Parábola dos Talentos e das Minas

Comentários (do site www.ceha.org.br)

            

“Estas parábolas ressaltam a necessidade de utilizarmos os dons que possuímos em nosso benefício e no das pessoas a nossa volta. Trata-se de um alerta para a necessidade de todos cumprirem seus deveres, ficando clara, também, a existência do livre-arbítrio, já que cada um pode utilizar os bens recebidos como lhe aprouver. Afinal, o senhor se ausentou para longe... Os diferentes talentos recebidos, se utilizados convenientemente, significarão bem estar para a humanidade. Todavia, a relutância em cooperar com os outros, o egoísmo e o orgulho, acabam implicando em elevadas cargas de sofrimento para todos aqueles que insistem em “esconder seus talentos”.
O homem a que Jesus se refere na parábola escrita por Mateus pode ser interpretado como Deus (ou Seu representante, Jesus), porém a expressão homem de nobre origem descrita por Lucas não deixa dúvida: é Jesus. Os servos somos nós, a humanidade.
Os talentos e minas distribuídos eram moedas comuns na antiguidade, e foram utilizadas por gregos e romanos. Um talento equivalia a 60 minas. Um talento, hoje em dia, corresponderia a aproximadamente 50g de ouro. No contexto da parábola, eles representam bens e recursos que podem ser utilizados em benefício próprio ou da coletividade, que nos são outorgados por ocasião da nossa encarnação. Não se tratam de conquistas espirituais (talentos ou minas não são virtudes), e sim de empréstimos que nos acompanharão por determinado período na carne para que possamos, então, alcançar as conquistas espirituais latentes em todos nós. Alguns exemplos seriam: riqueza, poder, beleza, saúde, cultura (lembrar que cultura é muito diferente de sabedoria), e, porque não dizer, conhecimento espírita e mediunidade. Estes bens são dados, segundo Mateus, a todos, ainda que em quantidades variadas, de acordo com a capacidade de cada um, capacidade esta que vem sendo desenvolvida ao longo das encarnações. Os que mais receberam terão maiores responsabilidades, pois como dizia Jesus, muito será cobrado daquele que muito recebeu. Poderíamos fazer o seguinte escalonamento com relação aos talentos distribuídos: os que receberam cinco talentos são Espíritos mais experimentados e possuem missões de repercussão mais ampla, auxiliando a sociedade em geral.; já os que receberam dois talentos têm tarefas restritas ao âmbito familiar; e os de um talento, tarefas relativas ao progresso espiritual próprio, adquirindo virtudes que ainda lhe faltam.
Lucas considera que as minas são divididas igualmente, embora o resultado de cada servo seja diferenciado, mostrando as diferentes capacidades de cada um daqueles que receberam estes bens (minas). O termo negociar, em Lucas, representa a necessidade de se colocar em prática os bens recebidos. Já em Mateus, tem-se o mesmo significado para o termo trabalhar com o talento.
No Evangelho de Lucas, os concidadãos odiavam o senhor e não queriam que ele reinasse. Na imagem dos inimigos, percebe-se a relutância da humanidade em aceitar a Lei que Jesus trouxe. Ele, após ter recebido a sua realeza, ou seja, obtido o reconhecimento pelo cumprimento de sua missão na Terra durante sua encarnação, voltou, como forma de chamar a atenção sobre a importância de se avaliar a boa ou má utilização dos talentos recebidos. A região longínqua a que ele se refere pode ser interpretado como o mundo espiritual. Na parábola, os que não aceitam este reino são trucidados na presença do senhor. Trata-se de um alerta a todos os que não desejam a implantação de um mundo de Paz, para as consequências dolorosas que experimentarão se perseverarem no egoísmo e no orgulho. A execução está associada ao banimento para planetas inferiores à Terra.
Mateus ressalta que o senhor voltou depois de muito tempo. O tempo representa a existência terrestre durante a qual devemos colocar em prática os talentos que recebemos. O termo muito mostra que diversas oportunidades surgem no nosso caminho antes da prestação de contas. O acerto de contas é feito, na verdade, no tribunal de nossas próprias consciências, que avalia os talentos recebidos e o que foi produzido. Temos de dar conta do que nos foi emprestado na mesma proporção. Se recebemos muito, muito temos que fazer.
A multiplicação dos talentos ou minas mostra a possibilidade de utilizarmos os bens recebidos, transformando, por exemplo: a riqueza em prosperidade, e o conhecimento para extinguir a ignorância. O Senhor não deseja o impossível. Ele sabe que precisamos construir, com os dons ofertados, a base para nosso crescimento espiritual. Os que assim procedem entram no gozo do Senhor, ou seja, conseguem encontrar a Paz face a consciência tranquila pelo dever realizado. A expressão sobre o muito te colocarei retrata o aumento da influência da pessoa no mundo, e, em consequência, o aumento de sua capacidade de conquistar as virtudes, e a responsabilidade decorrente dessa influência. Na parábola de Lucas, esta abrangência de influência está simbolizada no número de cidades.
Na figura do servo que enterrou o talento no chão, ou depositou a mina num lenço, encontram-se aqueles que não utilizam seus talentos em benefício de ninguém. É o caso do talento da riqueza transformado em avareza, fome ou miséria, da saúde transformada em doenças ou dores. O servo justifica sua atitude na severidade do Senhor, afirmando temê-lo. Este temor busca esconder a sua indolência. A forma de agir deste servo reflete a situação de todos aqueles que preferem atribuir erros aos outros do que enfrentarem a realidade. Quanto à percepção do servo acerca da severidade do Senhor, podemos ver aí a conhecimento de Deus, da imortalidade da alma, e da Lei de Causa e Efeito, inatas no homem. Já a figura ceifas onde não semeastes refere-se ao fato de Deus conseguir extrair do “Mal” que criamos o Bem que almejamos. O pranto e ranger de dentes representam o remorso e o sofrimento decorrentes do não aproveitamento das oportunidades que recebemos ao longo da nossa existência.
Mateus fala da possibilidade do talento ser depositado com os banqueiros, e Lucas, na de confiar a mina recebida ao banco. Nesta passagem, os banqueiros representam aqueles que já estão capacitados para multiplicar os talentos. Quando temos dificuldade para colocar em prática os dons recebidos é importante buscarmos a companhia daqueles que já estão mais à frente na estrada. Esta companhia nos ajuda a desenvolver nossas virtudes latentes.
No caso daqueles que foram bem sucedidos, a parábola diz que receberão ainda mais. Podemos interpretar esta colocação do seguinte modo: aqueles que desejam progredir receberão proteção cada vez maior, a fim de expandir seu raio de atuação, espalhando o Bem. Existe aí uma semelhança com a parábola do semeador. Aquele que não foi bem sucedido perderá até aquilo que tem, segundo algumas traduções. No caso de Mateus, a versão latina utiliza a expressão: até aquilo que parece ter. É sempre importante ressaltar que o dom (talento/mina) não representa a virtude. Aqueles que conquistam virtudes obterão mais talentos nas próximas encarnações, porém os que não utilizam bem os dons para obter a Virtude, perderão, até, a oportunidade de receber o empréstimo de novos talentos. Um exemplo seria uma pessoa que faz um empréstimo no banco para comprar um automóvel, sem ter o dinheiro para tal. Ao comprar o bem e sair nas ruas, aparentará ser o proprietário do veículo. Caso não consiga obter meios para pagar o empréstimo contraído no banco, perderá o automóvel.
A conclusão é sempre a mesma, receberemos da Vida aquilo que oferecermos a ela.

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