"Parábola
do Espírito Impuro"
COMENTÁRIOS DO GEEMA:
1) O que se deve entender por "espírito
imundo"?
A Escala Espírita, a partir da questão de número
100 de O Livro dos Espíritos, nos mostra que, no ápice da evolução,
encontram-se os Espíritos Puros, que se caracterizam pela "superioridade
intelectual e moral absoluta". Nos degraus iniciais dessa escala,
localizam-se os Espíritos Impuros ou, de acordo com a passagem em estudo, os
Espíritos Imundos.
A ação persistente que um Espírito mau exerce
sobre um indivíduo é conhecida por obsessão. Todos os seres encarnados e
desencarnados se influenciam mutuamente, por meio das vibrações mentais. A q.
459 de O Livro dos Espíritos nos ensina que os Espíritos exercem tal influência
sobre nós que, de ordinário, são eles que nos dirigem.
2) Por que o "espírito imundo" retorna
para a casa de onde ele saiu?
É importante ressaltar que a obsessão só ocorre
por conta das imperfeições morais do obsidiado, que deixa, por assim dizer, a
"porta aberta" para a atuação do espírito imundo.
Existem muitas religiões e terapias as mais
diversas que "garantem" a "expulsão dos demônios" ou a
"cura" dos "problemas psiquiátricos" das "vítimas"
da obsessão, de acordo com a maneira com que entendem o fenômeno.
No entanto, a Doutrina dos Espíritos possui a terapêutica
mais indicada para o tratamento das obsessões, pois que, ao lado do afastamento
dos Espírios malfazejos, ela nos ensina a reforma íntima, que vai impedir o
retorno da influenciação infeliz.
Portanto, o espírito imundo, o obsessor, sempre
retornará à "casa" que não foi devidamente protegida pela oração,
pela vigilância e pela mudança de atitude de seu "morador". Há
casos de obsessores que afirmam, nas sessões mediúnicas, que só permanecem ao
lado dos seus "perseguidos", porque estes se "comprazem" em
chamá-los junto a si, ou seja, o obsidiado gosta da influenciação negativa
que sobre ele se exerce.
3) Que ensinamentos podemos tirar dessa parábola
para o nosso progresso espiritual?
Devemos aprender, com esta passagem, de uma vez por
todas, que reforma íntima não é apenas uma idéia preferida pelos
palestrantes espíritas, mas uma necessidade urgente e improrrogável por parte
de cada um de nós.
O assunto obsessão é tratado, pela nossa
maioria, como sendo doença reservada aos não-espíritas e, portanto,
subestimado, já que acreditamos que o "crachá" de espíritas
representa um "salvo-conduto" contra esse tipo de influenciação.
Incrível que esse tipo de pensamento, muitas vezes, nos é inspirado pelos próprios
obsessores que incutem em nós a idéia de que os espíritas são melhores, mais
perfeitos que os demais.
A vaidade, infelizmente, é "campeã de audiência"
no meio espiritista.
Os trabalhadores sinceros da seara espírita são
alvos de críticas impiedosas de seus próprios companheiros. A disputa pelos
"melhores lugares" ainda testemunha o nosso baixo crescimento
espiritual. Dessa forma é que aqueles de nós que nos decidirmos por realizar a
reforma íntima, aqueles que quisermos nos tornar verdadeiros espíritas,
devemos afastar a pretensão de mudar o mundo, de mudar os outros e concentrar
todos os nossos esforços em nos mudarmos. Devemos olhar o exemplo dos grandes
vultos da Espiritualidade, que foram, sem exceção, perseguidos, caluniados
injustamente e, muitas vezes, inclusive, levados ao calvário da entrega
suprema.
Se ainda não conseguimos nos livrar dos vícios
maiores, como conseguiremos identificar e vencer as tendências mais recônditas?
Até quando seremos indulgentes com os nossos defeitos e intolerantes com os
defeitos dos outros? Será que poderemos repetir indefinidamente os mesmos
erros?
Que Jesus nos abençoe hoje, agora e sempre!
Fiquem na paz,
Frei Paulus