Conflitos na África


       O continente assiste a um complicado e diferenciado processo de democratização, paralelo ao ressurgimento de rivalidades tribais e a um drástico agravamento das dificuldades econômicas em muitos países.

 África do Sul
    O crescimento da resistência negra ao apartheid gera conflitos armados, massacres e a condenação internacional a partir de 1977, quando a ONU proíbe a venda de armas ao governo racista. O embargo se amplia à medida que o governo responde com mais violência aos protestos. Em 1987 começa a retirada das empresas estrangeiras do país. Em 1989 o presidente Frederik de Klerk começa a desmantelar o regime racista com uma série de medidas democratizantes, entre as quais a libertação dos presos políticos (Nelson Mandela, o mais importante líder negro, é solto em fevereiro de 1990). Em março de 1992, um plebiscito entre os brancos (o único grupo racial com direito de voto) apóia a continuidade das reformas de De Klerk. Isso conduz à reforma da Constituição e às primeiras eleições livres e multirraciais do país, em 1994.

 Nelson Mandela (1920- )
    Nascido de uma família da nobreza tribal da etnia xhosa, funda em 1943 a Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano para lutar contra o regime branco de forma mais ativa. Dirige a campanha de desobediência civil às leis racistas do apartheid em 1952. Depois do massacre de Shaperville, realizado pela polícia sul-africana, funda o braço armado do CNA, batizado de Umkhonto We Sizwe (lança da nação), convencido de que a liberdade na África do Sul só poderia ser conseguida por meios violentos. É preso em 1962 e permanece na prisão até 1990, apesar de movimentos internacionais de solidariedade. Durante o período em que esteve preso, sua mulher, Winnie, ganha projeção, mas se envolve em atos de violência condenados pelos próprios movimentos negros. A partir de sua libertação, Mandela retoma a direção do CNA e orienta o processo de negociações que conduz ao fim do apartheid e leva a maioria negra ao poder.

 Libéria
    A luta guerrilheira contra a ditadura militar leva, entre 1989 e 1990, a um estado de caos político e econômico. Acordos de cessar-fogo entre as facções em luta não são respeitados. Mais de 1 milhão de refugiados abrigam-se em países vizinhos.

 Chade
    Guerra civil entre 1975 e 1987, com intervenções militares líbias e francesas. O governo de reconciliação nacional de 1988-1990 promulga uma nova Constituição e convoca eleições, mas desde 1991 desenvolve-se nova guerra civil.

 Somália
    Guerra civil iniciada em 1969 leva o país ao caos econômico e à sua divisão em áreas dominadas por diferentes grupos armados. Aumenta o número de refugiados e centenas de milhares de pessoas morrem por inanição. A guerra se intensifica após a derrubada do ditador Mohamed Siad Barre, em janeiro de 1991. Em dezembro de 1992, invocando razões de ajuda humanitária, a ONU desembarca tropas no país, mas não consegue promover a paz entre os bandos armados. Em outubro de 1993, uma unidade militar dos EUA é emboscada por guerrilheiros do general Mohamed Farah Aideed; 13 soldados norte-americanos são mortos e os Estados Unidos retiram suas tropas.

 Argélia
    Distúrbios causados por problemas econômicos, religiosos, étnicos e políticos desde 1980 levam o governo a convocar um plebiscito sobre o sistema político em novembro de 1988. A Constituição de 1989 reduz o mandato presidencial para quatro anos e cria o pluripartidarismo. A Frente Islâmica de Salvação (FIS) é legalizada e as eleições gerais são marcadas para dezembro de 1991. A vitória iminente da FIS provoca o cancelamento do segundo turno das eleições. Mohamed Budiaf, veterano da guerra de libertação nacional, é nomeado presidente. Manifestações e atentados dos fundamentalistas islâmicos deixam centenas de mortos e feridos. A FIS é colocada na ilegalidade e o governo censura a imprensa. A oposição fundamentalista desencadeia o terrorismo e assassina Budiaf em julho de 1992.

 Angola
    Guerra civil, com intervenção de tropas estrangeiras dos dois lados, desde 1975. Cuba apóia o governo marxista do MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola) com 30 mil soldados. Estados Unidos e África do Sul dão apoio à Unita (União Nacional pela Independência Total de Angola). Em 1987, sob pressão de americanos e soviéticos, governo e guerrilha aceitam negociar. Os acordos prevêem eleições no final de 1992, a retirada das tropas cubanas e sul-africanas, a reunificação dos exércitos, pluripartidarismo e anistia. O MPLA abandona o marxismo. Nas eleições de setembro de 1992 ele obtém mais de 50% dos votos no primeiro turno. A Unita contesta os resultados, mobiliza suas tropas e ataca Luanda. Recomeça a guerra civil. A ONU volta a tentar promover um acordo de paz.

 Moçambique
    Guerra civil desde 1981. As forças rebeldes da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) são apoiadas pela África do Sul. Somente em 1990, com as mudanças na África do Sul e pressões norte-americanas e soviéticas, tem início o processo de distensão. Protocolos de paz são assinados em outubro de 1991, em Roma, e marcam eleições para um ano após a assinatura do tratado de paz. O tratado é assinado em 1993 e as eleições realizadas em 1994.


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