresas, produtos industriais e agrícolas e tecnologia. As empresas norte-americanas tornam-se multinacionais, com filiais espalhadas por todo o mundo. Exercem influência sobre as economias nacionais e determinam seu rumo. A busca da hegemonia política tem por base a Doutrina Truman.

 Doutrina Truman
    Estabelecida em 1947. Determina que os Estados Unidos prestem ajuda militar e econômica a todos os países e regimes que se oponham à expansão comunista. Em 1949 o presidente Harry S. Truman proclama a responsabilidade mundial dos Estados Unidos.

 Otan
    A Organização do Tratado do Atlântico Norte é fundada em 1949, em Washington, para a defesa coletiva dos regimes democráticos, por meio de uma estreita colaboração política, econômica e militar entre os países anticomunistas. Possui um comitê de chefes de Estado-Maior e vários comandos regionais.

 Política interna
    A aplicação da política externa de confronto com a URSS, estabelecido pela Doutrina Truman, reflete-se internamente na adoção de políticas repressivas. Em 1947 o Congresso norte-americano aprova a Lei Taft-Hartley, declarando ilegais certas formas de greve, limitando a representação dos sindicatos e concedendo ao presidente o direito de suspender greves.

 Anticomunismo
    Intensifica-se a partir de 1950, com a aprovação da Lei Mac Carran-Nixon, exigindo o registro de todas as organizações ou simpatizantes da ideologia comunista. Essa lei é a base imediata do desencadeamento do macarthismo nos Estados Unidos e de sua disseminação mundial, estimulando restrições às atividades socialistas e comunistas na maioria dos países sob influência norte-americana, inclusive na Europa.

 Macarthismo
    Movimento iniciado pelo senador Joseph McCarthy, em 1951, com a organização de comissões de investigação que acusam de atividades anti americanas qualquer pessoa suspeita de ligação com movimentos ou organizações consideradas comunistas. Realiza uma caça às bruxas na área cultural, atingindo artistas, diretores e roteiristas que durante a guerra manifestam-se a favor da aliança com a União Soviética e, depois, a favor de medidas para garantir a paz e evitar nova guerra. Charlie Chaplin é o mais famoso entre os artistas perseguidos pelo macarthismo. Sindicalistas, cientistas, diplomatas, políticos e jornalistas também são alvo de perseguições. Em 1960 o Senado reconhece que as atividades das comissões dirigidas por McCarthy colocam em risco a ação do governo.

 Organização sindical
    Durante o macarthismo, uma comissão investigadora demonstra o domínio de vários sindicatos pelo gangsterismo. Em virtude disso, em 1954 a Associação dos Operários Portuários, dos Agentes de Transportes e Caminhoneiros (Teamsters), a dos Padeiros e a dos Trabalhadores em Lavanderias são excluídas da American Federation of Labor (AFL). Em 1955 há a fusão da AFL com o Congress of Industrial Organizations (CIO), resultando na AFL-CIO.

 Intervencionismo
    Como decorrência da Doutrina Truman, os Estados Unidos intervêm em todas as partes do mundo que consideram ameaçadas pela expansão comunista. Na América Latina, a coordenação das ações militares é realizada em Washington, no Colégio Interamericano de Defesa, criado em 1950, e na Zona do Canal do Panamá, na Escola das Américas, criada em 1961 pelas Forças Armadas dos EUA. Na Ásia, a coordenação é realizada através dos tratados e organizações internacionais de defesa, enquanto na Europa e África é feita pela Otan.

 Corrida espacial
    As primeiras experiências com foguetes datam de 1935. São realizadas simultaneamente na Alemanha e Estados Unidos e estão diretamente vinculadas às pesquisas sobre novos armamentos. Durante a 2a Guerra Mundial, o governo alemão usa os princípios de propulsão de foguetes para construir as primeiras bombas voadoras, a V-1 e a V-2, num programa coordenado por Wernher von Braun. É com essa tecnologia capturada dos alemães que Estados Unidos e União Soviética dão início à chamada corrida espacial: a luta pela primazia na conquista do espaço. Cada passo dessa corrida traduz-se em avanços tecnológicos: novos materiais, aperfeiçoamento de motores, armamentos, satélites meteorológicos e de comunicação.

 Pioneirismo soviético
    A União Soviética é a primeira a obter sucesso no lançamento de satélites artificiais e sondas espaciais. Em 1957 lança o Sputnik, o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra. No mesmo ano, com o Sputinik 2, mandam o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika. São pioneiros também em ultrapassar o campo de gravidade da Terra com a sonda Lunik 1, que sobrevoa a Lua em 3 de janeiro de 1959, e a atingir outro planeta, com a sonda Venera, que atinge Vênus em 12 de fevereiro de 1961. Sua grande vitória, no entanto, é mandar o primeiro homem ao espaço: em 12 de abril de 1961 o astronauta Yuri Alexeievitch Gagarin permanece em órbita por 1h48min. Vencem, assim, a primeira etapa da corrida espacial.

 O homem na Lua
    A primazia dos soviéticos leva os Estados Unidos a priorizar o projeto de conquistar a Lua. Aperfeiçoam foguetes de lançamento e naves, realizam missões de longa duração, treinam manobras de encontro e acoplamento de naves no espaço. O programa espacial soviético sofre várias interrupções e os norte-americanos tomam a dianteira. Dia 16 de julho de 1969 o foguete Saturno 5 leva a nave Apollo 11 até a órbita da Terra. Quatro dias depois, dia 20 de julho, às 20h17 (horário de Greenwich, 17h17 no Brasil), o módulo lunar Eagle pousa na Lua. O astronauta Neil Armstrong é o primeiro homem a pisar num outro corpo celeste . Os Estados Unidos vencem a segunda fase da corrida espacial.

 Satélites de comunicação
    Em 1960 os Estados Unidos começam as experiências com satélites meteorológicos e de comunicação. Em julho de 1962 inauguram o sistema de transmissão intercontinental de imagens de televisão com o satélite Telstar. Os satélites de comunicação evoluem rapidamente e transformam-se em um grande negócio. Nos anos 70, Japão e China lançam satélites com tecnologia própria. Em 1978 a Agência Espacial Européia entra na corrida espacial com os foguetes lançadores Ariane. A França passa a controlar sozinha o projeto Ariane em 1984 e, atualmente, detém cerca de 50% do mercado mundial de lançamento de satélites.

 Laboratórios espaciais
    Depois de chegarem à Lua em 1969, os norte-americanos prometem mandar um homem a Marte até 1985, mas seu programa espacial é desacelerado. Surgem novas prioridades: as pesquisas de novos materiais, medicamentos, armamentos, com grande participação de capitais privados. Os soviéticos lançam em 1971 a primeira estação espacial, a Salyut, um laboratório espacial. Os norte-americanos constroem a estação Skylab em 1973 e os soviéticos lançam a primeira estação orbital permanente, a Mir, em 1986. Com as estações espaciais, surge um novo tipo de nave: os ônibus espaciais

 Observações astronômicas
    Desde os anos 60, soviéticos e norte-americanos vêm lançando sondas espaciais exploratórias. Até o início da década de 90, todos os planetas do Sistema Solar, exceto Plutão, são visitados, fotografados e mapeados por sondas . Em 1990 os Estados Unidos lançam o telescópio orbital Hubble com capacidade de observar eventos a mais de 10 bilhões de anos-luz da Terra.

 Expansão soviética
    Apesar das perdas humanas e materiais, a URSS sai da guerra como grande potência econômica e militar. Aumenta a centralização política, a pretexto de uma rápida recuperação econômica e do perigo de uma nova guerra, desta vez contra as potências ocidentais, tendo os Estados Unidos à frente. Stalin centraliza em 1946 as funções de secretário-geral do Partido Comunista, primeiro-ministro e ministro da Defesa. Reorganiza os organismos de repressão política e intensifica a perseguição aos opositores. A economia é restaurada através da planificação centralizada, com prioridade para a indústria pesada. Em 1950 a produção industrial e agrícola atinge os níveis anteriores à guerra. As regiões industriais no oeste do país são reconstruídas e tem início a exploração da Sibéria. Intensifica-se a mecanização agrícola e as áreas de cultivo são ampliadas. Entra em execução um plano de massificação do ensino básico e técnico e tem início o rearmamento. O V Plano Qüinqüenal, entre 1951 e 1955, é voltado para a realização de obras energéticas e de irrigação e transporte fluvial. São executados projetos de armas modernas, centradas em artefatos nucleares e foguetes, e começa a pesquisa espacial.

 CORTINA DE FERRO
    Baseada em seu poderio militar, na presença de tropas soviéticas na Europa oriental e no extremo oriente e no renascimento dos partidos comunistas e socialistas em muitos países, a União Soviética passa a desenvolver uma política hegemonista para fazer frente à ascensão dos Estados Unidos no ocidente e na Ásia. Realiza a centralização política da Europa oriental por meio de tratados de paz, reparações de guerra, ocupações militares e apoio à formação de governos comunistas.

 Pacto de Varsóvia
    Firmado na capital polonesa, em 1955, para ajuda mútua em caso de agressões armadas aos países do bloco soviético na Europa, é o principal instrumento da hegemonia militar da União Soviética.


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