"O Servo Cruel"  

         Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos; e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei. O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves. Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei. Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste; não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia. Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão."

   Mateus, 18:23-35


   Questões para reflexão

Ângela ([email protected])

1. Qual a idéia principal desta parábola?
A id
éia do perdão (perdoar para ser perdoado) e do "não façamos aos outros o que não gostaríamos que fizessem a nós mesmos". A mesma idéia contida no Pai Nosso: "perdoa às nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores."

2. O que é o ajuste que o rei quis fazer com os seus servos?
Que se o servo assumisse suas dívidas e clamasse por misericórdia, seria perdoado.

3. O que eram os dez mil talentos que um servo devia ao rei? E os cem denários que o conservo devia àquele servo?
Os dez mil talentos deveriam ser muito superiores aos cem denários, ou seja, as faltas do servo eram muito mais graves que as do seu conservo.

4. O que significa a afirmação: "o senhor ordenou que fossem vendidos ele, a mulher, os filhos e tudo o que possuía, para pagamento da dívida"?
Que o servo iria perder tudo o que tinha para pagamento da dívida.

5. O que representa o perdão da dívida?
Significa que o servo reconheceu sua falta e foi-lhe dada uma nova chance, para que ele aprendesse o perdão e a misericórdia.
U
ma ótima semana a todos nós!
Â
ngela

Regina ([email protected])

Para mim, o significado da parábola é o perdão: "Fazer aos outros o que gostaríamos que fosse feito a nós."

 

Frei Paulus ([email protected])

 

1. Qual a idéia principal desta parábola?

A idéia aqui está clara: é o perdão.

O mesmo perdão que pedimos a Deus em razão das nossas inúmeras fraquezas, é o que devemos oferecer aos nossos irmãos. No "Pai Nosso" esta idéia está cristalina: "...perdoai as nossas dívidas (ofensas), assim como nós perdoamos nossos devedores (quem nos tem ofendido)..."

O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ensina: "sede indulgentes com as fraquezas alheias e intolerantes com os vossos próprios erros."

A questão 886, de O Livro dos Espíritos, nos mostra a caridade como a entendia Jesus: "benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas." 

 

2. O que é o ajuste que o rei quis fazer com os seus servos?

O ajuste que o rei quis fazer com os seus servos pode encerrar várias significações.

Para o fiel das igrejas salvacionistas é o "julgamento final."

Para o materialista, mesmo para o mais convicto dos ateus, será o momento da "surpresa", quando retornar à consciência após a perturbação que acompanha o fenômeno da desencarnação. Nesse instante, que costuma ser cruel para muitos, a consciência não mais será enganada e, exímia cobradora, exigirá os devidos reajustes.

O instante do ajuste, de acordo com a figura da parábola, para o sincero discípulo moderno do Cristo, é quando ele se decide a realizar a sua reforma íntima.  Nesse momento, ele abandona as promessas de brilho e de proeminência do mundo material e mergulha a sonda da investigação espiritual no próprio íntimo, atendendo ao conselho de Jesus, nosso guia e modelo: "O reino de Deus está dentro de vós."

 

3. O que eram os dez mil talentos que um servo devia ao rei? E os cem denários que o conservo devia àquele servo?

Praticamente todos os dias, nos colocamos diante de Deus, o rei da parábola, e pedimos perdão das nossas faltas. Malgrado nossos propósitos de melhoria, nossos votos de firmeza, de persistência no bem, vivemos escorregando, cometendo deslizes e nos precipitando no abismo do arrependimento e da amargura.

A prece nos faz bem; nos soerguemos da sarjeta moral; nos recompomos; voltamos a nos firmar; renovamos nossos propósitos de errar menos e... diante da menor situação-problema, voltamos a tropeçar, a cair, a sofrer...

Novamente no fundo do poço, a única luz que nos chega é a que vem do Alto. Voltamo-nos para Deus, como o filho pródigo, pedindo perdão, rogando uma nova oportunidade. E, como todo que pede, nos mostramos contritos, olhos baixos, humildes, para "forçar" a bondade de Deus.

Os dez mil talentos representam o grande número de nossas próprias fraquezas, de nossas imperfeições. Ou seja, nossa "dívida" para com Deus é imensa...

Misericordioso, Ele sempre nos perdoa e nos oferece uma nova oportunidade.

Os cem denários representam as mínimas ofensas que as pessoas nos dirigem e que  fazemos questão de nos melindrar, de nos sentirmos ofendidos e, por conseqüência, de exigir reparação.

Geralmente incoerentes, nos esquecemos do perdão que Deus oferece aos nossos inúmeros erros e, diante da menor fraqueza de um irmão, fazemos questão de tripudiá-lo, maldizê-lo e, muitas vezes, exigir uma reparação completamente desproporcional à ofensa.

 

4. O que significa a afirmação: "o senhor ordenou que fossem vendidos ele, a mulher, os filhos e tudo o que possuía, para pagamento da dívida"?

Deus atua no Universo por meio de suas Leis sábias e justas. É da Lei, portanto, que possamos (devamos) colher exatamente aqui que plantamos.

Quando exigimos do outro um comportamento que nós não estamos dispostos a nos esforçar por possuir, agimos como o servo cruel, que obtém o perdão de uma dívida enorme, mas que, por sua vez, não desculpa o mínimo deslize.

Também é da Lei que passemos por tantas quantas forem as situações para que aprendamos a grande lição do Amor.

Se não soubermos valorizar as bênçãos que recebemos na forma de filhos, cônjuges, pais, mães, bens materiais, recursos intelectuais, bons empregos, etc., é justo que devamos reiniciar um trabalho incompleto sem aquelas ferramentas que deixamos enferrujar ou que se quebraram por conta de nosso descuido.

Do servo cruel serão retirados os recursos mal utilizados, até que aprenda a importância de amar incondicionalmente. É o caso das reencarnações expiatórias, tão comuns à nossa volta...

 

5. O que representa o perdão da dívida?

Muitos irmãos vêem no pedido de perdão a Deus, por conta dos erros (pecados, para alguns) que cometemos ao longo da vida, como sendo uma quitação gratuita de uma dívida. Muitos acreditam, ingenuamente, que, para garantirem um "lote" no "céu", bastará um arrependimento (não importa se fingido ou não) no leito de morte.

No livro O Céu e o Inferno, Kardec nos mostra que o perdão, no sentido mais profundamente espiritual, se processa em três fases:

Note-se que nenhuma dessas fases é obtida ou superada graciosamente, isto é, temos que oferecer nossa parcela de vontade, de dedicação, de sacrifício e de esforço pessoal, para que nos libertemos de liames que nos vinculam a um passado em que nossas decisões não foram necessariamente as mais corretas.

Assim, pouco nos adiantam as genuflexões do corpo físico, quando o coração não se dobra diante da necessidade de nos reformarmos interiormente.

Que Jesus nos ilumine e abençoe hoje e sempre!

Muita paz,

Frei Paulus

    Voltar 

Hosted by www.Geocities.ws

1