Parábola do Semeador
Comentários (do site www.ceha.org.br)
O
objetivo desta parábola é apresentar as diferentes formas como as pessoas
recebem a mensagem divina. Os diferentes tipos de solo retratam estas pessoas,
com suas deficiências e virtudes. Cada um de nós, através dos milênios, vem
se desenvolvendo e apresenta hoje o resultado das conquistas e quedas. O nosso
mundo interno é apresentado na parábola como o solo. É marcante o fato da
semente (mensagem divina) não mudar, e sim a qualidade do solo. No decurso do
processo evolutivo, podem-se apresentar características semelhantes aos solos
descritos. Muitas vezes, encontraremos pessoas que apresentam, até, características
de mais de um dos tipos citados.
Os três evangelistas apresentam versões muito semelhantes, tanto para a parábola
quanto para sua interpretação, feita pelo próprio Jesus, a pedido dos seus
discípulos. Esta é a parábola mais detalhadamente comentada por Jesus nos
Evangelhos.
O semeador representa, de acordo com algumas interpretações, o próprio Jesus.
De forma genérica poder-se-ia enquadrar todos aqueles que divulgam a mensagem
divina. Cada um que se ocupa na divulgação da Doutrina Espírita, nas
palestras, escrevendo ou mesmo conversando, é um semeador. Semear é divulgar a
mensagem cristã, enquanto que a semente é a mensagem divina, a Palavra de
Deus.
Os evangelistas se referem ao fato da semente ser distribuída em partes.
Pode-se inferir daí que o ensinamento é oferecido a todos, apesar das
diferentes condições do solo, ou seja, das pessoas que vão recebê-lo. Todos
nós tivemos, e temos, acesso à mensagem cristã. O que difere, é a maneira
como a utilizamos em nossas vidas.
Os que se enquadram na figura à beira do caminho, são aqueles que ouvem e não
entendem. São os indiferentes, que permanecem à margem do processo evolutivo.
Estão tão presos aos “apelos” da Matéria que nem se dão conta da
mensagem recebida. Estão em completa sintonia com Espíritos inferiores, presos
ainda aos prazeres da carne. Não se trata de um processo obsessivo propriamente
dito, e sim, uma simbiose, onde ambos desejam a satisfação de suas paixões.
Lucas se refere ao fato da semente ter sido pisada, ou seja, desprezada. Ele é
o único dos evangelistas que aborda este aspecto da parábola. Esta semente foi
levada pelas aves. Jesus qualifica as aves como sendo os Espíritos inferiores,
utilizando os termos: Satanás, Maligno, Diabo.
Os termos lugares pedregosos, solo pedregoso, pedra são interpretados por Jesus
como aqueles que recebem a mensagem com alegria, mas como não têm raízes,
acabam sucumbindo diante das tribulações e perseguições. Temos aí os
vacilantes, que apresentam um entusiasmo inicial mas acabam desistindo ao
surgirem os primeiros obstáculos. A motivação do desequilíbrio, neste caso,
é externa (apesar da problemática interna existente). As causas do afastamento
destas pessoas poderiam ser evitadas se houvesse um melhor entendimento do que
é a mensagem divina, e do que ela pode nos oferecer. No fundo, estas pessoas
desejariam um milagre.
A ausência de terra representa a falta de profundidade de algumas pessoas, que
ficam sempre na superfície das situações, sem se envolverem efetivamente.
Estas plantas que cresceram em ambiente com pouca terra e que não conseguiram,
consequentemente, apresentar raízes profundas, são logo queimadas pelo sol,
que aqui representa as tribulações da vida, resultando em um afastamento dos
trabalhos. A falta de umidade, referida por Lucas, também está relacionada com
isso. A falta de profundidade ou umidade referem-se às nossas carências
internas. Se buscássemos um melhor entendimento da mensagem, se tentássemos
“regá-la” com a nossa compreensão, com a resignação...
Os espinheiros representam os chamamentos do mundo, a sedução das riquezas, a
ambição, o orgulho, o egoísmo, a vaidade. O terreno com espinheiros é o das
pessoas que ainda se mantêm muito apegada aos seus defeitos, ao personalismo. O
problema, neste caso, é totalmente interno. Embora exista um melhor
entendimento da mensagem, a pessoa tenta adaptá-la ao seu interesse, buscando
suplantá-la com o que considera melhor para ela.
A terra boa ou fértil diz respeito àquele que acolhe a semente, permite que
ela germine e dá condições para que ela cresça e até frutifique. Representa
aqueles que possuem corações generosos, dispostos a ajudar as pessoas, e se
transformarem em auxiliares na construção de um mundo novo. Os frutos são
obtidos em diferentes quantidades, uns resultaram em 30, outros 60, chegando-se
até 100. Os diferentes solos apresentam capacidades diferenciadas para que a
semente se desenvolva. A qualidade da terra boa está associada ao diferente estágio
evolutivo em que nos encontramos, fazendo com que estejamos dispostos a nos
doarmos em maior ou menor intensidade. Dependerá, enfim, do adubo de que
dispomos e que nos propomos, efetivamente, a oferecer.